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Trabalho realizado por:
Aline Antunes - Bianca - Luciene Vilarino - Sheila Matos

Orientador:
Prof. Blair José Rosa Filho


FÁSCIA


A palavra fáscia designa uma membrana de tecido conjuntivo fibroso de proteção: um órgão (fáscia periesofagiana, fáscia peri e intrafaringiana) ou de um conjunto orgânico (fáscia endocárdica, fáscia parietalis). Fáscia também designa tecidos de nutrição, como a fáscia superficialis, fáscia própria.

As fáscias são formadas de tecido derivado do mesoderma embrionário e estão como base de numerosas técnicas, e para isso, é preciso um atento estudo sobre elas, sendo que aqui, a palavra “fáscia”, ou o estudo dela será visto na globalidade (é assim que a fáscia deve ser vista nas técnicas manuais, como um todo).

Os osteopatas foram os primeiros a ter noção de globalidade. Na verdade, não se trata de várias fáscias e sim de uma fáscia, palavra usada no singular, que designa um grande conjunto membranoso. Tudo está ligado entre si, formando uma continuidade, que nada mais é que a globalidade. É o conjunto tissular de uma única peça, em que se apoiam todas as modernas técnicas de terapia manual. A principal tese é que, a ação da menor tensão sobre qualquer região da fáscia, seja esta tensão ativa ou passiva, irá repercutir em toda a fáscia, ou seja, se temos uma disfunção em um músculo que se insere no pé, esta disfunção formará uma “cadeia” em que irá gerar uma continuidade desta disfunção, podendo causar algias em locais distantes do “verdadeiro” local da disfunção, como na coluna, ou no braço (um músculo interfere no outro). Portanto, se o paciente relata dor na coluna é necessário avaliarmos o paciente como um todo, e não só a sua coluna, já que temos essa noção de globalidade.

Seja qual for o nome que a fáscia leve, ela sempre possui a mesma estrutura de base e representa cerca de 70% dos tecidos humanos. A fáscia é um conjunto de tecido conjuntivo, ou seja, tecido de preenchimento e para um melhor estudo, devemos observar o seguinte:

- Como todo tecido, o conjuntivo é formado por células conjuntivas que se chamam blastos. Nos ossos essa célula é chamada osteoblasto e na cartilagem, condroblastos. Sua fisiologia é de secretar colágeno e elastina, duas proteínas que se renovam, sendo a elastina uma proteína de longa duração e de formação estável e o colágeno uma proteína de curta duração que se modifica durante toda a vida.

O colágeno e a elastina, no interior do tecido constituem fibras (formam uma trama que não se anasomosam): as fibras de elastina instalam-se formando uma rede de malhas largas ao londo de todo tecido; as fibras de colágeno agrupam em feixes conjuntivos. A fibras de colágeno são cimentadas entre si por uma substância mucóide de ligação que tem a propriedade de fixar substâncias retiradas do meio interno. Essas substâncias fazem a especialidade dos diferentes tecidos conjuntivos.

Sabemos que a secreção do colágeno ocorre pela tensão do tecido e, de acordo com a forma da tensão, essa secreção ocorre diferentemente: se o tecido suporta tensões curtas mas recorrentes, as moléculas colaginosas instalam-se em paralelo e as fibras de colágeno e os feixes conjuntivos multiplicam-se ( há uma densificação do tecido, torna-se mais compacto, resistente, mas perde progressivamente sua elasticidade), mas, se a tensão suportada pelo tecido é contínua e prolongada, as moléculas de colágeno e os feixes conjuntivos alongam-se (fenômeno do crescimento).

Não se conhece ainda o que leva à secreção da elastina.

- A “substância fundamental” ocupa todo espaço deixado livre entre as células conjuntivas e é constituída de feixes conjuntivos colaginosos, pela rede de elastina e pelo líquido lacunar.

O líquido lacunar ocupa todos os espaços deixados livres entre as células conjuntivas, os feixes colaginosos e a rede de elastina. O volume desses espaços é função da maior ou menor densificação do tecido. O líquido lacunar é a “linfa intersticial” pois de seu meio os capilares linfáticos retiram os elementos que se transformam em linfa. Trata-se do plasma sangüíneo. A linfa intersticial é sede de uma imensa atividade metabólica, ela encerra um grande número de células nutritivas e um número ainda maior de células macrófagas, o que lhe dá o papel principal de nutrição celular e eliminação. Ou seja, o tecido conjuntivo, em si só, é a sede de grande atividade celular (leucócitos e macrófagos).

