Referência  em  FISIOTERAPIA  na  Internet

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Trabalho realizado por:
Daniele Moura
Nanci


LUXAÇÃO DO OMBRO


Introdução

A luxação do ombro (luxação glenoumeral) é a perda da relação anatômica normal entre a cabeça do úmero e o ombro (cavidade glenóide). Quanto à etiologia, pode ser traumática ou atraumática.

A traumática ocorre após o mecanismo violento em pacientes com estrutura óssea e cápsula ligamentar previamente íntegros. Nesses casos, geralmente ocorre desinserção ou ruptura desses estabilizadores da articulação, o que pode levar à recorrência da patologia.

Na atraumática há alterações preexistentes que favorecem a luxação (ou subluxação) mesmo na ausência de grande trauma. Esses pacientes geralmente apresentam hipermobilidade geral em outras articulações.

 



Anatomia Funcional

O uso de comum da palavra articulação ao se referir a articulação escápula-umeral, refere-se somente a uma das sete articulações que formam o conjunto do ombro. Como todas essas articulações são separadas e conjuntamente importantes para a função normal e como o comprometimento de uma delas pode provocar comprometimento de todos, é desejável um termo coletivo. O termo cintura escapular, é preferível se goza da definição de “mecanismo braço-tronco ou articulação torácica – escápula-umeral”.

A cintura escapular é um conjunto de sete articulações todas movendo-se em sincronismo. É a mais móvel de todas as articulações do corpo.

As articulações que compõem a cintura escapular são:

1 – Glenoumeral;
2 – Supraumeral;
3 – Acromioclavicular;
4 – Escapulocostal;
5 – Esternoclavicular;
6 – Esternocostal;
7 – Costavertebral.

 



Durante quaisquer movimentos das articulações do ombro, o tendão não desliza dentro do sulco, mais fica fixo e o úmero desliza ao longo do tendão. Fleter e supinar o antebraço sobre o úmero, uma ação do bíceps, faz com que o tendão retese, mas não deslize ou se mova dentro do sulco.

Os movimentos da cintura escapular, em seu conjunto, normalmente são descritos em relação a escapula, pois os movimentos da clavícula ocorrem devido a hipermobilidade da escápula.


Articulações Glenoumeral

Em torno da borda da cavidade par torná-la mais funda há uma orla conhecida como labioglenoidal . Este lábio originariamente considerado um processo fibrocartilagenoso, não tem cartilagem, mas é principalmente composto de tecido fibroso, uma prega redundante da cápsula anterior.

Esta prega e aparentemente o lábio, desaparecem quando o úmero externamente.
Há uma discrepância marcante entre a área de superfície e a cintura da cardodeglenóide e a face convexa da cabeça do úmero. Somente uma pequena porção da cabeça do úmero está em contato com a cavidade em qualquer movimento. Esta relação articular incongruente requer um movimento de articulação plena, mais do que o movimento tipo enertrose da articulação do quadril.

Esta relação instável, porém móvel, requer ações musculares síncronas para sua manutenção.

 



Movimento Glenoumeral

O movimento da cabeça do úmero sobre a cavidade glenóide da escápula é complexo, pois a superfície articular maior do úmero a “porção macho” da articulação é maior em área e menos convexa do que a cavidade glenóide “porção fêmea”. O movimento glenoumeral é um deslizamento de duas superfícies incongruentes. A abdução do braço num plano frontal é possível somente pela depressão do úmero para passar sob o arco córaca-acromial.

O movimento glenoumeral exige abdução simultânea do braço com depressão da cabeça do úmero. Este movimento se dá pela ação coordenada dos músculos da bainha músculo-tendinea e do músculo deltóide. Este movimento faz parte do rítimo-escápula-umeral.

A Articulação Supraumeral

A articulação supraumeral não corresponde a definição de “juntura” um articulação, mais ou menos móvel entre dois ou mais ossos. A articulação supraumeral é mais uma juntura protetora entre a cabeça do úmero e um arco formado por um ligamento triangular largo ??? ligando, ligando o acrônio ao processo coracóide. O arco coraco-acromial preveni traumas vindo de cima sobre a articulação escápula umeral ou a cabeça do úmero e também preveni um deslocamento para cima do úmero. Sua proximidade ao úmero em sua face interior apresenta um obstáculo à abdução do úmero num plano frontal.

