CINTURA PÉLVICA

 INTRODUÇÃO

A Cintura Pélvica é freqüentemente comparada com o ombro, já que é uma articulação triaxial, capaz de funcionar em todos os três planos, e é também o elo proximal de seu membro. Em contraste com o ombro que é feito para dar mobilidade, a cintura pélvica é uma articulação estável, feita para sustentação de peso.

O osso do quadril é formado por três outros ossos (íleo, ísqueo e púbis) que se fundem. Os dois "ossos do quadril" articulam-se entre si anteriormente ao nível da sínfese púbica. Posteriormente, eles articulam-se com o sacro. O anel ósseo assim formado e o cóccix compõem a cintura pélvica também conhecida como pelve.

1. ANATOMIA

Cada metade da cintura pélvica consiste de três ossos: o íleo, ísqueo e púbis.

Eles estão separados, no início da vida, mas no adulto estão unidos formando uma sólida estrutura denominada osso coxal ou osso do quadril. A bacia pélvica está fechada posteriormente pelo sacro, situado entre os dois quadris, com os quais se articula. A articulação formada pelo sacro e o íleo é cartilaginosa, sustentada por três dos mais fortes ligamentos do corpo humano, os ligamentos sacro ilíacos anterior e posterior e pelo ligamento interósseo. A possibilidade de movimentos da articulação sacrilíaca é muito reduzida, pela presença de circunvoluções de encaixe recíproca nas duas superfícies articulares. As articulações do sacro com os dois ossos do quadril são tão imóveis que, praticamente, toda estrutura da cintura pélvica pode ser considerada como um só osso.

O dimorfismo sexual é nítido em relação com a cintura pélvica, com efeito, quando se compara a pelve masculina com a pelve feminina, esta diferença na morfologia da cintura pélvica está ligada à função de gestação e sobretudo ao parto.

2. MÚSCULOS QUE ATUAM NA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL

A articulação do quadril é envolvida por músculos poderosos e bem equilibrados que não somente movimentam os membros, como também ajudam a manter a posição do tronco. Os vinte e dois músculos que atuam sobre a articulação do quadril podem ser classificados como se segue:

MÚSCULOS

3 flexores Psoas, ilíaco, reto femoral
1 flexor-adutor Pectíneo
4 adutores Grácil, adutor longo, adutor breve e adutor magno
3 extensores Bíceps femoral (porção longa), semimembranáceo, semitendíneo. Eles tem o dobro da ação dos flexores.
1 extensor rotador externo Glúteo máximo
1 abdutor Glúteo médio
1 flexor-abdutor-rotador externo Sartório
2 rotadores internos Tensor da fáscia lata, glúteo mínimo
6 rotadores externos Piriforme, obturador externo, obturador interno, gêmeo superior, gêmeo inferior, quadrado da coxa.

2.1. - Característica Articular da Pelve

Uma articulação triaxial do tipo bola-e-soquete (esferóide) , sustentada por uma cápsula articular forte que é reforçada pelos ligamentos iliofemoral, pubofemoral e isqueofemoral. As duas articulações do quadril são ligados entre si através do osso pélvico e ligadas à coluna vertebral através do sacro e articulação lombossacral.

2.2. - Característica Articular do Acetábulo

A parte óssea côncava, acetábulo, é formada pela fusão dos ossos íleo, ísqueo e púbico, e é aprofundada por um anel de fibrocartilagem, o lábio do acetábulo está localizado na face lateral da pelve e dá vista para o lado, para a frente e para baixo. A cartilagem articular tem formato de ferradura, sendo mais espessa na região lateral. A porção central da superfície acetabular é não articular.

2.3. - Característica da Cabeça Femoral

A parte óssea convexa e a cabeça esférica do fêmur, que fica ligada ao colo do fêmur. Projeta-se anteriormente, medialmente e superiormente.

1. OS MOVIMENTOS GLOBAIS DO QUADRIL

Em primeiro lugar, tais movimentos serão observados supondo-se o ilíaco fixo e que é o fêmur que se desloca em relação a ele.

1. O movimento que aproxima as faces anteriores da coxa do tronco se chama FLEXÃO.

2. A flexão passiva é um pouco mais ampla do que a ativa, já que os músculos flexores se deixam relaxar e comprimir.

3. A amplitude da flexão é maior quanto mais fletido estiver o joelho e mais limitada quanto mais estendido estiver o joelho, por causa da tensão dos músculos isquiotibiais.

