Artroplastia ou Prótese Total do
Quadril se caracteriza pela substituição ou troca da articulação do quadril.
Esta cirurgia foi idealizada por ortopedistas para restabelecer a função da
articulação coxo-femoral. Muitas doenças acometem esta articulação, sendo que as
mais importantes são: Artrose de Quadril e Fraturas do Colo do Fêmur.
As primeiras próteses idealizadas foram confeccionadas com materiais que tinham
pouca bio-compatibilidade. Entre eles podemos citar o ouro, acrílico, vidro,
baquelite, etc. As próteses atuais são feitas de materiais totalmente
bio-compatíveis. Os mais empregados são: polietileno de alta densidade, cobalto,
cromo-titânio, polimetilmetacrilato.
Existem vários tipos de prótese de quadril. A indicação de usar uma ou outra
prótese depende da idade do paciente, do tipo de doença, da qualidade do osso e
da experiência do cirurgião.
Tipos de Prótese:
. Prótese cimentada
. Prótese não-cimentada
. Prótese Híbrida
. Prótese Cefálica uni-polar
. Prótese Cefálica bi-polar
. Endo-prótese
. Prótese em Copa
A prótese cimentada é aquela em que usa-se cimento ósseo para fixar o componente
acetabular na bacia e a parte femoral no fêmur. A mais utilizada é a prótese de
Charnley. O acetábulo é confeccionado com polietileno de alta densidade (tipo
especial de plástico) e a parte femoral é feita de liga metálica
cobalto-cromo-titânio. Normalmente usamos esta prótese em pacientes com idade
mais avançada.
A prótese não-cimentada é aquela em que fixamos suas partes (acetábulo e
componente femoral) diretamente na superfície óssea, sem a utilização de
cimento. Este tipo é indicado para pessoas mais jovens, com boa qualidade óssea.
Na prótese híbrida, o componente acetabular é fixado à bacia através de
parafusos, sendo o componente femoral fixado com cimento ao fêmur. É usada em
pacientes com até 75 anos de idade.
As próteses uni e bi-polares são utilizadas em pacientes idosos, com fratura do
colo do fêmur e que necessitam sair do leito o mais precoce possível.
As endo-próteses são utilizadas para a substituição de grandes segmentos ósseos,
como no caso de um tumor que comprometa a parte superior do fêmur.
As próteses em copa estão em desuso, sendo utilizadas eventualmente em pacientes
com fratura de acetábulo em péssimas condições de saúde, pois uma prótese total
necessita de maior tempo cirúrgico e anestésico, dificilmente suportado por esse
tipo de paciente.
Para a realização da cirurgia de prótese, o paciente deve estar hospitalizado e
ter uma série de exames complementares. O ato cirúrgico é realizado em ambiente
totalmente estéril e com equipe cirúrgica bem treinada. Normalmente esta
cirurgia dura 3 horas. Após a cirurgia, o paciente deverá permanecer na Unidade
de Tratamento Intensivo - U.T.I. - durante 24 horas.
Os cuidados após a cirurgia são muito importantes. Dependendo do tipo de
prótese, o paciente deverá ficar até 45 dias sem apoiar o membro operado.
Tais cuidados incluem:
- Ao levantar de uma cama baixa, sempre usar o membro inferior não operado
para apoio;
- Ao sentar, procurar usar cadeiras altas e sentar sempre com as pernas abertas;
- Ao usar o sanitário, não curvar o corpo para a frente;
- Não vestir meias sozinho;
- Ao deitar de lado, usar sempre um travesseiro entre as pernas;
Novas próteses surgem no mercado para atender às pessoas mais jovens que, por
diversas razões, precisam fazer uma artroplastia, e precisam ser aperfeiçoadas,
pois o organismo tem reações celulares às pequenas partículas que são liberadas
pelo encaixe plástico (polietileno) ou pelas partículas de metal ou do próprio
cimento ortopédico que foi usado para fixação. Todos esses produtos causam
reação óssea tipo osteoporose, que deixa a prótese frouxa, causa dores ou quebra
o osso. Todo esse desgaste pode ser assintomático.