Quando o braço abduz a tuberosidade maior deve passar sobre o ligamento córaco acromial e sem comprimir os tecidos englobados. O movimento requer um coordenação muscular exata, frouxidão das partes mole e uma rotação correta do úmero. Comprometimento de qualquer destes fatores resultará num movimento deficiente, dor e incapacidade.


Movimento Escapular

A escápula move-se de maneira deslizante sobre a parede torácica, em torno da articulação torácica escapular. O movimento se dá na extremidade distal da clavícula, a articulação acromioclavicular, em virtude do movimento e da rotação da clavícula. O movimento da escápula é produzido sobre tudo por dois músculos, o trapézio, e o serrátil anterior.
A ação conjunta do trapézio superior e inferior e do serrátil, provocam a rotação da escápula sobre o eixo da articulação acromioclavicular e elevam a cavidade glenóide.

Movimento Escápulo-Umeral

A elevação em abdução do braço no plano frontal partindo da posição pendente ao lado do corpo até a extensão total sobre a cabeça com as palmas voltadas uma para outra, é um movimento uniforme síncrono compreendendo todos os componentes do conjunto da cintura escapular. O movimento deve ser uniforme, sem esforço demandando uma completa amplitude de movimento em cada articulação e um equilíbrio muscular bem coordenado. Damos ênfase ao movimento conjunto normal, porque o conhecimento e a avaliação do menor desequilíbrio é da mais leve limitação devem ser reconhecidos para avaliar a dor que causa o comprometimento do ombro.

A escápula roda para manter a estabilidade mecânica da articulação escapula-umeral e a eficácia do músculo deltóide. O deltóide, como todos os músculos é o mais eficaz em sua posição de repouso, o ponto intermédio entre seus extremos de mobilidade, O deltóide está em posição de repouso quando o braço está pendendo ao longo do corpo.

A abdução encurta o músculo e ao atingir os 90º de abdução e rotação da escápula, atinge-se o máximo de contração. O deltóide então quase não consegue sustentar o braço. A rotação da escápula é o que mantém o comprimento ideal do deltóide durante a abdução.


 




Articulação Acromioclavicular e Esternoclavicular

A clavícula esta firmemente presa à escápula pelo ligamento córaco-clavicular, Dois fascículos resistentes, ambos denominados de ligamento lateral trapezóide e o medial conóide, formam o ligamento córaco-clavicular. O ligamento córaco-clavicular. O ligamento córaco clavicular, por suas inserções em forma de esteio, foi outrora considerado instrumental em manter a escápula afastada da parede torácica e dar estabilidade a articulação acromioclavicular.

A articulação esternoclavicular: Os ligamentos esterno claviculares anterior e posterior reforçam a frouxa cápsula fibrosa e um ligamento interclavicular une as duas clavículas. A estabilidade da articulação é dada pelo ligamento costoclavicular. Este ligamento estabiliza a clavícula contra a ação muscular e atua como fulcro para todos os movimentos da cintura escapular. Apesar de seu uso excessivo ao contrário da articulação acromioclavicular, as alterações degenerativas ocorrem tarde na vida e são discretas, com um comprometimento funcional mínimo.

 


Movimento conjugados da cintura escapular

Ao levantar o braço em abdução o úmero e a escápula movem-se em compasso, de modo que para cada 15º de abdução total do braço, 10º se dão na articulação escápula umeral com 5º correspondentes a rotação da escápula.

A elevação total do braço sobre a cabeça (180º) necessita de 60º de rotação escapular para alterar o ângulo.

A movimentação da articulação esternoclavical é possível em todos os planos. A clavícula e a escápula são elevados pelo trapézio e outros músculos acessórios que se inserem à clavícula.





Mecanismo da Luxação

As luxações anteriores resultam de lesões por abdução rotação externa. O trauma em geral, pega desprevenidos os músculos que protegem a articulação ou tem a força suficiente para sobrepujar os músculos. Nos mais moços, os ligamentos glenoumerais anteriores “cedem” enquanto nos mais velhos os sustentáculos posteriores, o tubérculo maior que os tendões supra e infraespinhais laceram, permitindo que a cabeça do úmero “role” sobre a borda anterior. A cápsula e os ligamentos glenoumerais permanecem intactos.

Uma das explicações freqüentes para a luxação anterior e segundo Codman. ”Teoria da hiperextensão”. A abdução com o úmero em rotação interna ou flexão para frente, com o braço em rotação interna ou flexão para frente, com o braço em rotação externa é estrita pelo arco acromial. A elevação forçada ao atingir este ponto de impedimento desloca a cabeça proximal fazendo com que desça e venha para frente. Na maioria das vezes a luxação é causada por uma queda sobre o braço estendido, o trauma impele a cabeça para frente contra a cápsula anterior.