4. A flexão do quadril ocasiona, freqüentemente, uma retroversão da pelve.

5. Movimento que aproxima as faces posteriores da coxa e do tronco se chama EXTENSÃO.

6. Em geral, a extensão é muito limitada, muitas vezes confundida e/ou aumentada por uma lordose lombar.

7. Na "grande arabesque" e acrescentada à extensão uma rotação externa do quadril, uma anteversão e uma rotação da pelve sobre a coxofemoral oposta para dar impressão de uma extensão.

8. A amplitude da extensão é maior quanto mais estendido estiver o joelho e mais limitada quanto mais fletido estiver o joelho. Por causa da tensão do músculo reto-femoral.

9. Movimento no qual a coxa se desloca medialmente se chama ADUÇÃO.

10. A adução supõe um deslocamento prévio do outro membro inferior, para poder realizar-se em um plano puramente frontal, podendo ser efetuada com uma leve flexão e também podendo realizar-se com uma extensão.

11. Movimento que aproxima as faces laterais da coxa e do tronco se chama ABDUÇAO.

12. A abdução com posição de rotação neutra ou interna não ultrapassa os 40º, já que a parte superior do colo se choca contra o teto do acetábulo.

13. Com uma rotação externa, vê-se que é a parte anterior ou inferior do colo que se encontra face ao acetábulo; a abdução pode, então, ser muito mais ampla. 14. Observam-se também movimentos de rotação do quadril, que fazem girar o fêmur sobre seu eixo, como um parafuso: não se deve confundir com as rotações do joelho.

15. ROTAÇÃO INTERNA: o pé orienta-se medialmente. é necessária uma boa rotação interna para executar a posição "sentado entre os joelhos" sem forçar a rotação externa do joelho.

16. ROTAÇÃO EXTERNA: o pé orienta-se lateralmente; é solicitada pelos bailarinos clássicos para o "en dehors" é necessária uma boa rotação externa para realizar a posição de lótus sem danificar os joelhos e os tornozelos a rotação externa, realizada a partir da posição de quadril fletido, é mais ampla, já que nesse caso o ligamento iliofemoral se encontra relaxado.

17. mais freqüente é que se somem vários movimentos de quadril e que se realizem em direções mistas, como por exemplo: abdução + rotação externa, ou flexão + abdução.

18. Se o fêmur é o ponto fixo e o ilíaco se desloca sobre ele, pode-se descrever os movimentos do ilíaco. Para isso, observam-se os deslocamentos da espinha ilíaca ântero-superior. Esta pode ser levada:

19. Para frente, ANTEROVERSÃO (que se prolonga na coluna lombar por uma tendência à lordose.

20. Para trás, retroversão (que se prolonga na região lombar por uma tendência ao endireitamento da lordose.

21. Lateralmente: INCLINAÇÃO LATERAL EXTERNA

22. Medialmente: INCLINAÇÃO LATERAL INTERNA

23. Ambos os movimentos (inclinação lateral interna e externa) tendem a levar a região lombar a uma inclinação lateral.

24. Em ROTAÇÃO INTERNA e em ROTAÇÃO EXTERNA.

3.1 Movimentos do Fêmur

A cabeça convexa desliza na direção oposta ao movimento fisiológico do fêmur.

3.2 Movimentos Fisiológicos da Pelve - Direção - Deslizamento no Acetábulo

Quando o membro inferior está fixado, como ocorre quando o indivíduo está em pé ou durante a fase de apoio da marcha, o acetábulo côncavo move-se na cabeça convexa do fêmur, movendo-se assim na mesma direção que a pelve.

1. Inclinação anterior da pelve Anterior
2. Inclinação posterior da pelve Posterior
3. Inclinação lateral da pelve Posterior
4. Pelve elevada Inferior
5. Pelve deprimida Superior
6. Rotação da pelve para a frente Anterior
7. Rotação da pelve para trás Posterior

3.3. - Os Movimentos de Enrolamento e de Endireitamento da Pelve

- O movimento ocorre entre a sacro ilíaca L5 e S1;

- A bacia se enrola em direção a cabeça, para frente e para cima;

- Ao passar pela 12ª vértebra torácica o movimento leva as últimas costelas para baixo e para trás, o tórax se alarga o esterno e bacia se aproxima em direção do umbigo;

- Movimento se difunde pela coluna dorsal e lombar, até a 6ª vértebra torácica.

Concluindo: no enrolamento, a bacia vai para frente e para cima; no endireitamento, a bacia vai para trás e para baixo.

3.4 - Os Macromovimentos da Cintura Pélvica

Como as confusões são freqüentes, devemos lembrar rapidamente uma importante diferença nos movimentos do sacro. Movimentos lombossacrais acompanham os deslocamentos da cintura pélvica no espaço. Nesses "macromovimentos" o sacro é levado para baixo. Por outro lado, movimentos sacroilíacos do sacro em relação aos ilíacos equilibram os efeitos da gravidade sobre L5. Não se deve confundir as duas fisiologias. Um sacro pode muito bem encontrar-se vertical através de uma retroversão da bacia, mas encontra-se basculado para frente em relação aos ilíacos.

