Referência  em  FISIOTERAPIA  na  Internet

  www.fisioweb.com.br 


Trabalho realizado por:
George Pedroso da Silva
Graziele de Castro Ananias
- Acadêmicos do 10º período - Fisioterapia - Unifenas - Campo Belo.

Orientadora:
Maristela Carvalho Botelho Guimarães
- Professora da disciplina de Ortopedia e Traumatologia da Unifenas


INFLUÊNCIA DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO ASSOCIADO
À ALONGAMENTOS NA REABILITAÇÃO DE
ALGIAS LOMBARES RELACIONADAS AO TRABALHO


INFLUENCE OF THE THERAPEUTIC ULTRA-SOUND ASSOCIATED TO THE STRETCH IN THE REHABILITATION OF LUMBAR PAIN
RELATED TO THE WORK



RESUMO


Uma das formas mais encontradas de LER/DORT em trabalhadores que atuam em empresas sem projeto ergonômico é a dor lombar. Esta manifestação é a causa mais comum de afastamento de trabalhadores na linha de produção das empresas. Um músculo forçado e realizar um trabalho físico de alta repetitividade, movimentos rotacionais intensos e de duração prolongada às quais não está habituado sofre alterações histológicas, inclusive necrose. Nesta pesquisa foram triados dez pacientes da Indústria de Leites Milênio da cidade de Campo Belo – MG, foi escolhido esta empresa devido a alta repetitividade na linha de produção e a falta de estrutura ergonômica da mesma. Os trabalhadores foram divididos em dois grupos: grupo A com cinco trabalhadores e grupo B também com cinco trabalhadores. Os dois grupos foram avaliados e foi usado três parâmetros para comprovar a eficácia do tratamento: manobra de Shouber, distância dedo-solo e escala visual analógica de dor. O grupo A foi tratado com ultra-som terapêutico contínuo, 0,8w/cm2 por 5 min na região álgica, associado a alongamentos de membros inferiores e coluna lombar e o grupo B foi tratado apenas com alongamentos descritos anteriormente. Os alongamentos foram realizados em 3 séries mantendo o músculo sob estiramento por 20 segundo. Conclui-se através desta pesquisa que grupo que foi tratado com alongamentos associados a ultra-som teve melhora significativa com relação a dor se comparado com o grupo que realizou apenas o alongamento.

Palavra – chave:
Ultra-som, Alongamento, Algias Lombares


ABSTRACT

One of the found forms more of LER/DORT in workers who act in companies without ergonomic project is lumbar pain. This manifestation is the cause most common of removal of workers in the line of production of the companies. A forced muscle and to carry through a physical work of high repetitividade, intense rotational movements and of duration drawn out to which is not accustomed suffers histológicas alterations, also necrosis. In this research had been triados ten patients of Industria de Laticinios Milenio of the city of Campo Belo MG, was chosen this company due the high repetitividade in the line of production and the lack of ergonomic structure of the same one. The workers had been divided in two groups: group A with 5 workers and group B also with 5 workers. The two groups had been evaluated and were used three parameters to prove the effectiveness of the treatment: maneuver of Shouber, distance finger-ground and scales visual analogical of pain. The group was dealt It with continuous therapeutical ultrasound, 0,8w/cm2 for 5 min in the álgica region, associate the allonges of inferior members and lumbar column and group B was dealt only with described allonges previously. The allonges had been carried through in 3 series keeping the muscle under stretching for 20 second. It is concluded through this research that group that was dealt with allonges associates the ultrasound had significant improvement with regard to compared pain if with the group that carried through only the allonge.

Key-words:

Ultra-Sound; Stretchng, Lumbar Pain


I. INTRODUÇÃO


Historiadores da medicina mostram em seus estudos que é possível detectar alguma referência sobre a associação entre trabalho e a saúde – doença – ainda que escassa – já desde próprios egípcios e, mais tarde no mundo greco-romano. Apesar dessas referências, é compreensível o desinteresse reinante, uma vez que os trabalhos mãos pesados eram destinados aos escravos oriundos das nações subjugadas [1].

Os impactos da Revolução Industrial ocorrida na Europa – Inglaterra, França e Alemanha, principalmente – sobre a vida e a saúde das pessoas tem sido objeto de numerosos estudos [2,3].

