1 –
INTRODUÇÃO
O trauma é uma das causas mais freqüentes de lesão encefálica.
Os pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico (TCE) são a quarta
principal causa de mortalidade nos EUA nos últimos 40 anos, enquanto que entre
as pessoas de 1 a 45 anos se encontram em primeiro lugar (1). A mortalidade dos
pacientes vítimas de TCE está em torno de 40% e não está limitada somente aos
países desenvolvidos, sendo o TCE bastante presente em todo o mundo (1).
Infelizmente, mais da metade dos mortos por TCE ocorre no local do trauma, sem
tempo hábil para reanimação (1).
O TCE pode ser provocado por acidente de trânsito (60 a 70%), quedas (20%) e
outras causas mais raras (agressões, projétil de arma de fogo, etc), esta
proporção, entretanto, varia de acordo com a idade.
São poucas e divergentes as estatísticas sobre TCE. Entre os vários fatores para
a discrepância de dados um deles é a ausência de acordo para determinar se um
paciente foi vítima de TCE, porém não existe um critério absoluto para definir
um TCE. O fundamental é determinar o requisito mínimo para que um paciente seja
qualificado como vítima de TCE. Jenneth & Teasdale (1981), no estudo
epidermiológico escocês, adotaram uma definição prática e simples, segundo a
qual os casos de TCE incluem: a) História definida de golpe sobre a cabeça; b)
laceração do couro cabeludo ou fronte; e c) alteração da consciência
independentemente da duração.
As lesões encefálicas são classificadas segundo os critérios temporal e
topográfico. Inicialmente, foi enfatizada a divisão das lesões encefálicas em
primárias e secundárias (Adms & Graham, 197; Jenneth & Teasdale; Adams,
Genneralli, Graham, 1982). A lesão encefálica primária ocorre no momento do
trauma e corresponde principalmente à contusão cerebral e à lesão axonal difusa
(LAD). A lesão secundária é determinada por processos iniciados no momento do
trauma, mas clinicamente evidentes algum tempo depois. São lesões secundárias:
os hematomas intracranianos, a tumefação cerebral, a lesão cerebral secundária à
hipertensão intracraniana e a lesão cerebral hipórica.
Do ponto de vista topográfico (anatomopatológico) as lesões se classificam em
focais e difusas. As lesões focais caracterizam-se por serem macroscópicas e
limitada a determinada área. São lesões focais: contusão cerebral, hematoma
intracraniano, hemorragia e a inflamação do tronco encefálico conseqüentes à
hipertensão intracraniana.
As lesões encefálicas são, portanto, responsáveis por cerca de 60% das
internações hospitalares (2).
Sobretudo é importante entendermos o papel do fisioterapeuta na reabilitação com
TCE, mesmo quando estes se encontram hospitalizados.
2 – FISIOPATOLOGIA
É importante que sejam compreendidos os mecanismos da lesão cerebral, visto que
há conseqüências sensoriomotoras, cognitivas, comportamentais, e sociais
diretamente seqüenciais à injúria.
As lesões encefálicas focais e abertas, causadas por esmagamento ou objetos
penetrantes, afetam regiões específicas, geralmente do cérebro. Os projéteis
penetrantes em alta velocidade podem emitir ondas de choque que lesam áreas mais
distantes dos hemisférios e do tronco encefálico. A maioria das lesões focais
produz problemas relativamente restritos que exigem tratamento cirúrgico agudo.
As conseqüências do traumatismo craniano fechado são diferentes e dependem da
intensidade do impacto, da direção do movimento do crânio resultante e do
aparecimento ou não de complicações.
A maior parte da lesão cerebral causada por traumatismo craniano fechado resulta
das forças de aceleração-desaleração recebidas no momento do impacto.
As contusões podem ser leves ou graves. No caso de um golpe intenso à cabeça, os
danos ao cérebro podem ocorrer em dois locais: (1) no ponto de impacto, e (2)
num ponto oposto ao impacto, onde o tecido faz contato com o crânio, denominado
de contragolpe.
As lesões por torção concomitantes da cabeça literalmente arrancam as fibras da
substância branca das suas origens e/ou destino, desse modo devastando a
conectividade cerebral normal. Em tais circunstâncias, a presença ou ausência de
uma fratura é relativamente irrelevante; é o cérebro que sofre as maiores
conseqüências.
Lesão primária
Fratura de crânio, contusões, lacerações da substância cinzenta, lesão
axional difusa (substância branca)
Lesão secundária
Hematomas intracranianos: podem ser epi, subdurais ou intraparenquimatosos.