Nos macromovimentos, as coisas são bem conhecidas. O sacro, nesse caso, é solidário à cintura pélvica. A força é ascendente (resistência no chão) e a coluna lombar compensa os movimentos de anti e póstero-flexão intervendo as curvas.

Na antiversão, cujo eixo teórico transversal está na horizontal passando pela sínfese púbica, o sacro mergulha para frente e horizonta-se em póstero-flexão para estabelecer a gravidade. Ela lordosa-se.

Nas retroversões os movimentos são inversos. O sacro verticaliza-se a coluna lombar é levada em anteflexão. Ela entra em cifose.

Na inclinação lateral da cintura pélvica, o sacro segue a inclinação., Para restabelecer o equilíbrio, a coluna inclina-se lateralmente, situando-se a concavidade do lado mais alto.

Enfim, nas rotações da bacia em torno de um quadril, o sacro leva a coluna lombar numa rotação semelhante à da cintura pélvica. Com exceção da coluna cervical, no plano dos macromovimentos, toda rotação vertical situa-se no segmento D8/D12. Ela só é possível em um único sentido. É nesse nível que é compensada a obliqüidade horizontal da bacia

3.5 - Os Micromovimentos da Cintura Pélvica

Em terapia manual são esses micromovimentos que vão em particular nos interessar. Para entender os micromovimentos do sacro, devemos rapidamente relembrar os movimentos dos ilíacos. Em relação ao sacro, os ilíacos giram como um volante em torno de um centro teórico situado ao nível do ligamento interósseo. Na rotação anterior, o braço menor desce enquanto a maior recua. Na rotação posterior os deslocamentos são inversos. Nesse mecanismo, devemos considerar o sacro como uma peça fixa. O movimento é devido a uma força ascendente, a resistência do chão. É o ilíaco que é levado. Esses sãos os movimentos iliossacros.

Os movimentos do sacro em relação ao ilíaco são totalmente diferentes. A força é descendente e o sacro é tributário da coluna lombar, a qual é ligado. É um segmento da coluna, a cujas leis submete-se, e aqui devemos considerar os dois ilíacos como segmento fixo. São movimentos sacro ilíacos. Ao nível da articulação L5 e S1 as curvas invertem-se. O sacro então levado em um movimento de báscula antero-posterior em torno de um eixo transversal. O centro de flutuação do sacro entre os ilíacos estando ao nível do corpo da segunda sacra, todos os eixos do movimento passam por esse ponto.

Deve-se entender bem essa mudança de eixo. Apesar de formado por 5 vértebras soldadas, o sacro é um segmento da coluna e deve seguir a fisiologia. Seus micromovimentos são ligados ao da coluna lombar e, em particular, aos de L5. Nos movimentos, como ao nível de todas as articulações, as curtas invertem-se. Quando L5 se coloca em flexão (póstero-flexão), o sacro coloca-se em extensão e mergulha para frente. Quando L5 coloca-se em extensão (antero-flexão), ele coloca-se em flexão e endireita-se. O eixo desse movimento está forçosamente situado ao nível dessa vértebra única que o sacro é, fisiologicamente.

Tendo em conta a suspensão ligamentar, L5 desloca-se sobre a subjacente S1, mas essa, isto é, lado sacro desloca-se igualmente em relação a ela.

4. A IMPORTÂNCIA DA PELVE

Proteção das vísceras;

- Estabilizaçáo do tronco;

- A pelve com os membros inferiores ajuda na marcha;

- A pelve e o tronco mantém o centro de gravidade que é o centro de equilíbrio de toas as forças;

- Qualquer movimento feito com a pelve o que se movimenta primeiro é a sacro ilíaca (L5 S1) o movimento vai sempre iniciar e terminar no centro articular;

- Participa do movimento de enrolamento e endireitamento, juntamente com o tronco e a cabeça, com isso essas elipse é de grande importância para a formação do sistema reto.

5. RELAÇÕES FUNCIONAIS ENTRE QUADRIS E PELVE NA CADEIA CINÉTICA

5.1 - Mudanças no ângulo do quadril e coluna lombar com o movimento da Pelve.

a. Inclinação pélvica (IP) anterior

As espinhas ilíacas ântero-superiores da pelve movem-se anteriormente e inferiormente e assim aproximam-se da face anterior do fêmur à medida que a pelve roda para a frente ao redor do eixo transverso das articulações. Isto resulta em flexão do quadril e aumento da extensão da coluna lombar (hiperextensão).

