1 Introdução
A epicondilite lateral é uma lesão por uso excessivo (overuse) que acomete
habitualmente a origem do extensor radial curto do carpo e, em menor grau, o
extensor radial longo do carpo e a porção anterior do extensor comum. O extensor
radial curto do carpo é susceptível a um maior estresse quando o punho é
fletido, com a ulna desviada, o cotovelo em extensão e o antebraço em pronação.
Os indivíduos queixam-se, em geral, de aumento da dor ao nível do epicôndilo
lateral. Observa-se que há hipersensibilidade localizada sobre o epicôndilo e
extensão resistida de punho, agravando os sintomas.
O método de DeLorme baseia-se na quantidade de peso que pode ser conduzido
através da amplitude plena de movimento por dez repetições. É um exercício de
alta resistência, caracterizado pela realização de uma série inicial de 50% em
dez repetições máximas ( RMs ), uma segunda série com 75% em 10 RMs e uma
terceira com 100%, também em 10 RMs, onde a repetição se refere ao número de
execuções completas e contínuas de um exercício.
O alongamento passivo é um termo geral utilizado para descrever qualquer manobra
fisioterapêutica, elaborada para aumentar o comprimento de estruturas e tecidos
moles patologicamente encurtadas e, desse modo, aumentar a amplitude de
movimento.
Realizou-se uma pesquisa exploratória do tipo bibliográfica, baseada em livros e
artigos científicos para embasamento e fundamentação teórica a respeito da
epicondilite lateral em tenistas e seu respectivo tratamento fisioterapêutico.
O estudo é relevante, pois, com o início da “Era Guga”, tem-se observado um
considerado acréscimo no número de praticantes em todo o Brasil. Grande é o
número de novos alunos que estão adentrando nesse esporte, no qual são
submetidos a uma desgastante rotina de treinamentos e competições e que estão
sendo levados por um grande desgaste físico e ao acometimento de lesões, como,
por exemplo, a epicondilite lateral.
O tênis engloba-se na gama de esportes de raquete, que podem ser jogados ao
redor do mundo. Pode ser praticado por indivíduos de várias faixas etárias, de
ambos os sexos e de diferentes níveis competitivos que, às vezes, faz com que
lesões importantes ocorram.
Neste contexto, esta pesquisa teve por objetivos gerais descrever a anatomia e
biomecânica do cotovelo, definir a patologia epicondilite lateral e relatar as
manifestações clínicas , etiologia e o mecanismo de lesão. Como objetivos
específicos, descrever o método de DeLorme para a epicondilite lateral,
apresentar a conduta fisioterapêutica que utiliza o método e os benefícios do
mesmo. Em relação ao alongamento passivo, apresentar benefícios e precauções bem
como a sua realização.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS E BIOMECÂNICAS DA
ARTICULAÇÃO DO COTOVELO
Segundo Gardner et al. (1988), os músculos anteriores do braço (bíceps braquial,
córaco-braquial e braquial) são inervados pelo músculo-cutâneo e o músculo
posterior ( tríceps braquial ), pelo nervo radial.
Para Kisner e Colby (1998), o bíceps é um músculo biarticular, cruza o ombro e o
cotovelo, e insere-se perto do eixo de movimento do rádio, agindo como supinador
do antebraço, porém é mais efetivo como flexor do cotovelo entre 80 e 100 graus
de flexão.
“O braquial é um músculo uniarticular, não sendo afetado pela posição do
antebraço ou ombro, pois insere-se perto do eixo de movimento da ulna.
“Participa de todas as atividades de flexão do cotovelo.” ( KISNER e COLBY,
1998, p. 328)
O braquial (flexor do cotovelo) é efetivo quando o antebraço se encontra em
supinação ou pronação, pois sua inserção distal é o processo coronóide da ulna
(HALL, 1999).
O braquiorradial funciona principalmente para dar estabilidade à articulação,
pois insere-se distalmente no rádio. Além disso, participa à medida que a
velocidade do movimento de flexão aumenta com a aplicação de uma carga no
antebraço a partir da supinação média para a pronação completa ( KISNER e COLBY,
1998 ).
Conforme Hall (1999), o braquiorradial, devido à sua inserção distal na base do
processo estilóide na parte lateral do rádio, é extremamente efetivo quando o
antebraço estiver na posição neutra.
O tríceps, principal extensor do cotovelo, origina-se no processo olecraniano da
ulna através de um tendão distal comum. Sua inserção fica próxima ao eixo de
rotação do cotovelo, porém o tamanho e a força do músculo fazem com que seja
efetivo como extensor do cotovelo ( id ).
O ancôneo também auxilia na extensão; sua origem é na superfície posterior do
epicôndilo lateral do úmero e a inserção no olécrano da ulna ( id ).
No entendimento de Gardner et al. (1988), os músculos do antebraço são
constituídos por um grupo anterior que são os flexores do punho e dedos e os
pronadores e por um grupo posterior; os extensores do punho e dedos e os
supinadores. Sendo os músculos da região anterior divididos em superficiais e
profundos, são eles: pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo,
flexor superficial dos dedos e flexor ulnar do carpo ( grupo superficial) flexor
longo do polegar e pronador quadrado ( grupo profundo ).
Os músculos da região posterior são os extensores do punho e dedos, sendo
inervados pelo nervo radial ou por seu ramo profundo ( ou pelo interósseo )
Também, são divididos em superficiais ( braquiorradial, extensor do dedo mínimo,
extensor ulnar do carpo e ancôneo) e profundos ( supinador, abdutor longo do
polegar, extensor curto do polegar e extensor do índex) (id).
