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Trabalho realizado por:
Ayala Ferraz Costa*, Aline Silva Siqueira Martins*, Janaína Kécia Delgado Ferreira Campos*, Olegarina Costa e Silva*, Taís Aragão*, Ana Célia Maiato**

Contato - Olegarina Costa e Silva,
email: galbahia9@hotmail.com

*Fisioterapeutas, especialistas em terapia intensiva adulto (FBDC – fundação baiana para desenvolvimento das ciências)
** Fisioterapeuta, coordenadora do serviço de fisioterapia do Hospital Aliança, em Salvador/BA


ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS–OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA: PANORAMA EM SALVADOR-BA

PHYSIOTHERAPY ASSISTANCE IN POSTOPERATIVE OF BARIATRIC SURGERY: LANDSCAPE IN SALVADOR-BA.



Título abreviado: FISIOTERAPIA NA CIRURGIA BARIÁTRICA


RESUMO

A obesidade é uma doença universal que vem adquirindo proporções alarmantemente epidêmicas, sendo um dos principais problemas de saúde pública da sociendade moderna, cuja gravidade é maior que a desnutrição ainda existente nos países pobres do mundo. O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de pessoas que sofrem de obesidade mórbida. Significativos avanços tem sido alcançados no tratamento farmacológico da obesidade mórbida, no entanto, a cirurgia bariátrica, foi considerada o tratamento mais freqüente e mais eficaz para pacientes com IMC > 40Kg/m2 ou com IMC ≥ 35Kg/m2 quando associado a outras co-morbidades, segundo o Instituto Nacional de Saúde. Com o crescimento no número de cirurgias, cresce também a atuação do profissional fisioterapeuta. Sabendo-se que não foi encontrado na literatura algo que sistematize as condutas, surge o interesse em conhecer, na prática, o perfil da assistência fisioterapêutica prestada nos hospitais de Salvador – Ba. Trata-se de um estudo observacional onde foram entrevistados os fisioterapeutas coordenadores de serviço e os cirurgiões bariátricos de quatro hospitais. Apesar da tentativa dos serviços em estabelecer uma sistematização das condutas, através de protocolos internos , observamos que não foi encontrado uniformidade nas ações entre os diferentes serviços.

Palavras-chaves: cirurgia bariátrica, fisioterapia, obesidade mórbida


ABSTRACT

The obesity is an universal healthy is acquiring alarming epidemic proportions. It`s one of the main problems of public`s healthy in modern society, whose gravity is bigger than nourishment`s absence existent still in poor countries of world. Brazil fills the 5º (fifth) place in world ranking of peoples that suffer form morbid obesity. Highly expressive advances have been reached in phamacological treatment of morbid obesity. Nevertheless, baritric surgery had been considered the most frequently and efficacious treatment for pacients with IBM > 40Kg/m2 or with com IBM ≥ 35Kg/m2, when it’s associated with others co-morbids, according to Health National Institute. With the exaggerated increase of the surgery numbers, the performance of physiotherapist professional increases as well. Being aware that it was not found, in literature, something that systematizes the conducts, it comes out the interest in knowing, on practice, the physiotherapy assistance profile, that was payed on Salvador-BA hospitals. It’s treating an observing study that services’co-ordinaters physiotherapist and bariatrics surgeons were interviewed in 4 (four) hospitals. In spite of services’effort to establish conducts’systematization, through internal protocols, we perceived that uniformity was not found in actions among differents services.

Key words: Bariatric surgery, Physiotherapy, morbid obesity


INTRODUÇÃO

A obesidade é uma doença universal de prevalência crescente e que vem adquirindo proporções alarmantemente epidêmicas, sendo um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna [1,2] cuja gravidade para saúde é maior que a desnutrição ainda existente nos países pobres do mundo. Segundo números da Força-tarefa Internacional contra a Obesidade (FTIO), mais de 14 milhões de crianças sofrem com excesso de peso, dos quais quase três milhões ultrapassaram a fronteira da obesidade, e o número de jovens com excesso de peso aumenta em 400 mil pessoas a cada ano [3].

O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de pessoas que sofrem de obesidade mórbida e de acordo com o IBGE, o excesso de peso alcança grande expressão em todas as regiões do país, no meio urbano e no meio rural e em todas as classes de rendimentos [4].

Significativos avanços tem sido alcançados no tratamento farmacológico da obesidade mórbida nos últimos anos, mas infelizmente os melhores resultados obtidos por esse tipo de tratamento eram insatisfatórios, chegando a uma perda máxima de até 10% do peso corporal, além de muitas vezes virem acompanhados e/ou associados a complicações cardíacas de alto risco [5].