(1) Os músculos que provocam esse movimento são os flexores do quadril e extensores da coluna.

(2) Quando em pé, com a linha da gravidade do tronco caindo anteriormente ao eixo das articulações dos quadris, o efeito é uma IP anterior. A estabilidade é proporcionada pelos músculos abdominais e extensores do quadril.

b. Inclinação pélvica posterior

As espinhas ilíacas póstero-superiores da pelve movem-se posteriormente e inferiormente, aproximando-se assim da face posterior do fêmur à medida que a pelve roda para trás ao redor das articulações dos quadris.

Isso resulta em extensão do quadril e flexão da coluna lombar:

(1) Os músculos que provocam esse movimento são os extensores do quadril e flexores do tronco.

(2) Quando em pé e a linha de gravidade do tronco cai posteriormente ao eixo das articulações do quadril, o efeito é uma inclinação pélvica posterior. A estabilidade pode ser proporcionada pelos flexores de quadril e extensores da coluna.

c. Deslocamento pélvico

Quando o indivíduo está em pé, um deslocamento translatório para a frente da pelve resulta em extensão do quadril e extensão dos segmentos lombares inferiores da coluna. Ocorre uma transferência posterior compensatória do tórax sobre a coluna lombar alta com aumento na flexão desses segmentos espinhais. Isso é visto freqüentemente em posturas desleixadas. É necessário pouca ação muscular; a postura é mantida pelos ligamentos iliofemorais no quadril e ligamento longitudinal anterior na coluna lombar baixa e ligamentos posteriores da coluna lombar alta e torácica.

d. Ritmo lombo-pélvico

Movimentos coordenados da coluna lombar e pelve que ocorrem durante a inclinação máxima do tronco para a frente (como quando se toca os dedos do pé). À medida que a cabeça e a porção superior do tronco iniciam a flexão, a pelve desloca-se posteriormente para manter o centro de gravidade equilibrado sobre a base de suporte. O tronco continua a inclinar-se para frente, sendo controlado pelos músculos extensores da coluna, até aproximadamente 45 graus. Os ligamentos ficam então tensionados e as facetas são aproximadas orientada no plano frontal, provendo estabilidade para as vértebras, e os músculos se relaxam. Quando todos os segmentos vertebrais chegam no final da amplitude e são estabilizados pelos ligamentos posteriores e facetas, a pelve começa a rodar para frente (inclinação pélvica anterior), sendo controlada pelos músculos glúteo máximo e isquiotibias. A pelve continua a rodar para frente até que seja alcançado o comprimento máximo dos músculos. A amplitude de movimento (AM) final na inclinação para frente é ditada pela flexibilidade nos vários músculos extensores da coluna e fáscias, assim como dos músculos extensores do quadril. O retorno à posição ereta começa com os músculos extensores do quadril que rodam a pelve posteriormente através de uma ação muscular reversa (inclinação pélvica posterior), depois os extensores da coluna estendendo a coluna da região lombar para cima. Ocorrem variações na sincronização normal dessa atividade devido a maus hábitos, comprimento restrito em músculo ou fáscia, ou trauma e propriocepção deficitária.

e. Inclinação pélvica lateral

O movimento pélvico no plano frontal resulta em movimentos opostos em cada articulação do quadril. No lado que é elevado (elevação pélvica), ocorre adução; no lado que é deprimido (depressão pélvica) ocorre abdução. Quando o indivíduo está em pé, a coluna lombar flexiona-se lateralmente para o lado da pelve elevada (a convexidade da curva lateral é no sentido do lado deprimido).

(1) Forças musculares para inclinação pélvica lateral incluem o quadrado lombar no lado da pelve elevada e tração muscular reversa do glúteo médio no lado da pelve deprimida. (2) Com uma postura assimétrica desleixada, a pessoa transfere o peso do tronco para um membro inferior e permite que a pelve caia do outro lado. A sustentação passiva é feita pelo ligamento iliofemoral o trato iliotibial do lado elevado (perna de apoio).

f. Rotação pélvica

A rotação ocorre ao redor de um membro inferior que está fixado no solo. A perna livre balança para a frente e para trás com a pelve. Quando o lado da pelve que não está sendo sustentado move-se para frente, é chamada de rotação pélvica para a frente. O tronco roda concomitantemente para o lado oposto, e o fêmur no lado estabilizado roda internamente. Quando o lado da pelve que não está sendo sustentado roda para trás é chamada de rotação posterior; o fêmur do lado estabilizado roda concomitantemente para fora (externamente), e o tronco roda para o lado oposto.