Segundo Hunter [4], no bojo desses impactos sociais destacam-se os impactos sobre a saúde dos trabalhadores. As condições do trabalho longo, penoso e perigoso e os ambientes de trabalho agressivos ao conforto e a saúde rapidamente produziram graves danos à saúde dos trabalhadores.

A evolução dos conceitos e da prática da Patologia do Trabalho no Brasil dá-se através da “infortunística”, que impregna fortemente a Medicina do Trabalho. A infortunística é a parte da Medicina Legal, que estuda os infortúnios ou riscos industriais, sejam agudos físicos e químicos, propriamente acidentes de trabalho, sejam subagudas ou crônicos, tóxicos ou biológicos, as doenças profissionais [5].

Ranazzini [6] há quase 300 anos, conseguiu pinçar que as doenças produzidas pelas condições de trabalho: “posições forçadas e inadequadas, operários que passam o dia de pé, sentados, inclinados, encurvados etc.” São as que mais tarde foram denominadas doenças causada pelas condições especiais em que o trabalho é realizado, também conhecido como mesopatias.

Como melhora das indicações de trabalho surge em 12 de julho de 1949 a Ergonomia, formado dos termos gregos “ergo”, que significa trabalho e “nomos” que significa regras, leis naturais. A ergonomia é o estudo ao homem. O trabalho aqui tem acepção bastante ampla , abrangendo não apenas aquelas máquinas e equipamentos utilizados para transformar as matérias, mas também toda a situação em que ocorre a relacionamento entre o homem e o seu trabalho. Isso, envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organização de como esse trabalho é programado e controlado, ajustando-o às capacidade e limitações humanas [7].

Lesões por esforços repetitivos – LER e ou DORT- distúrbios extramusculares relacionados com o trabalho – são de origem ocupacional que atingem dedos, punhos, braços, antebraços, cotovelos, ombros, pescoço, regiões escapulares, coluna lombar, resultante do desgaste muscular, tendinoso articulas e neurológico provocado pela inadequação do trabalho ao ser humano que trabalha.

A educação do quadro LER/DORT só é possível se a abordagem partir do trabalho. Para tanto, investiga-se a relação de desgaste muscular – tendinoso – neurológico – articular como as condições de trabalho ritmo, tempo, posturas, equipamento etc.

Para desempenhar a maioria das tarefas cotidianas, funcionais assim como atividades funcionais e recreativas é necessário geralmente uma amplitude de movimento sem restrições e sem dor. A mobilidade adequada de tecidos moles e articulações parecem ser também com fator importante na prevenção de lesões novas ou recorrentes. A medida que o músculo se encurta, ele não é mais capaz de produzir o pico de tensão e desenvolve-se uma fraqueza com retração. A perda de flexibilidade independe da causa, pode também provocar dor originando-se no músculo, tecido conectivo ou periósteo. Isso por sua vez causa dor e diminui a força muscular [8].

A dor lombar é uma das formas mais encontradas de LER/DORT em trabalhadores que atuam em empresas sem projeto ergonômico. Tem seu aparecimento associado a movimentos repetitivos e rotacionais de alta duração, mas também a sobrecarga estática [9].

Vários autores têm estudado os efeitos do ultra-som em pacientes com sintomatologia de DORT com obtenção de resultados significativos no alívio das dores relacionadas com essas patologias. Um efeito térmico biologicamente significante pode ser obtido se a temperatura do tecido for elevada para algo em torno de 40 a 45º C, durante um mínimo de 5 min. Tecidos com elevado conteúdo protéico absorvem mais rapidamente que os com maior conteúdo de gordura e quanto maior a freqüência maior a absorção [10]. O aquecimento controlado pode produzir efeitos desejáveis, que são: alívio da dor, diminuição da rigidez articular e aumento do fluxo sanguíneo.

O objetivo desse trabalho foi demonstrar a influência do ultra-som terapêutico associado a alongamento na reabilitação de pacientes portadores de algias lombares relacionadas ao trabalho.


