RESUMO
Sabendo-se que consciência é o conjunto de funções do encéfalo que permite ao
individuo reagir aos estímulos do meio externo e interagir com o ambiente,
diz-se que o paciente encontra-se em coma quando um estímulo bastante intenso
não produz qualquer reação, ou apenas provoca reações automáticas. Há três
formas diferentes de classificação do coma: a de Fisher e a de Fishgold e
Methis – escalas baseadas nos déficits de consciência -, e a mais utilizada
Escala de Coma de Glasgow – em que o paciente é observado em relação à
abertura ocular e de acordo com as respostas verbal e motora.
Na fisiopatologia do coma, este pode ter origem estrutural ou metabólica. No
primeiro caso, existe destruição anatômica de áreas do tronco encefálico ou de
hemisférios cerebrais. No segundo, ruptura dos processos metabólicos do
neurônio. Uma lesão do tronco encefálico acima do nível da ponte, ainda que os
hemisférios cerebrais estejam íntegros, levam ao coma. Já no coma metabólico,
a lesão funcional atinge difusamente todo o encéfalo e o coma pode ocorrer
pela interrupção do fornecimento de substrato energético ou pela alteração das
respostas fisiológicas das membranas neurais (intoxicação, concussão, etc.) As
integridades funcionais e anatômicas do encéfalo dependem do fluxo sanguíneo
contínuo e do aporte de oxigênio e glicose, assim como uma hipercapnia produz
diminuição do nível de consciência proporcional a pCO2 e a rapidez do seu
inicio, como também existe correlação positiva entre acidose liquórica e a
gravidade dos sintomas. Efeitos tóxicos sobre o cérebro em hiponatremia,
hiposmolaridade, hipercapnia e encefalopatia da insuficiência renal ou
hepática estão associados a distúrbios metabólicos de neurônios e astrócitos.
Parecem desempenhar papel importante para a causa de encefalopatias o excesso
de hormônio da paratireóide, o aumento da permeabilidade da barreira
hematoencefálica a certos ácidos orgânicos, bem como o aumento no cálcio
cerebral ou no conteúdo de fosfato liquórico. Alteração de osmolaridade está
envolvida no coma e nas convulsões que ocorrem na cetoacidose diabética, no
estado hiperosmolar não-cetótico e na hiponatremia. Na hiperosmolaridade, o
volume cerebral reduz-se, enquanto na hiposmolaridade sobrevém edema. Os
estados hiponatrêmicos/hiposmolares se relacionam melhor com déficits de
consciência. Substâncias depressoras do sistema nervoso central e algumas
toxinas endógenas provavelmente produzem coma, ao suprimir atividades
metabólicas e atividades da membrana elétrica da formação reticular ou do
córtex cerebral, justificando-se assim a combinação de sinais corticais e de
tronco, observados nestas situações. O coma pós-convulsivo, um dos mais
freqüentes, pode ser devido à exaustão energética do neurônio ou às moléculas
tóxicas produzidas durante a convulsão.
O coma também pode decorrer de lesão localizada na fossa posterior (infratentorial).
Na semiologia do coma o contato inicial com o paciente, visa evitar lesão
adicional ao encéfalo, assim muitas vezes, são tomadas as primeiras medidas
terapêuticas, antes que a causa seja definida, objetivando oxigenação
adequada, manutenção da pressão de perfusão cerebral e administração de
glicose. Logo após realiza-se a anamnese e o exame geral assim como o exame
neurológico (procurando avaliar a respiração, pupilas, movimentos oculares e
atividades motoras).Em exames complementares, para o diagnóstico do coma
estrutural, utilizam-se freqüentemente tomografia computadorizada e
angiografia cerebral, enquanto que para a elucidação dos comas metabólicos,
utilizam-se dosagem de íons, pH sérico, glicose, uréia, creatinina, avaliação
de função hepática e, quando necessário, outros exames.
No caso de morte cerebral as estruturas filogeneticamente mais antigas do
encéfalo resistem melhor às agressões. Assim, se o exame neurológico revela
ausência das funções do bulbo e ponte, pode-se admitir que mesencéfalo,
diencéfalo e hemisférios cerebrais já estão lesados.
Para tratamento algumas medidas gerais são comuns a todos os casos. O
tratamento do coma estrutural confunde-se com o tratamento de sua causa,
exigindo freqüentemente intervenção neurocirúrgica.
Nos comas metabólicos, deve-se corrigir os quadros de hipotensão, hipoglicemia,
hipoxemia e hipercapnia, de modo a prevenir lesão definitiva do encéfalo. O
tratamento específico de cada um dos seus tipos, naturalmente, deve ser
voltado para a causa. Nos casos decorrentes de intoxicação exógena, é
fundamental promover sustentações respiratória e cardiovascular. Além disso,
tomam-se, medidas para reduzir a absorção de tóxico ingerido ou em contato com
a superfície externa, para eliminá-los da circulação, ou empregam-se
antídotos, quando possível, além das medidas gerais.
Já o prognóstico depende da causa. A grosso modo, os comas estruturais têm
pior prognóstico do que os metabólicos. Se o paciente atinge o estágio
mesencefálico completo, raramente ele se recupera sem seqüela funcional grave.
O estágio de morte cerebral é considerado quadro terminal definitivo. Nos
comas estruturais, as crianças e os pacientes mais jovens apresentam melhor
prognóstico, principalmente quando se trata de traumatismos cranioencefálicos.
