Abordagem Sensorial - Circuitos Neuronais para Processamento de
Informações
Os sentidos somáticos são mecanismos nervosos que coletam informações
sensoriais, a partir do corpo. Esses sentidos diferem dos sentidos
especiais, que compreendem especificamente, a visão, a audição, o
olfato, a gustação e o equilíbrio. Estes últimos são trabalhados por
receptores eletromagnéticos – detectam luz sobre a retina do olho; e
quimioreceptores – detectam o gosto, o cheiro, nível de oxigênio no
sangue arterial, concentração de dióxido de carbono e talvez outros
fatores que constituem a química do corpo.
Os sentidos somáticos são classificados em três tipos fisiológicos:
- Mecanoceptivos: sensações de tato e posição pelo deslocamento
mecânico do tecido corporal.
- Termoceptivos: detectam frio e calor.
- Nociceptivos: detecta lesão no tecido, dor.
Como é que dois tipos de receptores sensoriais detectam tipos diferentes
de estímulos sensoriais? Pela “sensibilidade diferencial”, isto é, cada
tipo de receptor é altamente sensível a um tipo de estímulo para qual
foi desenvolvido e é quase insensível às intensidades normais dos outros
tipos de estímulos sensoriais.
Detecção e Transmissão de Sensações Táteis:
São conhecidos pelo menos seis tipos de receptores táteis inteiramente
diferentes, mas existem muitos outros semelhantes a estes.
* Terminações Nervosas Livres: encontradas em toda parte da pele
e em muitos outros tecidos, detectam tato, pressão vertical e dor.
* Corpúsculo de Meissner: são pequenas cápsulas de tecido
conjuntivo, elípticas, que envolvem uma terminação dendrítica
espiralada, particularmente sensíveis ao tato fino e são abundantes nas
papilas dérmicas da pele (dedos), na mucosa da língua e em outras
regiões sensitivas. Adaptam-se em uma fração de segundo após terem sido
estimulados, sensíveis a movimentos de objetos leves e vibração em baixa
freqüência.
* Discos de Merkel: encontram-se agrupados num único órgão
receptor em cúpula de Iggo, transmitem um sinal inicial forte,
parcialmente adaptável e, depois, um sinal mais fraco, é responsável
pela emissão de sinais contínuos que permite determinar um toque
continuo de objetos na pele.
* Órgão Piloso terminal: o menor movimento de qualquer pêlo do corpo
estimula a fibra nervosa basal, detecta sobretudo o movimento de objetos
sobre a superfície do corpo.
* Corpúsculos encapsulados de Ruffini: encontrados em tecidos
profundos, sinalizam estados contínuos de deformação da pele e de
tecidos, toque pesado e pressão lateral.
* Corpúsculos de Pacini: situados abaixo da pele quanto também
profundamente nos tecidos das fáscias do corpo.Detectam vibração e
pressão em alta freqüência.
O Córtex Sensorial Somático
Os sinais sensoriais de todas as modalidades de sensação terminam no
córtex cerebral posterior ao sulco central. Geralmente, a metade
anterior do lobo parietal está implicada quase inteiramente com recepção
e interpretação dos sinais sensoriais somáticos e a metade posterior com
níveis mais altos de interpretação.
Áreas Sensoriais Somáticas I e II:
Área sensorial somática I: localizada no giro pós-central, nas
áreas de Brodmann, III, I e II. Esta é mais extensa e importante que a
área sensorial II, Possui um alto grau de localização das diversas
partes do corpo.
Área sensorial somática II: em contraste a localização é
imprecisa, representa face anteriormente, os braços centralmente e as
pernas posteriormente. Alguns sinais entram nesta área pelo tronco
cerebral, por cima e provenientes de ambos os lados do corpo. Muitos
sinais vêm secundariamente da área sensorial I, bem como de outras áreas
sensoriais do cérebro, visuais e auditivas.