Método:

Após a avaliação médica para confirmação da sintomatologia de algias lombares causadas por overuse e encaminhamento, os trabalhadores foram divididos aleatoriamente em dois grupos: grupo A, constituído por 5 trabalhadores, tratados com alongamentos (descritos em anexo 5) e Us; e grupo B, grupo controle, também constituído por 5 trabalhadores, tratados apenas com alongamentos. A amostra deste estudo foi constituída por 10 trabalhadores da Indústria de Laticínios Milênio, em Campo Belo – MG.

As sessões foram realizadas numa freqüência de quatro vezes por semana, num período de 4 semanas, perfazendo um total de 16 sessões.

O tratamento foi realizado na Clínica de Fisioterapia da Unifenas, Campus de Campo Belo, Minas Gerais.


Resultados:

Os dados deste experimento alicersaram-se na análise da escala analógica visual analógica de pacientes submetidos a cinesioterapia e ao ultra-som terapêutico. Os dados individuais obtidos na escala visual analógica de dor, na distância dedo-solo e na escala de Shouber, de cada paciente estão descritos em anexo 6.

As análises estatísticas deste estudo estão descritas abaixo nas tabelas e gráficos. Foi realizado o teste t student e foi realizado também comparações entre os grupos A e B.

Análise 1 – Comparação dos valores obtidos pela Manobra de Shouber no grupo que recebeu apenas alongamento com o grupo que recebeu alongamento associado à ultra-som

Dados

 

Grupo 1a. Avaliação 2a. Avaliação Diferença
Alongamento com Ultra-Som 4,0 5,0 -1,0
Alongamento com Ultra-Som 5,0 5,5  -0,5
Alongamento com Ultra-Som 4,5 5,0 -0,5
Alongamento com Ultra-Som 3,0 4,5 -1,5
Alongamento com Ultra-Som 4,0 5,5 -1,5
Alongamento sem Ultra-Som 5,0 5,5 -0,5
Alongamento sem Ultra-Som 4,0 4,5 -0,5
Alongamento sem Ultra-Som 2,5 4,0 -1,5
Alongamento sem Ultra-Som 4,0 5,0 -1,0
Alongamento sem Ultra-Som 4,0 4,5 -0,5

Tabela 1 - Observa-se nesta tabela não haver diferença significativa entre os grupos A e B para os valores obtidos na escala de Shouber na primeira e segunda avaliação.



TESTE T PARA COMPARAÇÃO DOS GRUPOS

 

Shouber 1ª. Avaliação Média DP p-valor
Alongamento com Ultra-Som 4,1 0,74 0,7103
Alongamento sem Ultra-Som 3,9 0,89

 

Shouber 2ª. Avaliação Média DP p-valor
Alongamento com Ultra-Som 5,1 0,42 0,2415
Alongamento sem Ultra-Som 4,7 0,57

Tabela 1.1 - O teste t comprova na tabela acima citada não haver diferença entre a primeira e segunda avaliações, tendo sido encontrado na segunda avaliação p valor diferente de 0.

 

Shouber Diferença Média DP p-valor
Alongamento com Ultra-Som -1,0 0,50 0,5237
Alongamento sem Ultra-Som -0,8 0,45


Tabela 1.2 - A diferença entre as duas avaliações não são suficientes para afirmar que alguns dos grupos se comporta de maneira diferente.


Análise 2 – Comparação dos valores obtidos pela Distância dedo-solo no grupo que recebeu apenas alongamento com o grupo que recebeu alongamento associado à ultra-som

Dados
 

Grupo 1a. Avaliação 2a. Avaliação Diferença
Alongamento com Ultra-Som 6,0 0,0 6,0
Alongamento com Ultra-Som 0,0 0,0 0,0
Alongamento com Ultra-Som 0,0 0,0 0,0
Alongamento com Ultra-Som 1,5 0,0 1,5
Alongamento com Ultra-Som 11,0 5,0 6,0
Alongamento sem Ultra-Som 30,0 16,0 14,0
Alongamento sem Ultra-Som 6,0 2,0 4,0
Alongamento sem Ultra-Som 22,0 15,0 7,0
Alongamento sem Ultra-Som 10,0 2,0 8,0
Alongamento sem Ultra-Som 5,0 2,0 3,0

Tabela 2 - Embora as diferenças pareçam ser significativas em todas as situações observadas, não podemos afirmar que um dos grupos se comporta de maneira diferente.