INTRODUÇÃO
Sabendo-se que consciência é o conjunto de funções do encéfalo que permite ao
indivíduo reagir aos estímulos do meio externo e interagir com o ambiente,
diz-se que o paciente encontra-se em coma quando um estímulo bastante intenso,
como o doloroso, não produz qualquer reação, ou apenas provoca reações
automáticas. Ou seja, o coma é uma inconsciência da qual o paciente não pode
ser recobrado mesmo por forte estimulação, sendo uma incapacidade a estímulos
normais internos e externos. A consciência significa um estado cônscio de si
mesmo e do ambiente, sendo seus limites precisos difíceis de serem definidos.
Existem duas propriedades fundamentais da consciência. Uma é o conteúdo, a
essência das funções cerebrais, cognitivas e afetivas (linguagem, memória,
crítica e comportamento). A outra é a reação de despertar, intimamente ligada
à vigília. No decorrer do dia temos oscilações fisiológicas do nível de
consciência, assim, o sono representa uma diminuição desta atividade, com
falência dos mecanismos da manutenção e da consciência.
Sendo assim, o estudo do coma é de grande importância e complexidade, uma vez
que esta patologia apresenta uma elevada taxa de mortalidade e possui várias
causas, as quais serão descritas ao longo de nosso trabalho.
CLASSIFICAÇÃO
A classificação de Fisher define os déficits da consciência do seguinte modo:
Sonolência: O paciente mantém-se adormecido. Se estimulado, ele mantém
diálogo e atividade motora apropriada, voltando a adormecer quando o estímulo
cessa.
Torpor: O paciente mantém-se adormecido. Após estímulos fortes, ele
responde monossilabicamente e apresenta atividade motora simples, visando
livrar-se do examinador.
Coma leve: O paciente não mantém contato vertical. Se estimulado
dolorosamente, sua atividade motora restringe-se a defender o local afetado.
Coma moderado: Situa-se entre o coma leve e o profundo.
Coma profundo: O paciente não mantém contato verbal. A atividade
motora, após estímulos intensos, constitui-se apenas de movimentos reflexos,
como, por exemplo, aumento de atividade respiratória e postura em decorticação
ou descerebração.
Coma irreversível: Também designada morte cerebral ou coma dépassée.
Fishgold e Mathis classificam os comas em:
> coma I: corresponde ao torpor;
> coma II: corresponde ao coma leve;
> coma III: corresponde ao coma profundo;
> coma IV: corresponde à morte cerebral.
Uma das classificações mais empregadas é conhecida como Escala de Coma de
Glasgow, na qual o paciente é observado em relação à abertura ocular e de
acordo com as respostas verbal e motora. Nesta escala, o paciente recebe nota
pela sua performance. Se inteiramente lúcido, recebe nota 15; se em coma
irreversível, nota 3, o que possibilita uma avaliação mais objetiva dos níveis
de consciência.
Contudo, mais importante do que utilizar uma classificação é descrever em
linguagem coloquial e objetiva o quadro do paciente.
FISIOPATOLOGIA
O coma pode ter origem estrutural ou metabólica. No primeiro caso, existe
destruição anatômica de áreas do tronco encefálico ou de hemisférios
cerebrais. No segundo, ruptura dos processos metabólicos do neurônio.
A consciência depende da atividade de formação reticular ascendente,
responsável pela função de ligar/desligar do sensório, e da atividade de ambos
os hemisférios cerebrais, responsáveis pelo seu caráter cognitivo.
A formação reticular ascendente estende-se da metade superior do bulbo até o
diencéfalo, e sua atividade produz o ciclo vigília/sono. Mas, enquanto o sono
fisiológico é resultado de mecanismo ativo da formação reticular, o coma é
resultado de sua destruição. Ainda que os hemisférios cerebrais estejam
íntegros, uma lesão do tronco encefálico acima do nível da ponte leva ao coma.
Algumas vezes uma lesão pontina pode produzir a síndrome de deaferentação: o
paciente ainda tem bastante formação reticular para manter-se consciente,
porém está tetraplégico, anártrico, e suas únicas atividades motoras
voluntárias são o piscar e os movimentos verticais dos olhos. A denominação o
homem fechado sobre si mesmo caracteriza bem este quadro dramático.
Por outro lado, pode ocorrer lesão cerebral difusa com preservação de formação
reticular, ocasionando o quadro denominado vigil, em que o paciente apresenta
ritmo de sono/vigília, atividade motora reflexa, mas sua consciência não tem
conteúdo cognitivo. Contudo, lesões cerebrais difusas geralmente produzem
hérnia cerebral interna, comprometendo também a formação reticular do tronco.
No coma metabólico, a lesão funcional atinge difusamente todo o encéfalo, e o
coma pode ocorrer pela interrupção do fornecimento de substrato energético (hipóxia,
isquemia, hipoglicemia etc.) ou pela alteração das respostas fisiológicas das
membranas neurais (intoxicação por droga ou álcool, epilepsia, concussão
cerebral etc.).
As integridades funcional e anatômica do encéfalo dependem de fluxo sangüíneo
contínuo e do aporte de oxigênio e glicose, que são consumidos em taxas de 3,5ml/100g/min
e 5mg/100g/min, respectivamente.
Os depósitos de glicose no cérebro contêm energia para mais ou menos dois
minutos depois da interrupção do fluxo sangüíneo. E a consciência se extingue
8-10 segundos após.