Algumas regiões do corpo são representadas por grandes áreas no córtex
somático – os lábios têm a maior de todas, seguidos pela face e polegar
– enquanto o tronco e a parte inferior do corpo são representados por
áreas pequenas. O tamanho destas áreas é diretamente proporcional ao
número de receptores sensoriais.
Funcionalmente, os neurônios do córtex sensorial somático estão
dispostos em colunas verticais que se estendem através das seis camadas:
molecular, granular externa, células piramidais externa, granular
interna, piramidal interna e multiforme.
Áreas de associação sensorial somática: as áreas 5 e 7 de Brodmann, no
córtex parietal atrás da área sensorial somática I, combinam informações
a partir de múltiplos pontos na área sensorial somática primária para
decifrar seu significado.
Sensações somáticas de Dor: Tipos de dor e suas
características
A dor rápida é designada por outros nomes, como dor em pontada,
alfinetada, aguda (não e sentida na maioria dos tecidos profundos) e
elétrica. Estímulos dolorosos mecânicos e térmicos, pelas fibras
mielinizadas, com velocidade de condução rápida – fibras A Delta,
secretam glutamato, Feixe Neo-Espinotalâmica.
A dor lenta ou crônica está geralmente associada à destruição de
tecidos. Pode levar a um sofrimento insuportável, prolongada, podendo
ser provocada por estímulos dolorosos mecânicos, térmicos e químicos.
Fibras amielinizadas, com velocidade de condução lenta – fibras C,
secretam transmissor glutamato e substância P. Feixe Paleoespinotalâmica.
Vias Ascendentes - sensitivas:
1º- Via Fascículo Grácil e Cuneiforme:
Cuneiforme: Informações dos membros superiores e metade superior do
tronco.
Grácil: Informações dos membros inferiores e metade inferior do tronco.
Informações: Propriocepção consciente (estereognosia, grafestesia,
descriminação de dois pontos, palestesia, tato discriminativo,
barestesia, barognosia ...)
2º- Via Espino-talâmica anterior: Conduz tato grosseiro e pressão
cutânea.
3º- Via Espino-talâmica lateral: Conduz dor e temperatura.
4º- Via Espino-reticular: Conduz dor difusa ou pouco discriminativa,
abdominal.
5º- Via Espino-cerebelar posterior: Conduz propriocepção
inconsciente
6º- Via Espino-cerebelar anterior: Conduz propriocepção
inconsciente, mas detecta atividade do tracto córtico-espinhal.
Abordagem Motora – Funções Motoras da Medula
Espinhal
Os sinais sensoriais entram na medula quase que inteiramente pelas
raízes sensoriais posteriores. Depois de entrar na medula, um grupo de
neurônios sobe com informações ao cerebelo e outro grupo de neurônios
envia informações ao córtex cerebral.
Neurônios Motores Anteriores:
Localizados em cada segmento na porção anterior da substância cinzenta,
estes dão origem às fibras nervosas que abandonam a medula por meio das
raízes anteriores e inervam as fibras musculares esqueléticas. Os
neurônios são de dois tipos: motoneurônios alfa e gama.
Motoneurônio Alfa: originam grandes fibras nervosas do tipo A
alfa, a estimulação de uma só fibra nervosa excita de três até várias
centenas de fibras musculares esqueléticas, que são coletivamente
chamadas de unidade motora. Ramo Alfa 1 – entrará em contato com as
fibras intrafusais do músculo agonista contraindo-o, sinapse excitatória.
Ramo Alfa 2 - recebe uma sinapse inibitória da célula de Renshaw, inibe
o antagonista. Realiza força.
Motoneurônio Gama: esses neurônios transmitem impulsos por meio
de fibras A gama, para pequenas fibras esqueléticas especiais, no fuso
neuromuscular interagem com a região polar (poder de contração),
manutenção do tônus.
