Referência  em  FISIOTERAPIA  na  Internet

 www.fisioweb.com.br 


Trabalho realizado por:
Otávia Ruas - Cláudia de Paula Belmudes
Laura da Silva Araújo - Soraia Andrade
Ricardo Porto

Orientador:
Prof. Blair José Rosa Filho


CRIOTERAPIA
Criocinesioterapia - Crioestimulação - Spray


Introdução:

As aplicações do frio vem sendo utilizadas desde antes de Cristo. Quando gregos e romanos utilizavam gelo natural e neve para tratar problemas médicos, passando pelo século 19 quando compressas frias são reconhecidas como auxiliares nas cirurgias.

Hoje, século 21, aprimoramos técnicas, conhecemos fisiologicamente seus efeitos.

A seguir falaremos das diversas utilizações, sua fisiologia e atuação no campo da fisioterapia.



O que é Crioterapia?


Literalmente significa "Terapia com Frio", isto é, aplicação terapêutica de qualquer substância do corpo que remova o calor corporal, diminuindo a temperatura dos tecidos. Sendo assim, todas as técnicas que se utiliza do frio como massagem com gelo, criocirurgia, crioalongamento, colocação de uma queimadura sob água fria são consideradas Crioterapia.


Fisiologia da Crioterapia


O uso da Crioterapia produz anestesia, analgesia, diminui espasmo muscular, incrementa o relaxamento, permite mobilização precoce, incrementa o limite de movimentos, quebra do ciclo dor-espasmo-dor, diminui o metabolismo.

Isso ocorre devido ao metabolismo fisiológico da circulação e do sistema nervoso, pois é através dessas respostas que obteremos os resultados terapêuticos no uso da Crioterapia.

A característica mais importante da circulação é que ela constitui um circuito contínuo.

O sistema nervoso simpático controla o sistema vascular.

O sistema funciona como um acro reflexo simples, ou seja, pelo estímulo dado, o sistema interpreta e admite a resposta em forma de vasoconstrução ou vasodilatação.


Calor Quente e Calor Frio.

Considerações:

De acordo com a revisão da literatura sobre os efeitos do calor e do frio, fica evidente que obtemos efeitos semelhantes entre os dois extremos de temperatura. Já em outros casos o uso do frio produz efeito oposto ao do calor. Algumas reações ao uso do frio e do calor são semelhantes. O espasmo muscular secundário a patologias articulares ou esqueléticas, pode ser reduzida com eficácia por ambas modalidades.

Em lesões do neurônio motor superior com espasticidade, o frio é bastante eficaz na redução da espasticidade, um efeito com longa duração o que prove a ele um valor terapêutico. Apesar do calor também reduzir a espasticidade seu efeito é curto, porque o tônus muscular é rapidamente restaurado. O fluxo sangüíneo aumenta na musculatura resfriando o tecido aquecido.

A dor pode ser diminuída por ambas modalidades se ela for secundária a espasmos musculares. O limiar de dor é elevado pelo efeito direto do calor e do frio nas terminações nervosas livres e pelo efeito das fibras especiais de amortecimento da dor.

Outras reações mostram comportamento diferente quando os tecidos são expostos ao calor ou ao frio. O fluxo aumenta com aplicação do calor e diminui após a aplicação de frio. O edema resultante de trauma aumenta com aplicação de calor e diminui com o frio. O edema associado com reações inflamatórias reage da mesma forma. A rigidez articular diminui com aplicação de calor e aumenta com o frio.



Tempo e Temperatura do Frio

Existe uma correlação direta entre as temperaturas de superfície e subcutânea, sendo que a reação de tecidos subcutâneos é a mesma da pele, apenas diminuindo em magnitude. Após aplicação do frio sobre a pele, as temperaturas subcutâneas sofrem rápido decréscimo ficando cada vez menor até chegar ao platô. Devemos levar em consideração a temperatura ambiente e a atividade pré e pós aplicação do frio.

As temperaturas nos tecidos profundos não diminuem tão rápido e seu decréscimo vai estar relacionado com o tempo de aplicação.

A magnitude da mudança de temperatura em tecidos profundos (todos os níveis) e dependente da magnitude da aplicação do frio, isto é, quantidade de calor removido do corpo e relação com o tempo de aplicação.

Exemplo: Após 10´ de aplicação do gelo as mudanças de temperatura em tecidos profundos (4cm) é mais de duas vezes maior do que as aplicações com 5´.

Para cada técnica utilizaremos uma temperatura específica e um tempo determinado.

A seguir técnicas, tempo e temperaturas.

* Compressas Frias - Temperatura 0º 4ºC - A primeira toalha 30" e as demais 3´e 4´;

* Panquecas - Tempo Médio 20´a 30´;

* Imersão - 0º a 4ºC - Máximo 3´repetindo 7 a 8 vezes;

* Banho de Imersão - 0º a 1ºC. Tempo 7´a 15`;

Criomassagem em Pedra de Gelo durante 16´a 30´.




Criocinesioterapia

Trata-se de uma combinação de aplicações de frio para causar hipoestesia à área do corpo lesionadas combinada com exercícios ativo, graduado e progressivo. Pode ser usada para qualquer lesão músculo esquelética.

A Criocinesioterapia permite que a reabilitação comece muito antes do que a Termoterapia tradicional e pode reduzir o tempo de reabilitação em dias e até mesmo em semana.

Embora seja eficaz para tratar entorses articulares agudas, não é o melhor.

Nas distensões musculares agudas as distensões devem ser alongadas passivamente nos estágios iniciais da reabilitação. (chamado Crioalongamento - Frio e Alongamento Passivo).