O extensor radial curto do carpo origina-se no epicôndilo lateral do úmero pelo
tendão comum e insere-se na face posterior da base do segundo e terceiro
metacárpicos. É inervado pelo nervo radial ou pelo ramo profundo. Já o extensor
radial longo do carpo, origina-se na parte inferior da crista supra-condilar e
insere-se na parte posterior da base do segundo e terceiro metacárpicos, sendo
nutrido também pelo nervo radial. Ambos os músculos realizam a extensão da mão,
geralmente em ação com com o extensor ulnar do carpo. Por outro lado, quando se
estendem, são abdutores da mão. Ao atuarem com o flexor radial do carpo,
produzem a abdução isolada ( GARDNER et al., 1988).
O extensor ulnar do carpo origina-se no epicôndilo lateral pelo tendão extensor
comum e, também, na borda posterior da ulna e insere-se na base do quinto
metacárpico. ( DANGELO e FATTINI, 2001).
Para Gardner et al. (1988, p.123) a flexão do antebraço (ou a correspondente
contração sem movimento) que se segue à percussão do tendão de inserção do
bíceps é conhecida como reflexo bicipital. O centro desse reflexo está .no
quinto e sexto segmentos cervicais da medula espinhal.
No entendimento de Kendall et al. (1995), a flexão ( movimento no sentido
anterior) a partir da posição de cotovelo estendido ( 0º grau ) a uma posição
completamente fletida (aproximadamente 145 graus ) e a extensão ( movimento em
direção posterior) a partir da posição completamente fletida a uma posição de
cotovelo estendido são dois movimentos permitidos pela articulação do cotovelo
que ocorrem em torno de um eixo coronal. A extremidade distal do rádio move-se a
partir de uma posição lateral, como na posição anatômica, durante a pronação).
Durante a supinação, ocorre o inverso, ou seja, move-se de uma posição medial
para uma lateral.
“A palma da mão ‘olha’ anteriormente na supinação e posteriormente na pronação”
( KENDALL et al., 1995, p.18).
Conforme Kisner e Colby (1998), na cápsula do cotovelo, englobam-se três
articulações, são elas: a umerorradial ( move-se com flexão e extensão, afetando
primariamente a pronação e supinação), a úmero-ulnar ( articulação primária para
flexão e extensão) e a rádio-ulnar proximal ( participa da pronação e supinação).
Segundo Hamill e Knutzen (1999), a cápsula articular, os flexores, os músculos
extensores e o contato osso a osso do processo coronóide limitam o movimento de
extensão. Já os tecidos moles, limitam a flexão na articulação.
“A articulação rádio-ulnar distal move-se com a articulação rádio-ulnar proximal
como uma unidade funcional para pronação e supinação” ( KISNER e COLBY, 1998, p.
327).
A articulação úmero-ulnar é em dobradiça modificada. A tróclea em formato de
vidro de relógio colocada medialmente na extremidade distal do úmero é convexa.
Posiciona-se anteriormente e para baixo 45 do corpo do úmero. A incisura
troclear é côncava, na ulna proximal, posiciona-se para cima e anteriormente a
45 da ulna ( KISNER e COLBY, 1998, p. 327 ).
Um leve deslizamento medial e lateral da ulna permite a amplitude de movimento
completa do cotovelo, o que resulta em uma angulação em valgo da articulação com
a extensão do cotovelo. A tróclea provê uma superfície convexa quando o osso se
move de medial para lateralmente. A incisura troclear é uma superfície côncava,
pois o deslizamento da ulna é oposto ao movimento do osso (id).
No entendimento de Gardner et al. (1988), a juntura do cotovelo, em dobradiça, é
um gínglimo formado entre o úmero e os ossos do antebraço, sendo subdividida em
junturas umerorradial e úmero-ulnar. É indicada aproximadamente por uma linha
horizontal cerca de 2 a 3 cm do epicôndilo.
“A articulação umerorradial é do tipo dobradiça-pivô. O capítulo esférico
posicionado lateralmente na extremidade distal do úmero é convexo. A parte óssea
côncava , a cabeça do rádio, está na extremidade proximal do rádio” ( KISNER e
COLBY, 1998, p. 327).
Segundo Kisner e Colby ( 1998 ), articulação radio-ulnar ( proximal e distal) é
pivô uniaxial e realiza a pronação e supinação do antebraço. A articulação
rádio-ulnar proximal encontra-se na cápsula do cotovelo, mas é uma articulação
distinta. A borda convexa da cabeça do rádio articula com a incisura radial
côncava da ulna de modo que, com a rotação do rádio, a borda convexa se move
para o lado oposto ao movimento ósseo. Com a rotação da cabeça do rádio, ela
gira no ligamento anular e contra o capítulo do úmero.
“As articulações rádio-ulnares são articulações trocóides ou de pivô, formadas
pela articulação do rádio e da ulna, proximalmente e distalmente” (KENDALL et
al., 1995, p. 18).
Para Kisner e Colby ( 1998 ), a articulação do cotovelo possui uma capsular
articular frouxa, suportada pelos ligamentos colateral ulnar ( medial ) e
colateral radial (lateral).
Conforme Hamill e Knutzen ( 1999 ), os ligamentos colaterais (ulnar e radial)
suportam a articulação do cotovelo. A ulna conecta-se ao úmero pelo ligamento
ulnar, e esse, suporta e resiste às sobrecargas em valgo impostas sobre a
articulação do cotovelo.