Fuso Muscular: é um corpúsculo envolto por uma cápsula fibrosa,
que lhe confere um aspecto fusiforme. No seu interior encontram-se
fibras musculares finas, designadas fibras musculares intrafusais (dois
tipos aglomerado nuclear e cadeia nuclear) e fibras musculares
extrafusais.
1- A porção contrátil situa-se nas extremidades: região polar
2- A porção mediana equatorial, não é contrátil, possui diversas
vesículas com NT.
O receptor do fuso neuromuscular pode ser excitado, como:
O alongamento de todo músculo irá esticar a porção mediana do fuso,
portanto, excita o receptor. Mesmo se o comprimento do músculo por
inteiro não se alterar, a contração das porções das extremidades das FIF,
também irá esticar as porções medianas das fibras. Quando ocorre a
contração muscular (à custa das fibras extrafusais), o fuso tende a
encurta-se e, conseqüentemente, também as FIF.
Dois tipos de terminações sensoriais são encontradas na área receptora
do fuso muscular:
- Terminação Primária ou Anuloespiral: encontrasse enrolada em torno
da porção central de cada fibra intrafusal, fibra do tipo Ia e transmite
sinais sensoriais para medula espinhal com velocidade de 70 a 120 m/s.
- Terminação Secundária ou Buquê: encontrasse enrolada em torno das
fibras intrafusais na mesma maneira que as fibras Ia, estas são do tipo
II.
O Córtex Motor
A porção do córtex anterior ao sulco central constitui a metade
posterior do lobo frontal é devotada quase que inteiramente ao controle
dos músculos e dos movimentos corporais. Os sinais motores são
transmitidos do córtex para a medula espinhal pela via corticoespinhal
e, indiretamente por múltiplas vias acessórias que compreendem os
gânglios da base, cerebelo, e núcleos do tronco cerebral.
O Córtex motor é dividido adicionalmente em três subáreas, cada uma
tendo sua representação de grupos musculares e funções motoras
específicas do corpo:
* Córtex Motor Primário: localizado na primeira circunvolução dos
lobos frontais, anterior ao sulco central, no giro pré-central. Área 4
na classificação de Brodmann. Compreende áreas musculares da face, boca,
mão, braço, tronco, pés e pernas. Envia ordem para realização do
movimento.
* Área pré-motora: localizada anteriormente às porções laterais
do córtex motor primário, giro frontal superior e médio. Classificação
área 6 de Brodmann, responsável pelo planejamento do movimento.
* Área Motora Suplementar: localizada superior à área pré-motora,
situando-se sobre o sulco longitudinal, classificação área 6 de Brodmann.
Quando as contrações são obtidas, são freqüentemente bilaterais, em vez
de unilaterais. Esta área funciona em conjunto com a área pré-motora
para provocar movimentos posturais.
Algumas áreas especializadas de controle motor:
- Área de Broca e a Fala;
- Campo dos Movimentos Oculares “voluntários”;
- Área de Rotação da Cabeça;
- Área para as Habilidades Manuais.
Cerebelo: Mesmo sem ter a capacidade
direta de causar contração muscular, é um órgão muito importante, ajuda
a sequenciar as atividades motoras e também monitorar, faz ajustes
corretivos nas atividades motoras do corpo de modo que atendam aos
sinais motores dirigidos pelo córtex motor e por outras partes do
cérebro.
Papel do Tronco Cerebral no Controle da Função
Motora:
1- Controle da respiração;
2- Controle do sistema cardiovascular;
3- Controle da função gastrintestinal;
4- Controle de muitos movimentos estereotipados do corpo;
5- Controle do equilíbrio;
6- Controle dos movimentos dos olhos.
Vias Descendentes – Motoras:
Vias Extrapiramidais:
1º- Vestíbulo-espinhal: Sofre influência do cerebelo, controla a portura
do tônus e equilíbrio da cabeça.
2º- Retículo-espinhal: Sofre influência do cerebelo e córtex cerebral,
controla o tônus em movimentos do esqueleto axial e proximal dos
membros.
