1. INTRODUÇÃO
No trabalho será descrito o 1o neurônio ou motoneurônio superior, que é
um tipo de neurônio no córtex cerebral que leva impulsos a partir do
córtex motor para os núcleos da base ou substâncias cinzentas ventrais
da medula.
Estará sendo apresentado algumas de suas principais patologias que
acometem esses neurônios assim como AVC, esclerose múltipla, esclerose
lateral amiotrófica e lesões medulares, relatando diferentes etiologias
e quadros clínicos mais severos ou não, dependendo da localização e
extensão da lesão.
O objetivo é conhecer as patologias envolvidas com o primeiro neurônio e
principalmente mostrar as técnicas de tratamento utilizados para as
mesmas.
2. SÍNDROME PIRAMMIDAL OU LESÃO DO 1O NEURÔNIO
As lesões do sistema piramidal são traduzidas por déficits motores que
interferem na execução dos movimentos, podendo ser evidenciado na
paralisia facial de origem piramidal e não sobre os músculos ou
determinados grupos de músculos, como ocorre nas lesões do neurônio
motor periférico.
Os déficits motores de origem piramidal, costumam se acompanhar de
hipertonia elástica, hiperreflexia profunda, abolição dos reflexos
superficiais (cutâneos abdominais, cremastéricos, inversão do reflexo
cutâneo plantar (sinal de Babinsk), além de outros fenômenos (clônus e
sincinesias), mencionando ainda que a síndrome piramidal de instalação
súbita ocorre uma fase de choque, traduzida pôr paralisia flácida,
precedendo a fase espástica. Dependendo da sede da lesão, vários tipos
de comprometimentos motores podem ser encontrados, como por exemplo, a
hemiplegia, paraplegia, tetraplegia e monoplegia. (Sanvito, 2000)
A síndrome do neurônio motor superior, ocorre com maior freqüência nos
acidentes vasculares cerebrais (AVC), que acometem a cápsula interna ou
a área motora do córtex.
Dizia-se que o Sistema Piramidal era encarregado de duas funções
distintas: elaboração e condução do influxo motor voluntário; e inibição
do sistema extrapiramidal e o sistema motor periférico, e que as lesões
piramidais traduziram-se por duas ordens de sintomatologia: Síndrome
Piramidal deficitária e Síndrome Piramidal de liberação.
Outras vias envolvidas na Síndrome Piramidal, além do trato
córtico-espinhal são as vias corticorubroespinhal,
corticorreticuloespinhal, corticopontocerebelar e via vestíbuloespinhal,
confirmando a teoria que a síndrome piramidal não pode ser explicada
apenas pela lesão do trato córtico-espinhal. (Doretto, 2001)
3. SINTOMAS GERAIS
3.1 Espasticidade:
A espasticidade irá criar um desequilíbrio da atividade muscular, na
maioria das vezes na musculatura antigravitacional e na hemiplegia é
caracterizada por aumento do movimento abrupto do tendão, fenômeno do
canivete, e um aumento do tônus muscular que é maior nos músculos
flexores do braço e extensores da perna.
A espasticidade é a conseqüência da lesão cerebral ou da medula
espinhal. (Edwards, 1999).
Maior reflexo de estiramento, postura anormal, padrões de movimento de
massa.
Co-contração inadequada e incapacidade de fragmentar padrões e
desempenhar movimentos isolados de uma articulação.
Exagero de reflexo estereoceptivo do membro, produzindo retirada em
flexão, ou espasmo extensor, ou sinal de Babinsk.
Hipertonia resultante de lesões “piramidais” é denominada espasticidade.
