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Trabalho realizado por:
Raphael de Freitas Uutmann Oliveira 1
Rodrigo Netto Silva 2
Nilo Machado Junior 3

Contato - e-mail:
rafuo@hotmail.com

1. Acadêmico de Fisioterapia da Universidade Católica de Goiás
2. Acadêmico de Fisioterapia da Universidade Católica de Goiás
3. Professor Orientador - Médico Ortopedista


As Condições de Acessibilidade e Adequação, para Pacientes em Cadeiras de Rodas, em Clínicas de Fisioterapia na Cidade de Goiânia.


RESUMO: Objetivo: avaliar as condições de acessibilidade em clínicas de Fisioterapia para pacientes que utilizam cadeiras de rodas na sua locomoção. Metodologia: avaliação de 10 clínicas de Fisioterapia na cidade de Goiânia realizadas entre os meses de Outubro a Novembro de 2005. Os itens avaliados foram: Acesso principal a edificação, Sanitários, Circulação e Estacionamento. Estes itens foram confrontados com a norma NBR 9050/2004 da ABNT. Resultados: Apenas 2 (20%) foram planejadas e edificadas para oferecer serviços de Fisioterapia, 8 (80%) das clínicas não possuem rampa de acesso, 10 (100%) possuem sanitários separados e sinalizados para homens e mulheres e apenas 4 (40%) possuem barras adaptadas nas laterais do vaso sanitário, 9 (90%) não possuem área de circulação dentro das normas da ABNT, 8 (80%) possuem estacionamento próprio para os pacientes sendo que apenas 2 (20%) reservam vagas para uso exclusivo de deficientes físicos. Considerações: Todas as clínicas avaliadas não obedeceram integralmente as normas da ABNT, sendo que 80% são adaptações de construções previamente existentes. Do ponto de vista financeiro, o investimento no planejamento gera menor gasto e possibilita uma melhor acessibilidade e adequação aos pacientes cadeirantes.


Palavras Chaves: Acessibilidade, Deficiente Físico, Cadeira de rodas, Fisioterapia.


Introdução

Há no mundo mais de 500 milhões de pessoas deficientes, às quais se devem reconhecer os mesmos direitos e dar oportunidades iguais aos de todos os demais seres humanos. Muito freqüentemente, essas pessoas são obrigadas a viver em condições de desvantagem, devido a barreiras físicas e sociais existentes na sociedade. 16

O acesso à Saúde engloba inúmeros fatores e podem ser analisados sob abordagens diversas. É um conceito complexo, muitas vezes empregado de forma imprecisa, e pouco claro na sua relação com o uso de serviços de saúde. É um conceito que varia entre autores e que muda ao longo de tempo e de acordo com o contexto.

Alguns autores centram-no nas características dos indivíduos; outros focam-no nas características da oferta; alguns em ambas as características ou na relação entre os indivíduos e os serviços (oferta). Há também discordâncias sobre se a avaliação de acesso deve concentrar-se nos resultados ou objetivos finais (goals) dos sistemas de saúde ou na relação entre os vários elementos que compõem o sistema para atingir esses objetivos. 8 Numa compreensão ampliada, acessibilidade pode ser definida como o grau de ajuste entre as características dos recursos de saúde e as da população, no processo de busca e obtenção de assistência à saúde. 9 Segundo a ABNT, acessibilidade é a possibilidade de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos.

A acessibilidade, ou o acesso, a ações e serviços de saúde tem sido considerado como um dos componentes principais da qualidade da atenção à saúde (Somers,1971; Vuori,1988; Donabedian,1990b). Nesse sentido, a dinâmica de utilização de tais serviços tem sido avaliada a partir da sua disponibilidade, organização e mecanismos de financiamento, que atuam como elementos indutores de sua oferta. 15 O sistema institucional de saúde, na prática diária, apresenta dificuldades que impedem a satisfação das necessidades de assistência à saúde da totalidade da população. Um dos fatores que contribuem para essa situação é a inacessibilidade de numerosos grupos da população aos serviços de saúde.¹ É pertinente incorporar o alerta de Aday & Andersen (1974): "As distintas características do sistema e da população podem determinar a possibilidade de ingressar ao mesmo ou não, mas a prova do acesso em si não consiste na disponibilidade dos serviços e recursos, mas sim no fato de que os serviços sejam utilizados por quem os necessite”. 10