De acordo com Kapandji (2000), o ligamento lateral interno é constituído pelos
fascículos anterior e posterior ( ou ligamento de Bardinet ). No fascículo
anterior, as fibras mais anteriores reforçam o ligamento anular e as fibras
transversais do ligamento de Cooper reforçam o fascículo posterior. Além disso,
há a epitróclea, o olécrano, a corda de Weitbrecht e o tendão do bíceps, que se
insere na tuberosidade biccipital do rádio. No ligamento lateral externo, há o
fascículo anterior, médio e posterior, onde os dois primeiros são reforçados
pelo ligamento anular ( pela frente e por trás, respectivamente).
Para Hamill e Knutzen (1999), o ligamento anular é importante para função e
suporte do rádio, pois ele segura o rádio na articulação do cotovelo e, além
disso, permite que ele gire nos movimentos de pronação e supinação.
O ligamento anterior e o oblíquo anterior reforçam a cápsula pela frente. Por
trás, ela está reforçada por fibras transversais ( KAPANDJI, 2000 ).
2.2 EPICONDILITE LATERAL
2.2.1 Conceito
Segundo Andrews et al. (2000), a epicondilite lateral foi descrita pela primeira
vez por Runge, que observou essa condIção na população geral. A prevalência da
epicondilite lateral aumentou com a participação no tênis, daí a designação
genérica de cotovelo de tenista ( tennis elbow ). A epicondilite é uma lesão por
uso excessivo (overuse) que acomete habitualmente a origem (epicôndilo) do
extensor radial curto do carpo ( ECRC ) e, em menor grau, o extensor radial
longo do carpo ( ELRC ) e a porção anterior do extensor comum.
No entendimento de Hebert et al. (2003), há, no tênis, os seguintes movimentos
de técnicas desportivas, tais como: o smash, backhand, forehand e o saque, onde
cada um deles utiliza grupamentos musculares específicos. No forehand, a ação
preferencial localiza-se no epicôndilo medial e, no backhand, no epicôndilo
lateral. No saque e smash, localiza-se no punho e ombro.
2.2.2 Etiologia
Conforme Vretaros (2002), os atletas praticantes de tênis de campo competitivo,
devido ao excesso de treinamento e participações em competições, estão
susceptíveis a diversos tipos de estresses de ordem fisiológica e biomecânica,
podendo ocasionar lesões músculo-esqueléticas. Além disso, são fatores que
também contribuem para o aparecimento de lesões o uso inadequado do material
esportivo, aliado à técnica incorreta de treinamento e as condições da quadra.
Pode-se diagnosticar, avaliar, reabilitar e prevenir o surgimento de lesões
através da interação dos profissionais que constituem a comissão técnica. O
preparador físico, responsável pelo condicionamento físico dos tenistas, e os
demais membros da equipe desempenham um papel importante para o retorno do
tenista à sua prática esportiva após o processo de reabilitação.
De acordo com Hebert et al. (2003), pode-se citar como causas predisponentes:
temperatura inadequada, falta de condicionamento físico, erros no treinamento (
intensidade, freqüência e continuidade ), mudanças repentinas nas condições em
geral ( como as características da raquete: mudanças da tensão do encordoamento,
do “grip” da raquete ).
No entendimento de Kisner e Colby (1998), o uso repetitivo ou excessivo do punho
e antebraço é a causa mais comum da epicondilite, ocasionando micro-lesões e
lacerações parciais quando há distensão excessiva dos tecidos e quando a demanda
excede o processo de reparo. Com a irritação contínua, a inflamação torna-se
crônica.
Conforme Hall (1999), ao utilizar uma técnica precária e equipamento inadequado,
a quantidade de força sobre o epicôndilo lateral aumenta durante a partida de
tênis, como, por exemplo, o uso de raquetes excessivamente sensíveis e as
rebatidas fora do centro da raquete podem aumentar a quantidade de força
transmitida ao cotovelo.
2.2.3 Mecanismo de lesão
Para Andrews et al. (2000),o ECRC, é susceptível a um maior estresse quando o
punho é fletido, com a ulna desviada, o cotovelo em extensão e o antebraço em
pronação, pois o músculo ECRC terá que sofrer um alongamento de 1,1 cm para
permitir a flexão e pronação plenas do punho. Esse é o mesmo princípio que
vigora com o backhand no tênis, predispondo o tenista à dor epicondiliana
lateral. Essa dor é reproduzida, geralmente, quando a raquete encontra a bola. É
nesse ponto de contato da raquete com a bola que os músculos extensores
contrair-se-ão para estabilizar o punho e segurar a raquete. Isso resulta em
contração muscular repetitiva, produzindo sobrecarga crônica, causando assim a
dor epicondiliana lateral.
Segundo Giangarra et al. ( apud ANDREWS et al., 2000 ), os resultados da
comparação das atividades dos músculos extensores em tenistas de elite, durante
os golpes do tipo backhand com uma ou ambas as mãos, sugeriram um mecanismo
deficiente como a principal causa da epicondilite lateral, pois mostrou-se que
há diferenças entre esses dois tipos de golpes.
De acordo com Hamill e Knutzen (1999), as lesões por uso repetitivo do cotovelo
ocorrem geralmente em conseqüência do uso excessivo dos extensores de punho em
seu local de inserção sobre o epicôndilo lateral. Esse uso excessivo ocorre na
medida em que os extensores de punho desaceleram excentricamente ou resistem a
qualquer movimento de flexão do punho.
