Referência  em  FISIOTERAPIA  na  Internet

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Trabalho realizado por:
Prof. Blair José Rosa Filho

 


DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA -
OSTEOARTROSE OU ESPONDILOARTROSE


A osteoartrose é considerada processo degenerativo que atinge as articulações diartrodiais. Incide predominantemente no sexo feminino, na idade adulta entre 4ª e 5ª décadas e no período da menopausa. Do ponto de vista histológico caracteriza-se por alterações da cartilagem articular que perde a viscoelasticidade natural, dando origem a focos "amolecimento" na superfície cartilaginosa que se deprime tomando-se descontínua pelo aparecimento de "zonas de fibrilação" que provocam reação do osso subcondral que se condena nas áreas de pressão (esclerose) e prolifera junto às bordas da articulação (osteofitose). A osteoartrose é a doença mais comum nos ambulatórios médicos da especialidade, sendo responsável pela incapacidade laborativa de aproximadamente 15% da população adulta do mundo. No Brasil ocupa o 3º lugar na lista dos segurados da Previdência Social que recebem auxílio-doença, ou seja 65% das causas de incapacidade, sendo apenas superada pelas doenças mentais e cardiovasculares. De acordo com os estudos de Wagenhauser, a partir dos 30 a 35 anos aproximadamente 50% das pessoas adultas apresentam alterações articulares degenerativas compatíveis com AO, e após a quinta década praticamente toda a população dessa faixa etária. No entanto, apenas parte dessa população apresenta queixa clínica, permitindo distinguir entre a chamada "Artrose muda" e a "Artrose doença", isto é, aquela que exige tratamento.

A "artrose muda" foi denominada assim porque apesar da presença de degeneração cartilaginosa física ou morfológica das superfícies articulares é clinicamente assintomática, observando-se quanto muito crepitação articular eventual e/ou ligeira limitação da mobilidade. Este tipo de dano articular foi interpretado no passado por alguns autores como simples senescência. No entanto, o estudo do envelhecimento articular apesar dos resultados controversos vem demonstrando a existência de diferenças bem evidentes com o processo osteoartrítico. Por outro lado, o processo senil evolutivo não justifica por si só o cortejo clínico observado nos pacientes portadores de AO, fato que nos leva a admitir a existência de outros fatores ou com causas no processo degenerativo articular primário.


A transição da "artrose muda" para a forma "ativa" ou para "artrose-doença" pode resultar da interação da SOBRECARGA ARTICULAR (excesso de peso corporal, defeitos posturais, sobrecarga mecânica pela prática inadequada de certos esportes etc) ou de outros fatores adicionais, que Otte denomina de FATORES IRRITATIVOS (lesões traumáticas, infecções focais articulares, influência hormonal e/ou vascular, stress ou hipersensibilidade as condições meteorológicas etc).


A etiologia da osteoartrose primária permanece desconhecida; várias hipóteses tentam explicar os mecanismos etiopatogênicos envolvidos no desenvolvimento da mesma. Considera-se de importância a participação de fatores mecânicos, bioquímicos, inflamatórios, imunológicos, genéticos e metabólicos. Para muitos autores a ação do "stress" mecânico sobre a articulação constitui o principal mecanismo ativador ou determinante da AO. Os micro-traumatismos constantes atuando sobre as áreas de fibrilação da superfície articular iniciariam a erosão da cartilagem que pela sua vez induz o aumento da fagocitose dos restos cartilaginosos pelas células sinoviais e a migração condrocitária para reparação da cartilagem comprometida, entretanto, nesse processo alguns condrócitos degeneram liberando enzimas proteolíticas e colagenolíticas que continuam a degradação da cartilagem e favorecem o aparecimento de "fibrilações" por onde penetra a hialuronidase e outras enzimas do líquido sinovial que agindo sobre os componentes da substância fundamental aumentam a degradação dos complexos proteína-polissacarídeos (responsáveis pela elasticidade da cartilagem). Por outro lado a ação da interleucina-1 e do fator de necrose tumoralalfa (TNF) produzidos pelos condrócitos e pela membrana sinovial perpetuam a ação das enzimas degradantes, com conseqüente acentuação do processo de degradação que resulta em perda cartilaginosa.


Nos estágios finais da AO, a cartilagem desaparece quase completamente da superfície articular e o osso permanece em contato direto com a superfície articular da junta adjacente com conseqüente perda da sua conformação natural e grave limitação. O "stress" contínuo sobre a cartilagem comprometida tende a perpetuar o processo. No entanto, o mecanismo exato como essa extensa degradação ocorre não é ainda completamente conhecido nem compreendido.

FISIOPATOLOGIA DA OSTEOARTROSE

Manifestações Clínicas

Clinicamente a osteoartrose caracteriza-se pelo desenvolvimento gradual de:

1) Dor articular;

2) Rigidez;

3) "Sensação parestésica" de membros superiores e/ou inferiores;

4) Limitação;

5) Deformidade.


Dor é o principal sintoma da osteoartrose. Geralmente é acompanhada de "intumescimento" e rigidez articular. Na maioria das vezes a dor é de caráter impreciso e indefinido (podendo ser fixa, irradiada, referida, contínua, intermitente etc); inicialmente simula cansaço e peso e ocorre apenas com o movimento. A dor de repouso e a dor noturna podem se desenvolver à medida que a doença avança. O aumento da intensidade dolorosa geralmente é proporcional ao desempenho físico.