Em 1991 numa Conferência do Instituto Nacional de Saúde, concluiu-se que a cirurgia era a opção mais viável para perda de peso de pacientes com IMC > 40Kg/m2 ou com IMC ≥ 35Kg/m2 quando associado a outras co-morbidades, como hipertensão, diabetes tipo II, refluxo gastroesofágico, síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS), dentre outros. Assim, a cirurgia bariátrica tornou-se o tratamento mais freqüente e mais eficaz para a obesidade de acordo com o Instituto Nacional de Saúde [6].

Com o crescimento das cirurgias bariátricas, cresce também a atuação dos profissionais envolvidos na assistência desses pacientes, considerando tratar-se de uma doença multifatorial, complexa, responsável pelo aumento do índice de morbidade e mortalidade e pela perda da qualidade de vida.

O foco do presente estudo será a assistência fisioterapêutica pós-operatória., sabendo-se que não foi encontrado na literatura algo que sistematizasse as condutas, surge o interesse em conhecer, na prática, o perfil da assistência fisioterapêutica prestada nos hospitais de referência em cirurgia bariátrica da cidade de Salvador – Ba, como também a visão dos cirurgiões bariátricos entrevistados, em relação ao tratamento fisioterapêutico.


METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo observacional realizado no período de setembro de 2004 a abril de 2005.

No universo de cinco hospitais que realizam a cirurgia bariátrica em Salvador-Ba, quatro foram escolhidos por realizarem um maior número de cirurgias no mês (≥ 15). O hospital excluído realiza menos de 15 cirurgias/mês, sendo a grande maioria das cirurgias por via aberta, diferentemente dos hospitais escolhidos, onde a via é laparoscópica. Para ser submetido às entrevistas, foram escolhidos o coordenador de cada serviço de fisioterapia dos respectivos hospitais, desde que os mesmos também estivessem inseridos na assistência desses pacientes, além de um cirurgião bariátrico de cada equipe, escolhido de forma arbitrária.

Foram aplicados dois questionários não validados, um direcionado ao fisioterapeuta e outro ao cirurgião. O questionário do cirurgião versou sobre questões gerais e específicas da fisioterapia, analisadas como visão pessoal, já o questionário do fisioterapeuta versou sobre protocolos e condutas assistenciais. Estes foram preenchidos pelos pesquisadores mediante entrevista. Os hospitais foram organizados em seqüência numérica de 1 a 4 em respeito a ética e sigilo das informações fornecidas


RESULTADOS

O quadro abaixo mostra o perfil geral dos hospitais que fazem cirurgia bariátrica na cidade de Salvador-Ba, caracterizado pelo n° de cirurgiões que compõe a equipe, há quanto tempo é realizada a cirurgia no hospital, quantas cirurgias são feitas em média por mês e qual a técnica cirúrgica mais utilizada.


Quadro I: Perfil geral dos hospitais
 

Hospital N° cirurgiões Tempo de cirurgia Cirurgia/Mês Técnica + utilizada
1 4 3 anos 35 Capella – Vídeo
2 3 6 anos 20 Capella – Vídeo
3 3 4 anos 15 Capella – Vídeo
4 3 5 anos 25 Capella – Vídeo



Segue abaixo o gráfico 1, representando as complicações cirúrgicas mais freqüentes citadas pelos cirurgiões.


Gráfico1: Complicações cirúrgicas pós-operatória




O foco de atenção dos cirurgiões no que se refere a prevenção dessas complicações, volta-se ao risco tromboembólico, os quais utilizam de rotina na sua prática: heparina de baixo peso molecular (todos os hospitais), utilização de meias compressivas e compressão pneumática intermitente(exceto um), deambulação precoce (dois em quatro), sendo a fisioterapia citada por todos os cirurgiões.

Todos os cirurgiões referiram que a fisioterapia é sempre indicada no pós-operatório da cirurgia bariátrica. Desses, três relatam a indicação da fisioterapia também como parte de um protocolo e um relata não saber se existe protocolo.

Dentre os benefícios que a fisioterapia pode trazer ao paciente foram citados: redução de complicações respiratórias, prevenção de trombose venosa profunda (TVP), evitar restrição ao leito, ajudar no retorno da funcionalidade intestinal, sendo citado ainda por um dos cirurgiões entrevistados a reabilitação postural, muscular e cardiopulmonar.