O acesso envolve aspectos que extrapolam a assistência à saúde. Neles atuam fatores sócio-econômicos e culturais que interagem com aspectos intersetoriais ligados à própria estrutura política de cada país. 7

Essa acessibilidade deve ser garantida do ponto de vista: geográfico, através do adequado planejamento da localização dos serviços de saúde; econômico, pela remoção de barreiras derivadas do sistema de pagamento ou contribuição pelo usuário; cultural, com a adequação das normas e técnicas dos serviços aos hábitos e costumes da população em que se inserem, e funcional, através de oferta de serviços oportunos e adequados às necessidades da população.7

Historicamente, a atenção à saúde da população deficiente dependeu da iniciativa de entidades filantrópicas e particulares, que se voltavam principalmente para o atendimento aos portadores de distúrbios mentais. 14 A partir de 1991, o Ministério da Saúde, em parceria com os níveis estadual e municipal do sistema de saúde, vem apoiando ações de reabilitação do deficiente, com uma visão integrada e multidisciplinar na abordagem dos componentes físico, mental, psicológico, social e profissional. 14

Com a crescente socialização de pacientes portadores de deficiência física e principalmente dos pacientes com deficiência ambulatorial total, que se utiliza de cadeira de rodas para se locomover, é necessário uma maior adequação de ambientes, construções, espaços públicos e principalmente de locais que prestam serviços de saúde.

Para a lei nº 10.098 de 19 de Dezembro 2000 a pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida é a que temporária ou permanentemente tem, limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-las. 5 O decreto 3.298 de 20 de dezembro de 1999 traz como norma em seu texto a garantia de acesso da pessoa portadora de deficiência aos estabelecimentos de saúde públicos e privados e de seu adequado tratamento sob normas técnicas e padrões de conduta apropriados. 4 Para a ANVISA, em seu documento RDC50, de 21 de Fevereiro de 2002, os acessos devem possibilitar que os portadores de deficiência ambulatorial possam adentrar ao prédio sem a ajuda de terceiros.

O acesso comum e o ambiente para todos os indivíduos fazem parte dos direitos constitucionais dos brasileiros, que prevalecerá com a aplicação de um conjunto de especificações, de normas, de legislação e principalmente da conscientização das diversidades. 3 A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. 5 Todos os espaços, edificações, mobiliários e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, devem atender ao disposto da Norma NBR9050 para serem considerados acessíveis.

Para tanto é necessário que se faça uso de um desenho universal para construções. Esse desenho universal propõe que os espaços sejam projetados de forma a atender ampla gama da população, considerando as variações de tamanho, sexo, peso, ou diferentes habilidades ou limitações que as pessoas possam ter. 6 Os quatro princípios do Desenho Universal da acessibilidade são: acomodar indivíduos com diferentes padrões e situações; reduzir o gasto energético necessário para utilizar os produtos no meio; tornar os ambientes e os produtos mais compreensíveis para os deficientes e pensar em produtos e ambientes como sistemas, para melhorar o atendimento de pessoas com deficiência. 12 Agindo dessa forma obtém-se ambientes que atendam às propostas do desenho universal, sem, entretanto, custar mais. 6
O grau de acessibilidade necessário para uma certa construção depende da natureza da mesma, mas, há uma exigência básica que é o mesmo para toda instalação construída: deve ser acessível por pessoas.

