Referência  em  FISIOTERAPIA  na  Internet

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Trabalho realizado por:
Ana Paula Santos Costa - Giselle A. Westphal - Ludmila Amorim - Raphael Pedra

Centro Universitario Vila Velha/ES


Síndrome de Guillain-Barré


Definição

* Em 1916 Guillain, Barré e Strohl chamaram a atenção para uma polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda que causa lesões difusas dos nervos periféricos mistos, caracterizada por distúrbios tanto sensoriais quanto motores. O quadro é hoje conhecido como Síndrome de Guillain-Barré (SGB) ou Polirradiculoneurite (PRN) aguda.
Incidência/Epidemiologia

* Com a virtual erradicação da Poliomielite aguda, a SGB tornou-se a causa mais comum de paralisia generalizada aguda, com uma prevalência de 0,5-4 por 100.000 pessoas.

* Ocorre em todos os grupos etários, embora seja mais frequente nas faixas de 16-25 anos e de 45-65 anos.

* Observa-se ligeira predominância no sexo masculino.
Etiologia

* A causa exata do distúrbio não é conhecida. De modo geral, manifesta-se após uma infecção respiratória ou gastrointestinal leves. Os sinais de infecção geralmente desaparecem antes que se iniciem os sinais da SGB.


Fisiopatologia

* Ocorre inflamação aguda e desmielinização de fibras periféricas sensoriais e motoras.

* Os aspectos patológicos, dependentes de lesões inflamatórias, caracterizam-se por congestão, edema e infiltração de células mononucleares.

* A síndrome está associada a ataque auto-imune, no qual o sistema imune da própria pessoa gera anticorpos contra as células de Schwann. Nos casos mais graves a desmielinização segmentar é tão extrema que os axônios subjacentes também se degeneram.

* A destruição das células de Schwann impede a condução de sinais elétricos ao longo das vias sensoriais e motoras do sistema nervoso periférico.


Apresentação Clínica

* As manifestações clínicas da SGB costumam se instalar de maneira incidiosa, traduzindo-se, em geral, por astenia, ligeira hipertermia, sintomas de infecção respiratória banal ou do tipo digestivo, dores articulares e/ou musculares.

* Seu progresso é proximal e simétrico, podendo comprometer todos os grupos de músculos, inclusive dos membros superiores, do tronco e da face.

* Quase 50% dos pacientes tem atrofia dos músculos faciais.

* O comprometimento dos nervos bulbares pode determinar disfagia, disartria e disfonia, além de desordens cardiorrespiratórias.

* A paralisia dos músculos respiratórios, ocasionando queda da capacidade vital, ocorre em 30% dos pacientes.

* 42-75% dos pacientes têm alguma alteração na sensibilidade: hipersensibilidade ao toque.

* A disfunção autônoma acontece em certos casos mais graves e pode levar a óbitos súbitos não esperados, normalmente devido a arritmias cardíacas.

* A dor é uma característica frequente que aparece muito cedo no distúrbio, sendo proeminentes em alguns casos: dor profunda em queimação.

* Sintomas adicionais que podem estar associados à SGB:

* Visão embaçada

* Tontura

* Constipação

* Incontinência Urinária

* Palpitações

* Sintomas que exigem emergência:

* Dificuldade de deglutição, babar em excesso

* Dificuldade respiratória

* Ausência temporária de respiração

* Desmaio


Evolução

* Para ser classificada como SGB, o tempo transcorrido desde o início até a incapacidade máxima deve ser menor que 4 semanas.

* Primeira fase: instalação, 7-10 dias.

* Segunda fase: período de estado, 2-4 semanas.

* Terceira fase: resolução da sintomatologia, 2-3 semanas.


Prognóstico

* A síndrome é de ciclo autolimitado e a recuperação costuma ser completa na maior parte dos casos. No entanto, sequelas, como déficits motores e hipotrofias musculares, podem ocorrer em um número reduzido de casos.

* Cerca de 3% dos pacientes com a SGB morrem por insuficiência cardíaca ou respiratória.


Complicações

* Contraturas peri-articulares: causa importante de incapacidade residual.

* Insuficiência respiratória.

* Colapso vascular.


Diagnóstico

* O diagnóstico deve se basear nos dados clínicos e no exame do líquido cefalorraquidiano (LCR).

* O LCR é o exame fundamental para o diagnóstico devido ao achado patognômico de dissociação proteíno-citológica, sendo que a hiperproteinorraquia perdura durante meses.


Diagnóstico diferencial

* Deve ser considerado principalmente com a poliomielite aguda (nas crianças e nos jovens) e com as manifestações nervosas da porfiria aguda intermitente.


Exames Complementares

* O exame neuromuscular evidencia disfunção motora e pode também evidenciar a disfunção de funções involuntárias do corpo.

* A VCN (velocidade de condução nervosa) indica desmielinização.

* A EMG evidencia falta de estimulação nervosa.

* O ECG pode, em alguns casos, evidenciar anormalidades.


Tratamento

* A abordagem multiprofissional de resolução dos problemas é recomendada no tratamento da incapacidade, de modo a maximizar a função.

* Compreende medidas fisioterapêuticas, cuidados respiratórios (desde que necessários) em unidades especializadas.

* Tratamento clínico: plasmaférese e a imunoglobulina.


Tratamento Fisioterapêutico

* Os aspectos importantes da conduta fisioterapêutica são: prevenção de contraturas, controle da dor e cuidados respiratórios.

* A fisioterapia é, em geral, direcionada para o alongamento e para o alcance dos movimentos durante a fase aguda da doença.

* Na fase de reabilitação, a fisioterapia é direcionada para o fortalecimento e funcionalidade dos movimentos.

* Quando recomeçam a aparecer os movimentos voluntários, os exercícios devem ser leves, para prevenir as lesões por sobrecarga dos músculos parcialmente desnervados.

* Em alguns casos, o paciente pode ser ventilado e o papel do fisioterapeuta é ajudar a prevenir a atelectasia quando a respiração está comprometida. É essencial monitorar os pacientes vulneráveis.

* Facilitação neuromuscular propioceptiva.

* Movimentos grandes, na média da amplitude têm propriedades de mitigação da dor.


Conclusão

* Por muito tempo acreditou-se que a SGB fosse puramente desmielinizante. Atualmente, são reconhecidas também formas axonais desta enfermidade.

* Por ser de etiologia desconhecida, não há nenhuma maneira conhecida de prevenção.

* Sendo de evolução rápida e de grande incidência sobre a população, deve ser dada verdadeira importância a essa síndrome.

* A ampla gama e a natureza constantemente mutável dos problemas, salientam a necessidade de intervenção multiprofissional integrada e coordenada para o tratamento bem-sucedido da SGB.

* Para o fisioterapeuta, os pacientes com SGB constituem um desafio, para o qual a melhor conduta é a abordagem de resolução de problemas.


Referências

* Savito, W. L. Síndromes neurológicas. 2.ed. São Paulo: Editora atheneu, 1997. p. 211-216.

* REY, L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p. 606.

* ROWLAND, L. P. Merrit tratado de neurologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. p. 518-520.

* STOKES, M. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo: Editorial Premier, 2000. p. 201-210.
 

 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 03/10/04

 


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