Referência  em  FISIOTERAPIA  na  Internet

 www.fisioweb.com.br 


Trabalho realizado por:
Fernanda Lúcia Alves *
Helen Cristina da Silva *
Contato:
E-mail: feralves9@hotmail.com

Orientador: Prof. Dr. Carlos Marcelo Pastre **


Intervenção Fisioterapêutica na
Lesão do Ligamento Talofibular Anterior
Physical Therapy Intervention in Injury of Anterior Talofibular Ligament

 

Resumo

A Lesão do ligamento talofibular anterior por entorse de tornozelo é um agravo comum durante a prática de atividade motora e necessita atenção, já que ocasiona, em sua maioria, afastamento das funções físicas. Esta atualização objetivou descrever conceitos sobre aspectos gerais e novas tendências de intervenções fisioterapêuticas na lesão do ligamento talofibular anterior. Foi observado, a partir da busca literária, que dentre os recursos utilizados o protocolo de gelo, compressão e elevação e, os exercícios de propriocepção e fortalecimento muscular, merecem atenção especial por serem citados pela maioria dos autores. Não há protocolos estabelecidos ou bem definidos. Contudo, destaca-se que há eficácia de resultados obtidos com esses recursos sendo associados à aplicação corretamente relacionada à fase evolutiva da lesão.

Palavras-chave: entorse de tornozelo, fisioterapia, ligamento talofibular anterior, reabilitação, prevenção.

Abstract

The anterior talofibular ligament injure by ankle sprain is a common offense during motor-activity practice and it needs attention, once it causes, in its biggest, removing from physical functions. This updating has aimed to describe concepts regarding general aspects and new tendencies of physical therapy interventions in anterior talofibular ligament. It was observed, from literary research, that among the utilized resources such as the ice protocol, compression and elevation, proprioception exercises and muscle strength deserve special attention due to be mentioned by the biggest part of the authors. There are no established or well defined protocols. However, it stands out that there is an efficacy of results obtained with these resources when associated to the correct application related to the evaluative injure phase.

Key-words: ankle sprain, physical therapy, anterior talofibular ligament, rehabilitation, prevention



INTRODUÇÃO

Entorse de tornozelo é uma condição comum durante a prática de atividades motoras, caracterizada por distensão, ruptura parcial ou completa de um ou mais dos ligamentos articulares, acompanhados por inflamação e edema. As entorses laterais são as mais freqüentes entre atletas, jovens e adultos ativos, acomete diretamente o ligamento talofibular anterior (LTFA) que se estressa ao mecanismo de inversão do tornozelo. (26,28)

A resistência dos ligamentos permite maior estabilização da articulação durante atividades físicas, neste contexto a lesão do LTFA levará à instabilidade articular. Condição que segundo Docherty et al (8) e Eils et al (9) influencia não só a proteção articular devido ao déficit proprioceptivo, como também a performance funcional relacionada às atividades de saltos e deslocamento.

Por meio de recursos técnicos e estratégias específicas, a fisioterapia intervém de forma conservadora no tratamento da entorse de tornozelo que acomete o ligamento talofibular anterior, no controle da dor e do edema, além de proporcionar função articular adequada e retorno precoce às atividades normais. Cabe destacar, que métodos preventivos como bandagens, treinamento proprioceptivo e fortalecimento muscular, também podem auxiliar na diminuição das entorses recidivantes e redução da severidade das lesões. (2,31)

Considerando a relevância do assunto e a necessidade constante de atualização sobre aspectos relativos ao tema, o presente artigo teve como objetivo, a busca referencial bibliográfica recente, no âmbito fisioterapêutico, sobre lesões ligamentares do tornozelo, especialmente do ligamento talofibular anterior, bem como contribuir com informações para futuros gerenciamentos preventivos e de reabilitação por parte de profissionais da área da saúde.