TESTE T PARA COMPARAÇÃO DOS GRUPOS
 

Distância dedo-solo 1ª. Avaliação Média DP p-valor
Alongamento com Ultra-Som 3,7 4,76 0,0755
Alongamento sem Ultra-Som 14,6 10,95


 

Distância dedo-solo 2ª. Avaliação Média DP p-valor
Alongamento com Ultra-Som 2,7 3,07 0,1014
Alongamento sem Ultra-Som 7,2 4,32

Tabela 2.1 - O teste t comprova na tabela acima não haver diferença significativa na primeira e segunda avaliação, observa-se também que os valores obtidos pela distância dedo-solo são estatisticamente iguais.

 

Distância dedo-solo Diferença Média DP p-valor
Alongamento com Ultra-Som 1,0 2,24 0,0945
Alongamento sem Ultra-Som 7,4 7,4

Tabela 2.2 - Embora as diferenças pareçam ser significativas, em todas as situações observadas apresentam uma alta variabilidade, o que faz com que os valores encontrados possam realmente, terem acontecidos devido ao acaso.


Análise 3 – Comparação dos valores obtidos na escala visual analógica de dor no grupo que recebeu apenas alongamento com o grupo que recebeu alongamento associado à ultra-som

Escala visual média FINAL para todos os dias, segundo o os dois grupos avaliados

 

Data Alongamento + Ultra-Som Alongamento
11.08 6,2 6
12.08 5,6 3,6
13.08 3,4 3,8
14.08 2,8 4,2
18.08 2,4 4,2
19.08 1,4 3,6
20.08 1,2 3,8
21.08 0,8 3,2
25.08 0,4 3,4
26.08 0 3,2
27.08 0 3,8
28.08 0 3,4
01.09 0 3
02.09 0 2,2
03.09 0 3
04.09 0 2,6

Tabela 3 - Observa-se no quadro acima que a escala visual média final de dor no primeiro dia é estatisticamente igual entre os grupos e nota-se também que a partir da terceira semana houve um decréscimo significativo com o grupo A (alongamentos associado a ultra-som), o mesmo não ocorrendo com o grupo B (alongamento).

Gráfico: Escala visual média FINAL para todos os dias, segundo o os dois grupos avaliados

 


Gráfico 3.1 - Análise gráfica dos dois grupos A e B, mostrando a escala visual média final de dor para todos os dias, reafirmando a condição encontrada na tabela anterior em relação ao grupo A, que a partir do décimo dia obteve um decréscimo significativo em relação a dor.


Escala visual média FINAL considerando as semanas de avaliação, segundo o os dois grupos avaliados

 

Data Alongamento + Ultra-Som Alongamento p-valor
1a. Semana (11 – 14.08) 4,5 4,4 0,797
2a. Semana (18 – 21.08) 1,5 3,7 0,011
3a. Semana (25 – 28.08) 0,1  3,5 0,001
4a. Semana (01 – 04.09) 0,0 2,7 0,000

Tabela 3.2 - É importante perceber que na primeira semana os dois grupos são considerados iguais com relação a esta escala, o que fortalece os resultados obtidos nas outras 3 semanas. O p valor apresentado na tabela acima se refere ao teste t para comparar as médias obtidas em cada um dos grupos, nas quatro diferentes semanas de avaliação, vindo o mesmo a se igualar a 0 na última semana de tratamento.


Gráfico - Escala visual média final para todas as semanas, segundo os dois grupos avaliados.

 

Gráfico 3.2 - No gráfico acima nota-se que na segunda, terceira e quarta semana os valores da escala visual analógica de dor apresentam valores inferiores quando se utiliza o alongamento associado a ultra-som. É importante visualizar que na primeira semana os dois grupos são considerados iguais com relação a esta escala.


Análise 4 – Comparação da redução dos valores obtidos na escala visual analógica de dor entre a 1ª semana e as 2ª 3ª e 4ª semanas para cada um dos grupos avaliados.