Apesar da ABNT NBR 9050 ser de grande valia pelo seu conteúdo, é necessário ouvir melhor os deficientes físicos em suas particularidades. Eles ensinaram a detectar as barreiras arquitetônicas, o que permitirá adaptar os ambientes de forma adequada, garantindo independência e autonomia a todos que o usarem. 12 Existe a necessidade de se ter uma maior equidade no acesso aos serviços de saúde, permitindo que toda a população se beneficie, independente da classe econômica, sexo, raça, cor e principalmente da patologia apresentada. Por essas razões, o presente estudo tem com objetivo avaliar as condições de acessibilidade e utilização, de clínicas de Fisioterapia na cidade de Goiânia, por pessoas que se utilizam, temporária ou permanentemente, de cadeira de rodas para se locomoverem.


Metodologia

Foram visitadas 10 clínicas particulares de Fisioterapia na cidade de Goiânia, entre os meses de outubro e novembro do ano de 2005, sem dia específico para a presença no local e estando as clínicas localizadas em diferentes regiões da cidade. A avaliação foi realizada observando os itens abaixo e confrontado-os com as normas da NBR 9050 – 2004. Cada clínica foi catalogada em uma tabela, onde os dados avaliados foram registrados. A avaliação não possui o interesse de quantificar o nível do desvio numérico com relação ao estabelecido pela norma, apenas mostrar se há adequação dos itens à norma.

O material usado como referência dos parâmetros para a análise foi a NBR 9050/ 2004, sendo que toda a mensuração e avaliação dos tópicos foram realizadas pela equipe de pesquisadores utilizando para a coleta dos dados: 1. Fita antropométrica Sanny Starrett 2 metros, 2. Trena milimétrica Starrett Tru-Lok 8 metros, onde foram conduzidas e avaliadas pelo INMETRO e para os registros fotográficos, foi utilizado uma máquina fotográfica digital e as fotos armazenadas em um computador. Em nenhuma foto foram utilizados programas de edição de imagens.

Em cada tabela constava:

Acesso Principal à Edificação: 1. rampa (presença da rampa, comprimento, inclinação, largura e piso); 2. patamar em frente a porta; 3. corrimão(diâmetro, tipo, altura, distância da parede, prolongamento, localização); 4. piso externo (superfície regular, estável e antiderrapante); 5. porta de acesso principal (tipo, largura do vão livre, vestíbulo); 6. indicação visual de acessibilidade;

Sanitários: 1. bacia sanitária (altura do assento, barras horizontais válvula de descarga); 2. lavatório (altura, comando da torneira, sifão e tubulação, altura livre, torneira); 3. boxe (áreas de transferências frontal e lateral, dimensão, largura da porta); 4. piso (superfície regular, estável e antiderrapante);

Circulação: 1. piso (regularidade da superfície, estabilidade e tipo de piso); 2. capachos e forrações (embutidos e/ou fixados no piso); 3. áreas para circulação de cadeira de rodas (largura, área para manobras de rotação, desnível); 4. corrimão e guarda-corpo; 5. portas (vão livre, tipo de maçaneta, revestimento ao impacto, dificuldade para abertura); 6. janelas (altura, comandos e trincos, dificuldade para abertura).

Estacionamento: 1. presença de estacionamento ; 2. piso (regularidade da superfície, estabilidade e firmeza); 3. localização (proximidade do acesso principal, presença de barreiras ou obstáculos e movimentação entre carros); 4. sinalização; 5. quantidade de vagas (total e reservadas aos deficientes).


Resultados

Das 10 clínicas avaliadas observou-se que apenas duas foram projetadas e edificadas para abrigar e oferecer serviços de Fisioterapia, sendo que o restante são construções já existentes que tiveram uma adaptação para oferecerem serviços de Fisioterapia.

Duas (20%) das 10 clínicas avaliadas possuem rampa de acesso, sendo que o grau de inclinação mínima exigida não se encontra dentro das normas em ambas, 2 (100%) possuem piso antiderrapante, firme e regular, como preconizado pela ABNT.

Duas (100%) apresentam corrimão com o diâmetro e a distância da parede dentro da norma estando localizados na parte externos da rampa e não apresentam o prolongamento necessário após o término da rampa.

Uma (50%) das 2 que possuem rampa de acesso apresentam sinalização adequada, segundo as normas.