Espasticidade e hipertonia, em caso de lesão de motoneurônio superior
principalmente, estão sempre associados. (Doretto, 2001)
O tônus e a resistência muscular são maiores em um grupo de músculos do
que em seus antagonistas. A hipertonia junto com a espasticidade é mais
marcada (dura) no início do movimento, chegando do meio para o final
mais facilmente, porém possui também o efeito canivete, o qual a
resposta muscular é imediata tentando trazer o membro para a posição
inicial, este efeito é mais evidente no cotovelo e joelho. Os músculos
envolvidos são compostos em repouso, firmes ao toque e uma tendência a
formar contraturas. (Spillane, 1998)
3.2 Hiperreflexia:
Nas lesões piramidais os reflexos miotáticos fásicos, encontram-se
exaltados, isto é, atribuído à hiperatividade do sistema
corticorreticuloespinhal anterior, o qual é facilitador dos
motoneurônios alfa e gama, devido a ausência do reticuloespinhal
lateral. Com o reflexo miotático fásico é obtido mediante estímulo que
provoca um rápido estiramento, torna-se evidente a hiperatividade dos
motoneurônios gama dinâmicos, tornando os furos musculares
hipersensíveis. (Doretto, 2001)
3.3 Clônus:
O estiramento súbito de músculos hipertônicos produz uma contração
reflexa. Sendo este estiramento mantido durante o relaxamento que se
segue, nova contração reflexa ocorre e isto pode continuar quase que
indefinidamente a não ser que re-interrompa o estímulo e isso é mais
facilmente demonstrado com a dorsiflexão do pé ou com movimento brusco
da patela para baixo, mas pode estar presente em qualquer articulação. O
clônus apenas apresenta um aumento da excitabilidade reflexa e pode
estar presente apenas por tensão, esforço muscular excessivo ou seguindo
um susto. (Spillane, 1998)
3.4 Sinal de Babinsk:
São reflexos que podemos chamar de proteção, pois os estímulos que os
desencadeiam são nociceptivos (estímulos que desencadeiam dor), podendo
ser considerado como uma manifestação de liberação do reflexo dos
flexores, normalmente moderado pelo trato piramidal. (Doretto, 2001).
4. PATOLOGIAS
4.1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
A interrupção aguda do fluxo sangüíneo de alguma parte do cérebro
determina o que se chama de isquemia cerebral, que, se durar um período
de tempo suficiente para provocar lesão no cérebro, leva ao acidente
vascular encefálico (AVE). Algumas vezes, os sintomas do AVE podem
melhorar espontaneamente em poucos dias. Esta condição é conhecida como
déficit neurológico focal reversível. (Machado, 1993)
Um AVE lesa as vias neuronais descendentes causando a lesão do
motoneurônio superior do tipo de início adulto. Se o AVE ocorre no seu
local mais comum para esse tipo de lesão, ,a artéria cerebral média, as
conexões corticais com a medula espinhal, o tronco encefálico e o
cerebelo são comprometidos. (Lundy- Ekman, 2000)
DETERMINANTES
DOS ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS |
Idade |
Sexo |
Fatores
Raciais |
Fatores
Genéticos |
|
FATORES DE
RISCOS MODIFICÁVEIS |
Hipertensão |
Diabetes
mellitus |
Doenças
cardíacas |
Obesidade |
Tabagismo |
Excesso de
álcool |
(Rowland, 1997) |
Em uma divisão pôr diferentes grupos foram encontrados em um estudo no
item idade a incidência maior em idosos do que em outras etapas da vida.
Quanto ao sexo a amostra apresentada foi 66,70% no sexo masculino. Já os
fatores raciais apresentavam a seguinte percentagem: negra (50,98%),
branca (38,23%) e parda (10,78%). (Rubint e Zorrati, 2004)
SINAIS E
SINTOMAS |
Consciência –
Pode ficar temporariamente comprometida |
Comunicação e
Memória – Podem ficar comprometidas |
Sensoriais –
Usualmente comprometido contralateral à lesão |
Autonômicos –
Pode estar comprometido |
Motores –
Contralateral à lesão: paresia, atrofia muscular, perda do
fracionamento dos movimentos, menor velocidade e eficiência
dos movimentos, comprometimento do controle postural, sinal
de Babinsk |
(Lundy – Ekman,
2000) |
TIPOS DE
ACIDENTES VASCULARES ENCEFÁLICO |
Isquêmico –
Ocorrem infartos quando um embalo ou trombo se prende em um
vaso, obstruindo o fluxo sanguíneo |
Hemorrágico –
Priva de sangue os vasos à sua frente e o sangue
extravascular exerce pressão sobre o tecido encefálico
circundante |
(Lundy – Ekman,
2000) |
4.2 ESCLEREOSE LATERAL AMIOTRÓFICA (DOENÇA DE CHARCOT)
Esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença restrita ao sistema
motor voluntário. Em sua forma mais comum, a ELA só destrói as vias
ativadoras laterais e as células do corno anterior na medula espinhal,
resultando em sinais relacionados aos motoneurônios superiores e
inferiores. Dessa forma: paresia, espasticidade, hiperreflexia, sinal de
Babinski, atrofia, fasciculações e fibrilações estão presentes. (Ekman,
2000)
Esta infecção de causa desconhecida, costuma atingir o indivíduo adulto,
entre 45 e 60 anos de idade, com predominância no sexo masculino.