Se ocorrem ao mesmo tempo isquemia e hipóxia, a glicose é consumida ainda mais
rapidamente. O fluxo sangüíneo normal do cérebro em repouso é de
aproximadamente 75ml/100g/min, na substância branca (média de 55ml/100g/min).
Se este fluxo cai para 25ml/100g/min, o EEG fica difusamente lentificado; e,
se cai para 15ml/100g/min, o EEG torna-se isoelétrico.
Uma anóxia cerebral aguda com fluxo em torno de 10ml/100g/min determina danos
encefálicos irreversíveis. A hipercapnia produz diminuição do nível de
consciência, proporcional à pCO2 e à rapidez do seu início.
Existe também correlação positiva entre acidose liquórica e gravidade dos
sintomas.
A fisiopatologia de outras encefalopatias, como hipercalcemia, hipotireoidismo,
deficiência de vitamina B12 e hipotermia, ainda não está compreendida. Os
efeitos tóxicos sobre o cérebro em hiponatremia, hiposmolaridade, hipercapnia
e encefalopatia da insuficiência renal ou hepática estão associados a
distúrbios metabólicos de neurônios e astrócitos.
A causa da encefalopatia da insuficiência renal é pouco conhecida.
Provavelmente, ocorrem causas multifatoriais, pois a uréia não produz
toxicidade para o sistema nervoso central. Parecem desempenhar papel
importante o excesso de hormônio paratireóide, o aumento da permeabilidade da
barreira hematoencefálica a certos ácidos orgânicos, bem como o aumento no
cálcio cerebral ou no conteúdo de fosfato liquórico.
Alteração de osmolaridade está envolvida no coma e nas convulsões que ocorrem
na cetoacidose diabética, no estado hiperosmolar não-cetótico e na
hiponatremia. Na hiperosmolaridade, o volume cerebral reduz-se, enquanto na
hiposmolaridade sobrevém edema. Os estados hiponatrêmicos/hiposmolares se
relacionam melhor com déficits de consciência.
Níveis de Na inferiores a 115mEq/l associam-se a comas e convulsões. No coma
hiperosmolar, a osmolaridade geralmente é superior a 350ml.
Substâncias depressoras do sistema nervoso central e algumas toxinas endógenas
provavelmente produzem coma, ao suprimir atividades metabólicas e atividades
da membrana elétrica da formação reticular ou do córtex cerebral,
justificando-se assim a combinação de sinais corticais e de tronco, observados
nestas situações.
O coma pós-convulsivo, um dos mais freqüentes, pode ser devido à exaustão
energética do neurônio ou às moléculas tóxicas produzidas durante a convulsão.
O coma também pode decorrer de lesão localizada na fossa posterior (infratentorial).
Suas principais características são: instalação rápida, por lesão direta da
formação reticular; pupilas puntiformes, por comprometimento predominante da
ponte; desvio do olhar conjugado, duradouro, resistente ao ROC e ao ROV, para
o lado hemiplégico; sinais de lesão de pares cranianos múltiplos(III,IV,VI e
VII). Suas causas mais freqüentes são a hemorragia intraparenquimatosa
hipertensiva da ponte e do cerebelo, bem como trombose da artéria basilar.
Semiologia do coma
A – Contato inicial com o paciente. Para evitar lesão adicional ao
encéfalo, muitas vezes, no contato inicial, são tomadas as primeiras medidas
terapêuticas, antes que a causa seja definida, objetivando:
1. Oxigenação adequada.
2. Manutenção da pressão de perfusão cerebral.
3. Administração de glicose.
A primeira medida é a desobstrução das vias aéreas superiores, pela aspiração
de secreções ou vômitos e retirada de próteses dentárias, quando houver.
Segue-se incubação traqueal ou traqueostomia, se for o caso, manipulando-se
cuidadosamente o pescoço, pelo risco de haver associadamente instabilidade da
coluna cervical. Se houver quadro de choque, fazer tratamento. Após obtenção
de amostras de sangue para testes laboratoriais, administrar, nos casos de
etiologia desconhecida, 40ml de glicose, via venosa, em solução a 50%, visando
salvar os hipoglicêmicos, alcoolistas, etc. Naqueles com déficit nutricional,
100 mg de tiamina devem administrados antes da glicose, pois, na ausência
deste co-fator, poderão ocorrer encefalopatia aguda de Wernicke e até morte
súbita com colapso circulatório.
B – Anamnese. As seguintes informações são relevantes:
1. Modo do início dos sinais e sintomas neurológicos.
2. Sintomas e sinais neurológicos precedentes (cefaléias, convulsões,
diplopia, vômitos etc.)
3. Uso de tóxicos e drogas.
4. Antecedentes de doenças do fígado, rins, pulmão, coração e outros.
5. Antecedentes psiquiátricos.
6. Historia pregressa de traumatismo craniano
7. Atividade profissional.
É importante averiguar, ainda, se o paciente foi encontrado em seu domicílio
ou em via publica, e se havia medicamento tóxico ou seringa ao seu lado.
C – Exame geral. As roupas do paciente devem ser examinadas à procura
de medicamentos, de indícios de agressão, bem como, para estudo de material
vomitado. Devem-se medir temperatura, pulso, pressão arterial, freqüência e
padrão respiratório.