Se considerarmos que a cartilagem não é inervada temos que admitir que a dor articular resulta da ação de vários fatores como a pressão exercida sobre áreas do osso subcondral expostas; elevação periostal relacionada com a formação de osteófitos, microfraturas trabeculares, sinovite e distensão capsular. O espasmo da musculatura para-articular pode contribuir para o sofrimento do paciente. A piora do sintoma doloroso e inflamação aguda pode estar associadas a trauma ou a depósitos de hidroxiapatia ou pirofosfato de cálcio.


Rigidez é em geral de curta duração e de aparecimento matutino. "Parestesias" traduzem-se por desconforto articular, associado a
"formigamento" ou sensação de peso (são relativamente fugazes). Os sinais de exame físico incluem: crepitação e dor localizada. Edema e aumento articular relacionados com proliferação de osteófitos e/ou sinovite secundária são menos freqüentes na osteoartrose.


A osteoartrose é a única doença articular e sem caráter sistêmico, fato que explica o bom estado geral constatado na maioria dos pacientes.

CLASSIFICAÇÃO

Consideram-se dois tipos:

- Primária ou idiopática;

- Secundária, relacionada a processos traumáticos e/ou inflamatórios aos quais sobreveio a OA (exemplo: Osteoartrose pós-trauma, ou artrite infecciosa, doença reumatóide, necrose asséptica, doenças neurológicas etc).

Levando-se em consideração a localização regional, a osteoartrose pode ser:


PERIFÉRICA quando acomete articulações dos membros CENTRAL ou AXIAL, quando acomete a coluna vertebral.


O quadro clínico de AO varia de acordo com as diferentes articulações comprometidas, na OSTEOARTROSE PERIFÉRICA, as articulações mais freqüentemente comprometidas incluem as coxofemurais, joelhos (gonartrose) e as metatarso-falangeanas, isto é, todas as articulações de carga. Além destas outro comprometimento freqüente na AO periférica é o das interfalangeanas proximais (IFP) e distais (IFD) das mãos, caracterizado pela presença de protuberâncias localizadas nas margens e superfícies dorsolaterais da articulação e que recebem o nome de nódulos de Heberden (IFD) e de Bouchard (IFP), habitualmente São múltiplos e afetam principalmente mulheres pós-menopausadas e, dependeriam da expressão de um gene autossômico dominante.


Os nódulos aparecem gradualmente com pouca ou nenhuma dor, embora as vezes possam apresentar sinais inflamatórios importantes; nesta fase o principal motivo da consulta obedece, via de regra a razoes estéticas. A evolução do processo leva a desvios articulares e flexão das interfalangeanas. As alterações descritas São as mais características da osteoartrose de mãos, no entanto, devido a freqüência e a incapacidade que origina é importante chamar a atenção para o comprometimento da articulação trapézio-metacarpiana (rizoartrose), comum em donas de casa com atividades domésticas e em tapeceiros. Outras articulações periféricas como ombro, carpo e tornozelos raramente são comprometidas pela AO primária.

 

OSTEOARTROSE DE MÃOS


Osteoatrose central, doença degenerativa discal ou espondiloartrose constitui a forma mais freqüente de "reumatismo" e embora possa comprometer todos os segmentos da coluna a forma mais comum é a do comprometimento cervical e/ou lombar, nas regiões de C5 a C7 e de L3 a L5. O quadro clínico está relacionado com alterações degenerativas a nível dos discos intervertebrais, articulações interapofisárias posteriores e uncovertebrais. Rigidez e dor localizada ou radicular são os sintomas mais comuns deste tipo de afecção.


O espasmo reacional da musculatura paravertebral contribui significativamente para a piora do quadro clínico. A dor radicular pode estar relacionada à compressão de uma raiz nervosa por osteófitos ou por prolapso lateral de um disco intervertebral degenerado. Nestes circunstâncias além da dor, pode ocorrer parestesias, alterações sensitivas e de reflexos osteo-tendíneos na área de distribuição da raiz afetada.


A maioria dos pacientes apresenta excesso de peso corpóreo e/ou defeitos posturais.

OSTEOARTROSE DE COLUNA

Diagnóstico

O diagnóstico da AO baseia-se em achados clínicos e radiológicos. Os exames de laboratório raramente apresentam alterações de importância; a velocidade de hemossedimentação pode estar discretamente elevada.

Radiologia

Permite o reconhecimento dos achados macroscópicos. Kellgren estabeleceu critérios radiológicos para o diagnóstico da AO:

- Presença de osteófitos

- Diminuição do espaço articular

- Esclerose subcondral

Deformidades

É necessário ter presente que a identificação de alguma das alterações radiológicas citadas não significa necessariamente que o paciente apresente quadro clínico, uma vez que existe dissociação clínico-radiológica em aproximadamente 40% dos casos.

Articulação Normal

1) Osso subcondral

2) Espaço Articular

3) Bordo ósseo

Osteoartrose

1) Esclerose subcondral

2) Redução de espaço

3) Osteófito

Tratamento


É basicamente sintomático dirigido principalmente para o alívio da dor e da inflamação secundária. Todo o tratamento deve ser individualizado dentro dos seguintes parâmetros:

- Educação e apoio - visa esclarecer o paciente a respeito de:

 

· Controle de peso;

· Adequação de hábitos desportivos e atividades profissionais e atividades do dia a dia;

· Controle do excessivo stress articular;

 

- Terapêutica não medicamentosa - pela aplicação de fisioterapia, (cinesioterapia e hidroterapia, calor etc).

 

- Terapêutica medicamentosa - pela prescrição e indicação de antiinflamatórios não hormonais

 

- Tratamento cirúrgico - indicando nos casos de graves deformidades articulares incapacitantes.

 

- Terapêutica condroprotetora - seu papel na terapêutica da osteoartrose humana ainda não e consensual na literatura médica.
 

 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 03/07/00

 


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