A infecção tem início com atrofia dos músculos da mão, acompanhada de
déficit motor e fasciculações, de modo lento e progressivo, o quadro
motor compromete outros segmentos do corpo com presença de reflexos
profundos exaltados e da paresia espásticas nos membros inferiores.
Do ponto de vista neuropatológico ocorre degeneração grave e progressiva
das células do corno anteriores da medula, degeneração das vias
piramidais diretas e cruzadas; degeneração dos núcleos motores bulbares
(X°, XI°, XII°, nervos cranianos) e de outros nervos cranianos (V°,
VII°).(Sanvitto,1997)
O tratamento permanece estritamente sintomático, visando a preservar,
pelo maior tempo possível a autonomia e melhorar a qualidade da vida.
Com base na hipótese excitotópica, a utilização de um inibidor de
neuromediadores excitadores consegue obter um prolongamento modesto de
sobrevida.(Cambier,1999)
4.3 ESCLEROSE MÚLTIPLA
A esclerose múltipla é caracterizada por lesões (placas), áreas
distintas de perda de mielina distrituídas pelo SNC, primariamente na
substância branca. Essas placas de desmielinização são acompanhadas por
destruição da oligodendroglia e por inflamação (ou acúmulo de células
brancas do sangue e líquido ao redor dos vasos sangüíneos que ficam
dentro do SNC).
Em geral, a esclerose múltipla e diagnosticada em indivíduos com idade
entre 15 e 50 anos. Embora tenha sido relatada esclerose múltipla na
infância, essa é bastante incomum. (Umphred, 2003)
A possibilidade de apresentar esclerose múltipla é maior para os que têm
um parente próximo comprometido pela doença. A tendência ao agrupamento
dos casos em “focos” numa mesma região, poderia, ao contrário indicar
uma exposição a um mesmo agente patogênico. (CAMBUR et all, 1999)
A esclerose múltipla pode ser uma doença de etiologia viral, e é
provável que o dano a mielina seja pelo sistema imune.
A desmielinização da esclerose múltipla pode, assim, ser precipitada por
uma infecção por vírus do sarampo, rubéola, caxumba, picornavirus,
parainfluenza, herpes simples e HTLV-I foram todos relatados como
estando presentes em pacientes com esclerose múltipla. Nenhum desses
agentes, entretanto, foi detectado de forma reproduzível. Talvez não
seja um vírus individual que desencadeia a desmielinização em todos os
pacientes com esclerose múltipla. Pode, em vez disso, haver diversos
vírus envolvidos.
A esclerose múltipla caracteriza-se pela disseminação de lesões tanto
temporal como espacialmente. Exacerbações e remissões ocorrem
freqüentemente. O paciente pode apresentar sensações extraordinárias,
que são difíceis de descrever e impossíveis de serem verificadas
objetivamente.
Os sinais e sintomas são variados e parecem incluir todos os sintomas
que podem decorrer da lesão a qualquer parte do neurônio, da medula ao
córtex cerebral. (Rowland, 1997)
SINAIS E
SINTOMAS COMUNS DA ESCLEROSE MÚLTIPLA CRÔNICA |
Sistema
Funcional |
%
Freqüência |
MOTOR |
|
Fraqueza
muscular |
65-100 |
Espasticidade |
73-100 |
Reflexos (hiper-reflexia,
Babinski, abdominais ausentes) |
62-98 |
|
|
SENSORIAL |
|
Distúrbio do
sentido vibratório/posicional |
48-82 |
Distúrbio da
dor, temperatura ou tato |
16-72 |
Dor (moderada
e intensa) |
11-37 |
Sinal de
Lhermitte |
1-42 |
|
|
NERVOS
CRANIANOS/TRONCO CEREBRAL |
|
Visão afetada |
27-55 |
Distúrbios
oculares (excluindo o nistagmo) |
18-39 |
V,VII, VIII
nervos cranianos |
5-52 |
Sinais
bulbares |
9-49 |
Vertigens |
7-27 |
|
|
AUTONÔMICO |
|
Disfunção
vesical |
49-93 |
Disfunção
intestinal |
39-64 |
Disfunção
sexual |
33-59 |
Outros
(sudorese e anormalidades) |
38-43 |
|
|
PSIQUIÁTRICO |
|
Depressão |
8-55 |
Euforia |
4-18 |
Anormalidades
cognitivas |
11-59 |
|
|
DIVERSOS |
|
Fadiga |
59-85 |
SINAIS E
SINTOMAS OBSERVADOS RARAMENTE NA ESCLEROSE MÚLTIPLA |
ASSOCIAÇÕES BEM RECONHECIDAS |
ASSOCIAÇÕES RARAS |
Convulsões
generalizas |
Afasia |
Convulsão
tônica |
Anosmia |
Cefaléia |
Soluços |
Neuralgia do
trigêmeo |
Surdez |
Disartria/ataxia
paroxística |
Síndrome de
Horner |
Coréia/atetose |
Prurido
paroxístico |
Mioclonia |
Arritmias
cardíacas |
Hemiespasmo
facial |
Edema
pulmonar agudo |
Torcicolo
espasmódico/ distonia focal |
Disfunção
hipotalâmica |
Mioclonia |
Narcolepsia |
Sinais do
neurônio motor inferior – atrofia, diminuição do tônus –
arreflexia |
|
Pernas
inquietas |
|
Histeria
|
|
A doença afeta freqüentemente mais alguma áreas e sistemas que outras.
