1.0
INTRODUÇÃO
Os tecidos conjuntivos
caracterizam-se, morfologicamente, por apresentarem diversos tipos de
células, separadas por abundante material intercelular sintetizado por
elas. Esse material é representado por uma parte com estrutura
microscópica definida, as fibras do conjuntivo, e por uma parte não
estruturada, a substância fundamental amorfa. Os tecidos desses grupos
desempenham os papéis de sustentação, preenchimento, defesa,
nutrição, armazenamento e reparação.
As fáscias e o tecido conjuntivo,
encontram-se em continuidade uma em relação as outras, formando um
verdadeiro esqueleto fibroso, muito extenso, no qual tudo está ligado
sendo uma entidade funcional.
O objetivo deste estudo é fazer
uma co-relação funcional deste tecido complexo que é o tecido
conjuntivo e suas diversas funções.
2.0 TECIDO
"Tecido é uma
especialização morfológica, físico-químico e fisiológica de
células" (GRASSE).
"Tecido é um conjunto de
células da mesma natureza, diferenciadas em determinado sentido para
poderem realizar a sua função própria" (SCHUMACHER).
"Tecido é um grupo de
células que apresentam a mesma função própria"(MENEGOTTO).
Todos estão corretos. Os tecidos
do corpo dos animais vertebrados desempenham variadas funções que por
sua vez são formados por células especializadas. No corpo dos animais
pluricelulares, exceto espongiários, e constituído por células
agrupadas e organizadas, formando os tecidos. Precisa-se de requisito
para termos um tecido que seja composto de um grupo de células, que
devera apresentar a mesma função.
Os tecidos fundamentais nos
animais são estes: Epitelial, Muscular, Nervoso, Sangüíneo e
Conjuntivo. Nos invertebrados estes tipos de tecido são basicamente os
mesmos, porem com organizações mais simples. A maioria dos tecidos
além de serem compostos de células, apresenta entre elas substâncias
intracelulares (intersticiais).
3.0
CARACTERÍSTICAS DO TECIDO CONJUNTIVO (TC)
Células fixas e migratórias de
vários tipos, vasto espaço extracelular que contém fibras
(elásticas, colágenas e reticulares) e substância fundamental amorfa.
Esse tecido forma o arcabouço que
sustenta as partes moles do corpo, apoiando e ligando os outros tipos de
tecido. Caracterizam-se pela grande quantidade de material intracelular
e pelo distanciamento das suas células e fibras. Outros tecidos de
sustentação possuem a função importante na difusão e fluxo de
metabolismo. Por fim, os tecidos de sustentação participam ativamente
nas funções de defesa do organismo. Todos esses tecidos de
sustentação têm a mesma origem embrionária: origem mesodérmica.
4.0 FUNÇÕES
DO TECIDO CONJUNTIVO
Sustentação e preenchimento;
defesa; nutrição; armazenamento; reparação.
A função de suporte corpóreo é
exercida pelas cartilagens, pelos ossos e pelo TC propriamente dito.
Pode fazer a nutrição de alguns órgãos, como é o caso da Lâmina
Basal, que faz a nutrição do tecido epitelial de revestimento. Tem
função de preenchimento de espaços, tanto entre órgãos como por
entre áreas lesada, que são primeiramente recobertas por tecido
conjuntivo propriamente dito. Ainda, auxilia na defesa do organismo, por
meio de suas células
5.0 MATRIZ
EXTRACELULAR DO TECIDO CONJUNTIVO
É composta por
Glicosaminoglicanas (GAGs) e proteínas, que podem se associar formando
as proteoglicanas. As proteínas referidas podem tanto ser estruturais -
como o colágeno e a elastina - quanto adesivas - como as integrinas, as
lamininas e as fibronectinas. Tais proteínas adesivas exercem
importante função no fenômeno de Migração Celular. A matriz é
organizada na forma de fibras e possui ainda, substância fundamental
amorfa (SFA).
Possui importantes funções, como
na já dita migração celular, fenômeno que vai dar origem às
diversas regiões e aos diversos órgãos do corpo. Auxilia na
interação celular, pela sua característica adesiva. É a responsável
pela determinação das propriedades físicas do órgão que compõe.
Ainda, serve de suporte a pressões e auxilia na distribuição de
nutrientes.
6.0 FIBRAS DO
TECIDO CONJUNTIVO
SISTEMA COLÁGENO
* Fibras Reticulares: é formada
por colágeno do tipo III e 6-12% de açúcares. São mais finas que as
fibras colágenas e se localizam em órgãos relacionados ao sangue.
Para ser mais bem visualizado deve-se usar uma coloração que
identifique açúcares, como a Impregnação Argêntica (IA).
* Fibras Colágenas: são bem
visualizadas ao MO com Hematoxilina-Eosina (HE) pois o colágeno que as
formam é altamente acidófilo. O ESCORBUTO é uma doença da síntese
do colágeno (ver a seguir), na qual a falta de vitamina C dificulta a
hidroxilação da prolina.
Existem mais ou menos 15 tipos de
colágeno conhecidos. É a proteína mais estudada pois é a mais bem
distribuída em mamíferos. São longas cadeias de glicina e prolina que
formam uma rígida fita tripla elicoidal. O colágeno formador de
fibrilas é o do tipo I (que associados ao do tipoV forma pele, ossos,
tendões, ligamentos, TC frouxo etc), do tipo II (forma a cartilagem
hialina e a elástica e pode associar-se com o do tipo XI) e do tipo III
(que forma as fibras reticulares). Os colágenos associados a fibrilas
são os do tipo IX e XII, que fazem a ligação entre fibrilas e entre
outros componentes da matriz. Existem ainda os colágenos formadores de
redes, como o do tipo IV, que forma a lâmina basal, e o do tipo VII.
A síntese do colágeno começa
nos ribossomos aderidos à membrana, que a partir daí crescem no
sentido de entrar no RE. Forma-se, então, três cadeias polipeptídicas
pró-a , com aminoácidos terminais (pró-peptídeos). No RE, a prolina
e a lisina sofrem hidroxilação e algumas lisinas são glicosiladas.
Com isto, há formação do pró-colágeno, auxiliado pelos peptídeos
de registro. Ao deixar a célula, o pró-colageno vira colágeno.
SISTEMA ELÁSTICO
* Fibras Elásticas: são formadas
por glicoproteínas (microfibrilas) e elastina (que é mais resistente
que o colágeno)., organizando-se em uma trama irregular. Ficam mal
coradas com HE, por isto usa-se Orceína para destacá-las. Pode estar
presente na parede de vasos (membranas elásticas fenestradas).
7.0 SUBSTÂNCIA
FUNDAMENTAL AMORFA DO TECIDO
Formada por GAGs (polissacarídeos
de repetição de uma única cadeia dissacarídea) sulfatadas e
Proteoglicanas. Trata-se de um gel altamente hidratado que funciona como
barreira de proteção patogênica, pois dificulta a penetração de
microorganismos. A água nela contida é uma água de solvatação, ou
seja, uma água ligada a uma macromolécula, que no caso é uma GAG.
Isto acontece devido à carga negativa do gel, que atrai íons Na++, que
por sua vez carregam consigo a água.
8.0 CÉLULAS DO
TECIDO CONJUNTIVO
* TRANSITÓRIAS OU TEMPORÁRIAS:
Leucócitos
* RESIDENTES OU PERMANENTES:
originam-se no TC e por lá ficam.
* FIBROBLASTOS: Originam-se de
células mesenquimatosas indiferenciadas (CMI). Ao MO aparentam ser
grandes e com prolongamentos, possuem núcleo eucromático e nucléolo
evidente. Ao Me, nota-se grande quantidade de RER e Complexo de Golgi,
dada à grande produção protéica da célula. Este material protéico
é para a produção da matriz extracelular e da SFA. O fibroblasto
inativo passa a ser chamado de fibrócito, e possui morfologia diferente
dos fibroblastos, por serem menores, pelo seu citoplasma ser mais
acidófilo e por possuírem menor número de prolongamentos, menos RER e
menos Golgi. Quando o fibroblasto possui alto teor de actina, miosina e
a -actinina, passa a ser chamado de miofibroblasto. Estas células
participam ativamente no processo de fechamento de ferimentos.