A luxação posterior, apesar de rara, deve ser reconhecida logo, caso contrário, a redução se torna difícil e podem aparecer complicações pós-redução. Na luxação posterior encontra-se a cabeça, atrás da escápula em geral resultado de um trauma ao braço fletido e abduzido. O trauma é com freqüência uma pancada na frente do ombro, provocando um impacto violento para trás da cabeça. A luxação posterior poderá ocorrer durante uma convulsão.


Sintomas
 

Após o tratamento de um episódio inicial com redução e imobilização temporária, o paciente refere que sente insegurança para determinadas atividades e movimentos (geralmente abdução e rotação externa, pois a instabilidade anterior é mais freqüente). Pode ocorrer dor, embora não seja o sintoma mais comum (exceto durante o episódio traumático agudo).

Eventualmente ocorrem novas luxações, e com a progressão da lesão anatômica cada vez o ombro "sai do lugar" com maior facilidade e com menor trauma..


Com o passar do tempo, atividades como praticar natação, dirigir um carro ou até pequenos movimentos ao dormir podem causar novo episódio

Nas instabilidades atraumáticas, geralmente desde a adolescência ou juventude o paciente apresenta uma sensação de insegurança no ombro, que por vezes é bilateral, geralmente multidirecional, e sem episódio traumático agudo. A subluxação com redução espontânea é um achado clínico freqüente nesses casos.


Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e a anamnese e o exame físico são fundamentais. A classificação é importante para planejar o tratamento. É importante determinar a etiologia (traumática ou atraumática), a direção (anterior, posterior, multidirecional), além de outras características da instabilidade.

Além da história, que geralmente é típica, há manobras no exame físico que confirmam o diagnóstico:

Exames do ombro

Sintomas

A dor pode se irradiar para o braço. O ombro é uma região comum de dor referida da espinha cervical, coração, mediastino e diafragma.

Sinais

O paciente deve sempre ser examinado de frente e de costas, todo membro superior, pescoço e tórax devem ser incluídos.

Inspeção

Pele – observam-se cicatrizes ou fístulas, não esquecer a axila.

Forma assimétrica dos ombros, escápula, atrofia do deltóide ou rotadores curtos e luxação acromioclavícula, são melhor vistos por trás, tumefação da articulação ou atrofia dos músculos peitorais são mais evidentes se vistos pela frente um derrame articular pode apontar na axila.

Posição: se o braço está bloqueado em rotação interna, há possibilidade de luxação posterior do ombro.

Palpação:

Pele, tecidos moles, proeminências óssea.


Testes ortopédicos


 

Teste de apreensão

Teste de esforço de Norwood


 

Os exames radiológicos complementam o diagnóstico e ajudam a identificar lesões associadas, importantes no planejamento do tratamento.

Quando são necessárias mais informações sobre o complexo cápsulo-ligamentar pode-se indicar a artro-ressonância magnética.


Tratamento

Inicialmente de forma conservadora, que consiste em reforço muscular compensatório. Os músculos da cintura escapular auxiliam na estabilização dinâmica do ombro e sua força e função adequadas são fundamentais no tratamento. As luxações atraumáticas (geralmente bilaterais e multidirecionais) respondem melhor ao tratamento conservador.

Na maioria das luxações traumáticas e nas atraumáticas que não respondem ao tratamento está indicada cirurgia. Há várias técnicas cirúrgicas, sendo que as melhores e mais atuais preconizam correção da lesão fundamental de Bankart (desinserção da cápsula anterior e do labrum Juno à glenóide), quando essa estiver presente, associada ou não a uma capsuloplastia.

Em geral, é possível fazer a redução fechada das luxações anteriores sem complicações. Uma tração delicada e a anestesia são aplicadas com o paciente em decúbito ventral sobre a mesa, com o braço pendente. A redução em geral é conseguida. O método hipocrático origina, ainda é usado.