2.2.4 Manifestações clínicas
Conforme Andrews et al. (2000), os indivíduos queixam-se, em geral, de aumento
da dor ao nível do epicôndilo lateral. Observa-se que há hipersensibilidade
localizada sobre o epicôndilo lateral e que a extensão resistida de punho
agravam os sintomas. Além disso, a força de preensão pode diminuir e o ato de
segurar ou apertar pode irradiar a dor para o epicôndilo sintomático.
2.3 PREVENÇÃO
As lesões musculares podem ser evitadas através de um bom condicionamento
físico, aeróbico, trabalhando a força adequadamente e mantendo um bom
alongamento da musculatura. Pode-se prevenir o surgimento de lesões através da
interação entre os profissionais que constituem a comissão técnica, como, por
exemplo, o preparador físico ( responsável pelo condicionamento físico dos
tenistas ) e os demais membros da equipe ( VRETAROS, 2002 ).
Segundo Hebert et al. (2003), a bola a ser rebatida deve estar mais distante do
solo do que a mão do atleta empunhando a raquete, o cotovelo deve permanecer em
média prono-supinação e, no momento da rebatida, deve haver paralelismo entre o
posicionamento dos membros inferiores e a raquete.
O aquecimento antes de iniciar um exercício ajuda a evitar lesões. O exercício
em um ritmo relaxado durante três ou dez minutos aquece os músculos o suficiente
para torná-los mais flexíveis e resistentes à lesão. Este método ativo prepara
os músculos para a prática de exercícios de modo mais eficaz do que os métodos
passivos.
Um aquecimento reduz a quantidade de dores musculares e articulares sentidas
durante os estágios iniciais de um programa de exercícios, podendo diminuir o
risco de lesões ( WILMORE e COSTILL, 2001 ).
Os exercícios de alongamento não parecem evitar as lesões, mas alongam os
músculos de uma tal forma que eles podem contrair mais eficazmente e apresentar
melhor desempenho.
Conforme Foss e Keteyian (2000), a realização de exercícios de alongamento que
aumentam a flexibilidade podem prevenir a ocorrência de lesões sérias durante a
competição atlética subseqüente e, além disso, são excelentes como parte de um
programa de volta à calma.
2.4 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
2.4.1 Anamnese
O paciente relata dor sobre o epicôndilo lateral, irradiada ao longo dos
músculos extensores que se inicia gradualmente, tornando-se intensa e
persistente. Ao realizar pequenos movimentos do cotovelo, a dor agrava-se,
podendo impedir a realização de atividades comuns, tais como: abrir uma porta,
escovar os dentes, escrever e cumprimentar. A mobilização passiva e ativa do
cotovelo são normais.
Segundo Andrews et al. (2000), ao exame físico, observam-se hipersensibilidade
localizada sobre o epicôndilo lateral e dor à extensão resistida de punho,
agravando os sintomas. Além disso, a força de preensão pode estar diminuída,
logo o ato de segurar ou apertar pode irradiar a dor para o epicôndilo
sintomático.
2.4.2 Exame Físico
2.4.2.1 Palpação
Para Cipriano (1999), o epicôndilo lateral é uma protuberância relativamente
grande na extremidade distal lateral do úmero. Fixado ao côndilo está o tendão
extensor comum. Deste tendão, originam-se o extensor radial curto do carpo,
extensor comum dos dedos, extensor do dedo mínimo e extensor ulnar do carpo. Com
o cotovelo do paciente flexionado a 90°, palpar o epicôndilo lateral e a crista
supracondiliana com os dedos indicador e médio.
2.4.2.2 Inspeção
A observação da área dolorosa pode revelar edema e a palpação da área causa dor
ao atleta. Observar qualquer dor à palpação, inflamação e elevação de
temperatura em qualquer localização. Estes sinais podem indicar uma inflamação
do epicôndilo lateral ( epicondilite ) ou uma distensão do tendões extensores do
punho ( CIPRIANO, 1999).
2.4.2.3 Testes
De acordo com Cipriano (1999), os testes são os seguintes:
* Teste de Cozen: Com o paciente sentado, estabilizar o antebraço. Instruir o
paciente a fechar o punho e estendê-lo. A seguir, forçar o punho estendido para
flexão contra resistência.
Os tendões que estendem o punho estão fixados no epicôndilo lateral, são eles: o
extensor radial curto do carpo, extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo e
extensor ulnar do carpo. Se o próprio côndilo ou tendão estiverem inflamados,
então ao forçar o punho estendido para flexão, a irritação do epicôndilo lateral
e seus tendões inseridos é reproduzida. Se for provocada dor no epicôndilo
lateral, deve-se suspeitar da sua inflamação ( epicondilite ).
* Teste de Mill: Com o paciente sentado, instrui-lo a pronar o braço e flexionar
o punho. A seguir, orientá-lo a supinar o braço contra resistência.
O tendão do músculo supinador, que supina o punho, é fixado no epicôndilo
lateral. Se o próprio côndilo ou tendão do supinador que se fixa no côndilo
estiver inflamado, resistir à supinação do punho pode reproduzir a irritação do
epicôndilo lateral e de seus tendões inseridos. Se for provocada dor no
epicôndilo lateral, deve-se suspeitar da sua inflamação.