As hipertermias sugerem infecção sistêmica, infecção do sistema nervoso
central ou hemorragia subaracnóidea, mas podem ser de origem central (hipotalâmica),
em conseqüência de traumatismos cranioencefálicos graves, tumores cerebrais ou
encefalites por vírus. A hipotermia é observada nas intoxicações alcoólicas,
barbitúricas ou fenotiazínicas; nas hiperglicemias; na deficiência
circulatória periférica e no mixedema. A hipotermia por si só causa coma,
quando a temperatura cai abaixo de 31oC.
A hipertensão arterial acentuada ocorre em caso de encefalopatia hipertensiva,
hemorragia cerebral e, às vezes, em hipertensão intracraniana. A hipotensão
arterial ocorre em coma alcoólico ou barbitúrico, hemorragia interna, infarto
do miocárdio, septicemia e insuficiência supra-renal aguda.
D – Exame neurológico. Diante de um paciente em coma, cabe ao médico
responder:
(a) ele é de causa orgânica ou psíquica?; (b) se orgânico, é estrutural ou
metabólico?; (c) se estrutural, a lesão é focal ou difusa?; (d) se focal, é
supre ou infratentorial?; (e) o paciente está melhorando ou piorando?; (f) o
quadro é reversível ou já existe morte cerebral?
As respostas são obtidas avaliando-se:
1. Respiração.
2. Pupilas.
3. Movimentos oculares.
4. Atividades motoras.
Inicialmente, vale lembrar que a cavidade craniana é dividida em um andar
superior e um inferior pela tenda do cerebelo, projeção da dura-máter com uma
abertura central pela qual trafega o tronco do encéfalo. O andar acima da
tenda, chamado supratentorial, é incompletamente dividido em uma metade
direita e uma esquerda pela foice cerebral.
Se ocorrer hematoma intracraniano em crescimento, surgirão gradientes de
pressão entre esses compartimentos cerebrais, produzindo hérnia cerebral
interna. Em princípio, sob a foice cerebral, para o hemisfério contralateral;
pela abertura da tenda, para o andar infratentorial. As hérnias cerebrais
internas explicam como uma lesão frontal, unilateral, fará disfuncionar
progressivamente o hemisfério contra lateral, o diencéfalo, depois o
mesencéfalo e, a seguir a ponte e o bulbo. A herniação no nível da tenda é
mais freqüentemente bilateral. Contudo, quando a massa se localiza na região
temporal, pode haver, inicialmente, herniação da face medial do lobo temporal,
o uncus, acarretando a clássica síndrome da hérnia lateral .
As hérnias cerebrais internas produzem lesões vasculares isquêmicas ou
hemorrágicas ao nível do tronco encefálico, causando efeitos funcionais
freqüentemente irreversíveis.
Para exemplificar a deterioração rostro caudal das funções encefálicas no caso
de uma hérnia cerebral mediana, explicamos a evolução produzida por um
hematoma frontal :
1 – Respiração >> Quando se disfuncionam ambos os hemisférios cerebrais
e o diencéfalo, surge a clássica respiração periódica de Cheyne – Stokes,
caracterizada por padrão respiratório que, em freqüência e intensidade atinge
o ápice e decresce progressivamente, chegando à apnéia . Esta respiração
periódica é o padrão respiratório mais comum nos comas metabólicos.
Quando a lesão funcional atinge o mesencéfalo, surge hiperventilação
neurogênica central, que é caracterizada pela atividade hiperventilatória
continuada. Como conseqüência, ocorrem hipocapnia, aumento da pO2 e alcalose
respiratória, diferente, portanto, de um coma metabólico com acidose e
hiperventilação compensatória. Quando a ponte disfunciona, pode surgir a
respiração apneustica, caracterizada por um padrão respiratório comparada na
fase de inspiração.
Quando a lesão atinge o bulbo, sede do centro respiratório, há uma tendência
para hipoventilação e parada respiratória. Algumas vezes, precedendo a apnéia,
nota se padrão respiratório anárquico, irregular em freqüência e intensidade,
descrito como respiração atáxica de biote. Obviamente, lesão bulbar completa
provocará parada respiratória.
No coma metabólico, encontra se respiração de Cheyne – Stokes ou
hipoventilação. Os quadros de hiperventilação do coma metabólico são, em
geral, compensatórios de acidose sistêmica.
2 – Pupilas >> O esfíncter da íris recebe dupla inervação autônoma. O
parasimpático é responsável pela constricção do esfíncter – efeito miose -, e
o simpático, pela dilatação do esfíncter – efeito midríase.
O primeiro neurônio do parassimpático localiza-se no mesencéfalo, junto ao
núcleo do nervo oculomotor. As fibras trafegam pelo nervo oculomotor ate a
íris.
A anatomia do simpático é mais complicada. Inicia-se no hipotálamo, atravessa
o tronco encefálico e a medula cervical, para fazer sinapse no gânglio
cervical superior.Daí penetra no crânio com a carótida interna.
Enquanto a lesão funcional produtora do coma estiver apenas ao nível dos
hemisférios e diencéfalo, ela não produzirá alterações pupilares. Quando
ocorrer lesão do mesencéfalo, surgirá midríase por disfunção do núcleo ou
nervo oculomotor e conseqüente ação não balanceada do simpático.
Se o quadro se agravar e a ponte entrar em falência, as pupilas diminuirão de
tamanho em relação ao estágio anterior, mantendo-se, contudo, não reativas á
luz.
Como se verá à diante, nos casos de hérnia de uncus, surgirá midríase
unilateral, correspondente ao lobo temporal afetado.