Podem ser apresentar isolados ou associados a outros tipos de lesões, como:
contusões, lacerações e fraturas.
Hematoma extradural
É a coleção sangüínea situada entre a dura-mater e o crânio. Quando o
paciente apresenta este tipo de hematoma ele pode ter como quadro clínico: um
intervalo lúcido, ou seja, o paciente fica inconsciente e de repente ele volta a
ter uma certa consciência; se ocorrer uma progressão da diminuição da
consciência, o paciente pode apresentar uma hemiparesia, então, este paciente
deverá ser encaminhado ao médico. Dependendo da lesão poderá ser feito o
tratamento cirúrgico.
Hematoma subdural (agudo, subagudo e crônico)
É uma coleção sangüínea entre a dura-mater e o cérebro. O hematoma subdural
pode ser proveniente de um traumatismo. Geralmente, tem edema cerebral. E pode
ser dividido em agudo, subagudo e crônico.
Hematoma intracerebral ou intraparenquimatoso
É uma hemorragia mais séria e tem um volume de sangue acima de 5 ml dentro
do parenquima cerebral. Geralmente este paciente vai evoluir para o coma. Este
tipo de hematoma atinge o lobo temporal e frontal.
Hematoma intraventricular
Ocorre após um traumatismo ou hemorragia subaracnóidea. Geralmente, o sangue
obstrui o quarto ventrículo, podendo causar uma hidrocefalia.
Hipertensão intracraniana
Manifestação de conflito de espaço que surge quando o crânio resulta
incompetente para alojar e manter as suas relações normais entre seus
componentes habituais do espaço intracraniano, ou seja, existe a hipertensão
intracraniana quando o encéfalo e o líquido céfalorraquidiano não estão
trabalhando harmoniosamente, existindo um conflito deste espaço,
consequentemente a pressão intracraniana tende a se elevar acima de 15 mmHg.
Os mecanismos mais freqüentes no desenvolvimento da hipertensão intracraniana
(HIC) são: edema cerebral, aumento do volume e da pressão do LCR e aumento do
volume de sangue intracranial.
Lesão cerebral isquêmica
Ocorre quando há uma redução dos níveis de oxigênio do paciente, provocando
lesões.
Problemas mais comuns subsequentes ao tramatismo cranioencefálico:
* Concussão. É causada por uma aceleração rotacional, provacada por um
movimento súbito da cabeça, que induzirá ao movimento rotacional dos hemisférios
cerebrais ao redor do diencéfalo, ocorrendo alteração da PIC. É um distúrbio
fisiológico reversível das funções de sistema nervoso, com perda ou diminuição
da consciência, ocorrendo amnésia, ou seja, é um problema mais comum subsequente
quando ocorre o TCE ela é provocada por um movimento rotacional e súbito da
cabeça.
* Contusão. Pode ser resultado de traumatismo direto do cérebro no local
do impacto, deslocamentos violentos contra irregularidades ósseas, difragmentos
ósseos sob traumas ou lesão por contra-golpe. Quando existe hematoma do córtex,
o tratamento deve ser considerado porque pode Ter vários tipos de hemorragias.
* Edema cerebral. Ocorre devido ao acúmulo excessivo de líquido dentro do
tecido cerebral, sendo causa de deteriorização neurológica progressiva, tendo o
aumento da PIC que se torna incontrolável. Qualquer manuseio pode acelerar o
aumento dessa PIC.
3 – ASPECTOS CLÍNICOS IMEDIATOS
* Alteração na função autonômica (pulso, FR, geralmente estão diminuídos, a
temperatura pode estar elevada, dentre outras características. Geralmente, o
paciente apresenta aumento da sudorese, a PA pode estar descontrolada).
* Alteração da consciência: coma (paralisia cerebral, o paciente muitas vezes
não responde aos estímulos); esturpor (é quase o coma, mas o paciente, às vezes,
pode ser temporariamente acordado), sonolência (o paciente dorme muito e quando
é acordado ele tem uma diminuição nas respostas em que é submetido que é nos
testes, as respostas são bem lentas); delírio (geralmente observado no momento
em que o paciente começa a recuperar a consciência, às vezes, o paciente vai
estar agitado); embaçamento da consciência (falha da memória).
* Alterações nas funções motoras: mono (não existe); hemiplegia (é o mesmo
mecanismo do AVC); reflexos anormais. A flacidez inicial pode transformar-se em
rigidez e espasticidade.