Em relação a assistência fisioterapêutica no pós operatório de cirurgia bariátrica, o gráfico abaixo mostra o perfil de atendimentos nos diferentes serviços entrevistados, retratando dados como: existência de protocolo documentado de assistência específica, avaliação fisioterapêutica pré-operatória, presença de co-morbidades como fator direcionador de condutas, utilização de técnicas como CPAP, inspirometria de incentivo, padrões ventilatórios ou técnicas diferentes dessas, utilização de técnicas para prevenção tromboembólica, existência de hierarquia para realização das condutas e a fisioterapia quanto a interferência na alta do paciente (em relação a equipe multidisciplinar).


Gráfico 2: Perfil do atendimento fisioterapêutico




Com relação aos critérios de utilização das técnicas, encontramos 5 critérios para o CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) nos diferentes serviços, podendo mais de 1 critério ser citado por cada serviço ( vide gráfico abaixo).


Gráfico 3: Critérios para utilização de CPAP




Dos três hospitais que utilizam técnicas para prevenção tromboembólica, a cinesioterapia, a deambulação e sedestração precoce, o uso de meias compressivas e compressão pneumática intermitente foram as técnicas citadas (vide gráfico 3).


Gráfico 4: Técnicas para prevenção de TVP




A entrevista com o fisioterapeuta também conteplou uma questão sobre a complicação cirúrgica mais freqüente no serviço entrevistado. Dois fisioterapeutas citaram fístula ou deiscência, um citou atelectasia e hipoxemia e o outro citou a não existência de complicações.



DISCUSSÃO

Estamos vivendo hoje, uma verdadeira epidemia mundial de sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida, comprometendo 1,7 bilhões de pessoas em todo o mundo [7] e inúmeros tratamentos clínicos estão disponíveis no mercado, no entanto a cirurgia bariátrica hoje é considerada a única terapia efetiva para obesidade mórbida e segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, o by-pass gástrico proposto por Fobi e Capella é considerado o “padrão ouro” da cirurgia bariátrica, dado também confirmado pelos resultados do questionário médico, onde todos os cirurgiões citaram a técnica como a mais utilizada na sua prática. Nos anos de 2002-2003, 146.301 cirurgias bariátricas foram realizadas em todo o mundo [8]. O Brasil, com mais de um milhão de obesos mórbidos já é o segundo país do mundo que mais realiza cirurgias da obesidade, cerca de l5000 cirurgias por ano, perdendo apenas para os Estados Unidos, segundo informações da SBCB (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica). Já no que se refere ao panorama de Salvador-Ba, segundo dados do questionário aplicado aos cirurgiões entrevistados, os quais representam as quatro equipes que mais realizam a cirurgia bariátrica na cidade, atualmente cerca de 95 cirurgias estão sendo feitas em média por mês, totalizando 1140 cirurgia/ano.

Com aumento das cirurgias de obesidade e projeções futuras ainda maiores, cresce também a atuação dos diferentes profissionais envolvidos na assistência dessa categoria de pacientes (médicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, dentre outros). No entanto, o presente estudo, trata especificamente da assistência fisioterapêutica pós-operatória.

Sabe-se que, teoricamente, pouco se tem encontrado a respeito da assistência fisioterapêutica em pacientes obesos submetido a cirurgia bariátrica e que muitas dúvidas ainda surgem em relação ao benefícios e as diferentes abordagens que o profissional fisioterapeuta pode vir a ter com esses pacientes nos diferentes momentos do seu tratamento, seja na fase pré ou pós-operatória (imediata ou tardia). Muito se deve a carência de estudos e publicações que objetivem a sistematização dessas condutas.

Já na prática, observa-se que a fisioterapia ocupa um lugar de extrema importância na assistência desses pacientes (fase pós-operatória – fase estudada) tendo em vista que todos os cirurgiões entrevistados referem-se a fisioterapia como algo obrigatório, que está sempre indicada no pós-operatório, independente de fazer parte de um protocolo hospitalar. São inúmeros os benefícios citados e reconhecidos por estes profissionais. Destacamos palavras como “indispensável”, “fundamental”, citadas durante as entrevistas.

O questionário aplicado aos fisioterapeutas teve como objetivo analisar a sistemática das condutas fisioterapêuticas. No gráfico 1, observa-se que, dos quatro serviços entrevistados, três tinham protocolo específico para assistência de pacientes em pós-operatório de cirurgia bariátrica e um referia não ter protocolo e seguir uma mesma linha de atendimento para os pacientes pós-cirúrgico em geral. Sabendo-se que um protocolo consiste num princípio básico para uniformidade e direcionamento das condutas assistenciais, a sua inexistência sugere uma quebra da sistematização.