* PLASMÓCITOS: São células
ovóides, com citoplasma basófilo (pois possui muito RER) e cromatina
compacta, com aspecto de roda de carroça (em ME). O Golgi e o centro
celular encontram-se ao lado do núcleo esférico, numa área clara.
Sintetizam e secretam Imunoglobulinas (anticorpos), que possuem alta
especificidade.
* MACRÓFAGOS: originam-se de
monócitos, células sangüíneas originadas de uma célula tronco da
medula. Sua morfologia é variável. Seu núcleo é geralmente reniforme
e pouco eucromático. É rico em prolongamentos, lisossomas e
citoesqueleto. São células de defesa que fagocitam corpos estranhos e
restos celulares. Tipos especiais de macrófagos, as células
apresentadoras de antígenos, possuem maior número de prolongamentos
para melhor performance de funções, como por exemplo células
dentríticas, células de Kupffer etc. Com um estímulo específico,
macrófagos tornam-se ativados, adquirindo maior capacidade em fagocitar
(metabolismo aumentado para maior produção de substâncias de defesa).
Uma reunião de macrófagos forma uma célula gigante, que é
multinucleada e possui capacidade ainda maior de defesa. O macrófago
pertence ao Sistema Mononuclear Fagocitário, do qual pertencem também
células precursoras dos monócitos, os próprios monócitos,
macrófagos em geral, microglias e osteoclastos.
* MASTÓCITO: origina-se da medula
óssea. É uma célula grande e com inúmeros grânulos basófilos
apicais, que produzem e armazenam substâncias quimioativas (mediadores
químicos) do processo inflamatório. Ainda, são responsáveis pelo
reconhecimento das Imunoglobulinas E (Ig E), produzidas pelos
plasmócitos. São bem corados com azul de toluidina, que cora os
grânulos em vermelho (metacromasia). Tais grânulos podem possuir
heparina OU sulfato de condroitina. Podem conter, ainda, histamina,
prostaglandinas e ECF-A.
* NEUTRÓFILOS, EOSINÓFILOS,
BASÓFILOS.
Há variedades de tecidos
conjuntivos assim como frouxo que tem seus componentes igualmente
distribuídos: células, fibras e material intracelular. Ele preenche os
espaços entre feixes musculares e serve de apoio aos tecidos
epiteliais, encontrando-se na pele, nas mucosas e nas glândulas. Em
praticamente todos os órgãos do corpo, ele por exemplo forma a derme,
a camada mais interna da pele, e o tecido subcutâneo, ainda mais
interno que a derme.
9.0 EDEMA NO
TECIDO CONJUNTIVO
Está relacionado com o acúmulo
de água no Tecido Conjuntivo.
A pressão hidrostática é a
pressão arterial, originada da contração cardíaca. Esta força tende
a forçar a saída de água dos capilares. A pressão osmótica tende a
atrair água para os capilares por uma diferença de concentração de
macromoléculas protéicas, cuja concentração é maior dentro do vaso
do que fora dele.
A saída de água ocorre na
porção arterial dos vasos, onde a pressão hidrostática vence a
pressão osmótica. Já a entrada de água ocorre na porção venosa,
onde é a pressão osmótica que vence a hidrostática. A quantidade de
água que entra nos vasos, porém, é menor que aquela que saiu. O
excesso desta água é então drenada pelos vasos linfáticos, que
desembocam nas veias, equilibrando assim a quantidade de água que entra
e sai dos capilares.
Um mal funcionamento neste sistema
de entrada e saída de água, deixando-se que acumule água no tecido
conjuntivo, pode ocasionar um edema, cujas causas principais são:
* Obstrução dos vasos
linfáticos, pois não há como fazer a drenagem do excesso de água.
* Obstruções venosas ou
dificuldade de retorno de sangue venoso pelas veias, como ocorre na
insuficiência cardíaca.
* Alimentação pobre em
proteínas, acarretando numa não formação de macromoléculas
protéicas e, conseqüentemente, prejuízos com a pressão osmótica.
* Aumento da permeabilidade da
parede capilar, provocando a saída demasiada de água, não havendo
capacidade de reabsorvê-la.
Um edema é caracterizado por uma
maior separação entre as células e as fibras do TC.
Macroscopicamente, trata-se de um aumento de volume no local, que cede
facilmente à pressão externa, dando origem a uma depressão que
desaparece lentamente.
10.
INFLAMAÇÃO NO TECIDO CONJUNTIVO
Podem ser causadas por agentes
químicos (substância ácida), físicos (quimadura) ou biológicos
(microorganismos/infecção). A dor e o calor característicos são
causados pelos mediadores químicos que atuam no local; já o rubor é
resultado do aumento de vascularização. Há quatro mecanismos básicos
de inflamação.
* Macrófago destrói totalmente o
antígeno que atacou o organismo.
* O antígeno estimula os
linfócitos B a se diferenciar em plasmócitos para que produzam
anticorpos que neutralizam tal antígeno.
* Antígeno encontra diretamente o
anticorpo e é destruído por ele. Este é o mecanismo mais difícil de
acontecer.
* Ocorre a penetração do
antígeno na SFA, seguida da chegada do macrófago no local. O
macrófago é capaz de fazer apenas a digestão parcial do antígeno,
formando os epitopos (restos de antígenos na superfície celular).
Ocorre a apresentação dos antígenos do macrófago aos linfócitos T,
para que este produza uma substância chamada Linfocina, que ativam os
macrófagos. Parte destas linfocinas fica no local e parte vai ao
sangue, onde dá origem a uma série de eventos: na medula óssea,
estimulam a produção de células do sangue; fazem a sinalização dos
vasos para que as células do sangue entrem no local; fazem com que
fibroblastos produzam mais colágeno para delimitar o processo
inflamatório; estimulam angiogênese (produção de novos vasos);
estimulam a diferenciação e a formação de células de defesa para
aumentar a fagocitose e a produção de mediadores químicos.
* Antiinflamatórios atuam na
prostaglandina, mediador responsável pela dor.
11. TIPOS DE
TECIDOS CONJUNTIVOS
11.1 TECIDO ADIPOSO
As Células adiposas originam-se
de lipoblastos, que por sua vez têm origem a partir de células
mesenquimatosas. Pode apresentar-se em grupos ou isoladas, mas é certo
de que não se dividem. É o depósito de gorduras do corpo. Estas
gorduras são os Triglicerídeos (TG), formado por ácido graxo e
glicerol e constitui-se num lipídeo de reserva. A gota de gordura ocupa
quase todo o volume celular; é por isto que o núcleo das células
adiposas é periférico. Possuem glicocálix e vesículas pinocíticas e
são inervadas pelo SNA simpático.
Podem ser de 2 tipos. As
uniloculares, que formam o tecido adiposo (TA) unilocular, possuem
apenas uma gota de gordura em seu citoplasma. As multiloculares formam o
TA multilocular ou pardo e possuem várias gotículas de gordura.
O crescimento hiperplásico dos
lipoblastos, originado geralmente da superalimentação de um indivíduo
quando criança, predispõe-no à obesidade. O sistema capilar, neste
caso, aumenta e acaba por sobrecarregar o coração, dando origem a
tendências de indisposição cardiovascular.
FUNÇÕES:
* Termorregulação;
* Reserva energética;
* Preenchimento de espaços, como
a gordura perirenal;
* Proteção contra impactos, como
os coxins plantares;
* Modelação do corpo, como a
hipoderme. Este fenômeno é controlado por hormônios sexuais e
adrenocorticóides.
