www.fisioweb.com.br 
 


Trabalho realizado por:
Daniel Vianna Goes Araujo
E-mail: daniel_fja@hotmail.com      
- Flávia Menezes Rodrigues

E-mail: 
flmero@yahoo.com.br

Acadêmicos do curso de fisioterapia
das 
Faculdades Jorge Amado


LCA: ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE
LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR


Resumo

A lesão do ligamento cruzado anterior foi analisada no artigo quanto a sua etiologia, características anatomo-patológicas, tratamentos fisoterapêuticos ou cirúrgicos a serem seguidos e testes para identificação da lesão de acordo com referenciais bibliográficos estudados. Alguns questionamentos foram levantados quanto à melhor escolha do tratamento a ser seguido, deixando claro a crescente participação do fisioterapeuta na recuperação de tal lesão. No final do artigo chegou-se a conclusão de que a melhor alternativa a ser seguida em caso de lesão de LCA é o tratamento cirúrgico, pois o tratamento conservador dependerá da consciência do paciente quanto à limitação de suas atividades físicas e profissionais.

Palavras-chave: Joelho, Fisioterapeuta, Ligamento Cruzado Anterior.


Introdução

Este estudo bibliográfico teve como objetivo analisar a lesão do ligamento cruzado anterior, sua etiologia, características anatomo-patológicas, testes e tratamento fisioterapeutico a serem seguidos a partir do referencial bibliográfico rastreado.

Observa-se a crescente atuação do fisioterapeuta na reabilitação de pacientes portadores de lesão do LCA, fazendo com que o profissional possua um amplo conhecimento sobre este tipo de lesão. (ZINNI; PUSSI, 2004).

Segundo Gray (1988), a articulação do joelho foi primeiramente descrita como um gínglimo ou articulação em dobradiça, mas na verdade é um tipo muito mais complicado.

Para Vicente de Castro (1985), dois movimentos são fundamentais na articulação do joelho, a flexão e a extensão. Entretanto esses movimentos não são simples como os de um gínglimo, pois quando realizado a flexão os côndilos do fêmur deslizam para frente e ainda apresentam um pequeno movimento de rotação.

Essa complexidade da articulação do joelho implica em uma perfeita atuação de todos o ligamentos desta articulação evitando instabilidades, já que:

Segundo Telini, Alvez Junior e Amaral  (2003), cerca de 3 a 5% das consultas médicas são referentes a dores no joelho, sendo que as lesões do ligamento cruzado anterior contribuem em grande parte para estas queixas, pois levam a incapacidade para algumas funções, alem de serem dolorosas principalmente na fase aguda.


Anatomia e Biomecânica do LCA

Gray (1988), descreve anatomicamente o LCA, como um ligamento que se insere na depressão situada adiante da eminência intercondilar da tíbia, unindo-se com a extremidade anterior do menisco lateral; dirigindo-se para trás e lateralmente, fixando-se na parte posterior da face medial do côndilo lateral do fêmur.

Palastanga, Derek e Soames (2000), ressalta que a fixação femoral não é tão forte quanto à da tíbia e que durante a sua passagem da tíbia ao fêmur ele sofre uma espiral de aproximadamente 110 graus.

Segundo Vicente de Castro (1985), os ligamentos cruzados do joelho desempenham função muito importante na dinâmica desta articulação, pois limitam movimentos como: flexão exagerada e extensão forçada da perna sobre a coxa.

“Deste modo, o ligamento cruzado anterior impede o deslocamento posterior do fêmur sobre a tíbia” (DANGELO e FANTTINI, 2002, p.195).

Palastanga, Derek e Soames (2000), fala ainda, que os ligamentos cruzados fornecem quase que exclusivamente resistência a desvios anteriores e posteriores da tíbia em relação ao fêmur, sendo que o LCA fornece aproximadamente 86% da restrição ao desvio anterior.