A avaliação fisioterapêutica pré-operatória é de grande importância para o estabelecimento do vínculo terapeuta/paciente, conhecimento das co-morbidades, fatores de risco e possíveis disfunções dos sistemas respiratório, cardiovascular e musculoesquelético, permitindo um comparativo com o pós-cirúrgico, quando muitas dessas disfunções podem estar agravadas ou serem adquiridas, objetivando a efetividade do atendimento. No entanto, dos quatro serviços entrevistados, apenas em um deles o paciente é submetido a esse tipo avaliação, enquanto que nos outros três o fisioterapeuta só terá o primeiro contato com o paciente após a cirurgia.
As disfunções respiratórias detectadas no pré-operatório também podem sugerir a necessidade de intervenção fisioterapêutica precoce, objetivando uma condição clínica mais vantajosa com menor índice de complicações no pós-operatório como afirma Fagevik (1997) [9], “a fisioterapia respiratória pré-operatória reduz a incidência de complicações pulmonares no pós-operatório e melhora a mobilização e saturação de oxigênio após cirurgias abdominais alta”.

Em relação a presença de co-morbidades, todos os serviços entrevistados afirmam ser este um fator direcionador de condutas, sendo a SAOS (Síndrome da Apnéia do Sono) uma das mais relevantes no sentido de determinar a utilização de uma técnica específica como o CPAP. Segundo FREY(2003) [10], o subdiagnóstico da SAOS é uma realidade em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica e consiste em um risco potencial para o aumento da morbidade e mortalidade pós-operatória. Ainda de acordo com o autor, a incidência de distúrbios do sono é significativamente alta, atingindo 88% da população obesa mórbida, sendo 71% acometida por SAOS.

A polissonografia é o exame de referência para o diagnóstico da SAOS e é ela quem vai determinar ou titular o valor de pressão ideal para utilização da CPAP (Pressão Positiva Contínua na Vias Aéreas), que corresponde a pressão suficiente para manter as vias aéreas superiores pérvias [11]. A utilização da técnica CPAP no pós-operatório foi citada por todos os serviços entrevistados, porém os critérios (vide gráfico 2) para sua aplicação divergiram. O serviço do hospital 1 citou CV(capacidade vital)
20ml/Kg e déficit de oxigenação como critérios. O serviço do hospital 2 citou SAOS e CV 20ml/Kg, já o serviço do hospital 3 citou SAOS, atelectasia e CV 15ml/Kg e o serviço do hospital 4 citou SAOS, atelectasia e déficit de oxigenação.

A inspirometria de incentivo consiste na utilização de incentivadores a fluxo ou a volume que, através de uma inspiração ativa forçada e sustentada por um determinado intervalo de tempo, tem como objetivo promover acréscimo no volume residual funcional (CRF), na pressão transpulmonar e na capacidade pulmonar total. No entanto, não existe evidências de que os benefícios dessa técnica se sobrepõem aos padrões ventilatórios, por exemplo. Segundo CELLI, (1984), a respiração com pressão positiva intermitente, a inspirometria de incentivo e a respiração profunda são igualmente eficazes na prevenção de complicações pulmonares após cirurgia abdominal. Segundo questionário aplicado, a inspirometria é utilizada como técnica pós-operatória em apenas um serviço não relatando critérios para o seu uso e sim referindo realizar a técnica em todos os pacientes com objetivo de envolver e comprometer o paciente na reaçização da conduta, contribuindo para prevenção das complicações respiratórias.

Os padrões ventilatórios (PV) são técnicas fisioterapêuticas utilizadas para re-treinar os músculos da respiração, melhorar a ventilação, as trocas gasosas e a oxigenação, diminuir o trabalho respiratório, melhorar a força, a resistência e a coordenação do músculo respiratório, prevenir comprometimentos pulmonares como também melhorar a capacidade funcional do paciente. São eficazes, não necessitando de artefatos especiais e sendo de fácil aprendizagem [12,13]. Conforme o questionário, os PV são utilizados em todos serviços entrevistados, onde dois dos serviços referem utilizar a técnica em todos os pacientes sem estabelecer qualquer critério, enquanto os outros dois citam a CV
20ml/Kg como critério para aplicação da técnica.