Observou-se que nas clínicas que possuem rampas de acesso, 50% tem o patamar dentro das normas estabelecidas e que 100% dos patamares avaliados, não possuem inclinação.

Nas avaliações, 5 (50%) das clínicas contém um piso externo com superfície regular e estável e apenas 2 (20%) apresentam o piso antiderrapante em sua área externa.

As clínicas avaliadas contêm a porta de acesso principal adequadas as normas sendo do tipo correr ou vai-vem e 1 (10%) apresentavam o vão livre e o vestíbulo inadequado às normas.

De acordo com a observação das clínicas, revelou-se que 7 (70%) possuí o símbolo internacional de acesso.

Com a avaliação realizada no sanitário das 10 clínicas, levantou-se que:

Dez (100%) tem sanitário separado e sinalizado para homens e mulheres. A bacia sanitária possui a altura do assento dentro da norma em 6 (60%) das clínicas, com a válvula de descarga estando adequada em 7 (70%) dos locais. 4 (40%) possuem barras adaptadas localizadas nas paredes laterais e posteriores ao vaso sanitário.

Em 8 (80%) clínicas, o lavatório se encontra com a altura, com relação ao solo, indicado na norma. Das torneiras contidas nos lavatórios avaliados, apenas 2 (20%) possuem adequação às normas, com os comandos de acionamento destas, estando adequados em 10 (100%) das avaliações. Em relação ao item tubulação e sifões, contidos abaixo do lavatório, 3 (30%) estão dentro da norma e a altura livre, altura do solo até a parte inferior do lavatório, se encontra fora da norma em 8 (80%) dos sanitários.

Com relação ao piso contido nos sanitários das 10 clínicas avaliadas, 100% obtêm superfície regular e estável, 60% das clínicas possuem piso com materiais que o tornem antiderrapante.
Outro item avaliado nas clínicas traz relação com a área de circulação interna dentro das clínicas, com portas e janelas localizadas no interior e com o uso de forrações e capachos nos pisos.

Desta avaliação, os resultados encontrados foram que em 6 (60%) clínicas os pisos das áreas de circulação estão dentro da norma estabelecida, ou seja, são estáveis, regulares e de materiais antiderrapantes. Contrários a isso 4 (40%) não apresentam o piso com materiais antiderrapantes.

No uso de capachos e forrações, 7 (70%) clínicas, não possuíam estes objetos dentro das especificações apropriadas, não estando fixados ou embutidos nos pisos.

Em 9 (90%) clínicas não possuem uma área de circulação com a largura confortável para o trânsito de um cadeirante e uma pessoa deambulando normalmente, além de 10 (100%) não possuírem desnível nessas áreas. Para as manobras de rotação utilizadas pelos cadeirantes, apenas 1 (10%) obtêm uma área com dimensões adequadas à norma.

Nas áreas de circulação, com relação às portas:

100% possuem o vão livre dentro das especificações da norma;
80% contêm maçanetas de abertura propostas pela ABNT;
70% não possuem revestimento de impacto na parte inferior da porta;
90% o grau de dificuldade para a abertura das portas está fora dos padrões estabelecidos.

Para as janelas, os itens avaliados mostraram que 6 (60%) das clínicas possuem as janelas fora da altura preconizada, além de 8 (80%) conterem os comandos e trincos de abertura e fechamento dentro das normas com 7 (70%) clínicas possuindo janelas, com dificuldade de abertura, fora das normas da ABNT.

O último item avaliado nas clínicas mostra que 8 (80%) possuem estacionamento próprio para os pacientes, sendo que destas: 75% apresentam o estacionamento próximo ao acesso principal da clínica; 62,5% possuem obstáculos ou barreiras que dificultam o trânsito de cadeirantes, além de obrigar aos pacientes, circularem entre os carros; 37,5% possuem a sinalização adequada; 37,5% possuem o piso do estacionamento com a superfície regular e estável.