A tração é aplicada ao braço com este ao longo do corpo, enquanto o pé descalço do cirurgião é calçado contra a axila, com contrapressão. Enquanto é aplicada a tração o braço é trazido para o corpo: assim a cabeça é levada para fora em torno do fulvro criado pelo pé do manipulador.
Nenhuma discussão sobre a redução fechada de uma luxação anterior seria completa, sem mencionar o método de krocher. Uma certa habilidade e uma delicadeza são necessárias para esta manobra. Freqüentemente, a redução pode ser feita sem ser pelo cirurgião. Um "click", em geral considerado a redução, pode simplesmente ser uma modificação de uma forma de luxação para uma outra, não um a redução completa. A fase de rotação externa da manobra, pode lacerar o subescapular ou mesmo causar uma fratura em espiral do úmero.

Após a redução, o braço é preso à parede torácica numa tipóia para evitar a rotação externa. Durante esta imobilização por três semanas, a tala é removida e devem ser iniciados exercícios ativos para fortalecer a abdução, a rotação interna, e abdução com o úmero em rotação interna, estes supervisionados e encorajados não devem ser feitos exercícios ativos assistidos e não devem ser feitos os passivos de estiramento. Aqui, os exercícios isométricos ativos são muitos valiosos.

Se houver uma divulsão do tendão ou uma fratura por arrancamento do tubérculo maior do úmero, o braço deve ser imobilizado para manter o úmero horizontalmente, numa posição abduzida, de rotação externa e flexão para frente. Mantém-se esta posição por uma tala em asa.

A redução de um deslocamento posterior se faz geralmente sob anestesia geral. Uma tração delicada, na linha do úmero, com uma pressão exercida simultaneamente por detrás trará a cabeça para dentro da cavidade glenóide. Pode ser necessária a rotação externa do úmero para reduzir a luxação. Uma vez em rotação externa e abdução leve, com o úmero (cotovelo) ligeiramente atrás da linha mediana do tronco. Em três sem]manas, são iniciados os exercícios ativos, evitando Qualquer estiramento passivo e são imperativos os exercícios de movimento.

As luxações de longa duração, nos quais há alterações da glenóide; velhas luxações não percebidas; lacerações da bainha músculo-tendínea, fraturas por arrancamento não reduzidas, etc.; podem exigir uma redução a céu aberto.

Nas pessoas mais idosas com uma luxação anterior, a laceração das estruturas posteriores prolonga a convalescença; e em via de regra há um certo enrijecimento, dor e incapacidade. O tratamento dos pacientes mais idosos difere dos mais jovens, porque apesar de novas luxações serem raras, há enrijecimento e dor freqüentes. Visto isto, a imobilização deve ser evitada e, após dez dias, iniciados os exercícios pendulares, A intervenção cirúrgica de luxações anteriores recorrentes aplica qualquer processo que irá fortalecer a capsula anterior da articulação ou impedir a rotação externa. Na luxação posterior pode ser necessário transplantar o subscapular.

A redução a céu aberto de fraturas por arrancamento do tubérculo maior, é indicada quando a redução fechada deixou um fragmento deslocado 1 cm ou mais. É necessária a fixação por pino deste fragmento. Uma luxação menor com o periósteo íntegro, irá cicatrizar após a aproximação por redução fechada.

As complicações das luxações, que não sejam lacerações do tendão supraespinhal e fraturas com arrancamento de tubérculo maior, incluem lesões aos nervos e vasos sangüíneos. As lesões nervosas ao plexo braquial em geral implicam o fascículo posterior; portanto como músculos inervados são o deltóide, o tríceps, o grande dorsal e o redondo maior há uma debilidade dos extensores, elevadores e da rotação interna do braço. Enquanto lesões nervosas são raras em fraturas da extremidade superior do úmero, são freqüentes nas luxações. O nervo axilar pode ser lesado quando circunda em torno do colo cirúrgico do úmero e assim causar paresia ou paralisia do músculo deltóide.

Podem ser lesados os vasos sangüíneos axilares, com a mão se tornando azulada depois fria e pálida - uma deficiência de pulsação - e um edema sendo percebido na axila. Uma avaliação precoce e uma intervenção cirúrgica de emergência são imperativos.

Prevenção

Nos pacientes com hipermobilidade global, o treinamento muscular adequado pode ser eficaz. É difícil prever a ocorrência de uma luxação traumática, embora um condicionamento físico adequado seja sempre útil, especialmente em atletas. Uma vez ocorrida a luxação traumática, é grande a possibilidade de se tornar recidivante, principalmente em jovens



Bibliografia

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Cailliet, R. Sindrome Dolorosa – Ombro. Ed. Manole. 1975.

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Miranda, E. Bases de Anatomia e Cinesiologia. Rio de Janeiro. Sprint. 2000

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Publicado em: 20/06/2003



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