Na Criocinesioterapia a aplicação do frio é para diminuir a dor e uma realização de exercícios ativos livre de dor.

A Criocinesiologia tem um dispositivo de segurança: a dor durante a hipoestesia induzida pelo frio indica que o exercício está forte e deve ser diminuído.




EFEITOS DA CRIOCINESIOTERAPIA:

* frio reduz a dor;

* exercício aumenta o fluxo sangüíneo;

* exercício restabelece a função neuro muscular.


VANTAGENS:

* Permite a realização de exercícios antes do que o tratamento convencional;

* Retarda a atrofia muscular e as inibições neurais;

* Reduz o edema pela ação da drenagem muscular;

* Tratamento barato.


DESVANTAGENS:

* Gelo é muito doloroso;


INDICAÇÕES:

* Entorses nos dedos;

* Entorses no ombro;

* Entorses em outras articulações.


CONTRA-INDICAÇÕES:

* Não realizar nenhum exercício ou atividade que cause dor;

* Não usar gelo em indivíduos hipersensíveis ao frio.


PRECAUÇÕES:

* A dor deve ser usada com critério;

* A dor pode aumentar em 04 (quatro) a 08 (oito) horas após tratamento.




Crioestimulação

É uma técnica utilizada para tratar pacientes com lesão central ou periférica, tendo como objetivo obter alguma contração muscular. Esta técnica é indicada em graus de força Ø.

O procedimento consiste em passar o gelo longitudinalmente até encontrar o ponto motor, neste momento ocorre uma leve contração muscular. O tempo é entre 10` a 30`.




Spray

Kraus sugeriu que a nebulização de Cloreto de Etila eleva o limiar da dor. Porém, mais tarde, afirmou que não havia explicação científica adequada para o fato de a anestesia superficial diminuir a dor em estruturas profundas. Outros estudiosos (Lorenze Ej, Ellis M., Mennell J.M., e Travell J.) atribuíram o sucesso dos Sprays refrigerantes à contra-irritação. A área do sistema nervoso central que recebe os impulsos dolorosos era sensibilizada com uma alta quantidade de impulsos frios que eles eram diminuídos e bloqueados. Os impulsos sensoriais de frio chegariam ao sistema nervoso central com maior rapidez que os dolorosos.

A contra-irritação, alívio da dor em um local pela irritação de outro, tem sido um dos métodos mais importantes no controle da dor. Compressas de água quente e gelo, vibração, sensação tátil, estimulação elétrica muscular e eletricidade estática são empregados como contra-irritantes. A depressão ou a inibição sensorial central são responsáveis pela diminuição da dor.

As aplicações terapêuticas de frio produz uma diminuição na transmissão nervosa. O alívio da dor deve-se a contra-irritação.


* Indicação e Contra-Indicações do Spray Refrigerante:

O Cloreto de Etila e o Fluorometano líquidos evaporam muito rápido quando aplicados ao corpo, retirando o calor da pele nesse processo. Como sua evaporação é veloz, os efeitos são muito superficiais. O fluorometano é o preferido; o Cloreto de Etila é inflamável e pode congelar a pele até que fique dura.

Os efeitos superficiais do Spray Refrigerante limitam seu uso às técnicas que se baseiam na estimulação do sistema nervoso simpático para tratar dor e espasmo muscular. Os Sprays Refrigerantes nunca devem ser utilizados quando o objetivo é diminuir a temperatura dos tecidos subjacentes.


CUIDADOS DURANTE A APLICAÇÃO DO SPRAY REFRIGERANTE:

* Manter a embalagem 30cm do corpo e liberar um jato moderadamente fino, fazendo ângulo com o corpo;

* Borrifar a área do corpo em movimento deslizante, na velocidade de cerca de dez cada por segundo;

* Aplicar em uma só direção e prosseguir ritmicamente até que toda a área lesada tenha sido coberta duas vezes;

* Tomar cuidado para não congelar a pele.


Bandagem com Spray Refrigerante:


Os Manguitos Cryomatic são bandagens de nylon com duas camadas que se adaptam às áreas selecionadas do corpo, como o tornozelo. O Spray Refrigerante é borrifado no envelope entre as camadas, proporcionando frio e compressão.


Conclusão:


A Crioterapia - o uso de frio, é uma das modalidades terapêuticas mais baratas e utilizadas para tratar e reabilitar lesões agudas.

Para que possamos aproveitar integralmente seus benefícios tanto no pronto atendimento quanto na reabilitação, precisamos dominar o processo inflamatório e termos sensibilidade para perceber todo o processo que envolve o período de reabilitação. Não devemos esquecer que teoria e prática andam juntas.

O que observamos com esse trabalho que o uso do gelo vai muito além de sua colocação imediata em alguma lesão na fase-inicial. É extremamente fascinante o quanto de procedimentos técnicos temos disponíveis utilizando o frio.

O que precisamos entender é que a Crioterapia é muito mais abrangente e complexas, sendo um recurso muito pouco estudado por nós Fisioterapêutas.



Bibliografia:


KOTTKE, Frederic J. ; LEHMANN, Justus F. Tratado de Medicina Física e Reabilitação de Krusen. 4ª ed. São Paulo: Manole, 1994. 2v.

RODRIGUEZ, Edgard Meirelles; GUIMARÃES, Cosme S. Manual de Recursos Fisioterapêuticos. Rio de Janeiro: Revinter, 1998. 148p.

KNIGHT, Kenneth L. Crioterapia no Tratamento das Lesões esportivas. 1ªed. Saõ Paulo: Manole, 2000.

 

 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 2003

 


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