Os comas metabólicos não costumam alterar as pupilas. Só na fase final surge
midríase, e improvável o surgimento de anisocoria, ou, seja, midríase
unilateral.
3 – Movimentos oculares >> Existem três centros motores do olhar
conjugado no encéfalo. Há um centro frontal, responsável pelo desvio
voluntário do olhar, e outro occipital, responsável pelo reflexo de fixação do
objeto avistado. Estes dois supratentoriais produzem desvio de olhar para lado
oposto. Assim, uma lesão no lobo frontal direito pode produzir hemiparesia e
desvio do olhar para o lado direito, por ação não-balanceado do centro
contralateral.
Está na ponte o terceiro centro de olhar conjugado. Este centro pontino,
contudo, produz desvio ipsolateral dos olhos. Assim uma lesão localizada na
metade direita da ponte poderá produzir hemiplegia esquerda, mas produzirá
desvio do olhar para o mesmo lado esquerdo, por ação não balanceada do centro
pontino contralateral.
Portanto, os desvios do olhar conjugado, supratentoriais, olham para o lado
sadio, e os desvios de origem pontina olham para o lado paralisado. Além
disso, os desvios de olhar conjugado, originários da ponta, são muito mais
duradouros e não cedem com a estimulação vestibular.
Podem-se também produzir movimentos conjugados do olhar, utilizando-se
manobras de reflexo oculocefálico (ROC) e oculovestibular (ROV).
O ROC, ou ”reflexo de olhos de boneca” pode ser induzido. Girando-se
rapidamente a cabeça do paciente para um lado, os olhos imediatamente se
desviam para o lado oposto.
Ao se estender ou fletir a cabeça, obtêm-se movimentos verticais do olhar. Uma
lesão que compromete o teto mesencefálico produz desvio fixo dos olhos para
baixo (sina de Parinaud).
Os movimentos conjugados do olhar são integrados pelo fascículo longitudinal
medial, no tronco encefálico. Lesões deste fascículo, ao nível da ponte,
freqüentemente produzem oftalmoplegia internuclear, que se caracteriza por
incapacidade de adução do olho do mesmo lado, à manobra de reflexo
oculocefálico.
Vale lembrar que no indivíduo consciente (p.ex., um histérico ou simulador), o
ROC será negativo; também será negativo nos pacientes cujo o coma seja de tal
gravidade que as funções do fascículo longitudinal medial estejam destruídas.
Os movimentos oculares também podem ser desencadeados pela manobra do reflexo
oculovestibular. Esta manobra consta na injeção de soro gelado no conduto
auditivo. Elevando-se a cabeça do paciente à 30 graus, obtêm-se desvio de
olhar para o lado estimulado.
Para se obter movimento vertical para cima, eleva-se a cabeça à 60 graus e
estimulam-se os ouvidos bilateralmente. No indivíduo consciente (histérico ou
simulador), o ROV não produzirá desvio tônico, mas sim nistagmo com componente
rápido, que representa a inibição cortical do reflexo, para o lado contrário
ao estímulo. O ROV está ausente nos comas que comprometem o as funções do
troco encefálico.
Os comas metabólicos, em geral, não produzem desvios conjugados fixos do
olhar, lateralmente. Ocorre, com freqüência, desvio do olhar para baixo, que
cede facilmente com as manobras de ROC e ROV.
Outra maneira de induzirem movimentos ao nível dos olhos é por meio de
pesquisas do reflexo corneanos. Estimulando-se a córnea, ocorre o piscar dos
olhos. Este reflexo é integrado ao nível da ponte, e sua ausência, desde que
não haja lesão do braço aferente (trigêmeo) ou do braço eferente (facial),
indica lesão funcional do tronco encefálico.
4 – Atividades motoras >> O paciente poderá responder aos estímulos
dolorosos de forma apropriada ou inapropriada. As respostas inapropriadas
apresentam-se como reação em decorticação e descerebração. Na decorticação,
ocorre opistótono, além de flexão dos membros superiores e extensão dos
membros inferiores. Na descerebração, há opistótonos e extensão dos quatro
membros.
As reações inapropriadas podem ser uni ou bilaterais. A decorticação ocorre
nas lesões funcionais dos hemisférios cerebrais e do diencéfalo. Quando a
lesão atinge o mesencéfalo, observa-se postura em descerebração, que tende a
desaparecer quando a lesão acomete a ponte, Tornando o paciente arrefléxico.
Raramente, em lesões da ponte, antes de desaparecer a descerebração, surge
reação caracterizada por opistótono, extensão de membros superiores e flexão
de membros inferiores.
No coma metabólico, pode-se observar decorticação ou descerebração, sempre
bilateralmente.
A seguir, serão apresentados os canais de herniação central, em estágios
esquemáticos:
> A – Estágio diencefálico: respiração de Cheyne-Stokes; pupilas
reativas à luz, de tamanho normal; ROC E ROV presentes; decorticação.
> B – Estágio mesencefálico: hiperventilação neurogênica central;
pupilas dilatadas, não-reativas à luz; ROC e ROV presentes, às vezes com
paralisia de adução dos olhos; descerebação.
> C – Estágio pontino: hipoventilação ou respiração atáxica (Biot);
pupilas menores do que as do estágio mesencefálico, não-reativas à luz; ROC e
ROV negativos; ausência de reação à dor ou extensão de membros superiores e
flexão de membros inferiores.