DIGESTÃO, ABSORÇÃO E
FORMAÇÃO DE GORDURAS:
No duodeno, a degradação dos TG
dá-se pela lipase pancreática em suas unidades básicas (ácidos
graxos e glicerol), que são absorvidos pelo epitélio intestinal. Nas
células deste epitélio ocorre a ressíntese dos TG no REL, que brotam
dentro de bolsas chamadas quilomicrons, junto com pequenas quantidades
de colesterol, fosfilopídeos e proteínas. Ao serem expulsos das
células, os quilomicrons são absorvidos pelos vasos linfáticos, por
onde são conduzidos ao sangue para serem levados até às células
adiposas. A membrana destas células possui lipase lipoprotéica, que
hidroliza os componentes dos quilomicrons. Pode ainda hidrolizar
lipoproteínas (VLDL) que transportam TG oriundos do fígado. O ácido
graxo degradado entra no adipócito e é adicionado ao glicerolfosfato
existente na célula, remontando-se, assim, o TG para ser armazenado. A
hidrólise dos TG pode ser desencadeada por:
* ESTÍMULOS NEUROGÊNICOS: a
noradrenalina, quando estimula o TA, faz com que a enzima Lipase
Sensível a Hormônio seja ativada pela adenil-ciclase. A enzima
hidroliza os TG e os ácido. graxos são transportados para outros
tecidos, onde são usados como fonte de energia. O glicerol volta ao
fígado e é, então, reaproveitado.
* ESTÍMULOS HORMONAIS: a
deposição de gorduras é seletiva e atuante com os hormônios sexuais
e adrenocorticóides. Os hormônios adrenalina, noradrenalina,
glicorticóides, GH e insulina também podem participar do processo de
hidrólise de TG.
11.2 TECIDO
ADIPOSO MULTILOCULAR
O aspecto marcante do tecido é
sua cor parda, devida à alta vascularização e à grande quantidade de
mitocôndrias ricas em citocromos. É encontrado no corpo do bebê - com
distribuição limitada e não uniforme - e nos animais hibernantes.
Suas células são menores que as do TA Unilocular. Ainda, são
poligonais e com citoplasma repleto de gotículas lipídicas.
Sua principal função é a
produção de calor. A noradrenalina estimula o tecido e acelera sua
lipólise e sua oxidação dos ácido. graxos. A oxidação dos ácido.
graxos, neste caso, produz calor e não ATP, pela presença de um
proteína chamada Termoginina. Esta proteína capta para a matriz
mitocondrial os prótons lançados no espaço intermembranoso, sem que
passem pela ATP Sintetase. A energia que seria utilizada pela ATP
sintetase, então, é liberada sob a forma de calor, que aquece o
sangue.
11.3 TECIDO
CARTILAGINOSO
As principais características do
Tecido Cartilaginoso (TCart.) são comuns às do TC, porém possuem
algumas peculiaridades. Não há vascularização, como acontecia no TC.
Ainda, é um tecido liso, rígido e ao mesmo tempo elástico, devido às
suas propriedades adiante descritas.
FUNÇÕES:
* Sustentação;
* Revestimento de articulações;
* Crescimento ósseo - disco
epifisário.
HISTOGÊNESE:
As células do mesoderme dão
origem ao mesênquima, cujas células perdem seus prolongamentos e ficam
arredondadas. Passam a ter maquinaria para síntese protéica e são
chamadas de condroblastos. Quando os condroblastos, que são
responsáveis pela síntese de matriz celular, ficam envoltos por ela,
passam a ser chamado de condrócitos. O mesênquima que não se
diferenciou, forma TC Denso (pericôndrio)
CRESCIMENTO:
* INTERSTICIAL: ocorre por
diferenciação mitótica dos condrócitos. Acontece apenas no começo
da vida, pois aos poucos a cartilagem passa a ser rígida.
* POR APOSIÇÃO: dá-se a partir
do pericôndrio, cuja camada superficial é mais fibrosa que a profunda
e possuem células mesenquimatosas indiferenciadas, que acabam por se
diferenciarem em condroblastos.
TIPOS:
A diferença entre eles é
decorrente do tipo e da quantidade de fibras.
* CARTILAGEM HIALINA: fibrilas
colágenas II e SFA.
É o tipo de cartilagem mais
estudada, pois é a que se encontra em maior quantidade no organismo
humano. A fresco, pode ser vista na cor branco-azulada. Rico em fibrilas
colágenas do tipo II, forma o primeiro esqueleto embrionário.
Além das fibrilas colágenas II,
a matriz possui SFA, com proteoglicanas cujas GAGs são altamente
sulfatadas. Daí o aspecto azulado e não róseo em MO sob a coloração
HE. A rigidez da matriz é decorrente das ligações covalentes entre as
GAGs e as proteínas com o colágeno e da grande quantidade de água de
solvatação presas a estas GAGs sulfatadas. Existe uma região da
matriz mais corada e que foi indevidamente denominada cápsula.
Localiza-se próxima às células e é rica em GAGs e pobre em
colágeno.
As células são os condroblastos
e os condrócitos. Os condroblastos são responsáveis pela síntese de
matriz cartilaginosa e por isto possuem alta quantidade de RER e Golgi.
Quando são totalmente envoltos por matriz, passam a ser chamado de
condrócitos, sempre alojados em lacunas, e ficam responsáveis pela
manutenção da matriz.
Existe um tecido que envolve a
cartilagem, chamado Pericôndrio, formado por TC Denso, capaz de
originar novos condroblastos. O pericôndrio é vascularizado e por isto
é o responsável pela nutrição do tecido que reveste.
Este tipo de cartilagem
localiza-se nas fossas nasais, traquéia, brônquios, extremidade
ventral das costelas e revestimento de articulações.
* CARTILAGEM ELÁSTICA: fibrilas
colágenas II, SFA e fibras elásticas.
Sua matriz é formada por fibrilas
colágenas do tipo II, SFA e fibras elásticas. Sob MO, é mais bem
visualizado se usada à coloração Orceína. Possui pericôndrio e
cresce principalmente por aposição. Encontrada no pavilhão auditivo,
no conduto auditivo externo, na tuba auditiva, na epiglote e na
cartilagem cuneiforme da laringe.
* CARTILAGEM FIBROSA: fibras
colágenas I e SFA.
Sua matriz é formada por fibras
colágenas do tipo I e SFA. Sua rigidez é intermediária entre a
cartilagem hialina e o TC Denso. Não possui pericôndrio e está sempre
em contato com TC Denso. Encontra-se nos discos intervertebrais, nos
pontos de inserção de tendões e na sínfise púbica.
11.4 TECIDO
ÓSSEO
O tecido ósseo (TO) é formado
por células e matriz mineralizadas. É rígido e resistente para
suportar pressões e para exercer a função de proteção de órgãos
internos, principalmente os órgãos vitais, como fazem as caixas
craniana e torácica. Exercem importante função de armazenamento de
Cálcio para contração muscular, secreções, impulsos nervosos e
outros mecanismos. Forma um sistema de alavancas para aumentar a força
muscular.
CÉLULAS ÓSSEAS:
* OSTEOBLASTOS: células jovens
com núcleo grande e claro e com prolongamentos que formam canalículos.
Possuem grande quantidade de RER e Golgi, pois são responsáveis pela
síntese da matriz óssea orgânica. Localizam-se na superfície óssea.
* OSTEÓCITOS: são os
osteoblastos envoltos totalmente por matriz. Ocupam lacunas de onde
partem canalículos, que nada mais são que junções comunicantes. É
responsável pela manutenção da matriz orgânica e por não serem
sintetizadores ativos de matriz, possuem pouca quantidade de RER e Golgi,
além de possuírem a cromatina condensada.
* OSTEOCLASTOS: são células
móveis e gigantes com 6 a 50 núcleos. Estão localizadas nas lacunas
de Howship, depressões formadas por enzimas após digerirem o TO,
formando os sítios de reabsorção óssea. São originários de
monócitos sangüíneos, fundidos pela membrana de vasos. Apresentam
muitos lisossomos, pois são responsáveis pela reabsorção do TO para
que possa ser renovado. Secretam vários ácidos e enzimas (colagenase),
que atacam a matriz e liberam Ca; para esta tarefa contam ainda com
receptores para calcitonona.