2.5 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
2.5.1 Método de DeLorme
Após a segunda guerra mundial, demonstrou-se a importância do exercício
resistido progressivo no incremento muscular e hipertrofia para a reabilitação
de militares ( GUTIÉRREZ et al., 2003 ).
Segundo Andrews et al. (2000), o método baseia-se na quantidade de peso que pode
ser conduzido através da amplitude plena de movimento por 10 repetições. Esse
nível máximo de 10 repetições ( 10 RMs ) era determinado uma vez por semana e
uma série de exercícios com esse valor de 10 RMs era repetida de 7 a 10 vezes
durante uma sessão de exercício. Isso corresponde a 70 a 100 repetições. No
último dia de cada semana, o peso máximo para uma única repetição ( 1 RM ) era
determinado e o valor de 10 RMs para a semana seguinte era determinado com base
nesse valor de 1 RM. Sendo assim, é um exercício de alta resistência,
caracterizado pela realização de uma série inicial de 50% em 10 repetições
(10RMs), uma segunda série com 75% em 10 RMs e uma terceira com 100%, também em
10RMs, onde a repetição se refere ao número de execuções completas e contínuas
de um exercício.
Conforme DeLorme e Watkins apud Foss e Keteyian (2000), uma repetição máxima é a
carga máxima que um grupo muscular consegue levantar em um determinado número de
repetições antes de fadigar-se. O programa de exercícios consiste em um total 30
repetições por sessão de treinamento, divididas em 3 séries e 10 repetições. Em
programas com freqüência de treinamento de 3 dias por semana com duração de 8 a
12 semanas, há maior aprimoramento da força obtido com 3 séries, cada uma delas
com 6 RM. Em geral, o numero de repetições máximas fica em algum ponto entre
três e nove.
Os programas de endurance ( resistência ) e força consistem em três sessões de
treinamento por semana durante seis ou sete semanas, onde cada sessão do
treinamento de endurance é composta por flexões de cotovelo com um ritmo de
quarenta repetições por minuto com uma carga de cinco quilos até alcançar a
exaustão. O programa consiste em roscas de braço, realizadas progressivamente,
porém a progressão implica um total de trinta repetições e como tal não deve ser
considerada um programa de poucas repetições, visto que vinte das trinta
repetições eram completadas utilizando-se menos de cem por cento das cargas de
dez RM, sendo semelhante ao treinamento de endurance muscular. Diante disso,
contata-se que a força isotônica pode ser aprimorada de maneira mais
significativa com um programa de treinamentos com pesos envolvendo doze
repetições de uma carga máxima de oitenta por cento do que com vinte repetições
de uma carga máxima de cinqüenta por cento ( FOSS e KETEYIAN, 2000 ).
A progressão define-se como a “ação de mover para frente ou avançar em direção a
um objetivo específico”. No treinamento resistido, progressão significa melhoria
contínua em uma variável desejada, com o passar do tempo, até que o objetivo
final seja alcançado, ou seja, o programa de treinamento deve ser progressivo
para produzir aumentos substanciais e contínuos na força e hipertrofia
musculares. Além dessas, há outras variáveis, tais como: velocidade, equilíbrio,
capacidade de saltar, flexibilidade e outras medidas de performance motora
também têm sido positivamente estimuladas pelo treinamento. Através da
sobrecarga progressiva, há um aumento gradual do estresse imposto ao organismo
durante o treinamento. A tolerância dessa sobrecarga aumentada é a preocupação
vital para o treinador e o médico monitorarem a progressão do programa ( KRAEMER,
2002 ).
Quando se deseja desenvolver a força, devem ser utilizados exercícios com
resistência progressiva na zona de sobrecarga ( FOSS E KETEYIAN, 2000).
De acordo com Kraemer (2002), para que a musculatura seja sobrecarregada de
forma progressiva, aumenta-se o número de vezes ( das repetições ) ou das séries
de execução do exercício. O indivíduo aumenta a resistência a qual está
habituado, o aparelho muscular é sobrecarregado e ocorre, então, o
condicionamento.
No entendimento de Foss e Keteyian (2000), ao aplicar o princípio de sobrecarga
nos programas de treinamento com pesos, deve-se aumentar a resistência contra a
qual o músculo trabalha durante todo o transcorrer do programa à medida que o
músculo ganha em força e resistência. O principio de sobrecarga progressiva
constitui também um pré-requisito ao aprimoramento da endurance muscular.
Para Gutiérrez et. al (2003), a capacidade do sistema neuromuscular para gerar
tensão é necessária em qualquer tipo de movimento. As fibras musculares
classificadas de acordo com suas características contráteis e metabólicas
mostram uma relação linear entre sua área da secção transversa e a máxima
quantidade de força que podem gerar tensão. Os exercícios com peso são
conhecidos, na área esportiva, como musculação, esta devido a cuidados técnicos
é praticamente isenta de lesões, pois todos os fatores que promovem lesões podem
ser controlados e adaptados a qualquer pessoa. Estes exercícios são anaeróbios (
sem dispêndio de oxigênio ), porém a intensidade somente será alta quando o grau
de esforço também o for. A qualidade de vida, do ponto de vista biomecânico,
depende basicamente de força e de flexibilidade; os exercícios com peso
estimulam ambas as qualidades.
Nas adaptações do sistema músculo-esquelético, sempre que a contração muscular
encontra resistência, ocorre tensão em todas as estruturas do músculo. Essa
tensão aumentada estimula os mecanismos de hipertrofia, hiperplasia e
proliferação conjuntiva muscular ( id ).