A cirurgia de artroplastia do quadril é geralmente bem sucedida e as
complicações são raras. As possibilidades são que 95% das vezes não ocorra
nenhum problema sério. A complicação mais temível ‚é uma infecção. A
possibilidade que ocorra uma infecção em um quadril que nunca foi operado antes
é de menos de 1 por cento. A infecção pode ser causada por bactérias que entram
no quadril no momento da operação. As precauções que se tomam contra a infecção
são certos cuidados no momento da cirurgia e o uso de antibióticos durante o
período de internação hospitalar. As infecções podem ser introduzidas no quadril
pela corrente sangüínea a qualquer tempo depois da operação. Se o paciente que
foi submetido a uma artroplastia total do quadril tiver um infecção bacteriana
em qualquer parte do corpo, deve ser tratado rapidamente por um médico sob risco
de ter problemas no seu quadril.
A soltura da prótese, é a principal complicação a longo prazo. A durabilidade da
prótese é determinada por três fatores. A habilidade do cirurgião é o primeiro e
o mais importante deles. Se a operação é bem feita, ela irá durar mais que uma
que é mal feita. O segundo fator é o esforço a que essa prótese será submetida.
Isto depende da atividade que o paciente exerce. Exercícios vigorosos como
correr ou levantar objetos pesados podem causar grandes esforços na operação e
soltar a prótese ao correr do tempo. Pessoas com excesso de peso podem causar
problemas na prótese mesmo em atividades normais. O terceiro fator que pode
causar soltura da prótese de quadril ‚ o estado do osso do paciente. Às vezes
osteoporose, deformidades, ou cirurgias prévias podem comprometer a qualidade da
fixação da prótese ao osso. A cirurgia é uma solução que se recomenda para as
pessoas depois dos 60 anos, porque a prótese, depois de 15 a 20 anos, fica
enfraquecida e precisa ser substituída, quando se rompe. A cirurgia da
artroplastia total do quadril é um procedimento realizado com grande apuro
técnico, com variadas opções de material cirúrgico que trazem gratificante
alívio das dores, e na incapacidade dos pacientes.
Luxações podem ocorrer em uma percentagem muito baixa das vezes. Luxação
significa que a bola metálica da cabeça da prótese sai de dentro da cavidade de
plástico. A bola metálica fica presa dentro do plástico porque existe a força
dos músculos do quadril que a seguram. Assim, pacientes com os músculos
enfraquecidos estão mais sujeitos a que isso ocorra. Durante as primeiras
semanas após a operação antes que se forme uma cicatrização firme em volta da
prótese e os músculos estão ainda fracos, a prótese está mais sujeita a
luxações. Nesta fase, certas posições do quadril devem ser evitadas. O cirurgião
e o fisioterapeuta que esteja familiarizado com este tipo de operação vão ensiná-lo
como evitar essas posições e usar com segurança seu quadril. Se por um acaso
ocorrer uma luxação da prótese, geralmente é recolocada no lugar simplesmente
puxando o membro inferior. Ocasionalmente pode ser necessária uma operação para
recolocá-la na sua posição correta.
A incidência de acidentes neurológicos, em artroplastias primárias (quando se
realiza a cirurgia pela primeira vez, sem complicações) é de 1% dos
procedimentos. Existem algumas lesões neurológicas que podem comprometer
significativamente os resultados da cirurgia, que são incapacitantes. As lesões
neurológicas chamadas de neuropraxia, são causadas durante a cirurgia, por
pressão dos afastadores cirúrgicos, mas, na realidade, não existe no nervo uma
lesão anatômica. O prognóstico é bom e o déficit neurológico dura poucos dias. A
outra é uma lesão dos axônios (axoniotmese), mais grave, que quando a
regeneração não é efetiva pode surgir atrofia, fibrose muscular e degeneração da
placa motora. Quando ocorre lesão completa do nervo, chama-se neurotmese que é a
de pior prognóstico, formando os neuromas dolorosos. Os nervos que estão em
risco de serem comprometidos, durante a cirurgia da artroplastia do quadril, são
o nervo glúteo superior, obturador, femoral e ciático.