O tecido fascial varia em espessura e densidade, de acordo com as solicitações mecânicas, e a quantidade de linfa circulante reduz-se com a densificação do tecido.



- Líquidos do meio interior (circulação):

Os líquidos internos circulantes são divididos em sangue, linfa, líquido cefalorraquiano, plasma, etc. Por base, esses líquidos são os mesmos, de acordo com a permeabilidade das membranas e das circunstâncias funcionais, ele circula por todo o corpo levando nutriente e trazendo elementos nocivos, que se regeneram para iniciar o ciclo.

O sangue arterial passa por capilares cada vez mais finos até chegar aos últimos capilares (chamados capilares “fenestrados”). Aqui, o plasma transborda para nutrir os tecidos e passa a ocupar os espaços lacunares (os do tecido conjuntivo) onde começa a eliminação. Da linfa intersticial, os capilares linfáticos extraem os primeiros elementos da linfa que está nos gânglios, e assim, a linfa definitiva volta ao circuito venoso, participando, com isso, do ciclo.

O líquido cefalorraquidiano é ao mesmo tempo plasma e linfa no sistema nervoso. Ele é originário do sangue e a ele retorna.

Tendo a visão da globalidade, da continuidade da fáscia, entendemos como e quanto uma pequena anormalidade do esqueleto ou a menor perturbação articular pode influenciar e repercurtir sobre a circulação dos líquidos corporais. O movimento rítmico da fáscia é o agente mecânico da circulação dos líquidos.

Mesmo tendo a visão da globalidade, para um melhor estudo, subdividimos a fáscia em 3 camadas: superficial, muscular e subserosa.

A) Fáscia Superficial – é o tecido frouxo que se interpõe entre a lâmina superficial da camada muscular e a pele, sua função metabólica é considerável, assegurando a nutrição da camada epitelial da pele. Esta fáscia é embebida de linfa intersticial e ocupa um papel considerável na circulação dos fluídos.


B) Fáscia Muscular – é o esqueleto fibroso. Dá ao corpo sua morfologia. De espessura variável, desdobra-se várias vezes para envolver os músculos superficiais (lâmina superficial), os músculos profundos (lâmina profunda) e emite tabiques intermusculares que separam os músculos em grupos funcionais.

Podemos dizer que a fáscia muscular encontra-se estendida sobre o esqueleto, de modo que algumas inserções são fixas: coluna, esterno, fíbula. Outras ainda estão sobre ossos sesamóides: escápula, patela, sacro.

Assim, podemos ver que qualquer movimento, qualquer deslocamento de uma peça, repercute no conjunto.

C) Fáscia Visceral ou Subserosa – situa-se entre a camada de revestimento interno da fáscia profunda e as membranas serosas que revestem as cavidades do corpo. É muito delgada em algumas áreas (por exemplo, entre a pleura e a parede torácica) e espessa em outras, muitas vezes um coxim gorduroso como o que envolve o rim.

Uma fenda, mais ou menos evidente separa a fáscia subserosa da fáscia profunda, o que permite um grau considerável de movimento, de deslizamento entre as duas fáscias.


CONCLUSÃO

É extremamente importante termos em mente as várias funções da fáscia, além de suas já conhecidas atuações de proteção e sustentação corporal.

A fáscia desempenha outros papéis que são fundamentais para o funcionamento saudável do organismo humano. Entre estas funções podemos citar:

- A função tônica, onde a fáscia fornece tônus ao sistema muscular, mesmo quando este está em repouso, ou sem atividade neuromuscular.

- É parte fundamental do metabolismo do corpo e do mecanismo pelo qual o corpo distribui os fluidos.

- É sede de intensa atividade celular, sendo o campo da ação dos leucócitos e macrófagos (o que lhe confere importância fundamental nos processos inflamatórios).

- É o local onde a gordura é depositada e estocada.

- Íntegra no processo de coordenação motora através da transmissão de tensões.

- Compõe o sistema de drenagem linfática (bomba linfática), fato que lhe confere grande importância, pois quando ocorre inflamações, aderências e restrições que envolvam o tecido fascial, este sistema pode ficar comprometido.




BIBLIOGRAFIA

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MERRITT. Tratado de neurologia.

CYRIAX, J. H., CYRIAX, P. J. Manual de medicina ortopédica de Cyriax. 2ª ed. Ed. Manole

BIENFAILT, Marcel. Bases da Fisiologia da Terapia Manual.

GRAY. Anatomia

GUYTON. Tratado de Fisiologia.

HOPPENFELD. Tratado de neurologia para ortopedistas.

 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 07/01/04

 


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