* PARTE INORGÂNICA: são formados
por citrato, Mg, K, Na e principalmente de cristais de Hidroxiapatita ao
longo das fibras colágenas. Estes cristais têm fórmula C10(PO4)6(OH)2
e possuem uma capa de hidratação ao seu redor, formados por íons
hidratados.
* PARTE ORGÂNICA: 95% é
colágeno do tipo I. O restante é SFA, formada por glicoproteínas e
proteoglicanas (condroitin e queratan sulfato).
TIPOS
Macroscopicamente, dividem-se em
osso compacto, que não possui cavidades visíveis, e osso esponjoso,
com cavidades intercomunicantes.
Microscopicamente, dividem-se em
primário e secundário.
* PRIMÁRIO: é caracterizado pela
desorganização das fibrilas colágenas. É altamente permeável aos
raios X e são encontrados em suturas do crânio, alvéolos dentários e
pontos de inserção de tendões. Normalmente passa a ser substituído
por osso secundário.
* SECUNDÁRIO: a organização em
lamelas é a característica marcante deste tipo de osso, localizado
principalmente nas diáfises de ossos longos de adultos. Possui o
sistema de Havers e os de circunferência interna a externa.
SISTEMA DE HAVERS
Sistema cilíndrico paralelo à
diáfise, formado por 4 a 20 lamelas concêntricas, cujo canal central
é o canal de Havers, por onde passam vasos e nervos. A comunicação
entre estes canais é feita pelos canais de Volkman. Quando o osso é
jovem, a luz do canal é mais ampla e suas paredes, menos calcificadas.
Entre os sistemas de havers encontram-se grupos irregulares de lamelas,
os Sistemas Intermediários, originados de restos de sistemas de havers
parcialmente destruídos durante o crescimento ósseo.
OSSIFICAÇÃO
* INTRAMEMBRANOSA: ocorre a partir
de TC, como os ossos da face. As células mesenquimatosas
indiferenciadas do TC são diferenciadas em osteoblastos, que produzem
matriz. Há formação de osteócitos para a manutenção da matriz.
Vasos sangüíneos e linfáticos invadem o interior da matriz e
formam-se as traves ósseas entre os centros de ossificação. Com isto,
preenche-se totalmente os espaços, formando-se o periósteo.
* ENDOCONDRAL: ocorre a partir de
um modelo cartilaginoso hialino preexistente, sobre o qual a matriz
óssea vai se depositar. Há uma modificação dos condrócitos e
degeneração da matriz cartilaginosa. Células mesenquimatosas
indiferenciadas acompanham a invasão de vasos sangüíneos e a partir
delas há formação de osteoblastos - matriz - osteócitos -
periósteo.
A ossificação de ossos longos
ocorre primeiramente no pericôndrio e é do tipo intermembranosa.
Após, passa a ser endocondral, primeiro na diáfise e depois nas
epífises, porém não simultaneamente.
A formação do canal da medula
óssea, responsável pela formação de células sangüíneas, ocorre a
partir de monócitos, que deixam os vasos para diferenciarem-se em
osteoclastos. Estes fazem a degradação óssea, formando o canal.
MOBILIZAÇÃO DO CÁLCIO
O osso possui 99% da
concentração do cálcio corpóreo, enquanto o sangue e os tecidos
concentram-no apenas 1%. Esta pequena concentração, no entanto, deve
permanecer constante para que a contração muscular, secreções,
transmissão de impulsos nervosos, adesão celular e outros fenômenos
possam ocorrer normalmente.
A entrada de cálcio ocorre
primeiramente na alimentação, passando ao sangue até chegar aos ossos
e demais tecidos. Há, no entanto, dois mecanismos de mobilização do
Ca entre ossos e os outros tecidos.
* Pode ocorrer transferência
direta de íons Ca da hidroxiapatita para o sangue por causa da forte
ligação desta molécula com as lamelas. Este processo ocorre mais
facilmente em ossos esponjosos.
* A paratireóide produz o
paratormônio e a tireóide produz a calcitonina. Quando a
concentração de Ca no sangue está baixa, o paratormônio é produzido
e faz com que o número de o número de osteoclastos aumente, para que a
absorção óssea também aumente. Esta absorção faz com que seja
liberado o fosfato de Ca antes armazenado no osso. O fosfato vai para os
rins, enquanto o Ca vai para o sangue, onde a calcemia, então, aumenta.
Entra em ação a calcitonina produzida na tireóide para abaixar a
calcemia sangüínea.
Ambos os mecanismos servem para
deixar a concentração de Ca constante no organismo.
DURANTE O CRESCIMENTO
Os ossos crescem longitudinalmente
a partir do disco epifisário. Diversas substâncias fazem-se
necessárias para um crescimento normal e a falta delas acarreta
doenças de malformação óssea.
* A falta de proteínas pode
dificultar a atividade dos osteoblastos, pois necessitam delas para a
formação da matriz orgânica do osso.
* A falta de Ca pode levar a uma
mineralização incompleta, o que causaria fragilidade do osso. A falta
de vitamina D, leva a uma dificuldade da absorção de Ca no intestino.
O RAQUITISMO é uma doença fruto de uma alimentação pobre em Ca ou
vitamina D. Ocorre em crianças pois ainda possuem o disco epifisário.
Como o disco não pode calcificar-se normalmente, o osso não consegue
sustentar pressões, causando deformações. A osteomalacia é o
"raquitismo" em adultos, pois também advém de alimentação
pobre destas substâncias. No entanto, a principal conseqüência é a
fragilidade óssea.
* A OSTEOPOROSE é uma doença
hormonal, fruto de uma paratireóide hiperativa, que produz muito
paratormônio, causando aumento do número de osteoclastos, que
degeneram o osso. A concentração de Ca, no entanto, é normal;
portanto, a fragilidade óssea característica da doença vem da menor
quantidade de osso, devido à absorção pelos osteoclastos em excesso.
A osteoporose pode ser causada também por uma disfunção na síntese
de matriz óssea ou ainda por carência de vitamina A, que equilibra a
atividade entre osteoblastos e osteoclastos.
* A carência de vitamina C pode
levar a uma má formação óssea, pois o colágeno não será
sintetizado corretamente. Esta vitamina auxilia na hidroxilação da
prolina, na síntese do colágeno.
* O hormônio GH atua no fígado,
estimulando a síntese de somatomedina, que influi no crescimento do
disco epifisário. A falta deste hormônio leva ao nanismo, enquanto o
excesso leva ao gigantismo em crianças e acromegalia em adultos.
* Os hormônios sexuais atuam na
produção óssea. A falta leva a uma demora na ossificação, gerando
indivíduos mais altos. O excesso, ao contrário, induz a uma rapidez na
ossificação, originado indivíduos com estatura mais baixa.
FRATURAS
Primeiramente, uma hemorragia
ocorre devido à obstrução de vasos sangüíneos do periósteo. No
local, há pedaços de matriz e células mortas e lesadas. Do TC vêm os
macrófagos para fazer a limpeza. As células mesenquimatosas
indiferenciadas do TC podem sintetizar condroblastos para que depois
sejam gerados condrócitos e ocorra a ossificação (muito lento) ou
formar diretamente os osteoblastos para a imediata transformação em
osteócitos. Com isto, ocorre a formação de osso primário (calo
ósseo) para a subseqüente substituição por osso secundário.