Conforme Hernandes Júnior (2000), os aumentos de performance, advindos do
treinamento, resultam em parte das alterações fisiológicas que o treinamento
acarreta sobre o organismo. As alterações representam os mecanismos de resposta
que o organismo apresenta mediante a aplicação dos diferentes tipos de
estímulos. Os efeitos fisiológicos do treinamento são divididos em três
categorias, são elas: alterações bioquímicas, cardiorrespiratórias e outras
alterações induzidas pelo treinamento. Esta divisão pode ser efetuada de acordo
com o tipo de sistema energético solicitado, onde em resposta ao tipo de
estimulação, têm-se:
Mudanças na composição corporal em que o conteúdo da massa adiposa tende a
diminuir enquanto o conteúdo da massa magra tende a maximizar-se, sendo que esse
aumento da massa muscular é mais pronunciado na solicitação anaeróbia,
principalmente quando utilizado o treinamento com pesos.
O efeito de diminuição do tecido adiposo é comum, ocorrendo, em decorrência
disso, uma redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos.
A diminuição dos valores da pressão arterial que ocorre devido ao aumento de
eficiência do miocárdio, conjugado a um processo de facilitação da circulação
sanguínea.
Facilitação ao processo de adaptação ao calor, pois devido às altas temperaturas
que o organismo atinge durante o esforço físico, os mecanismos de ajustes e
controle da temperatura corporal tornam-se mais eficientes, facilitando o
processo de adaptação ao calor.
Observa-se o aumento da massa óssea em atletas, pois esse aumento é bem mais
significativo através do treinamento com pesos.
As variações dos exercícios com resistência progressiva para treinamento com
peso servem para determinar o número ideal de séries e repetições, assim como a
intensidade e freqüência relativa do treinamento necessário para aprimorar a
força muscular, tem sido demonstrado que variar volume e intensidade
sistematicamente é mais eficaz para a progressão a longo prazo. O conceito de
variação tem sido universalmente enraizado na programação do treinamento. A
variação sistemática das variáveis de treinamento de força ( volume e
intensidade ) tem sido utilizada para melhorar tanto o rendimento como a
recuperação. Não obstante, o uso do conceito da periodização não está limitado
aos atletas de elite o sujeito experimentado em treinamento de força ( GUTIÉRREZ
e FERNANDEZ , 2004 ).
Do ponto de vista da aptidão física, o treinamento com pesos estimula o
desenvolvimento da capacidade contrátil dos músculos esqueléticos, da sua
capacidade metabólica e da flexibilidade articular. A força é desenvolvida
devido ao aprimoramento neuromuscular sob a forma de recrutamento de unidades
motoras e também pela hipertrofia dos músculos. O aprimoramento das capacidades
contrátil e metabólica dos músculos esqueléticos , aumento da vascularização
muscular e da capacidade contrátil do coração induzidos por esse treinamento
determinam o aumento da resistência aos esforços mais comuns do trabalho e das
atividades diárias ( id ).
Em paralelo com os benefícios em aptidão para as tarefas de vida diária e do
trabalho físico, o treinamento com peso apresenta os efeitos do ponto de vista
de saúde, como o aumento da força muscular e da mobilidade articular, estes
podendo ser decisivos à preservação e reabilitação funcional de articulações com
processos degenerativos ou inflamatórios crônicos dentre esses a epicondilite
lateral ( id ).
No entendimento de Kraemer (2002), os exercícios resistidos são utilizados para
ativar os músculos fracos e restaurar o equilíbrio da força muscular que é
essencial para a estabilidade e o movimento coordenado.
Para Gold III (1993), a eficácia do treinamento ativo resistido ( TAR ) depende
dos níveis de desempenho físico de cada indivíduo, mas a análise dos fatores que
limitam esse treinamento é um esforço complexo, por isso Kearney desenvolveu um
esquema organizacional, onde ele pressupõe que o componente central do TAR seja
o desempenho físico, envolvendo três fatores primários: habilidade,
condicionamento cardiovascular e coordenação neuromuscular.
No tênis, deve-se utilizar o metabolismo anaeróbio e aeróbio para produzir
energia. Isto significa que o treinamento ótimo para o tenista deve incluir uma
combinação de atividades de alta intensidade e curta duração com exercícios mais
prolongados e de menor intensidade ( BATSON et al., 2005 ).
Os tenistas conseguem melhorar a resistência ao mesmo tempo em que melhoram suas
habilidades, trabalhando com um parceiro que, de maneira intermitente, faz
jogadas de lençol ( lobs ) e “drops shots”, exigindo que o outro corra a toda
velocidade, indo do fundo da quadra até a rede ( id ).
Ao utilizar equipamento mecânico, o fisioterapeuta pode medir quantitativamente
a força de fundo do paciente antes de iniciar o programa de exercícios e tem
medida objetiva de melhora com o tempo. O paciente também pode ver progressos
mensuráveis. O nível de resistência aplicada durante o exercício determinado não
é limitado pela força do fisioterapeuta. O uso de equipamento também ajuda a
variar um programa de exercícios mesmo nos estágios iniciais da reabilitação
quando a força do paciente pode estar ainda bastante limitada ( KISNER e COLBY,
1998 ).
2.5.2 Alongamento passivo
O alongamento passivo é um termo geral utilizado para descrever qualquer manobra
fisioterapêutica elaborada para aumentar o comprimento de estruturas de tecidos
moles patologicamente encurtadas e, desse modo, aumentar a amplitude de
movimento. Os procedimentos do alongamento passivo são classificados pelo tipo
de força de alongamento aplicada pela intensidade e duração do alongamento.