A lesão do nervo glúteo superior que inerva os músculos glúteos máximo e médio,
o tensor da fáscia lata, leva à marcha tipo Trendelemburg por fraqueza dos
abdutores do quadril. A lesão do nervo obturador causa dor e parestesia, na face
medial da região inguinal e na face medial da coxa, além de fraqueza da
musculatura adutora. A lesão do nervo femoral causa dor e parestesias, na região
inguinal e anterior da coxa. Seu déficit motor corresponde à fraqueza do
quadríceps femoral. Seu prognóstico de recuperação é bom. A lesão do nervo
ciático, ocorre em 80% das ocorrências devido a causas que ocorrem durante a
cirurgia: traumatismo direto, aquecimento com eletrocautério, traumatismos por
fragmentos ósseos, protusão de cimento, compressão durante afastamento,
traumatismos por sutura ou fios de aço, hematoma e alongamento excessivo do
membro. Mas em 50% dos casos não se consegue chegar a uma conclusão definitiva
sobre a origem da lesão. Os déficits neurológicos da lesão do ciático resultam
em dificuldades durante a marcha, deformidades no pé e lesões cutâneas
hipoestésicas.
Em ocasiões raras, pode haver fratura do fêmur durante a operação ou mesmo por
traumatismos sofridos algum tempo depois. Ainda pode ocorrer desgaste do
plástico da prótese após anos de uso.
O paciente deve ter consciência que o quadril operado não é igual ao quadril
normal, apesar de alguns pacientes sentirem-se absolutamente normais. O alívio
da dor e a qualidade da artroplastia são determinados em parte pelo tipo de
problema que o paciente tem. É pouco comum que haja algum tipo de dor após a
operação que não possa ser explicada.
Uma complicação clínica muito freqüente é a formação de coágulos nas veias da
perna, o que pode causar um tromboembolismo. Ocasionalmente, os coágulos podem
mover-se pela circulação até os pulmões e causar preocupações maiores. A
possibilidade de risco de vida é de uma em várias centenas de operações. Algumas
medidas são tomadas para evitar os coágulos, como iniciar exercícios logo após a
operação e usar meias para varizes por algum tempo. Por vezes é necessária a
administração de alguns medicamentos para prevenir essas complicações.
Outras complicações ainda menos freqüentes podem ocorrer, mas o paciente deve
ter em mente que a possibilidade de ter qualquer problema mais sério é muito
pequena. Mas uma cirurgia de grande porte como uma artroplastia sempre envolve
riscos...
Referências Bibliográficas:
- Alencar, Paulo G. C & Abagge, Marcelo. “Artroplastia total do quadril em
pacientes com poliartropatias inflamatórias.” Rev.bras.ortop;28(6):382
- Padilha, Rui R.- “Prótese Total de Quadril.” -julho,2002. http://www.fisionet.com.br/
[ capturado em 16/05/2004]
- Rizzato, Simone G.- “Pacientes com Osteoartrite Unilateral de Quadril em
estágio terminal necessitam de substituição do joelho contralateral por aumento
da carga”.- julho,2003. http://www.spmedical.com.br/ [capturado em 16/05/2004].
- Rizzato, Simone G –“Acupuntura em paciente que sofreram artroplastia total de
quadril em consequência da artrite reumatóide.” http:www.wgate.com.br/
[capturado em 16/05/04]
- Z Orthop Ihre Grenzgeb. “Acidentes na artroplastia total do quadril ” 2003
Jun;141(3):289-95
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