12. TECIDO
HEMATOPOIÉTICO OU SANGÜÍNEO
Tem este nome hematopoiético (hematos,
sangue; poiese, formação), sua função é produção de células do
sangue. Localizado principalmente na medula dos ossos, recebendo nome de
tecido mielóide (mielos, medula). Nesse tecido encontram-se células
sangüíneas sendo produzidas, em diversos estágios de maturação. Há
duas variedades desse tecido: o linfóide, encontrado no baço, timo e
gânglios linfáticos, e o mielóide, que forma a medula óssea. tecido
linfóide produz alguns tipos de leucócito, produz hemácias (ou
glóbulos brancos) e o tecido mielóide, além de vários tipos de
leucócito, produz hemácias (ou glóbulos vermelhos) e plaquetas.
sangue é um tipo especial de tecido que se movimenta por todo o corpo,
servindo como meio de transporte de materiais entre as células. É
formado por uma parte líquida, o plasma, e por diversos tipos de
célula. O plasma contém inúmeras substâncias dissolvidas:
aproximadamente 90% de água e 10% sais (Na, Cl, Ca, etc.), glicose,
aminoácidos, colesterol, uréia, hormônios, anticorpos etc. As
hemácias apresentam, dissolvido no seu citoplasma, importante para o
transporte do oxigênio. As hemácias dos mamíferos têm a forma disco
bicôncavo e não apresentam núcleo nem organelas, e os demais
vertebrados têm hemácias esféricas ou elipsóides, nucleadas e com
organelas, e sua forma facilita a penetração e saída de oxigênio, o
que é importante para a função dessas células, que é transportar
oxigênio. Os leucócitos são células incolores nucleadas e com os
demais organóides celulares, tendo quase o dobro do tamanho das
hemácias. Encarregados da despesa do organismo, eles produzem
anticorpos e fagocitam microorganismos invasores e partículas
estranhas. Apresentam a capacidade de passar pelas paredes dos vasos
sangüíneos para o tecido conjuntivo, sem rompê-los, fenômeno este
denominado diapedese. Distribuem-se em dois grupos: granulócitos e
agranulócitos, conforme tenham ou não, granulações específicas no
citoplasma.
LEUCÓCITOS GRANULÓCITOS
* NEUTRÓFILOS: coram-se por
corantes neutros. O núcleo é polimórfico e apresentam-se dividido em
segmentos unidos entre si por delicados filamentos. São os leucócitos
mais abundantes do sangue circulante (65%); realizam diapedese, indo
fazer a defesa através da fagocitose.
* EOSINÓFILOS: apresentam
geralmente dois segmentos ligados ou não por um filamento delicado e
material nuclear. Também realizam diapedese e fagocitose.
* BASÓFILOS: apresentam núcleos
parcialmente dividido em dois segmentos; encerram metade da histamina
existe no sangue circulante e possuem também heparina. Estão
relacionados com reações alérgicas.
LEUCÓCITOS AGRANULÓCITOS
* PLAQUETAS (OU TROMBÓCITOS):
são pequenos corpúsculos que resultam da fragmentação de células
especiais produzidas pela medula óssea. Elas detêm as hemorragias,
pois desencadeiam o processo de coagulação do sangue que é o
fenômeno da maior importância para os animais vertebrado: quando há
um ferimento, externo ou interno, forma-se um coágulo, que age como um
tampão para deter a hemorragia. Apesar de aparentemente simples,
sabe-se atualmente que a coagulação é controlada por inúmeros
fatores, incluindo-se aí fatores genéticos.
* LINFÓCITOS: apresentam núcleo
arredondado e citoplasma escasso. Os linfócitos B passam para o tecido
conjuntivo e se transformam em plasmócitos que produzem anticorpos. Os
linfócitos T produzidos no timo, também estão relacionados com a
defesa imunitário.
* MONÓCITOS: são as maiores
células do sangue circulante normal; o citoplasma é abundante, o
núcleo é arredondado, oval ou uniforme. Em células mais velhas o
núcleo pode apresentar a forma de ferradura. Os monócitos têm
capacidade de emitir e retrair pseudópodos; são portanto, móveis e
tendem a abandonar a corrente sangüínea e ingressar nos tecidos onde
fagocitam e são denominados macrófagos. Representam 6% dos
leucócitos.
13. DOENÇAS
REUMÁTICAS
O termo reumatismo, embora
consagrado, não é um termo adequado para denominar um grande número
de diferentes doenças que tem em comum o comprometimento do sistema
músculo-esquelético, ou seja, ossos, cartilagem, estruturas
peri-articulares (localizadas próximas às articulações, tendões,
ligamentos, fáscias, etc) e/ou de músculos.
Ao contrário do que ocorre com
doenças cardíacas, neurológicas ou gastrintestinais, que podem ser
definidas como doenças que acometem determinado órgão ou sistema, o
conceito de que as doenças reumáticas são as doenças que acometem o
sistema osteo-articular nem sempre é correto, pois, muitos pacientes
com doenças reumáticas podem não apresentar queixas articulares,
ósseas ou comprometimento de tecidos peri-articulares, mais sim de
órgãos diversos, como rins, coração, pulmões, pele e etc.
Apenas didaticamente, poderemos
classificar as doenças reumáticas, de acordo com os mecanismos de
lesão ou localização preferencial da doença em:
13.1 DOENÇAS
DIFUSAS DO TECIDO CONJUNTIVO
Doenças que cursam com
inflamação do tecido conjuntivo e que estão relacionadas aos
distúrbios do sistema imunológico, que passam a reagir contra uma
célula, tecido ou outro antígeno do próprio organismo.
Podem ser:
* Lúpus Eritematoso Sistêmico;
* Artrite Reumatóide;
* Esclerose Sistêmica;
* Doença Muscular Inflamatória (Polimiosite
e Dermatomiosite);
* Síndrome de Sjögren;
* Policondrite Recidivante;
* Doença Mista do Tecido
Conjuntivo (Doença de Sharp);
* Síndrome do Anticorpo
Antifosfolípide;
As causas, tratamentos e
conseqüências das diversas doenças reumáticas podem ser muito
diferentes, razão pelo qual se torna importante saber qual a doença de
cada paciente, ao invés de simplesmente classificar como tendo uma
doença reumática.
14. ANATOMIA DA
FÁSCIA
14.1
INVÓLUCROS CORPORAIS
Duas grandes fáscias envolvem
mais ou menos por completo o corpo humano: a fascia superficialis e a
aponeurose superficial. Constituem parte da "blindagem"
tissular, o invólucro humano é mais ou menos comparável em qualquer
região corporal. Ele compreende: a pele, um panículo adiposo de
espessura variável, a fascia superficialis, o tecido subcutâneo no
qual caminham os vasos e nervos assim como suas ramificações, a
aponeurose superficial.
FASCIA SUPERFICIALIS
Pode-se considerar que a fascia
superficialis origina-se no ápice do crânio pela aponeurose
epicraniana. Essa aponeurose vai dos músculos frontais aos occipitais
e, lateralmente, dá inserção aos auriculares. É ligada á aponeurose
temporal por uma faixa de tecido conjuntivo frouxo que se transforma,
sob a arcada zigomática, em fascia superficialis, após ter-se inserido
nos dois lábios do bordo superior dessa arcada.
Não existe fascia superficialis
na face, os músculos ligam-se diretamente à pele. Ela se inicia
somente na região do masseter, onde insere-se, na apófise zigomática,
depois no bordo superior do masseter, no ramo ascendente e no bordo
inferior da mandíbula.
Na região anterior do pescoço, a
fascia superficialis desdobra-se para envolver o platisma. Na região
dos estrenoclidomastóideos, ela desaparece no quarto superior, onde é
substituída por traves fibrosas relacionadas com a aponeurose
superficial. Desaparece também na nuca, onde a pele adere à aponeurose
superficial.
Na parede esternocostal, a fascia
superficialis é mal individualizada e, com freqüência, é
substituída por um tecido frouxo em camadas. Não existe sobre o
esterno, onde a pele une-se diretamente ao periósteo e à aponeurose
superficial. Atrás, recobre toda a superfície da região escapular,
dorsal e abdominal posterior, até as nádegas, onde novamente
desaparece. A camada célulo-gurdurosa dessa região fixa-se diretamente
á aponeurose superficial. Na frente recobre o abdome e fixa-se sobre o
ligamento inguinal.