Aspectos Gerais

O tornozelo é uma articulação complexa, do tipo sinovial, composta por ossos, cápsula articular, ligamentos e músculos, com amplas possibilidades cinesiológicas que favorece o movimento, mas também, sua instabilidade, que pode resultar em entorses. Estes poderão ocorrer por inversão ou eversão, sendo que o mecanismo de trauma por inversão consiste nos movimentos de flexão plantar, supinação e adução justificada pela posição lateral do LTFA que é responsável por seu estresse. A incidência maior de lesão na região lateral é ocasionada por possuir ligamentos menos espessos e fortes, comparados aos ligamentos da região medial, bem como pelo posicionamento da tíbia e da fíbula que favorecem, a inversão forçada, uma vez que a fíbula se encontra mais distal em relação à tíbia na articulação talocrural, dessa forma, a fíbula limita a eversão e a tíbia em contrapartida não limita a inversão. (22, 25)


Fatores de Risco

Os fatores de risco que predispõe a entorse de tornozelo podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos incluem a recuperação inadequada, estatura, peso, sobrecarga no membro dominante, desequilíbrio de força muscular, lesão nervosa e a degeneração articular. Os extrínsecos estão relacionados a solos irregulares, carga externa, intensidade ou nível de treinamento e calçados inadequados para prática de atividade em condições específicas. (1, 4, 31)

Instabilidade crônica do tornozelo é um fator relevante nas entorses recidivas, justificadas pela frouxidão ligamentar, instabilidade subtalar, deformidade óssea, instabilidade sindesmótica e déficit proprioceptivo.(15)


Sintomatologia

Os sintomas da entorse de tornozelo variam de acordo com o grau e intensidade da lesão, podendo ser divididos em grau I, II e III, divisão que auxilia no direcionamento do tratamento e prognóstico. (26)

Lesão de grau I ou leve, apresenta mínima presença de edema, perda funcional sutil, pouca dor, pronto restabelecimento de apoio em marcha e nenhuma alteração na amplitude articular. Para a lesão grau II ou moderada, a dor é significante, edema, alguma perda funcional e ruptura ligamentar parcial, verificadas no exame clínico do ligamento. Por fim, a grau III ou grave, apresenta dor intensa, ruptura completa do ligamento ou avulsão, hematoma de grande extensão e grande instabilidade articular. (22,25,26,31)

Para Anderson (2), entorse grau I envolve somente o ligamento talofibular anterior, grau II envolve o ligamento talofibular anterior e o ligamento calcâneofibular e grau III indica que o ligamento talofibular anterior, calcâneofibular e talofibular posterior estão lesados. Desta forma, de acordo com o grau da lesão, os sintomas podem ser agravados ou não, mas de uma forma geral ocorre reação inflamatória, seguido de uma fase proliferativa e de uma fase de maturação. (16)

Os et al (18), descrevem o processo morfológico da lesão em três fases: primeira fase, inflamação aguda e cicatrização do tecido em um período de dois a quatro dias; segunda fase, reparo e regeneração que se iniciam a partir do segundo ao quarto dia, e aproximadamente até seis semanas depois da lesão; terceira fase, remodelação ou maturação do tecido, que começa em três semanas e requer no mínimo 12 meses para alcançar o processo completo.


Epidemiologia

Mais de 85% das lesões de tornozelo são causadas por entorse e na maioria das vezes não ocorre ruptura ligamentar. Acredita-se que as entorses laterais de tornozelo ocorram na mesma proporção em homens e mulheres. Estudos mostram que mais de 25.000 entorses de tornozelo ocorrem por dia nos EUA, sendo a incidência de entorse de 1/10.000 pessoas. Em esportes que envolvem saltos, as lesões de tornozelo correspondem de 15 a 45% entre todas as lesões, e são responsáveis por 25% do afastamento de atletas de suas atividades. (3,11,12,25,26,32)

Na modalidade voleibol, a incidência de lesão está entre 1.7 e 4.2 por 1000 horas de jogo e é a quarta causa mais comum de lesões esportivas, no basquetebol de 21% a 53% são entorses, e no futebol 17% a 29%. Cerca de 10 a 30% dos indivíduos com entorse dessa articulação, desenvolvem instabilidade crônica, e a cada nove indivíduos com instabilidade funcional do tornozelo sete possuem frouxidão do ligamento talofibular anterior. (3,7,10,11,25,26,27)


Evolução das Lesões de Tornozelo

A evolução da mobilização e reabilitação das lesões graus I e II da entorse de tornozelo tem sido dividido em fases. A fase I consiste na redução do edema, proteção dos ligamentos lesados e manutenção da atividade com tolerância de peso. A Fase II objetiva a restauração do movimento articular, fortalecimento muscular e propriocepção, a fim de promover maior equilíbrio dinâmico e resistência às tensões sofridas. A Fase III inclui exercícios específicos, progressivos e funcionais, antecedendo o completo retorno às atividades. (1,2,24,25,31)

Hockenbury e Sammarco(10) descrevem essa evolução em 5 fases: fase aguda que utiliza o método PRICE; fase subaguda que acrescenta exercícios isométricos respeitando limite de dor; fase reabilitativa que inclui exercícios isotônicos, isocinéticos e proprioceptivos; fase funcional onde são aplicados exercícios específicos de atividades diárias; e fase profilática que busca prevenir a recidiva da lesão.