Etiologia e como se apresenta a lesão

A incidência de lesão do LCA relacionada à prática esportiva é 0,30/1000 habitantes; em jogadores de futebol americano 42/1000 por ano e em esquiadores 1,2/1000 por ano.(WOJTYS, 1994 apud NUNES et al, 2003).

Crisono (2000), relata que para danificarmos os ligamentos cruzados é necessária muita força; eles podem ser rompidos em uma grave torção ou por pressão excessiva forçando o joelho à “dobrar para trás” quando este já esta estendido.

Daí a necessidade de um acompanhamento por um profissional especializado na realização de exercícios físicos, com objetivo de evitar traumas ligamentares devido à prática erronia destes.

O mesmo autor relata que no momento da lesão é praticamente impossível avaliar a extensão do dano interno através de sinais exteriores. A lesão grave é extremamente dolorosa e na maioria dos casos o joelho edemacia imediatamente. Caso os ligamentos cruzados anterior e posterior forem rompidos, o joelho fica completamente frouxo, passando a fletir na direção contraria a normal.


Testes para identificar lesão do LCA

Kapandji (2000), apresenta alguns testes conhecidos para identificar ruptura do Ligamento Cruzado Anterior:

O teste de Mac-Intosh ou lateral Pivot Shift Test é o mais conhecido e utilizado. Pode ser explorado com o paciente em inclinação de 45 graus. Com uma das mãos segura-se o pé pela face anterior do tornozelo passando por trás dele e provocando uma rotação interna com a extensão do punho, a mão livre empurra o joelho anteriormente para esboçar a flexão e para baixo para aumentar o valgo. Durante este movimento de flexão para os 25-30 graus, após ter experimentado uma resistência, se percebe de repente um desbloqueio, enquanto se observa o côndilo femoral lateral pular, literalmente, para diante do platô tibial lateral.



Figura 1 - Teste de Mac-Intosh (KAPANDJI, 2000)


O teste de gaveta anterior realiza-se com o paciente em posição de decúbito dorsal. Flexiona-se o joelho em um ângulo reto, então com ambas as mãos o fisioterapeuta segura a extremidade superior da perna fazendo um deslocamento póstero-anterior da tíbia sob o fêmur. A positividade deste teste implica em uma exacerbação deste deslizamento.


Figura 2 - Teste de gaveta (KAPANDJI, 2000).


O teste de Losee se explora com o paciente em decúbito dorsal, o fisioterapeuta segura o calcanhar com uma mão mantendo o joelho flexionado a 30 graus, com a outra mão mantém o joelho pela sua face anterior, enganchando seu polegar na cabeça da fíbula. Simultaneamente realiza uma rotação externa com a primeira mão e um valgo com a outra; conduzindo o joelho em extensão relaxando a rotação externa. Quando a extensão se completa, o polegar da mão que segura o joelho desloca a fíbula para diante. O teste positivo resulta em um ressalto do platô tibial para diante ao final da extensão.


Figura 3 - Teste de Losse (KAPANDJI, 2000).


Embora estes testes sejam indicados para identificar-se rupturas do LCA existem circunstâncias nas quais não são exatos.

Adolescentes hiperlaxas podem acusar uma positividade nos testes sem haver ruptura do ligamento.

Uma grande lesão da camada fibro-tendinosa póstero-interna impede o bloqueio do côndilo externo sob a ação do valgo e pode dificultar a aparição de um ressalto.


Tratamento da lesão

O Tratamento das rupturas do LCA vem sofrendo alguns questionamentos quanto à definição da técnica a ser utilizada (conservadora ou cirúrgica).

De acordo com Penteado et al (2003), alguns fatores devem ser analisados para indicação do melhor tratamento cabível:

Fatores intrínsecos: índice intercondileo; inclinação do planalto tibial; desvio angular em varo; idade e sexo; grau de frouxidão; lesões associadas.