5.2 - Movimentos e posturas do membro inferior afetam pelve e coluna

a. A flexão ativa do quadril resultará em inclinação pélvica anterior e aumento na extensão lombar, a menos que a pelve seja estabilizada pela musculatura abdominal. O oposto ocorre em extensão ativa do quadril.

b. Retração em músculos ou articulações do quadril fará com que as forças de sustentação de peso e os movimentos sejam transmitidos para a coluna em vez de serem absorvidos na pelve. Extensores de quadril retraídos aumentarão a flexão lombar a se coxa estiver fletida. Flexores de quadril retraídos provocarão um aumento na extensão lombar quando a coxa se estender. Contraturas de flexão no quadril com extensão incompleta do quadril durante a sustentação de peso aumentarão também a sobrecarga no joelho, já que esse não pode travar com os quadris fletidos a menos que incline o corpo para a frente. Adutores retraídos provocam inclinação pélvica lateral oposta e inclinação do tronco em direção ao lado de retratação pélvica lateral oposta e inclinação do tronco em direção ao lado de retração durante a sustentação de peso. O oposto ocorre com os abdutores retraídos.

c. Uma perna encurtada unilateralmente irá causar inclinação pélvica lateral (depressão no lado encurtado) e inclinação do tronco para o lado oposto ao lado encurtado (convexidade da curva lombar lateral em direção à perna encurtada). Isso pode levar uma escoliose funcional ou eventualmente estrutural. Causas de encurtamento de uma perna podem ser assimetrias de membro inferior unilaterais com pé plano, geno valgo, coxa vara, retração em músculos do quadril, ossoinominato rodado anteriormente, má postura em pé ou assimetria no crescimento ósseo.

5.3 - O quadril e a marcha

a. Durante o ciclo normal da marcha, o quadril move-se em uma amplitude de movimento de 40 graus (10 graus de extensão na fase terminal do apoio para 30 graus de flexão no meio do balanço e contato inicial). Ocorre também alguma inclinação pélvica lateral e rotação (aproximadamente 8 graus) que requerem abdução/adução e rotação interna/externa do quadril. A perda de algum desses movimentos afetará a homogeneidade do padrão da marcha.

b. Controle muscular durante a marcha

(1) Flexores do quadril controlam a extensão do quadril no final da fase de apoio, e então contraem-se concentricamente para iniciar o balanço. Com a perda da função flexora percebe-se um desvio súbito posterior do tronco para iniciar o balanço. As contraturas nos flexores de quadril impedem a extensão completa durante a segunda metade do apoio; o passo é encurtado. A pessoa aumenta a lordose lombar ou anda com o tronco curvado para frente.

(2) Extensores do quadril controlam o momento flexor no contato inicial do pé, então o glúteo máximo inicia a extensão do quadril. Com a perda da função extensora, ocorre um desvio súbito posterior do tronco durante o contato do pé, para transferir o centro de gravidade do tronco posteriormente ao quadril. Com contraturas no glúteo máximo, ocorre certa diminuição no balanço terminal à medida que o fêmur vai para frente, ou a pessoa pode compensar rodando a pelve mais para frente. O membro inferior pode rodar para fora devido ao componente de rotação externa do músculo, ou colocar uma maior tensão sobre o trato iliotibial através de sua inserção, levando à irritação no joelho lateralmente com atividades excessivas. (3) Os abdutores do quadril controlam a inclinação pélvica lateral durante o balanço da perna oposta. Com a perda de função, ocorre desvio lateral do tronco sobre o lado fraco durante o apoio, quando a perna oposta oscila. Esse desvio lateral também ocorre em um quadril doloroso, já que ele minimiza o toque na articulação do quadril durante a sustentação de peso. O tensor da fáscia lata também funciona como um abdutor e pode ficar retraído e afetar a marcha com uma utilização imprópria.

5.4 - Desequilíbrios nos músculos do quadril e seus efeitos

Os músculos funcionam através do hábito. Uma má mecânica devido a um comprimento inadequado ou excessivo e desequilíbrio de forças provoca dor no quadril, joelho ou coluna. Desenvolvem-se síndromes de uso excessivo, sobrecargas em tecidos moles e dor articular em resposta a sobrecargas anormais contínuas.

a. Trato iliotibial (IT) retraído com um tensor da fáscia lata (TFL) retraído ou um glúteo máximo retraído

Freqüentemente estão associados com disfunções posturais de uma postura com inclinação pélvica anterior, postura desleixada ou dorso plano.