Com relação à quantidade de vagas, a média do número de vagas oferecida pelas 8 clínicas é de 4 vagas, sendo que apenas 2 clínicas, reservam 1 vaga em seu estacionamento para utilização do paciente deficiente.


Discussão

Segundo a National Comission on Architectural Barriers to Rehabilitation of the Handicapped, o projeto que for concebido adequado às condições de acessibilidade sofrerá um acréscimo de 1% do valor da obra, e, por outro lado, se precisar ser adequado depois de construído esse valor poderá alcançar 25%. 12

Após a análise dos resultados, evidencia-se que a grande parte das clínicas são construções já existentes, geralmente casas, que passam por uma adaptação de seus ambientes para oferecer os serviços de Fisioterapia propostos.

Há necessidade de difusão dos conceitos propostos pelo Desenho Universal para as construções a serem realizadas, pois, para a arquiteta Adriana Ribeiro, 6 os conceitos do Desenho Universal propõe que os espaços sejam projetados de forma a atender ampla gama da população, considerando as variações de tamanho, sexo, peso, ou diferentes habilidades ou limitações que as pessoas possam ter, levando em consideração todos os tipos de pessoas que compões a sociedade.

Essa possibilidade de criar conceitos para que as construções sejam realizadas e estejam adequadas de uma maneira que atenda a todo o tipo de usuário do serviço, cria uma questão de integralidade do serviço e segundo Alvimar Santos Ferreira 9, a questão da integralidade representa, hoje, o maior desafio nas práticas em saúde, não como questão institucional ou política, mas como desafio cultural.

Esse desafio cultural remete ao fato de hoje, se ter às sociedades projetadas segundo modelos antigos e que não primavam pela inclusão dos deficientes físicos e que muitas vezes não eram levados em consideração na hora da realização dos projetos de construção.

Para o arquiteto Wanilson José da Silva 3: a aplicabilidade das normas de acesso, compilada à realidade dos ambientes, facilitará o entendimento dos profissionais da construção e das diversas áreas envolvidas na reabilitação e melhoria de vida dos indivíduos com deficiência.

A ABNT, vem, através de suas especificações, tentar criar uma consciência da importância e necessidade de se terem construções preparadas para atender da melhor forma e sem permitir perdas com relação às características de cada paciente usuário das instalações das clínicas.

Uma das maiores dificuldades para os cadeirantes de rodas é a transposição de obstáculos, ou as chamadas, barreiras arquitetônicas. Muitas clínicas não se atentam a este fato e mantêm capachos e forrações de maneira irregular no piso, não possuem sinalização adequada nos estacionamentos e circulações internas e quando possuem rampas de acesso, as mesmas demonstram uma inclinação além do permitido, obrigando ao deficiente físico, um grande esforço para transpô-la.

Segundo um estudo realizado por Helena e Caroline 12, os estabelecimentos privados são os que possuem maior número de falhas na acessibilidade de deficientes físicos, os estabelecimentos públicos são os que se apresentaram com uma boa acessibilidade e os estabelecimentos filantrópicos tiveram um melhor nível de acessibilidade.

Hoje em dia, a Fisioterapia tem um espaço cada vez maior dentro da área da saúde e a sua importância na reabilitação é indiscutível. Há uma grande atuação dos profissionais desta área em clínicas e hospitais, atendendo a uma gama cada vez maior de patologias.

Por isso, no momento, é crescente o número de clínicas abertas e preferência dos indivíduos que abrirão uma clínica de Fisioterapia, utilizarem imóveis anteriormente construídos, realizando pequenas alterações e disponibilizando-os para o atendimento da população. Na maioria das vezes, estas alterações são realizadas de forma equivocada o que para Helena e Caroline 12 se explica pela existência de proprietários inseguros sobre as mudanças, interpretação de projetos e a escolha entre diversas alternativas na tomada de decisões sob incerteza provocada pelo medo de adotar soluções inadequadas.