Através desse alongamento, os tecidos contráteis e não contráteis podem ser
alongados (KISNER e COLBY, 1998).
No alongamento passivo manual, o fisioterapeuta aplica uma força externa,
controlando a direção, velocidade, intensidade e duração do alongamento dos
tecidos moles que causam contratura e restrição da mobilidade articular, onde os
tecidos são alongados além do seu comprimento de repouso. Este tipo de
alongamento leva as estruturas à amplitude de movimento livre, esta é aplicada
somente dentro da amplitude disponível sem restrição. Quando aplicado
corretamente, o alongamento manual passivo, é lento e delicado, sendo a força de
alongamento mantida e, geralmente, aplicada preferivelmente por 15 a 30 segundos
e repetida diversas vezes em uma sessão de exercícios, tendo assim menor
possibilidade de facilitar o reflexo de estiramento e aumentar a tensão no
músculo que está sendo alongado; às vezes é chamado de alongamento estático ( id
).
Segundo Foss e Keteyan ( 2000 ), o alongamento estático consiste em distender
sem “sacudir” nem forçar, mantendo-se a seguir a posição distendida final por
determinado período de tempo.
Conforme Marchand (2002), o alongamento estático ou passivo consiste em
permanecer em uma determinada postura e receber uma força externa para que os
movimentos sejam efetuados.
No entendimento de Dantas (2000), o método passivo (ou flexionamento estático) é
aplicado lentamente, devendo chegar ao limite normal do arco articular do atleta
( limiar entre o alongamento e o flexionamento ), forçar suavemente além desse
limite, aguardar cerca de seis segundos para então realizar novo forçamento
suave, procurando alcançar o maior arco de movimento possível. O arco de
movimento articular, neste ponto, deve ser mantido por dez a quinze segundos.
Então, repete-se a rotina por três a seis séries com intervalo de descontração
entre elas, tendo por objetivo o aumento da flexibilidade devido ao incremento
prioritário sobre a mobilidade articular.
Na flexibilidade passiva, não há participação da pessoa que se movimenta, ou
seja, é necessário estar bem relaxada para evitar a participação no maior grau
possível dos músculos ( MARCHAND, 2002 ).
A amplitude articular no indivíduo sadio é influenciada pelos ligamentos,
comprimentos dos músculos e tendões e tecidos moles. Em pessoas com problemas
patológicos, as limitações podem agravar-se por processos inflamatórios, redução
da quantidade de líquido sinovial, presença de corpos estranhos na articulação e
lesões cartilaginosas ( WERLANG 1997 apud MARCHAND, 2002 ).
2.5.2.1 Benefícios
Como benefícios atingidos com exercícios de alongamento pode-se citar: redução
das tensões musculares, melhora da coordenação, maior grau de mobilidade,
desenvolvimento da consciência corporal, liberação de movimentos bloqueados por
tensões emocionais, ativação da circulação e melhora da capacidade mecânica dos
músculos e articulações ( ANDERSON,1983 apud MARCHAND, 2002 ).
De acordo com Kisner e Colby (1998), para que o alongamento seja realizado, são
necessárias precauções, tais como:
Não forçar passivamente uma articulação além de sua amplitude de movimento
normal, lembrando-se de que essa amplitude varia entre indivíduos normais.
Evitar alongamento vigoroso de músculos e tecidos conectivos que foram
imobilizados por um período prolongado de tempo e alongar tecido edemaciado,
visto que esse é mais susceptível à lesão que o tecido normal. A irritação
contínua dos tecidos edemaciados, geralmente, provoca aumento do quadro álgico e
edema.
Evitar alongar músculos fracos, particularmente aqueles que suportam estruturas
corporais com relação à gravidade.
O paciente, ao apresentar dor articular ou muscular com mais de 24 horas de
duração, é sinal de que utilizou-se força excessiva durante o alongamento, ou
seja, está ocorrendo uma resposta inflamatória e ocorrerá aumento na formação de
tecido cicatricial, logo o paciente não deve apresentar desconforto residual
maior que uma sensação passageira de hipersensibilidade.
Para Foss e Keteyian (2000), a realização de exercícios de alongamento que
aumentam a flexibilidade podem prevenir a ocorrência de lesões sérias durante a
competição atlética subseqüente e, além disso, são excelentes como parte de um
programa de volta à calma (esfriamento).
Com o treinamento regular de exercícios de alongamento, é obtida a melhora da
flexibilidade, pois esses exercícios favorecem a amplitude de movimento de uma
articulação, dita normal, atuando principalmente sobre a elasticidade muscular.
O estímulo, além de atuar sobre a elasticidade muscular, atua também na
mobilidade muscular quando a amplitude excede ao normal ( MARCHAND, 2002 ).
Conforme Gentil (2005), na prática, há várias maneiras de aproveitar o exercício
de alongamento, como por exemplo utilizam-no entre suas séries, tendo cuidado
com a intensidade, pois um exagero na amplitude ocorrida na hora e formas
erradas podem ocasionar lesões nos músculos e demais tecidos, levando ao
afastamento dos treinos por um bom tempo. Isso refere-se a alongamentos
intensos, por tanto, sendo entendido como treino de flexibilidade.
O alongamento tem como meta geral restabelecer a amplitude de movimento normal
das articulações e a mobilidade dos tecidos moles que cercam uma articulação.