(1) Postura de inclinação pélvica anterior, desequilíbrios da musculatura do quadril

- TFL e trato IL retraído

- Limitação geral na rotação externa do quadril

- Porção posterior do glúteo médio e piriforme fraca e alongada

- Rotação medial do fêmur excessiva durante a primeira metade do apoio com sobrecargas maiores sobre as estruturas medias do joelho.

- Compensações associadas no membro inferior incluindo rotação medial do fêmur, geno valgo, torção lateral da tíbia, pé chato, e hálux valgo.

(2) Postura desleixada, desequilíbrios na musculatura do quadril

- Reto femoral e isquiotibiais retraídos

- Limitação geral dos rotadores do quadril

- Iliopsoas fraco e alongado

- Porção posterior do glúteo médio fraca e retraída

- Glúteo máximo fraco e mal desenvolvido

- Compensações associadas no membro inferior incluindo extensão do quadril, às vezes rotação medial do fêmur, geno recurvato, geno varo, pé valgo.

(3) Dorso plano; desequilíbrios

- Retração no reto femoral, trato IT, e glúteo máximo

- Variações das duas posturas acima.

b. Uso excessivo dos músculos flexores do quadril biarticulares (TFL, reto femoral e sartório) em vez do iliopsoas

Pode provocar má mecânica do quadril ou dor no joelho devido ao excesso de uso desses músculos à medida que cruzam o joelho.

c. Uso excessivo do TFL em vez do glúteo médio

Leva a dor lateral no joelho devido à tensão no trato IT, ou rotação medial do fêmur com sobrecargas na parte medial do joelho devido ao aumento do efeito de arco.

d. Uso excessivo dos músculos isquiotibias em vez do glúteo máximo.

O glúteo máximo torna-se retraído e a amplitude de flexão do quadril diminui; ocorre compensação com flexão excessiva da coluna lombar sempre que se flete a coxa. A retração no glúteo máximo também provoca aumento da tensão no trato IT com dor associada no joelho lateral. O excesso de uso dos músculos isquiotibiais provoca retração muscular assim como desequilíbrios musculares com o músculo quadríceps femoral no joelho. Os isquiotibiais dominam a função estabilizadora tracionando posteriormente a tíbia para estender o joelho em atividades em cadeia fechada. Isso altera a mecânica do joelho e pode levar a síndrome de uso excessivo nos tendões dos isquiotibiais ou dor anterior no joelho devido a desequilíbrios na tração do quadríceps.

e. Músculos laterais do tronco para abdutores do quadril.

Isso resulta em mobilidade excessiva do tronco e aumento na sobrecarga na coluna lombar.

5.5 - Equilíbrio e Controle Postural

A cápsula articular é suprida abundantemente com mecanorreceptores que respondem a variações, carga e movimento para controle da postura, equilíbrio e movimento. Ocorrem contrações musculares reflexas de toda cadeia cinética, conhecidas como estratégias de equilíbrio, em uma seqüência previsível, quando o equilíbrio na posição em pé é perturbado e recuperado. Patologias articulares, restrições nos movimentos ou fraqueza muscular podem prejudicar o equilíbrio e o controle postural.

5.6 - Comprometimentos/Problemas Gerais

1. Dor experimentada na virilha e referida ao longo da coxa anteriormente e joelho no dermátomo L-3;

2. Rigidez após o repouso;

3. Limitação nos movimentos com uma sensação terminal capsular firme. Inicialmente a limitação é somente na rotação interna, nos estágios avançados o quadril é fixado em adução, não apresenta rotação interna ou extensão além da posição neutra, e fica limitada a 90 graus de flexão.

4. Marcha antálgica geralmente com uma claudicação de glúteo médio (abdutora) compensatória;

5. Extensão de quadril limitada impedindo a extensão completa do joelho na posição em pé ou durante a marcha levando a aumento nas sobrecargas no joelho 6. Extensão limitada do quadril levando a aumento nas forças extensas sobre a coluna lombar e possível dor lombar;

7. Comprometimento do equilíbrio e controle postural

6. PATOLOGIAS VINCULADAS À PELVE

Qualquer patologia da coordenação motora, seja ela qual for sempre se traduz por um desequilíbrio da unidade ilíaca atingindo a articulação da bacia, a sacro ilíaca, L5, S1 e coxo femoral.

6.1 - Bursite troncatérica

A dor é experimentada sobre o quadril lateralmente e possivelmente descendo lateralmente pela coxa até o joelho onde o trato iliotibial faz atrito com o trocanter. Pode ser sentido desconforto após ficar de pé assimetricamente por longos períodos com o quadril afetado elevado e aduzido e a pelve caída sobre o lado oposto. A deambulação e subida de escadas agravam a condição.