Avanços do procedimento fisioterapêutico na entorse de tornozelo favoreceram o retorno precoce do paciente as suas atividades de vida diária e diminuiu o número de recidivas. Dessa forma, o profissional qualificado deve realizar o correto diagnóstico, para que o grau da lesão seja levado em consideração na abordagem terapêutica, que inclui o protocolo de crioterapia, compressão e elevação do membro, fortalecimento muscular, treinamento proprioceptivo e medidas profiláticas como tornozeleiras, enfaixamentos e órteses. (23,25,31)


Métodos Fisioterapêuticos

Crioterapia, compressão e elevação

Durante a fase aguda o protocolo crioterapia, compressão e elevação é o mais indicado para reduzir edema, dor e evitar o agravamento da lesão. (7,10,20) Zampiere e Almeida(31), sugerem que a aplicação de gelo deve ocorrer entre 10 e 20 minutos após a ocorrência da lesão e a compressão deve ser local, aplicada minutos após a lesão, durante um período mínimo de 24 horas. O gelo diminui a temperatura local, promove a vasoconstrição dos capilares e a diminuição do metabolismo dos tecidos lesados diminui o edema e a velocidade de condução dos impulsos nervosos, que conseqüentemente diminui a dor. A compressão aumenta a pressão fora dos vasos que auxilia a reabsorção do fluido extravascular pela circulação venosa. A elevação auxilia na diminuição da pressão hidrostática nos capilares lesados justificada pela ação da gravidade nos fluidos promovendo o retorno venoso. Por outro lado, o repouso evita que a lesão se agrave.(31)

Um estudo realizado por Tsang et al(28), em 12 estudantes, divididos em 2 grupos, com objetivo de reduzir edema de tornozelo por meio de compressão e elevação por 30 minutos, concluiu que o volume não é reduzido por essas técnicas por longo período de tempo em edemas já instalados, o volume aumenta no retorno do membro inferior a favor da gravidade.
Para Denegar e Miller(7), o gelo, compressão e elevação é efetivo na diminuição da dor, e o uso de medicamentos orais como antiinflamatórios e aplicações repetidas de gelo diminuem a lesão secundária do tecido.

Em relação à forma de realização da técnica, Janwantanakul(13) concluiu em estudo experimental, que a aplicação direta sobre a pele, mostrou-se mais efetiva para redução de temperatura, sem riscos à integridade da estrutura quando comparadas às aplicações sobre toalhas úmidas.


Método Proprioceptivo

Métodos proprioceptivos ativam a sensibilidade dos receptores nos músculos, tendões, ligamentos, articulações e cápsulas, estimula a consciência sinestésica dos movimentos específicos, permiti a percepção da posição e mudança do segmento no espaço. (1)
Anderson(2) sugere que durante as fases de tratamento, as atividades de ganho muscular e retorno aos movimentos, inclua desenhar as letras do alfabeto com os dedos, exercícios com paciente em posição de cócoras sobre uma membro, especificadamente a região do calcâneo, exercícios isométricos e com resistência manual ou elástica. O número de repetições segue igualmente para ambos os membros e os exercícios de propriocepção são incluídos na fase III de reabilitação, com uso de uma prancha de balanço ou exercícios como escovar os dentes equilibrando-se sobre um pé. Com a evolução da fase de tratamento o paciente correrá deslocando-se em círculos, figura oito, saltos e conseqüentemente o retorno aos treinos e atividades físicas.

Em estudo realizado por Kaminski et al (14), em indivíduos com instabilidade funcional do tornozelo, utilizando thera band, concluíram que o efeito isolado do treinamento de força, propriocepção e propriocepção com força, não mostraram melhora na força comparado com estudos de outros pesquisadores que utilizavam disco de tornozelo ou exercícios de balanço.
Matsusaka et al (17), para verificar a eficácia de um programa de treinamento em indivíduos com instabilidade de tornozelo por meio de estimulação tátil, realizaram estudo experimental e, concluíram que os indivíduos estimulados por fitas adesivas aderidas nos maléolos da articulação instável melhoraram seu domínio postural em relação ao grupo controle, justificativa obtida pelo aumento da entrada aferente de receptores estimulados pela tração da fita adesiva sobre a pele.