3º- Rubro Espinhal: Sofre influência do cerebelo e córtex cerebral,
controla o tônus e os movimentos distais dos membros.
4º- Olivo-espinhal: Auxilia no controle do tônus corporal.
5º- Tecto-espinhal: Sofre influência do cerebelo e córtex cerebral,
auxilia nos movimentos oculares em relação aos movimentos da cabeça e
vice-versa.
Vias Piramidais:
1º- Córtico-nuclear: Controla os núcleos dos nervos cranianos
motores ou das porções motoras.
2º- Córtico-espinhal: Principal via motora, após deixar o córtex este
feixe passa através do ramo posterior da cápsula interna (entre o núcleo
caudado e putâmen dos núcleos da base) e corre depois para baixo pelo
tronco cerebral. A grande maioria das fibras piramidais cruzam nas
pirâmides bulbares, então, para o lado oposto descem nos feixes
corticoespinhais laterais da medula. Algumas das fibras não cruzam para
o lado oposto do bulbo, mas descem ipisilateralmente ao longo da medula
nos feixes corticoespinhais ventrais, mas muitas dessas fibras também
cruzam para o lado oposto da medula na altura do pescoço ou na região
torácica superior.
Integração dos Sistemas – Sensorial e Motor
As informações sensoriais são integradas em todos os níveis do sistema
nervoso e causam respostas motoras apropriadas, começando na medula
espinhal com reflexos relativamente simples, estendendo-se para o tronco
cerebral com respostas ainda complexas e, finalmente, estendendo-se até
o cérebro, onde são controladas as respostas mais complicadas. A medula
espinhal não é apenas um mero conduto de sinais sensoriais para o
cérebro ou de sinais motores do cérebro para periferia.
O fornecimento de informações para a medula espinhal sobre músculos e
tendões, estabelecendo o comprimento, tensão e com que rapidez ocorre
estas mudanças, possui a participação de dois tipos de receptores
sensoriais:
* Fusos Neuromusculares
* Os órgãos tendinosos de Golgi
A porção do córtex anterior ao sulco central constitui a metade
posterior do lobo frontal, está é devotada quase que inteiramente ao
controle dos músculos e dos movimentos corporais. Uma porção importante
desse controle motor é dirigida por sinais a partir das regiões
sensoriais do córtex, que mantém o córtex motor informado das posições e
movimentos das diferentes partes do corpo.
Nos reflexos podemos observar com precisão a ação dos sistemas, um
estímulo sensorial cutâneo em um membro é capaz de favorecer com que os
músculos flexores do membro se contraiam, de uma forma clássica este
reflexo flexor é provocado mais poderosamente pela estimulação a
terminações nervosas, contraindo músculos abdutores para tracionar o
segmento para fora do estimulo. Ex: alfinetada ou calor. Ou, até mesmo
um reflexo simples de coçar, implicando sentido de posição e o movimento
de um outro segmento para efetuar o ato, que geralmente é aliviado pela
geração de dor.
Reflexos Posturais Vestibulares: alterações súbitas da orientação de um
animal no espaço, ajudam a manter o equilíbrio e a postura. Ex: animal
cai subitamente para frente, os membros anteriores se estendem para
frente, os músculos extensores se contraem e o pescoço enrijece para que
o animal não bata a cabeça no solo.
Os reflexos são utilizados para determinar presença ou ausência de
espasticidade muscular após lesão de áreas motoras do cérebro, ou da
espasticidade muscular em doenças que excitam a área bulborreticular
facilitatória do tronco cerebral. Geralmente, as grandes lesões das
áreas motoras contralateral do córtex são causadas por derrames ou
tumores cerebrais, causando reflexos musculares exacerbados.
Bibliografia:
GUYTON, a & Hall, J. E, Tratado de Fisiologia Médica, 1997
SPENCE, Alexander. Anatomia Humana Básica, ed 2ª.Ed Manole, 1991
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