A fascia superficialis recobre
todo o ombro e a região axilar. Prolonga-se por todo o braço, envolve
o cotovelo, onde é muito fina sobre o olécrano, que não possui
panículo adiposo; depois, envolve o antebraço e interrompe-se na
região do punho.
No membro inferior, após se haver
fixado ao ligamento inguinal, a fascia superficialis continua. A
reunião da porção abdominal e femoral constitui o ligamento suspensor
da prega inguinal que fixa-se isoladamente na face profunda da derme.
Recobre em seguida o triângulo femoral, o triângulo esterno da região
isquiopubiana. Dissemos que ela não existe na região glútea. Recobre
as regiões anteriores da coxa com exceção da depressão entre o vasto
externo e o bíceps curto. Na região posterior não existe
súpero-externamente e reaparece na região inferior interna. No joelho
não é muito evidente na frente, sobre a patela. Na região poplítea
se junta à aponeurose superficial por meio de um trato fibroso.
Finalmente, envolve a perna, com exceção das extremidades inferior da
face externa da fíbula, e termina na região do ligamento anular.
A fascia superficialis é ima
fáscia frouxa que interrompe-se nas regiões de tensão que são as
mesmas de ocorrência de escaras. É uma fáscia-laboratório embebida
de linfa intersticial que nutre o epitélio da pele. Visto seu tamanho,
ocupa lugar de destaque nos fenômenos de nutrição e respiração
tissulares. É o ponto de partida de todos os vasos linfáticos
periféricos. As queimaduras superficiais extensas são graves,
precisamente por causa da lesão dessa fáscia.
APONEUROSE SUPERFICIAL
A aponeurose superficial é na
realidade, o invólucro do corpo, recobre toda a face externa, de
espessura e textura variáveis, está presente em todas as regiões.
Essa grande aponeurose é,
seguramente, a mais importante de toda a anatomia. Ela é o conjunto de
todas as aponeuroses. Envolve o corpo e tem poucas inserções fixas;
além disso, muitas dessas inserções ocorrem sobre ossos móveis, como
a fíbula ou a clavícula. Quando temos a visão dessa verdadeira
combinação membranosa é fácil entender que uma falta de mobilidade
em um local qualquer possa provocar uma lesão à distância.
A aponeurose superficial
apresenta-se como duas aponeuroses simétricas, que cobrem paralelamente
cada metade do corpo. Vemos que ela se insere solidamente atrás, ao
longo da coluna e, na frente, sobre o esterno e a linha alba, formação
sólida e quase não extensível. Pensamos que é necessário,
fisiologicamente, fazer partir esta aponeurose de cada lado de suas
inserções médias pouco móveis e que constituem com certeza um ponto
de apoio para os tensionamentos.
Tem espessura variável porque tem
a capacidade de desdobrar-se, pelas suas expansões a aponeurose
superficial envolve profundamente todo o sistema contrátil muscular. É
um envoltório funcional as principais expansões, os septos
intermusculares, separam a musculatura em espaços funcionais: região
dos flexores, região dos extensores etc. No interior desses espaços,
cada músculo é envolvido por uma expansão da aponeurose superficial
ou de um septo intermuscular. Cada músculo é por sua vez, subdividido
por outros septos, que dividem funcionalmente as unidades motoras:
unidades motoras fásicas, unidades motoras dinâmicas, unidades motoras
direcionais.
Esse envelope corporal que se
duplica até a profundidade, tem uma inserção central fixa ou
relativamente fixa, visto que é deformável: a coluna atrás, o
contorno da cabeça, em cima; o esterno, a linha alba e o púbis, na
frente. Essa visão de um envelope único várias vezes duplicado,
sempre solidário a si mesmo e às suas expansões, leva a uma noção
fundamental, ela é a base dos métodos globais de alongamentos
posturais. Não há deformidade única, isolada ou localizada; não pode
haver correção única, isolada ou localizada. Todo tratamento
fisioterápico de ima deformidade ou de uma simples limitação
articular só pode ser global. Toda correção local só pode ser
adquirida quando as compensações tornam-se impossíveis (não existe
segmento independente).
A aponeurose superficial parte de
cima, de uma inserção fixa circular: a linha curva occipital superior,
mastóides, cartilagens dos orifícios auditivos externos, bordos
inferiores da mandíbula. Não é impossível que também se continue
após os ossos do crânio e face que, por sua vez, são membranas
calcifidas. Ela envolve todo o pescoço, enviando uma expansão para o
hióide, fixa-se sobre o bordo anterior da fúrcula do esterno, na face
anterior do manúbrio, de cada lado do bordo superior da clavícula, na
face posterior da espinha da escápula. Atrás, recobre os trapézios e,
sobre a linha média, uma expansão da face profunda forma um tabique
que se fixa solidamente sobre as espinhosas: trata-se do ligamento
cervical posterior.
Na região esternocostal
confunde-se com o periósteo, depois continua para baixo para formar,
juntamente com as aponeuroses musculares, a linha alba e as bainhas dos
retos anteriores, fixa-se no púbis, a aponeurose dos oblíquos
externos, que também são parte dela própria, prolongando-se
ínferointernamente até as bolsas. Atrás faz parte da aponeurose
lombar, que prolonga a dos trapézios, ao longo de toda a coluna até as
vértebras sacras insere-se sobre as espinhosas e ligamentos
interespinhais, lateralmente, fixa-se sobre as cristas ilíacas.
Segue-se a aponeurose glútea de
um lado e outro, separa-se da crista ilíaca, do sacro e do cóccix e
continua embaixo, pela aponeurose femoral que, fixando-se anteriormente
sobre o ligamento inguinal, envolve a coxa como uma meia, prende-se à
rótula e ao bordo anterior da tíbia, externamente, torna-se muito
espessa e toma o nome de fascia lata em cima e trato iliotibial em
baixo, prolonga-se pela aponeurose da perna após Ter-se fixado à
cabeça da fíbula e à tuberosidade tibial anterior, termina-se pelas
aponeuroses dorsal e plantar do pé.
No membro superior, a aponeurose
superficial do pescoço prolonga-se sob a clavícula e de cada lado do
externo pela aponeurose do peitoral maior na frente, trapézio e grande
dorsal atrás. Na região do ombro, forma a aponeurose do deltóide e da
axila, da mesma forma como no membro inferior, continua-se como ima meia
por meio da aponeurose braquial, aponeurose do antebraço que adere ao
bordo posterior da ulna e termina pelas aponeuroses dorsal e palmar da
mão.