Redução da escala visual média FINAL considerando as semanas de avaliação, segundo o os dois grupos avaliados

 

Data Alongamento + Ultra-Som p-valor Alongamento p-valor
Redução 1ª para 2ª semana 3,0 0,002 0,7 0,108
Redução 1ª para 3ª semana 4,4 0,000 0,9 0,121
Redução 1ª para 4ª.semana 4,5 0,000 1,7 0,004

Tabela 4 - A tabela acima se refere a uma utilização especial do teste T. A idéia nesta comparação é avaliar se os valores obtidos na 1ª. Semana são iguais aos valores obtidos na 2ª., 3ª. e 4ª. semanas. Para isso, foi calculada a diferença entre a escala na 1ª. semana e as outras 3 para cada um dos pacientes e então, procedeu-se com o seguinte teste de hipóteses:

             H0: Redução = 0 (Não ocorreu redução da escala visual de dor)
             H1: Redução
0 (Ocorreu redução da escala visual de dor)



CONCLUSÃO:
Observando o grupo que utilizou alongamentos associados à Ultra-Som, nota-se que os valores da 2ª. Semana já são considerados diferentes da semana inicial de tratamentos, o que nos diz que a escala de dor já sofre redução após a primeira semana de tratamento. Os valores da 3ª e 4ª semanas também se mostraram diferentes da 1ª. Quando se observa o grupo que realizou apenas alongamentos, a redução da escala de dor só


Discussão

Uma das formas mais encontradas de LER/DORT em trabalhadores que atuam em empresas sem projeto ergonômico é a dor lombar. Essas lesões podem ser de origem ocupacional, que atingem dedos, punhos, braços, antebraço, cotovelos, ombros, pescoço, região escapular e lombar resultante do desgaste muscular, tendinoso, articular e neurológico provocado pela inadequação do trabalho ao ser humano que trabalha. Tem seu aparecimento associado a movimentos repetitivos, mas também a sobrecarga muscular estática. Podem estar estadiada em diferentes fases clínicas relacionadas com diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção e está presente em diferentes ocupações.

Este projeto foi realizado na Indústria de Leites Milênio, situada na cidade de Campo Belo-MG, onde se localiza a Universidade de Alfenas. Está empresa foi escolhida para esta pesquisa por apresentar movimentos de alta repetitividade e sem projeto ergonômico nas condições de trabalho. As categorias de trabalhadores mais atingidas pelas algias lombares nesta indústria são os usuários de terminais de vídeo, processadores de dados, operários em linha de montagem e produção e trabalhadores na preparação de alimentos.

A dor lombar nestes trabalhadores é uma das causas mais comuns de afastamento destes na linha de produção e administração das empresas. Para tanto investiga-se a relação do desgaste muscular-tendinoso-neurológico-articular com condições de trabalho, ritmo, tempo, postura e equipamentos. As várias queixas localizadas na coluna lombar entre trabalhadores que realizam movimentos repetitivos e rotacionais são as mesmas relativas a dor muscular.

A imobilização prolongada, a mobilidade restrita, processos patológicos nos tecidos devido a trauma podem levar o músculo a realizar trabalho forcado de intensidade ou duração as quais não está habituado. Reconhece-se a dor muscular com um dos fatores das algias lombares. Postulou-se como uma importante causa da dor muscular a isquemia do músculo. A simples interferência na circulação muscular não provoca dor, mas sua contração durante a isquemia sim [9].

A medida que o músculo se encurta, ele não é capaz de produzir o pico de tensão e desenvolve uma fraqueza com retração. A perda da flexibilidade independente da causa pode também provocar dor originando-se no músculo, tecido conectivo ou periósteo. Isso, por sua vez, também diminui a forca muscular [10].

O alongamento pode prevenir limitações, contraturas, fraqueza muscular e retração do mesmo. A meta geral do alongamento é recuperar ou restabelecer a amplitude de movimento normal das articulações e a mobilidade dos tecidos moles que cercam a articulação. As principais metas do alongamento específico é aumentar a flexibilidade geral, evitar ou minimizar o risco de lesões músculo-tendíneas. Com isso resulta em benefícios como relaxamento do stress e tensão, relaxamento muscular, alívio de dores e do sofrimento muscular e o risco reduzido de lesões

Para tal estudo foi utilizado os alongamentos da musculatura lombar (quadrado lombar, extensores do tronco ) e da musculatura de membros inferiores ( tensor da fáscia lata, glúteo máximo, piriforme, iliopsoas, adutores, quadríceps, isquiotibiais, tríceps sural), divididos em alongamentos passivos e alongamento ativo. O programa de alongamento foi realizado com uma duração de 20 segundos permanecidos sob estiramento durante 3 séries para cada músculo citado anteriormente.