6.2 - Bursite do psoas

A dor é sentida na virilha ou coxa anteriormente e possivelmente na área patelar. É agravada durante atividades que requerem flexão de quadril excessiva.

6.3 - Bursite isquioglútea (assento de alfaiate ou tecelão)

A dor é sentida ao redor das tuberosidades isquiáticas, especialmente na posição sentada. Se o nervo ciático adjacente está irritado devido a edema, podem ocorrer sintomas de dor ciática.

6.4 - Tendinite ou tração muscular

O uso excessivo ou trauma de qualquer músculo na região do quadril pode ocorrer devido a distensão excessiva enquanto o músculo está se contraindo (geralmente em posição alongada) ou devido ao uso repetitivo sem deixar que o tecido lesado cicatrize entre as atividades. Problemas comuns incluem distensões de flexores e adutores de quadril e isquiotibiais. Pouca flexibilidade e fadiga podem predispor o indivíduo a sofrer uma distensão e lesão durante uma atividade ou evento esportivo, quedas súbitas, como ao escorregar no gelo, podem causar distensões.

NOTA: Exercícios para Desequilíbrio de Força ou Flexibilidade Muscular Não importando a causa, o desequilíbrio de força ou flexibilidade muscular no quadril pode levar a falhas na mecânica lombo-pélvica, assim como a falhas na mecânica do quadril, o que predispõe a dor ou perpetua a dor em coluna lombar, região sacro-ilíaca ou quadril. Uma mecânica deficiente em quadril devido a desequilíbrio de força e flexibilidade muscular pode também afetar o joelho e quadril em atividades de apoio de peso, causando assim síndromes de uso excessivo ou sobrecarga nessas regiões. As técnicas de exercício terapêutico desta seção são sugestões para correção de desequilíbrios, assim como para progredir o paciente através das fases subagudas de cicatrização e fase crônica de reabilitação do tratamento. A escolha dos exercícios e intensidade de demanda deve basear-se nas metas de tratamento e resposta dos tecidos.

7. CONSCIENTIZAÇÃO POSTURAL

A imagem que cada um tem de seu próprio corpo e de seu movimento é modificada sem cessar, à medida que ela se exerce e que o corpo se modifica com o tempo. O momento essencial para a estruturação espacial é aquele em que essa imagem se forma.

Inicialmente, a imagem orientada é global, ela se diferencia e se torna precisa progressivamente, com a maturação e a experimentação.

A maturidade e a experimentação permitem cada vez mais dissociação, velocidade de reequilíbrio, tensão. O aumento da tensão seria conseqüência da aceleração que permite ao homem uma concentração cada vez mais importante, o que possibilitaria estruturas cada vez mais evoluídas e eventuais sínteses que permitem mudar certos estados em função da escolha e da reflexão.

Temos três planos para refletir: o mecânico, o espaço-tempo, a relação com o outro.

Se formos levados a considerá-los como solidários, é por experimentação. Na realidade, é fácil entender o aspecto global do movimento no recém-nascido, pois ela não diferencia "si próprio" e sua "mãe" e nem o objeto que seu reflexo de preensão lhe permite manter. No entanto, na reeducação de casos graves, no estágio em que o indivíduo não é mais capaz de constituir compensações que teriam sido imperceptíveis para nós, somos levados a perceber que a deterioração de um desses aspectos também deteriora os dois outros.

Postura é o termo usado para denotar o alinhamento dos segmentos corporais entre si e geralmente refere-se à posição em pé. No entanto, pode ser igualmente importante que o fisioterapeuta considere a "postura" na posição sentada e deitada, pois ela também podem apresentar diferenças do normal. Em certos casos, a postura anormal em pé pode não ser aparente quando o individuo está sentado ou deitado e isso pode indicar deformidade postural e não estrutural. É difícil prescrever uma postura normal, pois duas pessoas não têm as mesmas medidas em todas as dimensões dos braços, pernas e tronco. As pessoas da mesma estatura podem Ter variações no comprimento dos membros inferiores e do tronco. Além disso, há variações nas quantidades de tecido adiposo e sua distribuição, no volume muscular e em seu peso relativo e no peso dos ossos. Além dessas variações anatômicas, cada indivíduo usa o corpo de maneira diferente, dependendo da personalidade e das reações ao meio ambiente. Também é interessante notar as variações entre as diferenças raças e mesmo entre as pessoas que vivem em partes diferentes do mesmo pais. A postura das pessoas que vivem em regiões montanhosas pode ser diferente das pessoas que vivem nas cidades ou regiões planas.