Nos casos de hérnia lateral ou hérnia de uncus, na fase diencefálica, aparece
inicialmente anisocoria com pupila midriátca não-reativa no lado da lesão,
produzida por compressão direta do nervo oculomotor, ao nível da tenda. Quando
a hérnia lateral se agrava, o mesencéfalo passa a sofrer bilateralmente, e o
quadro clínico iguala-se ao da hérnia central.
E – Exames complementares. Para o diagnóstico do coma estrutural,
utilizam-se freqüentemente tomografia computadorizada e angiografia cerebral.
Para a elucidação dos comas metabólicos, utilizam-se dosagem de íons, pH
sérico, glicose, uréia, creatinina, avaliação de função hepática e, quando
necessário, outros exames.
Vale, contudo, um comentário sobre o estudo liquórico. Este exame revela o
diagnóstico em casos de hemorragia intracraniana, meningite e outros.
Entretanto, se o coma decorrer da massa intracraniana, a retirada de líquor
determinará aumento do gradiente de pressão e piora das hérnias cerebrais
internas, aos níveis da tenda e do buraco occipital. Portanto, nesses casos, a
punção lombar poderá levar à morte súbita, e não deverá ser realizada.
Menos freqüente, uma massa infratentorial pode ocasionar hérnia ascendente, ao
nível da tenda, após a retirada de líquor dos ventrículos. Este quadro, que
pode aparecer em tumores da fossa posterior, após derivação liquórica,
caracteriza-se por coma, desvio forçado de olhar conjugado para baixo e
respiração de Cheyne-Stokes.
Morte cerebral.
As estruturas filogeneticamente mais antigas do encéfalo resistem melhor às
agressões. Assim, se o exame neurológico revela ausência das funções do bulbo
e ponte, pode-se admitir que mesencéfalo, diencéfalo e hemisférios cerebrais
já estão lesados.
O diagnóstico do coma irreversível caracteriza-se basicamente por coma
profundo, apnéia, pupilas não-retivas à luz, ROC e ROV negativos e hipotensão
arterial grave. Este quadro pode ser considerado irreversível, desde que seja
secundário a intoxicações exógenas. Em casos de intoxicação, se o paciente for
mantido artificialmente vivo, ele poderá recuperar-se após eliminação e
metabolização da droga.
Tratamento >> Algumas medidas gerais são comuns a todos os casos. A
cabeceira deve ser elevada 30o, em relação ao plano horizontal, para facilitar
a drenagem venosa do encéfalo. O paciente deverá ser mudado de decúbito a cada
quatro horas, para evitar escaras. Quando se fizer necessário introduzir sonda
vesical de demora, que deverá ser trocada uma vez por semana, serão tomados,
naturalmente, os cuidados de assepsia. Se o paciente não recobrar a
consciência em cinco dias, dever-se-á introduzir alimentação por sonda, ou
então por gastronomia, se a expectativa médica for de evolução mais
prolongada. Manter ventilação adequada, por meio de intubação orofaríngea,
intubação traqueal ou traqueostomia, é necessário como forma de tratamento de
edema cerebral. Com esta finalidade, tem-se utilizado hiperventilação, visando
manter pressão de gás carbônico em torno de 25ml/mmHg; manitol e corticóides
são freqüentemente utilizados no combate ao edema cerebral.
Para prevenir a infecção respiratória, convém instituir fisioterapia e medidas
para remoção de secreções. Nos pacientes idosos, deve-se fazer prevenção de
flebotrombose e de embolia pulmonar.
O tratamento do coma estrutural confunde-se com o tratamento de sua causa,
exigindo freqüentemente intervenção neurocirúrgica. Pratica-se sedação nos
pacientes reação de descerebração intensa e espontânea, uma vez que tal
postura produz manobra de Valsalva e agrava o edema cerebral, aumenta o
consumo de oxigênio e as necessidades metabólicas.
Nos comas metabólicos, devem-se corrigir os quadros de hipotensão,
hipoglicemia, hipoxemia e hipercapnia, de modo a previnir lesão definitiva do
encéfalo. O tratamento específico de cada um dos seus tipos, naturalmente,
deve ser voltado para a causa.
Nos casos decorrentes de intoxicação exógena, é fundamental promover
sustentações respiratória e cardiovascular. Além disso, tomam-se, medidas para
reduzir a absorção de tóxico ingerido ou em contato com a superfície externa,
para eliminá-los da circulação, ou empregam-se antídotos, quando possível,
além das medidas gerais.
Prognóstico ? O prognóstico depende da causa. A grosso modo, os comas
estruturais têm pior prognóstico do que os metabólicos. Se o paciente atinge o
estágio mesencefálico completo, raramente ele se recupera sem seqüela
funcional grave. O estágio de morte cerebral é considerado quadro terminal
definitivo. Nos comas estruturais, as crianças e os pacientes mais jovens
apresentam melhor prognóstico, principalmente quando se trata de traumatismos
cranioencefálicos.
INCIDÊNCIA DE COMA EM UTI
HOSPITAL SOUZA AGUIAR
O Hospital Municipal Souza Aguiar, situado no coração do Rio de Janeiro, é
circundado por bairros como Santo Cristo, Gamboa, Saúde, Cidade Nova, Catumbi,
Bairro de Fátima e Lapa, entre outros. Além da demanda desses bairros, os
quais representam o principal número de atendimentos, ele também recebe
paciente proveniente de localidades distantes como, por exemplo, outros
municípios, devido à diversidade dos meios de transporte que até ele conduzem.