15. TIPOS DE
APONEUROSES
APONEUROSES DA CABEÇA
* A aponeurose craniana
* A aponeurose temporal
* A aponeurose bucinatória
* A aponeurose do masseteriana
* A poneurose interpiterigoidiana
* A aponeurose palatina
* A aponeurose intrafaringiana
* A aponeurose perifaringiana
* A aponeurose pré-vertebral
* A aponeurose parotidiana
* A aponeurose superficial
* A aponeurose cervical média
* A aponeurose cervical profunda
APONEUROSES DO PESCOÇO
* A aponeurose superficial
* A aponeurose média
* A aponeurose profunda
* A aponeurose tipo
cervicopericárdica
APONEUROSES DO TÓRAX
* A aponeurose superficial
* A aponeurose cervical
pré-vertebral e profunda
APONEUROSES DO ABDOME
* Aponeuroses de inserção
* A aponeurose anterior do
transverso
* A aponeurose posterior do
transverso
* Aponeurose lombar
* A aponeurose do oblíquo externo
* A aponeurose do quadrado lombar
* A aponeurose do psoas
APONEUROSES DO PERÍNEO
* A aponeurose superficial
* A aponeurose média
* A aponeurose pélvica
APONEUROSES DO MEMBRO INFERIOR
* A aponeurose glútea
* A aponeurose femoral
* A aponeurose do adutor médio
* A aponeurose do adutor magno
* A aponeurose do canal adutor
* A aponeurose da perna
* A aponeurose profunda do cavo
poplíteo
* A aponeurose superficial
* A aponeurose profunda
* A aponeurose dorsal superficial
* A aponeurose plantar superficial
(média, interna, externa)
* A aponeurose do extensor curto
dos artelhos
* A aponeurose interóssea dorsal
APONEUROSES DO MEMBRO SUPERIOR
* A aponeurose do grande peitoral
* A aponeurose do deltóide
* A aponeurose do infra-espinhal,
redondo maior, redondo menor
* A aponeurose do grande dorsal
* A aponeurose
clave-peitoral-axilar
* A aponeurose do subclávio
* A aponeurose clavipeitoral
* A aponeurose pecto-axilar
* A aponeurose superficial
braquial
* A aponeurose superficial
* A aponeurose profunda
* A aponeurose superficial do
braço
* A aponeurose palmar superficial
(média, interna, externa)
* A aponeurose dorsal
* A aponeurose superficial lateral
* A aponeurose palmar profunda
16. FUNÇÃO
FASCIAL
As cadeias das fascias são
virtuais, existem apenas na teoria fisiológica. Dizem respeito apenas a
função mecânica. Uma função utiliza diversos órgãos. Esses
órgãos encontram-se ligados entre si pelo tecido conjuntivo, das
fáscias, das aponeuroses e etc..
Um mesmo órgão pode ser
utilizado para várias funções; uma mesma fáscia pode ser usada por
várias cadeias.
A mobilidade das aponeuroses é o
agente mecânico da circulação de retorno.
APONEUROSE SUPERFICIAL
É o órgão mecânico principal
da coordenação motora. A visão das cadeias fasciais explica com
perfeição que as aponeuroses sejam constituídas por camadas de fibras
sobrepostas não anastomosadas entre si. É simplesmente porque uma
mesma aponeurose particularmente as grandes aponeuroses, fazem parte de
várias cadeias igualmente sobrepostas. Em cada nível as fibras são
orientadas nos sentidos das solicitações próprias da cadeia a qual
pertencem. Deve-se considerar as aponeuroses como camadas de faces
sobrepostas. Vista desse ângulo, a aponeurose superficial assume uma
outra dimensão. Transforma-se numa aponeurose principal, que comanda
todas as outras.
CADEIA PROFUNDA
CÉRVICO-TÓRACO-ABDÔMINO-PÉLVICA
Essa cadeia fascial também é
chamada de cadeia dos três diafragmas. A cadeia
cérvico-tóraco-abdômino-pélvica é o pilar central da suspensão, ao
qual se unem os quatro membros.É a mais sólida e mais volumosa da
anatomia. A porção superior suspende o diafragma na base do crânio e
na coluna cérvicodorsal alta que comanda os membros superiores; a
porção inferior suspende os membros superiores ao diafragma e a coluna
lombar. O diafragma é dessa forma, a ligação entre os dois níveis.
Se o diafragma é um conjunto
membranoso, provavelmente é por que ele deve adaptar-se aos movimentos
do tronco e as deformidades torácicas que esses movimentos acarretam.
É o diafragma que se adapta ao tórax e não o tórax que se adapta ao
diafragma. O diafragma não é um músculo é um conjunto
tendinomuscular constituído por oito músculos digástricos.
A lâmina fibrosa pré-vertebral
ocupa um lugar muito importante na evolução escoliótica e na
moléstia Scheuermann. Ela se origina no occiptal pela aponeurose
cervical profunda. Na região do mediastino é constituído pelo
espessamento posterior da fáscia endocárdica. Até D4 ela se encontra
colada da coluna, em seguida, separa-se dela para com ela manter contato
apenas por meio de pequenos tratos fibrosos ricos em receptores
sensitivos. Na região abdominal e pélvica, ela se prolonga até o
sacro pelo espessamento da fáscia parietalis. Ao longo desse trajeto,
ela volta a se colar a coluna lombar e sacra a partir de L1.
Essa lâmina fibrosa pode ser
considerada como a "coluna fibrosa", o pilar central. Em cima,
ela se liga ao membro superior até D4 pela aponeurose dos trapézios,
em baixo ao membro inferior a partir de L1 pela aponeurose do psoas e a
fáscia ilíaca. Ela se separa da coluna vertebral entre D4 e L1, zona
de rotação do tronco para permitir a rotação do sistema cruzado.
Assim ela forra a coluna óssea em todo o seu comprimento, mas tenciona
a zona entre D4 e L1 como a corda de um arco.
17. PATOLOGIA
DA FÁSCIA
São encontradas na fisiologia
mecânica do tecido conjuntivo fibroso. É por meio do líquido laculnar
que as trocas osmóticas são realizadas é pela circulação da
"água livre" e seus feixes conjuntivos que ocorrem as
mudanças de densidades do meio interno e as possibilidades de osmose.
É em seu líquido laculnar que se inicia a função linfática, o motor
dessa circulação laculnar era, antes de mais nada a mobilidade da
fáscia, seus "deslizamentos" contínuos sobre os tecidos
vizinhos. Em tais condições é fácil entender que toda imobilidade da
fáscia todo o bloqueio de sua mobilidade acarreta uma estase líquida.
Muitos problemas dolorosos são
decorrentes de tensões anormais que a fáscia suporta. Todo o sistema
músculo aponeurótico, todo sistema cápsulo-ligamentar são um imenso
receptor sensitivo, o da própriocepção. Como todos os receptores
sensitivos, esses milhões de mecanoreceptores tornam-se dolorosos se
sua ativação prolongam-se normalmente; trata-se de uma tensão normal
e persistente. São raramente dores intensas; em geral são
perfeitamente suportáveis, no entanto sua duração sua persistência,
suas recidivas freqüentes tornam-se rapidamente intoleráveis. São
essas dores de tensão que fazem sucesso da terapia manual e da
osteopatia. O médico em geral não tem armas contras elas.
Duas regiões são com
freqüência atingidas por esse problema e, em geral, apresentam
episódios agudos: a coluna dorsal inferior e a coluna cervical.
A patologia mecânica mais
importante do tecido conjuntivo fibroso è a artrose> pode assumir
duas formas: a densificação-calcificação e a degeneração da
cartilagem. As duas formas encontram-se com freqüência associadas. Com
a fisiologia do tecido conjuntivo é possível perceber que seu sistema
colaginoso pode modificar-se ao longo de toda a vida pelas
solicitações de tensão que deve suportar. Sob o efeito de tensões
repetidas a secreção das moléculas de colágeno pelos fibroblastos
acarreta a produção de novas fibras conjuntivas. Essa "densificação
do tecido" é acompanhada por uma perda de elasticidade que ela
mesma provoca as tensões, portanto, uma nova densificação. O
envelhecimento do homem é em grande parte a densificação do seu
conjuntivo. Para essa defesa do tecido, a mucina de ligação entre seus
feixes fixa sais minerais e pode ir até a calcificação. Na região
das inserções musculares, esse fenômeno de
densificação-calcificação é quase fisiológico. Todas as
saliências ósseas, espinhas, apófises, tuberosidades etc... São
calcificações das inserções tendinosas. Pouco evidentes na criança
elas se tornam cada vez mais importantes com a idade.
A cartilagem articular é um
conjuntivo especial visto que não tem circulação sanguínea. Apenas a
circulação laculnar que a ela chega dos tecidos vizinhos pode
assegurar a sua vitalidade. A frouxidão fisiológica permite uma
sucessão de descompressões articulares, isto é, descompressões e
compressões. Durante a descompressão, o líquido laculnar dos tecidos
vizinhos é aspirado, depois é expulso durante as compressões.
Infelizmente esse sistema cápsuloligamentar perde a sua elasticidade
com a idade e a falta de exercícios do homem moderno faz com que as
compressões predominem cada vez mais. A cartilagem encontra-se assim
mal nutrida, desidratada e degenera mais rapidamente. É o que consta as
radiografias nos pinçamentos articulares.