São comumente envolvidos o quiasma óptico, tronco cerebral, cerebelo e
medula, especialmente as colunas laterais e posteriores.
Os sintomas visuais incluem diplopia, vista turva, diminuição ou perda
da acuidade visual de um lado ou ambos e defeitos do campo visual,
variando de um escotoma unilateral ou contração do campo visual a
hemianopsia.
É comum a fraqueza dos músculos faciais da metade inferior de um dos
lados da face, mas a paralisia facial periférica é rara. Vertigens
verdadeiras que duram vários dias e podem ser graves (lesão nova do
assoalho do 4o ventrículo) na esclerose múltipla avançada observa-se
disartria, disfagia.
A fraqueza dos membros é o sinal mais comum e podem estar presentes
monoparesia, hemiparesia ou tetraparesia. A espasticidade e ataxia
concomitantes intensificam o distúrbio da marcha.
O cerebelo e suas conexões com o tronco cerebral são geralmente
afetados, ocasionando assim disartria, ataxia da marcha, tremor e
incoordenação do tronco ou membros.
São comuns os sintomas urinários, incluindo incontinência ou urgências
urinárias. Perda da libido e impotência erétil são problemas comuns em
homens. A disfunção sexual em mulheres não foi tão bem documentada, mas
vem sendo cada vez mais reconhecida, ausência de lubrificação e
incapacidade de atingir o orgasmo são os principais problemas. (Rowland,
1997)
Parestesias e distúrbios sensoriais são comuns apresentam também
dormência ou formigamento nos membros, tronco ou face.E também fadiga,
sintomas mentais como: a euforia e a depressão.
O diagnóstico da esclerose múltipla é alicerçado sobre o caráter
multifocal das lesões e a evolução por crises. Tal noção de disseminação
do espaço e no tempo pode estar ausente no início da doença, nas formas
progressivas. É possível enriquecer o inventário investigacional,
principalmente pelo diagnóstico para imagem (IRM), e também pela
identificação de anomalias de condução ns grandes vias neclinizadas,
exame do LCA que permite reconhecer a natureza inflamatória do processo
e associar outras afecções que possam apresentar sintomatologia
parecida, lúpus, neurossarcoidose, doença de Behcet, borreliosi e
mielopatia. (CAMBIER et all 1999).
4.4 LESÕES MEDULARES
Os traumas à coluna vertebral podem lesar de maneira irreversível a
medula espinhal e os raízes nervosas. A lesão medular é aguda e
inesperada, alterando de maneira dramática o curso da vida de uma
pessoa. As conseqüências sociais e econômicas para o paciente, a família
e a sociedade podem ser catastróficas.
O nível de lesões mais comum é C-5, seguido de C-4 e C-6. O nível
inferior mais comum é T-12, seguido de L-1 e T-10.
No mecanismo de lesão, uma força intensa aplicada diretamente à coluna
vertebral é o mecanismo mais freqüente de lesão da medula espinhal. Essa
força gerada durante uma súbita flexão, hiperextensão, compreensão
vertebral ou rotação da coluna, pode ocorrer luxação das articulações,
,fratura de corpos vertebrais, desvio do alinhamento do canal vertebral,
herniação de material discal e fragmentação de ossos. A medula espinhal
pode, em conseqüência disso, sofrer contusão, distensão, laceração ou
esmagamento. Quando existe terciamento, espondilólise cervical ou
estenose espinhal, uma lesão banal pode causar danos neurológicos de
maior gravidade, mesmo sem fratura ou luxações. Com o advento da
ressonância magnética, reconheceu-se que a hérnia de disco é uma causa
mais comum de contusão espinhal do que se imaginava anteriormente.