O Hospital contém duas UTI's, sendo uma infantil e outra adulta, a qual contém
10 leitos com monitoração, incluindo neurológica.
Sendo assim, realizamos um levantamento dos registros de entrada de coma na
UTI, no período de um ano.
Nome |
Registro |
Idade |
Sexo |
Etnia |
Causa do coma |
Prognóstico |
LJP |
353330 |
53 |
1 |
1 |
Encefalopatia pós-anóxica |
2 |
OMM |
353938 |
68 |
2 |
1 |
HAS |
2 |
não |
354259 |
50 |
1 |
3 |
AVC |
2 |
VJS |
351798 |
33 |
2 |
2 |
Choque séptico |
2 |
JLBS |
354438 |
42 |
1 |
1 |
Leptospirose |
2 |
AAM |
354562 |
60 |
1 |
1 |
TCE |
2 |
JMF |
354735 |
27 |
1 |
1 |
AVC |
2 |
LGFR |
354586 |
73 |
1 |
1 |
Intoxicação exógena |
1 |
MMS |
354609 |
78 |
2 |
2 |
AVC |
2 |
SJR |
354474 |
60 |
1 |
1 |
AVC |
2 |
TAM |
354973 |
21 |
2 |
1 |
Neoplasia SNC |
2 |
PCSL |
355201 |
17 |
1 |
2 |
Meningite bacteriana |
2 |
NVS |
355079 |
n |
2 |
1 |
Choque séptico |
2 |
EJA |
355379 |
22 |
1 |
2 |
TCE |
2 |
AOR |
355398 |
15 |
1 |
1 |
TCE |
1 |
ECF |
355516 |
23 |
1 |
2 |
TCE + IRA |
2 |
KCCO |
355885 |
28 |
2 |
2 |
AVC |
1 |
ENF |
356076 |
57 |
2 |
1 |
TCE |
1 |
AMNC |
356206 |
46 |
2 |
2 |
AVC |
2 |
FPOJ |
356262 |
14 |
1 |
3 |
TCE |
2 |
LCSS |
356383 |
14 |
1 |
1 |
TCE |
2 |
EPA |
356479 |
32 |
1 |
1 |
AVC |
2 |
AOL |
356548 |
23 |
2 |
1 |
Pancreatite Aguda |
2 |
MARO |
356458 |
45 |
1 |
1 |
TCE |
2 |
MADD |
356801 |
33 |
2 |
1 |
Choque séptico |
2 |
EMS |
356913 |
17 |
2 |
1 |
AVC |
2 |
GCC |
356389 |
63 |
2 |
1 |
AVC |
2 |
JCSO |
357005 |
46 |
2 |
3 |
AVC |
2 |
RCS |
357148 |
25 |
1 |
1 |
TCE |
1 |
APFD |
357259 |
19 |
2 |
1 |
Encefalopatia urêmica |
1 |
MMD |
356977 |
19 |
2 |
3 |
AIDS |
2 |
NS |
357535 |
29 |
1 |
3 |
Intoxicação exógena |
2 |
RSC |
355817 |
39 |
2 |
1 |
AVC |
1 |
AGJ |
357649 |
53 |
1 |
1 |
Encefalopatia hepática |
2 |
MSF |
357763 |
77 |
1 |
1 |
AVC |
2 |
JV |
358014 |
43 |
1 |
3 |
TCE |
2 |
MRF |
357814 |
80 |
2 |
1 |
Pancreatite aguda |
2 |
JMM |
358080 |
51 |
1 |
3 |
TCE |
2 |
EGT |
358116 |
50 |
2 |
1 |
Leptospirose |
2 |
MM |
358249 |
? |
1 |
3 |
AVC Hemorragico |
2 |
HVC |
354470 |
50 |
1 |
1 |
Cetoacidose alcoólica |
1 |
ACR |
358544 |
18 |
2 |
1 |
TCE |
1 |
EFD |
358612 |
48 |
1 |
3 |
Choque eletrico + TCE |
1 |
SSM |
358660 |
20 |
1 |
1 |
TCE |
2 |
CRX |
358720 |
24 |
1 |
2 |
Cetoacidose diabética |
2 |
LGC |
358760 |
17 |
1 |
1 |
Meningite + AIDS + Hemofilia |
2 |
ASM |
358549 |
24 |
1 |
1 |
TCE |
2 |
JCPS |
357953 |
43 |
1 |
1 |
Neoplasia SNC |
2 |
WDOA |
358883 |
14 |
1 |
3 |
TCE |
1 |
MN |
359104 |
60 |
2 |
3 |
TCE |
2 |
LEB |
359071 |
79 |
1 |
1 |
Choque séptico |
2 |
JCS |
359419 |
35 |
1 |
2 |
TCE |
1 |
AJV |
359752 |
37 |
1 |
3 |
TCE |
2 |
LJCA |
359869 |
57 |
1 |
1 |
TCE |
2 |
VLBB |
359875 |
90 |
2 |
1 |
Hiponatremia + hipotireoidismo |
2 |
MNB |
359884 |
56 |
1 |
1 |
TCE |
2 |
EF |
360008 |
22 |
2 |
1 |
Leucemia mielóide aguda |
2 |
WB |
360015 |
71 |
1 |
1 |
Choque séptico |
2 |
RCS |
357322 |
24 |
2 |
3 |
Neoplasia SNC |
1 |
JS |
360400 |
36 |
2 |
2 |
AVC |
2 |
GMC |
360399 |
76 |
2 |
1 |
AVC |
2 |
FMS |
360495 |
24 |
2 |
1 |
AVC |
2 |
CA |
360527 |
65 |
1 |
1 |
AVC |
1 |
|
|
Média - 43 |
|
|
|
\ |
|
|
DP - 22 |
|
|
|
|
Total - 185 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Obs2: Etnia: 1 - Branca, 2 -
Parda e 3 – Negra |
|
Obs3: Prognóstico: 1 - Alta
e 2 - Óbito |
|
|
Observamos que as principais
causas de coma são:

Logo, podemos perceber que a maior causa de coma no Hospital Souza Aguiar é o
Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) que representou 35% das internações na
UTI. Verificamos também, que neste hospital, 28% dos casos de acidente
vascular cerebral (AVC) resultaram em coma. As outra causas de coma somadas
representaram 37% das internações.