18. TRATAMENTO DA FÁSCIA
18.1 FISIOLOGIA
DAS "POMPAGES"
AÇÃO SOBRE A CIRCULAÇÃO
O tecido mais importante da
circulação laculnar é o conjuntivo. Ele representa mais ou menos 70%
do conjunto dos nossos tecidos. Seu líquido laculnar preside
praticamente todas as trocas osmóticas. Sua linfa intersticial está na
origem de todos os capilares linfáticos. Em fim, é em seus feixes
conjuntivos colaginoso que circula a "água livre" que permite
as trocas de densidade do líquido laculnar, troca de densidades
indispensáveis da osmose celular.
Grande parte do tecido conjuntivo
fibroso, a fáscia, é periférica. São duas grandes
"combinações" conjuntivas que envolvem todo o nosso corpo: a
fáscia superficialis, que forra a pele, a aponeurose superficial, que
recobre e divide a nossa musculatura e dá ao nosso corpo sua
morfologia. É acima de tudo sobre esse conjunto de tecidos que as
pompages circulatórias agem, sobre seus movimentos de deslizamentos que
aceleram a circulação laculnar.
AÇÃO SOBRE A MUSCULATURA
Com exceção das contraturas, que
são estados passageiros que desaparecem com suas causas, a patologia da
musculatura fásica é a fraqueza, que se denomina fadiga, atrofia,
paresia ou paralisia. É essa fraqueza que trata-se quando é feita a
recuperação funcional. A patologia da musculatura tônica é a
retração e o encurtamento.
A musculatura tônica é, antes de
mais nada uma musculatura reflexa. Na região dos sarcômeros da fibra
muscular a contração ocorre, pela penetração em direção ao centro
dos miofilamentos de actina entre os miofilamentos de miosina. Essa
tendência é permanente na região da fibra tônica, a retração
ocorre por uma penetração permanente dos miofilamentos de actina em
direção ao centro. O melhor exemplo disto é a retração muscular das
concavidades escolióticas.
Esse fenômeno é relativamente
reversível. Um tensionamento passivo do músculo provoca deslizamento
dos miofilamentos de actina para fora. Trata-se da visco-elasticidade do
músculo. O encurtamento muscular não é decorrente da penetração de
miofilamentos de actina na região do sarcômero, mais há um número
insuficiente de sarcômeros em série. A função de uma fibra muscular
é encurta-se. A possibilidade de cobrir uma maior ou menor amplitude de
movimento depende do número de sarcômeros instalados em série, cada
um deles tem uma pequena possibilidade invariável de encurtamento. O
crescimento em comprimento da fibra muscular ocorre pelo aumento do
número desses sarcômeros.
O tratamento desses encurtamentos
só é possível nas crianças em crescimento. É o objetivo dos
aparelhos ortopédicos: colete de endireitamento e outros que, nas
posições de correção, colocam a musculatura e o conjuntivo
encurtados sob tensão. Os esforços da vida do dia-a-dia serão
realizados com essa tensão mantida.
AÇÃO ARTICULAR
Antes de mais nada o
fisioterapeuta luta contra a limitação e a rigidez nessa luta a
pompages é de grande ajuda permitindo intervir nos processos de
artroses e, sobretudo, na evolução delas. A rigidez tem causas
múltiplas, e todas comprometem mais ou menos a frouxidão
indispensável aos micromovimentos. As "pompages" articulares
no sentido de descompressão tem como objetivo principal à
recuperação dessa frouxidão fisiológica permitindo a fisiologia
ligamentar. Por outro lado, com o mesmo objetivo, as "pompages"
em descompressão podem ser realizadas em todos os planos de movimento;
flexão, extensão, abdução, adução, rotação, de acordo com a
rigidez a ser combatida.
AÇÃO CALMANTE
Não são utilizadas em dores
muito intensas que tem uma origem precisa, decorrentes, por exemplo, de
uma perturbação orgânica, é importante essencialmente para dores de
tensão que aparecem todo dia se raramente são agudas, rapidamente
tornam-se lancinates e mesmo insuportáveis. O conjunto do tecido
conjuntivo fibroso - aponeuroses, septos intermusculares, tendões,
cápsulas articulares, ligamentos, tratos fibrosos etc... Independente
de sua função mecânica é também um imenso receptor dessa grande
função sensitiva que é a propriocepção.
18.2 TÉCNICAS
DAS "POMPAGES"
OBJETIVO
* Podem ser realizadas com
objetivo circulatório. Já que a fáscia assume um lugar importante e,
sobre tudo o movimento fascial na circulação dos fluídos. As "pompages"
procuram nesse caso, liberar os bloqueios e as estases. Serão exercidas
sobre todo segmento, mobilizando a fáscia o mais amplamente possível.
* Podem procurar obter um
relaxamento muscular. Nesse caso são realizadas seguindo o sentido das
fibras musculares. Trata-se de uma técnica muito eficiente no
tratamento das contraturas, dos encurtamentos, das retrações que
enfrentamos diariamente.
* Podem ser utilizadas nas
regiões das articulações para combater a degeneração cartilaginosa.
Nas afecções iniciais, as "pompages" restabelecem o
equilíbrio hídrico da cartilagem, ou, ao menos, limita o ressecamento.
São realizadas no sentido da descompressão articular.
TÉCNICA
A técnica da pompage é realizada
em três tempos:
O primeiro tempo é o "tensionamento"
do segmento. O terapeuta alonga lenta regular e progressivamente, toma
aquilo que vem, aquilo que a fáscia cede. Vai apenas até op limite da
elasticidade fisiológica. O primeiro tensionamento parece não ter
obtido nada. Pouco a pouco à medida que a fáscia se solta o paciente
fica mais confiante, o alongamento se amplifica.
O segundo tempo é o tempo de
"manutenção da tensão". Assumirá formas diferentes, de
acordo com objetivo procurado:
* Com um objetivo circulatório
para uma pompage fascial, o terapeuta retém a fáscia durante alguns
segundos o tempo de sentir sua mão sendo tracionada para o ponto
inicial pela elasticidade.
* O tempo principal da pompage é
este, de manutenção da tensão. Esses fenômenos lentos, os
miofilamentos de actina só podem deslizar lentamente entre os
miofilamentos de miosina. É importante que durante essa faz o paciente
encontre-se perfeitamente relaxado, que inconscientemente não se oponha
a tensão.
* Esse segundo tempo é também o
tempo mais importante para as "pompages" articulares a
descompressão obtida será mantida de 15 a 20 segundos, necessários
para que a cartilagem se impregne com seu líquido nutridor.
Terceiro tempo é o "tempo de
retorno":
* Nas pompages circulatórias esse
é o tempo principal. Deve ser o mais lento possível. A fáscia puxa a
mão do terapeuta, mas este controla essa tração para obriga-la a
trabalhar, a utilizar todas as suas possibilidades, todo o seu
comprimento. É durante esse período que se rompem as barreiras os
bloqueios de movimento, as estases.
* No trabalho muscular, esse
retorno será bastante lento para não provocar o reflexo contrátil do
músculo.
* Nas "pompages"
articulares, o terceiro tempo é acessório.
19. CONCLUSÃO
Neste trabalho observamos que o
tecido conjuntivo possui uma grande importância como sustentação das
partes moles do corpo, apoiando e dando forma a outros tipos de tecidos,
e que os estudos dos diferentes tecidos humanos nos permite a
compreensão as anomalias, que podem acarretar muitas doenças ao homem.
Por este motivo devemos ter um
amplo conhecimento e domínio de todo o seu funcionamento principalmente
em sua histologia para que possamos assim compreender a fisiopatologia
"Pompage é o procedimento
de tratamento fascial por excelência. Não é um método, é apenas um
meio de trabalho tendo valor no interior de um tratamento bem pensado e
coordenado de fisioterapia. Não substitui nada, mas completa
tudo."
20.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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