Lesões tanto diretas como indiretas à medula espinhal por osso
cominutivo, podem ocorrer em casos em que balas de armas de fogo e
projéteis de alta velocidades são responsáveis pela lesão.(Rowland,
2000)
Nos últimos anos tem havido uma crescente utilização dos procedimentos
eletrodiagnósticos para avaliação de pacientes. Isso se deve em parte ao
desenvolvimento e melhora da instrumentação eletrônica, que tem tornado
possível testar o estado funcional dos músculos, nervos e sua interação
com o sistema nervoso central. Isso permite a documentação de como essas
estruturas funcionam no estado normal e como elas mudam devido a fatores
genéticos, lesões e doenças. As avaliações eletrodiagnosticadas podem
ajudar o clínico a estabelecer um diagnóstico do paciente e auxiliar o
fisioterapeuta na reabilitação. (Peixoto et al, 2003)
5. TRATAMENTO
CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA NAS LESÕES DOS MOTONEURÔNIOS SUPERIORES
5.1 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
O papel do fisioterapeuta se baseia na restauração da função, prevenção
de complicações secundárias, com encurtamento de tecidos moles e dor no
ombro, além de pesquisa com desenvolvimento de técnicas científicas para
medida e avaliação, intervenções evidentes e medidas confiáveis do
trabalho final.
Um exemplo disto é a utilização de técnicas de relaxamento, destacando
sua influência e eficácia no organismo humano, tanto na esfera psíquica
como física, dirigida na maioria das vezes a uma população considerada
“normal”. O trabalho de investigação que descreveremos a seguir,
ressalta a importância de introduzir nos programas de reabilitação,
técnicas que favoreçam ao individuo com necessidades especiais,
especialmente a população objeto deste estudo (indivíduos com seqüelas
de AVC) a possibilidade de despertar uma maior consciência corporal,
auto-conhecimento e conseqüentemente maior independência funcional e
integração social. (Oliveira, 2001)
No entanto, um programa cinesioterápico é indispensável, sendo um dos
principais responsáveis pela prevenção do ombro doloroso numa fase aguda
e sub-aguda do AVE. (Horn, 2003)
5.2 .ESCLEROSE MÚLTIPLA
O tratamento fisioterapêutico deve ser centrado no paciente, incluindo
consultas para tomada de decisão e estabelecimento de metas conjuntas,
escolha do exercício de informações, de modo que o paciente tenha um
feedback progressivo e conhecimento do nível de capacidade.
Os princípios se baseiam em incentivar o desenvolvimento de estratégias
de movimentos e o aprendizado de habilidades motoras, melhorar a
qualidade dos padrões de movimento, minimizar anormalidades do tônus
muscular, enfatizar o tratamento funcional, dar apoio para manter a
motivação e cooperação, implementar terapia preventiva e ajudar o
paciente a compreender melhor os sintomas e como eles afetam a sua vida
diária. Dentre esses existem quatro metas fisioterapêuticas:
1- Manter e aumentar a ADM;
2- Incentivar a estabilidade postural;
3- Evitar contraturas;
4- Manter e incentivar o apoio de peso. (Oliveira, 2001)
5.3 TRATAMENTO PARA ESPASTICIDADE
O primeiro passo no tratamento da espasciticidade é a resolução de
qualquer problema clinico do paciente, pois frente a estímulos
nociceptivos a espasticidade se exacerba. Devem ser tratadas as
infecções urinárias e as respiratórias, as úlceras de decúbito e
qualquer outro estímulo nocivo.
O segundo passo é a terapia física que visa, através de posicionamento
adequado, alongamentos musculares e globais e suaves e musculatura
antagonista, promover um equilíbrio entre a musculatura espástica e a
parética evitando assim, o deslocamento de deformidades e levando a um
relaxamento global. O uso do órteses também é benéfico, no sentido de
manter o posicionamento adequado das articulações tanto prevenindo
deformidades como auxiliando a função. Quando o paciente não responde
bem à terapia sistêmica, ou quando a espasticidade é restrita a um
determinado músculo, a técnica de eleição é o bloqueio muscular ou
nervoso periférico com agentes que promovam relaxamento muscular
localizado.