Quanto à distribuição por sexo temos que:

Quanto à evolução do quadro clínico temos que:

HOSPITAL CARLOS CHAGAS
Hospital Estadual Carlos Chagas localizado no bairro de Marechal Hermes possui
uma emergência aberta com uma média de entrada de 250 pacientes diários em seu
atendimento.
O hospital contém uma UTI (unidade de tratamento intensivo), com 6 leitos de
médio porte com motorização neurológica não invasiva de PIC e DVE ( pressão
intracraniana, derivação ventrículo encefálica respectivamente).
Ele, o hospital, tem uma média de internação por doenças isquêmicas de 30%,
num total geral de pacientes com uma rotatividade estimada de 20 pacientes por
mês nos leitos da UTI, com uma média de internação de pacientes comatosos que
pode variar de 1 semana à 60 dias.
Os casos de internação mais comuns por coma são:
1. AVE hemorrágico
2. Hemorragia sub-aracnoide (aneurisma)
3. AVE isquêmico
4. TCE
5. Encefalopatia anoxia
Esses tipos de comas mais comuns têm-se mostrado da seguinte forma entre os
pacientes.
|
Mulheres |
Homens |
|
80% |
20% |
Hemorragia sub-aracnoide |
|
30% |
AVE isquemico |
80% |
20% |
TCE |
30% |
70% |
Encefalopatia anoxia |
|
Dessas causas, cerca de 40% evoluem com complicações clinicas, evoluindo para
óbitos tais como pneumonia, problemas renais. E 2 à 5 dos pacientes são
transferidos para outros hospitais a fim de se ter uma melhor abordagem
cirúrgica.




CONCLUSÃO
Os dados obtidos no Hospital Souza Aguiar sobre as causas de coma encontram-se
um pouco diferentes dos observados na literatura. O TCE corresponde a cerca de
15% das causas de coma, AVC 17% e 68% está relacionado a outras causas, entre
elas intoxicações exógenas que apresenta a significativa incidência de 30% do
total(3). Nesse hospital foi observado a incidência de 35% em relação ao TCE e
28% dos casos de coma foram devido ao AVC. O grande número de TCE deve-se, por
exemplo, a acidentes de trânsito, agressões com arma branca e com arma de
fogo, os quais, na maioria dos casos, leva a traumatismos graves. Pelos dados
do hospital Carlos Chagas observamos que as maiores vítimas de TCE são homens
e o AVC ocorre principalmente em mulheres.
A mortalidade pelo coma é quase de 70%(7). No Hospital Souza Aguiar o índice
de mortalidade foi de 78%. Esse aumento ocorre pois como se trata de um
hospital público a maioria dos casos são de pacientes muito graves e além
disso há o agravante da falta de recursos adequados que ocorre nesse hospital.
No Hospital Carlos Chagas a mortalidade foi de apenas 40%.
Lista
de Abreviações
AVC – Acidente Vascular Cerebral (AVC = AVE)
AVE – Acidente Vascular encefálico
COE – Coordenação de Epidemiologia
DVE – Derivação Ventrículo Encefálica
EEG – Eletroencefalograma
GIE – Gerência de Informação Epidemiológica
PIC – Pressão Intracraniana
ROC – Reflexo Oculocefálico
ROV – Reflexo Oculovestibular
SMS-RJ – Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
SNC – Sistema Nervoso Central
SSC – Superintendência de Saúde Coletiva
TCE – Traumatismo Crânio Encefálico
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Medina A. Distúrbios de consciência. Belo Horizonte: Editora de
Cultura Médica, 1984.
2- Novaes V. Hérnias cerebrais internas. In:Tumores intracranianos.
Missau, 1982.
3- Plum P, Prosner JB. The Diagnosis of Stupor and Coma. 7th ed.,
Philadelphia:F.A. Davis Company, 1976.
4- Sabiar TD. Coma and the acute confusional state in the emergency room.
The medical Clinics of North America 1981;65:15.
5- Sanvito WL. Os Comas na Prática Médica. São Paulo: Editora Manole
Ltda, 1978.
6- Raymond D. Adams & Maurice Victor. Principles of Neurology. 3rd
edition, McGraw-Hill Book Company, 1985
7 - Hamel MB, et al: Identification of comatose patients at high risk for
the death or severe disability. JAMA 273:1842-1848) - http://jama.ama-assn.org/
|