Brown e Bowyer (5), concluíram que o ato de provocar a fadiga muscular com exercícios para estabilização e propriocepção articular, pode deixar o tornozelo mais estável depois do exercício. Essa conclusão foi baseada na melhora da performance dos últimos saltos realizados durante o treinamento, quando o músculo já estava fadigado.

Eils e Rosenbaum (9) realizaram um programa de exercícios por seis semanas, com a utilização de propriocepção com 30 pacientes com instabilidade crônica do tornozelo. Esse programa consistia em exercícios diferentes de propriocepção divididos em estações. Concluíram que esse programa é eficaz na reabilitação e na prevenção de lesões recidivas por proporcionar uma melhora no déficit proprioceptivo e controle postural.

Em estudo realizado, Willems et al (30) sugeriram que a causa possível da instabilidade crônica é uma combinação de déficit proprioceptivo e debilidade do músculo evertor, e por isso enfatizam o programa de treinamento proprioceptivo e fortalecimento muscular na reabilitação da instabilidade crônica do tornozelo.

Apesar do número restrito de trabalhos sobre a técnica em questão, pouco foi abordado sobre o treinamento prático dessa habilidade, em sua essência, como freqüência de sessões e intensidade de esforço a ser aplicada. Portanto, não detalharam os procedimentos para que fossem reproduzidos.


Fortalecimento Muscular

Em atividades como correr e saltar, o atleta conta com a contração muscular para minimizar a força entre o chão e o complexo do pé e tornozelo. Indivíduos com deficiência na contração muscular podem ser susceptíveis a lesão, por não ter habilidade muscular suave para dissipar forças de maneira coordenada, dessa forma o treinamento de força tem sido integrado na reabilitação das entorses laterais do tornozelo.(15)

Mattacola e Dwyer (16) recomendam que a resistência manual pode ser aplicada por três a cinco segundos por 10 a 12 repetições em cada plano cardeal, enquanto controla o tempo uma máxima contração é mantida. Também sugerem um programa progressivo de resistência com alta carga. Nesse treinamento o atleta executa quatro séries de 10 repetições enquanto a carga é aumentada para cada série. Os exercícios resistidos podem ser executados em quatro direções duas vezes por dia executando três séries de 10 a 12 repetições. Sugeriram caminhar no calcanhar e na ponta dos pés para recuperar força e coordenação.

Chun e Chow (6) relatam que o déficit proprioceptivo possui maior relação com instabilidade funcional do tornozelo do que a debilidade muscular, porém o trabalho de resistência deve ser incluído no programa de reabilitação para fortalecer a inversão, eversão, dorseflexão e flexão plantar, realizando exercícios como andar sobre o calcanhar, enrolar uma toalha com os pés, exercícios com faixa de resistência, agachamento e corridas.

Apesar de alguns mostrarem a importância do fortalecimento dos músculos evertores na entorse de tornozelo, a necessidade de fortalecer o músculo peroneal recebeu maior destaque na literatura para prevenir entorses recidivantes.(15)


Órteses Funcionais

Medidas profiláticas como tornozeleiras, enfaixamentos e órteses são comumente usadas por atletas para evitar lesões de tornozelo. Essas medidas podem ser usadas em qualquer estágio da reabilitação, na prevenção das entorses em atletas saudáveis com objetivo de promover estabilidade mecânica. Sua aplicação proporciona melhora proprioceptiva e “feedback” sensorial. (16,23)

Para Anderson,(2) o uso de estabilizador de tornozelo, bandagens ou até mesmo bota de gesso, podem ser necessárias em casos de lesões mais severas. Silvestre et al (25) corroboram neste aspecto quando relatam que a bota imobilizadora proporciona maior eficácia comparado com a bota de gesso, isso por permitir a retirada do imobilizador para sessões de fisioterapia permitindo tratamento precoce sem imobilizações prolongadas.

Contudo, apesar dos benefícios iniciais para proteção e até estímulo proprioceptivo, deve-se prescrever com critério sua utilização, em função da falta de estudos que comprovem sua real eficiência imediata, além da escassez de pesquisas que se refiram aos usos desses recursos a médio ou longo prazo.