Existem técnicas específicas de tratamento para a redução do grau de
espascificidade, como por exemplo:
- Gelo: reduzindo a neurotransmissão aferente e eferente e para
que seja efetivo na espasticidade é preciso resfriar os fusos
musculares. Ele deve ser aplicado até que não haja mais resposta reflexa
excessiva ao alongamento. A forma mais comum de aplicação é a imersão
local com mistura de água e gelo em pedaços, com período de intervalos
de tempo entre as imersões. É contra-indicado em pacientes com déficits
sensitivos.
- Hidroterapia: usada para ampliar o tratamento do paciente com
deficiência neurológica com benefícios terapêuticos, psicológicos e
sociais. Entre as vantagens é priorizado a independência ou capacidade
de se mover livremente e com confiança, além de ser uma atividade
recreativa, obtendo um ganho de alongamento muscular, redução de
contraturas, reeducação de balanço e equilíbrio, retreinamento da marcha
e exercícios respiratórios. A técnica de Bad Ragaz é usada para dar
apoio e não oferecer resistência aos movimentos.
- Estimulação elétrica: produz contração muscular através dos
nervos motores, aumentando a efetividade do alongamento em músculos
espásticos e inibição da espasticidade por inibição recíproca.
- Biofeedback: procedimento pelo qual as informações sobre o
aspecto da função corporal é retificado por algum sinal visual ou
auditivo e busca permitir que o paciente tenha um controle consciente
sobre uma atividade voluntária. A maioria dos fisioterapeutas usam
feedback verbal ao treinar os pacientes, seja durante uma avaliação ou
para corrigir uma limitação. (Edwards,1999)
Todos esses métodos apresentam vantagens e desvantagens e devem ser
cuidadosamente estudados por toda a equipe de reabilitação caso
particular para que se obtenha sucesso.
5.4 ATAXIA
A ataxia é um dos principais sintomas que afetam as pessoas com
esclerose múltipla, acompanhado da espasticidade, sendo o maior problema
apresentado a incapacidade de fazer movimentos voluntários que exijam a
ação conjunta de grupos musculares em vários graus de co-contração, o
que é fácil de se perceber na fase de apoio da marcha, tendo como
objetivo fisioterapêutico neutralizar os ajustes posturais e desvio
dinâmico de pesos, aumentando a coordenação dos movimentos, também
evitando posturas compensatórias adotadas para eliminar a instabilidade
podendo transformar-se em contraturas funcionais ou fixas, o que poderia
levar uma lordose lombar exagerada: inclinação anterior de pelve; flexão
de quadril; hipertensão de joelhos; peso nos calcanhares e dedos dos pés
em garra. (Oliveira, 2001)
5.5 MELHORIA FUNCIONAL EM PESSOAS COM LESÃO DO MOTONEURÔNIO SUPERIOR
O funcionamento pode ter melhorado em pessoas com lesão do motoneurônio
superior pela estimulação elétrica dos pontos motores dos nervos.
Já se demonstrou que a estimulação elétrica funcional em sujeitos com
lesão medular incompleta melhora a marcha, com custo fisiológico
diminuído. Os tratamentos eficazes na melhora dos movimentos
voluntários, nos casos de AVC de instalação adulta incluem TENS,
biofeedback pelo EMG, fortalecimento (melhora o funcionamento sem
aumentar a espascificidade) e uso forçado do membro superior parético
pela restrição do membro superior não parético, basearam suas
intervenções na teoria de que um contribuinte importante para a
disfunção de membro parético seria o desuso aprendido.(Ekman, 2000)
6. CONCLUSÃO
Pôde-se concluir que a lesão de um motoneurônio superior ou de 1o
neurônio envolve várias patologias e gera uma variedade de sinais e
sintomas que tornam-se comuns e marcantes nesse tipo de lesão.
Cada um desses sinais e sintomas devem ser avaliados e receber um
tratamento específico e sempre lembrar de ver o paciente como um todo.
Alertando-se para tratar a sintomatologia específica, sem comprometer a
funcionalidade do paciente. O tratamento fisioterapêutico é tentar
devolver o melhor possível a funcionalidade do paciente.
Vários recursos podem ser utilizados no tratamento desses pacientes
como: hidroterapia, alongamentos, exercícios ativos, gelo e calor, etc.
Cabendo ao fisioterapeuta escolher o melhor recurso de tratamento para
suas necessidades, na especificidade de cada sintomatologia e na
particularidade de resposta de cada paciente.
Um fisioterapeuta disponibiliza de vários recursos quando identificada
lesão de motoneurônio superior ou 1o neurônio, basta aproveitar essas
diversas possibilidades para devolver a funcionalidade ao paciente,
melhorando assim a sua qualidade de vida.
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