Fatores extrínsecos: atividade esportiva; atividade de vida diária.

Há muitos trabalhos na literatura que relatam pacientes com lesão de LCA tratados conservadoramente que apresentam uma boa evolução, contudo, outros que evoluem para uma artrose precoce devido ao desenvolvimento ou agravamento de lesões meniscais e condrais, secundárias à frouxidão existente.

Segundo Andrews et al (2000), a carga produzida pela reabilitação que age nos ligamentos foi investigada, proporcionando ao fisioterapeuta a informação necessária para permitir que o atleta prossiga com segurança após sofrer lesão ou fazer cirurgia reconstrutiva.

Contudo, a incapacidade das contenções dinâmicas para manterem a estabilidade do joelho após a perda do LCA é evidenciada pelo pequeno número de atletas com essa deficiência que conseguem reiniciar uma participação plena e ilimitada nos desportos, sem modificar sua atividade ou sem se submeterem a uma reconstrução cirúrgica desse ligamento.

Após cirurgia ou lesão, o movimento precoce do joelho é essencial para prevenção da fibrose articular, proporcionar nutrição à cartilagem articular e iniciar um estresse controlado, que ajudará a alinhar as fibras colágenas, proporcionando uma cicatriz flexível e resistente, capaz de promover o retorno da mecânica articular normal. O recrutamento precoce do quadríceps é muito importante e pode ser iniciado como um dos primeiros exercícios em um programa de reabilitação do


Referencial Bibliográfico

1- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

2- ___________.NBR 10520: informação e documentação – citações em documentos - apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

3- ANDREWS, F. R.; HARRELSON, G. L.; WILK, K. E. Reabilitação física das Lesões Desportivas. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2000.

4- CASTRO, J. O. M.; PEREIRA, P. P.; TELINI, A. C. Anatomia e Biomecânica do Ligamento Cruzado Anterior. Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho. São Paulo, v. 3, n. 1, Jan/Abr, 2003.

5- CRISONO, V. Lesões no Esporte. 2a. edição, Martins Fontes, 2000.

6- DÂNGELO, F. C.; FATTINI, C. A. Anatomia básica dos sistemas orgânicos: com a descrição dos ossos, junturas, músculos, vasos e nervos. Atheneu. São Paulo, 2002.

7- HENRY GRAY, F. R. S. Gray Anatomia. Guanabara. Rio de Janeiro, 1988.

8- KAPANDJI, I. A.. Fisiologia Articular: Membro inferior. 5a. edição, volume 2. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2001.

9- NUNES, J. F.; CASTRO, J. O. M.; MARCHETTO, A.; PEREIRA, P. P. Tratamento Conservador das lesões do LCA. Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho. São Paulo, v. 3, n. 1, Jan/Abr, 2003.              

10- PALASTANGA, N.; DEREK, F.; SOAMES, R. Anatomia e Movimento Humano: Estrutura e Função. Manole. São Paulo, 2000.

11- PENTEADO, P. C. F.; MARCHETTO, A.; NUNES NETO, J. F.; PEREIRA, P. P. Tratamento Cirúrgico das Lesões de Ligamento Cruzado Anterior. Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho. São Paulo, v. 3, n. 1, Jan/Abr, 2003.

12- TELLINI, A. C.; ALVEZ JUNIOR, W. M.; AMARAL, G. H. A. Lesões do Ligamento Cruzado Anterior. Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho. São Paulo, v. 3, n. 1, Jan/Abr, 2003.

13- VICENTE DE CASTRO, S. Anatomia Fundamental. 2a. edição. ABDR. São Paulo, 1985.  

14- ZINNI, J. S.; PUSSI, F. A. Lesão do Ligamento Cruzado Anterior. Disponível em <http://www.wgate.com.br/fisioweb>. Acesso em: 07/03/2006.

 



Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 24/08/06
 

© 2006 - World Gate Brasil Ltda

Todos os Direitos Reservados