Segundo Clagett (1998) [14], o risco de desenvolvimento de trombose venosa profunda e embolismo pulmonar é considerado na cirurgia bariátrica de moderado a alto risco devido a obesidade , estilo sedentário de vida , estase venosa, hipertensão pulmonar e distúrbios de coagulação, citando também os agravantes de posição do paciente e de tempo de cirurgia que contribui para essa estase venosa. Conforme Levi et al (2003) [15] modalidades profiláticas devem ser realizadas de acordo com o consenso de trombose venosa profunda que inclui compressão seqüencial do membro e uso de heparina de baixo peso molecular. Tendo em vista a importância desse tipo de prevenção foi questionado se os serviços faziam uso de alguma técnica e quais eram. Observou-se então, que apenas um serviço não utilizava e dos que utilizavam, foram citadas as técnicas de compressão pneumática intermitente, meias elásticas compressivas e ainda a cinesioterapia, a massoterapia, sedestração e deambulação precoce, porém não houve uniformidade entre os serviços.

Além das técnicas já citadas como conduta fisioterapêutica, todos os serviços referiram utilizar técnicas adicionais. Foram mencionadas técnicas como EPAP(Pressão Positiva no fim da Expiração), PEP(Pressão Positiva Expiratória), eletroestimulação e alongamentos.

Com relação a hierarquização de condutas, dos quatro serviços entrevistados, apenas um refere seguir uma hierarquia na escolha das condutas, tomando como parâmetro a capacidade vital(CV): CV
15ml/Kg - a escolha é pela técnica CPAP; 15CV20 opta-se pelo EPAP e CV20ml/Kg a escolha é pelos padrões ventilatórios reexpansivos. Dos três serviços que não estabelecem hierarquia, um refere ter a deambulação precoce como uma prioridade na sua assistência.

Com o intuito de saber se o parecer do fisioterapeuta interferia na alta hospitalar, três serviços informaram que o fisioterapeuta é sempre contactado e ouvido, proporcionando uma melhor interação entre a equipe multidisciplinar, objetivando a eficiência assistencial.


CONCLUSÃO

Após análise dos questionários aplicados observamos que apesar da tentativa dos serviços em estabelecer uma sistematização das condutas, através de protocolos internos , não foi encontrado uniformidade entre as ações terapêuticas dos diferentes serviços entrevistados na cidade de Salvador- BA. Acreditamos que a carência de estudos e publicações referentes à assistência fisioterapêutica e os benefícios que a mesma pode proporcionar, contribuem para as possíveis diferenças encontradas na escolha das técnicas e dos critérios utilizados.


REFERÊNCIAS

1. Seidell JC. Epidemiolog:Definition and Classification of Obesity. In: Kopelman PG, Stock MJ. Clinical Obesity. London:Blackwell Science; 1998. p.1-17.

2. Ferraz ED, Barroso FL, Marchesini JB, Szego T. Cirurgia da Obesidade. São Paulo: Atheneu; 2002.

3. Força Tarefa Internacional de Saúde.2003. Disponível em:URL: http://www.iotf.org

4. IBGE. Disponível em:URL:http://www.ibge.gov.br

5. Byrne TK. Complications of Sirurgy for Obesity

6. Portugal CS. Repercussões do Suporte Ventilatório Não Invasivo em Pacientes Portadores da Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono Submetidos a Cirurgia Bariátrica.Cachoeira-BA; 2003.p.64.

7. Deitel 2003

8. Buchwald H, Williams SE. Bariatric Surgery Worldwide. Obes Surg; 14(9):1157-64, 2004 Oct.

9. Fagevik OM, Josefson K, Lönroth H. Randomized Controlled Trial of Prophylactic Chest Physiotherapy in Major Abdominal Surgery. The British Journal of Surgery; v.84(11): 1535-8; 1997 Nov.

10. Frey WC, Pilcher J. Obstructive Sleep-Related Breathing Desorders in Patientes Evaluated for Bariatric Surgery. Obesity Surgery 2003; 13:676-83.

11. Martinez J. Distúrbio da Respiração Durante o Sono. In: Bethlem, N. Pneumologia. São Paulo: Atheneu; 2000. 670-71.

12. Scanlan CL. Fundamentos da Terapia Respiratória de Egan. São Paulo: Manole; 2000.

13. Kisner C, Colby LA. Exercícios Terapêuticos-Fundamentos e Técnicas. São Paulo: Manole; 1998.

14. Clagett GP, Anderson JFA, Heit J. Prevention of Venous Thromboembolism. Chest; 1998.312-34.

15. Levi D , Goodman ER, Patel M, Savransky Y. Critical Care of The Obese and Bariatric Surgical Patient. Critical Care Clinics 2003; 19.

 

Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 19/06/2006

 


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