A aliança entre utilização de construções de cunho domiciliar ou comercial e uma dificuldade para realização de adaptações adequadas aos deficientes físicos, devido ao elevado gasto exigido por estas adaptações, remete-nos a entender que haja uma possibilidade de que o atendimento a este tipo de paciente não seja visto com a mesma importância, quando relacionado aos pacientes que não utilizam cadeira de rodas ou que os responsáveis pelos estabelecimentos não apresentam uma visão ampla de acessibilidade e ergonomia, pois qualquer modificação realizada que melhore o acesso, é considerada satisfatória.

A falta de conhecimento sobre o assunto se faz presente, pois não existem trabalhos no Brasil que abordem este assunto e segundo a OPAS, ainda não se dispõe de dados de abrangência nacional que representem a problemática de saúde dos deficientes.


Conclusão

* A acessibilidade das clínicas particulares é inadequada.

* As normas estabelecidas pela ABNT são pouco conhecidas pela maioria da população, ficando restrita aos arquitetos e engenheiros e aos próprios deficientes físicos.

* É uma prática comum a utilização de estabelecimentos anteriormente construídos, realizando adaptações para oferecer os serviços de Fisioterapia.

* Mesmo sendo cada vez maior a conscientização da população, no que diz respeito à inclusão social dos portadores de deficiência física, fica a idéia de que a mesma ainda é pouco praticada e incentivada.

* Há uma grande falta de estudos deste tipo no Brasil, o que torna ainda mais difícil uma maior e melhor inclusão social.

* É mais viável financeiramente planejar do que adaptar.


Referências Bibliográficas

1- Unglert, C. V. S.; Rosenburg, C. P.; Junqueira, C. B. Acesso aos serviços de saúde: uma abordagem de geografia em saúde pública. Revista de Saúde Publica, São Paulo, v. 21, nº 5, Outubro de 1987.

2- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050 de 31 de maio de 2004 segunda edição; disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/ABNT/NBR9050-31052004.pdf

3- Silva, W. J. Acessibilidade no Espaço Edificado e Urbano. Goiânia, Dezembro de 1999.

4- Brasil. Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências.

5- Brasil. Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.

6- Prado, A. R.A Ambientes Acessíveis. Texto Publicado no documento sobre o Primeiro Seminário Nacional "A Pessoa Portadora de Deficiência no Mundo do Trabalho", CORDE, nov97.

7- Unglert, C. V. S. O enfoque da acessibilidade no planejamento da localização e dimensão de serviços de saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, vol. 24, nº 6, Dezembro de 1990.

8- Travassos, C.; Martins, M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol. 20, suppl. 2, 2004.

9- Ferreira, A. S. Competências gerencias para unidades básicas do Sistema Único de Saúde. Ciência Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, vol.9, nº 1, 2004.

10- Acurcio, F. A.; Guimarães, M. D. C. Acessibilidade de indivíduos infectados pelo HIV aos serviços de saúde: uma revisão de literatura. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol. 12, nº 2, Abril/ Junho de 1996.

11- Nicholl, A. R. J.; Filho, J. J. B. O ambiente que promove a inclusão: Conceitos de acessibilidade e usabilidade. Revista Assentamentos Humanos, Marília, vol.3, nº 2, pág. 49-60, 2001.

12- Santos, C. K.; Carvalho, H. A. Análise das condições de acesso para deficientes físicos em estabelecimentos de Fisioterapia. Monografia realizada para aprovação na disciplina TCC II, Goiânia, Universidade Católica de Goiás, 2003.

13- Agência Nacional de Vigilância Sanitária, RDC nº 50. Fevereiro, 2002. disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2002/50_02rdc.pdf

14- Organização Pan-Americana da Saúde. A saúde no Brasil. Brasília, Novembro de 1998.

15- Sawyer, D. O.; Leite, I. C.; Alexandrino, R. Perfis de utilização de serviços de saúde no Brasil. Ciência da Saúde Coletiva, vol. 7, nº 4, Rio de Janeiro, 2004.

16- Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência, Programa de ação mundial para as pessoas com deficiência. Documento A/37/51, suplemento nº 51, Dezembro de 1982.
 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 23/04/2006

 


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