O ultra-som foi utilizado neste projeto por exercer um efeito sobre as células e tecidos moles diante de um mecanismo térmico, por ser de fácil manejo e baixo custo. Quando o ultra-som desloca através dos tecidos , uma parte dele é absolvida e isto conduz a geração de calor dentro do tecido. A quantidade de absorção depende da natureza do tecido, seu grau de vascularização e da freqüência do ultra-som. Tecidos com elevado conteúdo protéico absorvem mais rapidamente se comparados com os que possuem maior quantidade de gordura. O aquecimento controlado pode produzir efeitos desejáveis que são o alívio da dor, diminuição da rigidez articular e aumento do fluxo sanguíneo. Os distúrbios músculo-esqueléticos em geral; espasmos musculares, rigidez articular e dor necessitam de efeito térmico e por isso a onda deve ser contínua.

Contrariando alguns pesquisadores que investigaram os efeitos do ultra-som pulsado, 1MHZ, intensidade média de 0.8 w/cm² no estágio agudo de lesão muscular tardia , não obtendo nenhuma evidência convincente para apoiar o uso do ultra-som pulsado no grupo de parâmetros discutidos aqui, foi utilizado nesta pesquisa o ultra-som contínuo, 1 MHZ, intensidade média de 0.8 w/cm² no estágio agudo de lesão muscular tardia, concluindo resultados benéficos e significantes para tal modalidade.

De acordo com alguns autores, que pesquisaram os efeitos do ultra-som e alongamento para extensibilidade do ligamento do joelho com aplicação de 3 MHZ, com 1,25w/cm² com modalidade pulsada no ligamento colateral medial. Concordamos que tanto na modalidade pulsada como a contínua usado em nosso estudo não houve aumento significativo do tecido alongado.

Finalizando nosso estudo foi pesquisado dois grupos de trabalhadores da Indústria de Leites Milênio divididos em grupo A com 5 trabalhadores e grupo B também com 5 trabalhadores. Ambos apresentavam algias lombares confirmadas por avalia;ao fisioterápica e escala visual analógica de dor.

Quando comparados os parâmetros utilizados para avaliação notou-se não haver diferença significativa em relação a manobra de Shouber. Com relação ao segundo item utilizado, a distância dedo-solo embora as diferenças pareçam ser significativas, em todas as situações observadas apresentam uma alta variabilidade o que faz com que os valores encontrados possam realmente, terem acontecido devido ao acaso.

Importante perceber que através do gráfico 3 e dados estatístico que na primeira semana de tratamento os dois grupos são grupos são considerados iguais com relação a escala analógica de dor. Observando o grupo que utilizou alongamentos associado a ultra-som, nota-se que os valores da segunda semana já se demonstra redução do valor da dor na escala analógica. O s valores da terceira e quarta semana também se mostra diferente da primeira semana.

Quando se observa o grupo que realizou apenas alongamentos, a redução da escala de dor só ocorre na quarta semana, uma vez que os valores obtidos na segunda e terceira semana são considerados iguais a situação inicial de tratamento ( tabela 3 ).



CONCLUSÃO

Verificamos através dos dados obtidos na pesquisa que o alongamento associado a ultra-som proporciona uma redução bem mais rápida da dor, quando comparado a utilização apenas dos alongamentos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Edições Afrontamento, 1975.

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9:181-209, 1942.

6. RAMAZZINI b. De morbis artificum diatriba. 1700. Trad. Raimundo Estrela – As
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. 3 ed., Manole Ltda., 1998.

9.CAILLIET, René. Síndrome da dor lombar. 5 ed. Art Méd Editora, 2001.

10.KITCHEN, Sheila, BAZIN, Sarah. Eletroterapia de Clayton. 10 ed. Manole Ltda.,
1998.
 

 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 26/07/04



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