Prevenção
Um programa de intervenções preventivas requer medidas profiláticas, como o uso de bandagens, suportes e treinamento proprioceptivo. Porém, estudos concluíram que o uso de bandagens e suportes parece ser mais efetivo na prevenção de entorses recidivantes. Outro fator preventivo é a importância do aquecimento adequado e dos calçados utilizados durante a prática esportiva.(19,21)

Alcaide e Petrecca (1) propõem para prevenção da entorse de tornozelo, exercícios isotônicos, em cadeia cinética fechada, priorizando o trabalho concêntrico dos músculos sóleo e gastrocnêmio e de forma excêntrica, o músculo tibial anterior. Tem indicação para o aumento da estabilidade articular, o uso de balancin, cama elástica, exercícios proprioceptivos com fortalecimento em caixa de areia e utilização de faixas elásticas para fortalecimento de todos os grupos musculares dos membros inferiores.

Verhagen et al (29) avaliaram a eficácia de um programa preventivo de treinamento proprioceptivo em tábua de equilíbrio, comparando times com e sem intervenção preventiva e verificaram que houve redução significativa nas entorses de tornozelo no grupo treinado comparado ao controle. Porém, concluíram que apesar do tratamento ser eficaz na redução da entorse de tornozelo, provocou overuse na articulação do joelho, o que não influenciou na discussão favorável à sugestão de aplicação do programa preventivo proposto.

Stasinopoulos(27) comparou três métodos preventivos a fim de reduzir a incidência de entorses por inversão em atletas de voleibol do sexo feminino, onde o primeiro grupo utilizou treinamento técnico específico, o segundo seguiu um programa de treinamento proprioceptivo e o terceiro fez uso de órteses. Dessa forma concluiu que o treinamento técnico específico e a propriocepção são métodos efetivos para prevenir as entorses de tornozelo em atletas que já sofreram o dano quatro ou mais vezes e que o uso de órteses parece ser efetivo em atletas que sofreram a lesão menos de quatro vezes.


Considerações Finais

Entorse de tornozelo é uma lesão freqüente, que acomete na maioria das vezes o LTFA devido à tendência biomecânica favorável ao mecanismo de inversão dessa articulação prioriza-se atualmente, o tratamento conservador na reabilitação da entorse, e retorno precoce às atividades de vida diária.

Dentre os recursos utilizados o protocolo de crioterapia, compressão e elevação e, os exercícios de propriocepção e fortalecimento muscular, merecem atenção especial por serem citados pela maioria dos autores. A eficácia dos resultados obtidos com esses recursos é associada à aplicação corretamente relacionada à fase evolutiva da lesão.

Em relação a crioterapia, seu uso na fase aguda é preconizada, com destaque para a análise da técnica mais eficiente para redução de temperatura sem riscos teciduais, favorável à aplicação direta sobre a pele comparadas às técnicas com proteção com pano. Cabe destacar tal achado, devido sua relevância prática evidente.

Técnicas proprioceptivas para prevenção e reabilitação das lesões são relativamente bem descritas na literatura atual e apresentam sempre bons resultados em planos de ação. Contudo, como grande parte das técnicas fisioterapêuticas, apresentam deficiências em sua descrição no que se refere ao método de treinamento a ser empregado.

Reforço muscular é descrito como imprescindível para recuperação após entorse. Devem, de fato, estar presentes nos programas de reabilitação e prescritos de maneira individualizada. Ou seja, em cada situação, sua possibilidade de análise e intervenção, no sentido de treinar as disfunções específicas de cada paciente.

Perspectivas futuras apontam para realização de estudos cada vez mais práticos nesse campo de atuação. Há preocupação sobre aspectos clínicos e respostas de tratamento, embora não esclarecidas as formas de análise e prescrição dos recursos. Dessa forma, sugere-se a realização de estudos nesse âmbito visando o detalhamento dos métodos e técnicas, tanto de prevenção como de reabilitação.



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Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Fisioterapia Músculo-Esquelética pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP.
 

* Fisioterapeuta pelo Centro Universitário do Norte Paulista - UNORP e aluna do Curso de Especialização em Fisioterapia Músculo-Esquelética pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto- FAMERP.

* Fisioterapeuta pelo Centro Universitário do Norte Paulista - UNORP e aluna do Curso de Especialização em Fisioterapia Músculo-Esquelética pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto- FAMERP.

** Fisioterapeuta, Professor Doutor do Departamento de Fisioterapia das Faculdades Adamantinenses Integradas e do Curso de Especialização em Fisioterapia Hospitalar da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Fisioterapeuta da Confederação Brasileira de Atletismo.

 

 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 04/05/06

 


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