Como metas específicas, prevenir contraturas irreversíveis, aumentar a
flexibilidade geral de uma parte do corpo antes de exercícios vigorosos de
fortalecimento e evitar ou minimizar o risco de lesões músculo-tendíneas às
atividades físicas e esportes específicos ( KISNER e COLBY, 1998 ).
2.5.2.2 Fisiologia do alongamento
Segundo Kisner e Colby (1998), estão dentro das propriedades neurofisiológicas o
fuso neuromuscular e o órgão tendinoso de golgi ( OTG ). O fuso neuromuscular,
principal órgão sensitivo do músculo, composto por fibras intrafusais
microscópicas paralelas à fibra extrafusal, monitora a velocidade e duração do
alongamento, detectando as alterações no comprimento do músculo. Já o OTG,
mecanismo de proteção que inibe a contração do músculo no qual ele está,
localiza-se próximo à junção músculo-terdínea, enrola-se nas extremidades
extrafusais do músculo, sendo sensível à tensão provocada pelo alongamento
passivo e pela contração muscular; possui alto limiar de disparo para o
alongamento passivo. Quando se desenvolve tensão excessiva em um músculo, ele
dispara, inibindo a atividade dos motoneurônios alfa e diminuindo a tensão no
músculo. O que determina se os sarcômeros individuais no músculo estão alongados
durante o processo de alongamento é a tração.
De acordo com Andrews et al. (2000), a quantidade e duração de força aplicada e
a temperatura do tecido durante a realização do alongamento são fatores que
determinam o grau de alongamento elástico ou plástico do tecido conjuntivo.
Um músculo, ao ser alongado passivamente, terá o alongamento inicial, ocorrendo
no componente elástico em série e a tensão aumentada agudamente. Cada sarcômero
retorna a seu comprimento de repouso quando a força de alongamento é liberada,
logo a tendência do músculo em retornar a seu comprimento de repouso após um
alongamento de curta duração é a elasticidade.
2.5.2.3 Conduta
Conforme Kisner e Colby (1998), como procedimento para alongar os extensores do
cotovelo, o fisioterapeuta segura o antebraço do paciente distalmente bem
próximo ao punho, estabiliza o úmero e flexiona o cotovelo, indo além do ponto
de retração para alongar os extensores do cotovelo. Ao alongar os flexores, o
fisioterapeuta segura o antebraço do paciente distalmente, estabiliza a escápula
e a face anterior do úmero proximalmente e estende o cotovelo o máximo possível.
Dentre os músculos que cruzam o cotovelo, o bíceps e o braquiorradial
influenciam também a supinação e pronação do antebraço. Assim, ao alongar os
flexores e extensores, o antebraço deve estar pronado ou supinado. Antes de
iniciar o alongamento, o fisioterapeuta deve explicar as metas do mesmo ao
paciente, posicioná-lo em posição confortável ( o mais relaxado possível ),
permitindo o melhor plano de movimento para que seja realizado o procedimento,
onde a direção do alongamento é exatamente oposta à direção da retração e, além
disso, explicá-lo que os procedimentos serão de acordo com seu limite de
tolerância. Durante o alongamento, o fisioterapeuta move o membro lentamente
pela amplitude livre até o ponto de restrição e segura proximal e distalmente à
articulação onde ocorre o movimento ( id ).
Para Marques (2002), pode-se realizar alongamento passivo dos extensores e
flexores de punho com três repetições durante vinte segundos cada uma.
No entendimento de Kisner e Colby (1998), a amplitude completa não é alcançada
em uma ou duas sessões de tratamento, pois o aumento da flexibilidade é um
procedimento lento e gradual. Então, pode-se levar várias semanas de tratamento
até que se observem resultados significativos.
Para aumentar a supinação ou pronação do antebraço, o fisioterapeuta, com o
úmero do paciente apoiado na maca e o cotovelo fletido a 90°, segura o antebraço
dele distalmente; estabiliza o úmero e realiza a supinação ou pronação do
antebraço logo acima do ponto de retração. A força é aplicada ao rádio, rodando
ao redor da ulna sem ( torcer a mão ). Então, repete-se o procedimento com o
cotovelo estendido, certificando-se de que o úmero esteja estabilizado a fim de
prevenir rotação interna ou externa do ombro ( id ).
3 CONCLUSÃO
Nos dias de hoje, as pessoas estão despertando-se para a importância da atuação
da fisioterapia nas diversas áreas, entre elas a desportiva devido ao aumento de
praticantes nos esportes, deixando assim muitos lesionados, o que leva a uma
procura incessante da reabilitação acelerada e uma volta mais rápida à prática
esportiva.
É possível diagnosticar, avaliar, reabilitar e prevenir com sucesso o surgimento
dos diferentes tipos de lesões que cerceiam o tênis, livrando assim os tenistas
da epicondilite lateral.
O método de DeLorme, exercício com resistência progressiva, tem por objetivo
aumentar a força e hipertrofia musculares. Já o alongamento passivo, é elaborado
para aumentar o comprimento de estruturas de tecidos moles patologicamente
encurtadas e, desse modo, aumentar a amplitude de movimento. Além disso, visa
reduzir as tensões musculares, melhorar a coordenação, desenvolver a consciência
corporal, liberar movimentos bloqueados por tensões emocionais, ativar a
circulação e melhorar a capacidade mecânica dos músculos e articulações e maior
grau de mobilidade.
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