Para proporcionar uma postura balanceada, a linha de gravidade deve passar pela base de sustentação. O peso do corpo dever ser distribuído igualmente entre os dois lados da base e também entre as partes anterior e posterior. Se isso não ocorrer, o indivíduo tem que se ajustar para manter um equilíbrio com a distensão conseqüentes dos tecidos moles e músculo. O corpo está em equilíbrio se uma linha se uma linha vertical através do centro de gravidade cai dentro da base de sustentação e, quanto mais perto do centro da base, menor é a pressão sobre os músculos e outros tecidos moles.

Uma boa postura deve ser aquela em que todas as atividades do corpo possam ser realizadas com um mínimo de esforço e a partir da qual os sistemas do corpo (respiratório, circulatório, digestivo, etc.) possam funcionar normalmente.

Tem havido uma tendência para dar muita importância à postura do pé, quando, de fato, o individuo muito raramente fica parado em pé por algum período de tempo. Há um intercâmbio continuo de atividade entre os vários grupos musculares, de acordo com as posições assumidas. No entanto, é importante que o fisioterapeuta estude a postura na posição em pé, pois os desvios dos parâmetros normais provocam estresse nas posições de trabalho e ineficiência nas atividades de trabalho.

Os estudos interessantes no estudo das pessoas com relação ao trabalho que desenvolvem ou outras atividades físicas devem consultar alguns dos livros sobre ergonomia.

Manutenção da Postura

Existem muitos fatores que se inter-relacionam para controlar a postura do corpo. As contrações musculares para ajustar uma posição são geradas em resposta à entrada sensorial por mecanismos reflexos complexos. Os receptores sensoriais que retransmitem as alterações na posição do corpo estão situados em vários tecidos dentro do corpo e são relacionados para resposta necessária na atividade postural normal.

1. Receptores cutâneos, particularmente os de toque e pressão, respondem ao contato entre o corpo e outra superfície. São particularmente importantes nos pés, respondendo a variações de pressão e textura de superfícies em partes diferentes dos pés.

2. Os receptores articulares reagem a alterações na posição da articulação. As terminações do tipo 1, que são receptores de adaptação lenta nas estruturas capsulares, parecem ser importantes no sentido posicional estático e, portanto, no controle da postura.

3. Os órgãos neurotendinosos de Golgi respondem ao estiramento passivo dos tendões.

4. Olhos - os estímulos aferentes dos olhos passam para o cérebro para se integrarem com a informação recebida de outras fontes.

5. Labirintos dos ouvidos (canais semicirculares) - impulsos aferentes relativos à posição da cabeça são retransmitidos para o cérebro.

6. Fusos musculares - anteriormente, se pensava que os fusos musculares desempenhavam um papel importante no controle postural, mas agora parece provável que eles não estão envolvidos na apreciação da posição dos membros e estão mais relacionados com a monitorização da extensão da contração muscular.

Em certo tempo, pensava-se que não havia relaxamento completo de todas as unidades motoras em um músculo e que sempre havia uma atividade rotacional de algumas unidades motoras que resulta no "tono muscular". Contudo, agora foi demonstrado por estudos eletromiográficos que um músculo pode ficar completamente relaxado sem nenhuma atividade motora. No entanto, um músculo normal tem resistência à deformação, conferida por suas propriedades elásticas e viscosas e isso pode dar o chamado "tono", que é diferentes da textura de um músculo flácido.

É importante compreender que uma pessoa pode ser diferente em um dos sentidos que contribuem para o controle da postura e ainda ser capaz de manter uma postura normal. Isso requer a adaptação dos outros sentidos para compensar a perda. A eficiência dessa compensação varia de um indivíduo para outro.

A perda de uma parte do corpo, por exemplo, um braço ou perna, requer uma alteração na postura, para trazer a linha de gravidade para dentro da base de sustentação.

CONCLUSÃO

Em seu conjunto, o corpo é, um volume que se move em um campo definido, orientado. Ao caminhar, ele desloca esse campo no espaço externo, mas esse espaço é particular a cada pessoa de acordo com sua morfologia, o chamado de espaço motor. Portanto, o corpo é construído de forma a organizar as complexas unidades de coordenação entre si - tronco, cabeça, mãos e pés-, por um tensionamento que mantém a forma e permite o movimento.

É na cintura pélvica que estão os músculos responsáveis por diversas ações no corpo humano, como os urogenitais feminino e masculino. Ela se relaciona com a perna na marcha, com apoio e estabilidade do tronco, na proteção das vísceras.

Concluímos que se é nela que se encontra o centro articular; a pelve se globaliza em relação aos movimentos corporal. Isto nos permite explicar a participação da mesma no enrolamento e endireitamento do nosso corpo, na postura em pé para relacionarmos com a vida.

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Blair José Rosa Filho