Posturas anormais:
* Decorticação: quando paciente apresenta respostas flexoras em membros
superiores e membros inferiores.
* Desceleração: respostas extensoras em membros superiores e membros inferiores.
* Flacidez: respostas extensoras em membros superiores com fracas respostas em
membros inferiores, ausência de respostas motoras. Estas respostas podem ser
bilaterais ou unilaterais.
4 - COMPLICAÇÕES
A mais freqüente complicação retardada da lesão craniana é a epilepsia
pós-traumática. A epilepsia pode começar meses ou anos após a injúria inicial.
Injúrias concomitantes e resultantes de traumatismo múltiplo são uma ocorrência
freqüente nas lesões cranianas.
Finalmente, o prolongado repouso no leito e a inatividade podem levar a um
grande grupo de complicações, como: problemas respiratórios, atrofia muscular,
contraturas, osteoporose, ossificação heterotópica, úlceras de decúbito, edema,
infecções, tromboflebite, e desordens do trato urinário.
5 – TRATAMENTO CLÍNICO
O diagnóstico de uma lesão craniana traumática é usualmente feito quando o
paciente é pela primeira vez contactado na sala de emergência.
É promovido um exame neurológico que enfatize o estado de consciência, reação
pupilar, movimento dos olhos, reflexos oculares, respostas motoras, e padrões
respiratórios. Procedimentos diagnósticos, adicionais podem ser: tomografia
axial computadorizada (TAC), imagem por radioisótopos, exame por raios-X,
angiografia cerebral, encefalografia por ultra-som, eletroencefalografia (EEG),
potenciais cerebrais evocados, e análise do líquido cefalorraquidiano (LCR). Tem
início a monitoração contínua das funções fisiológicas, como pressão
intracraniana (PIC), freqüências ventilatória e de pulso, gases sangüíneos
arteriais, concentrações de eletrólitos séricos e sua osmolaridade, e fluxo
sangüíneo cerebral.
O tratamento clínico em seguida a uma lesão craniana traumática está dirigido
para as imediatas medidas de salvamento da vida do paciente, e para a detida
observação, em busca de complicações secundárias que podem ameaçar a vida.
Esteróides ou diuréticos osmóticos podem ser usados em auxílio à redução do
edema cerebral e da pressão intracraniana.
Uma vez que o paciente se tenha estabilizado, o tratamento médico focaliza-se na
contínua avaliação neurológica, prognóstico, procedimentos ortopédicos e
complicações secundárias (como infecções e convulsões). Pode ser solicitada a
intervenção de fisioterapia, para que seja impedida a deterioração.
6 – ESTÁGIOS DE RECUPERAÇÃO DO TCE
A recuperação do traumatismo craniano freqüentemente tem forma variável e
complexa. E para facilitar a comunicação entre as
diferentes especialidades, foram desenvolvidas diversas escalas de
recuperação. As diferentes escalas de pontuação descrevem basicamente os
estágios de recuperação observados imediatamente em seguida ao traumatismo e
durante a fase aguda da recuperação.
*ESCALA DE COMA DE GLASGOW
A escala de pontuação clínica mais amplamente utilizada durante o estágio agudo
de recuperação é a Escala do Coma de Grasgow, criada por Jennett e Teasdale. A
escala avalia o nível de consciência do paciente. Esta escala permite que os
clínicos pontuem a gravidade da lesão, e monitorem a recuperação do paciente
desde o estado inconsciente, até o estado consciente. A alteração no grau de
prejuízo da consciência é um bom indicador da melhora da função cerebral. O grau
e a duração do coma são reflexos da gravidade da lesão difusa. A duração do coma
e a amnésia pós-traumática são importantes fatores na previsão do resultado
geral. Usualmente as lesões focais não causam qualquer deficiência na
consciência.
A Escala do Coma de Grasgow pontua três tipos de respostas: abertura do olho,
melhores respostas motoras, e resposta verbal. A abertura do olho é observada e
pontuada conforme ocorra espontaneamente em resposta à fala, à dor, ou se não
abre o olho absolutamente.
Dentro da categoria motora, a melhor resposta do paciente é utilizada na escala
de pontuação, e não um escore médio, nem a resposta motora mais fraca. A seguir,
uma descrição de como os pacientes com um envolvimento motor progressivamente
maior seriam pontuados, usando-se uma escala de 0 a 6. Um paciente que pode
obedecer comandos motores receberá a maior pontuação (uma pontuação igual a 6).
Para os pacientes que não podem responder a instruções, um estímulo doloroso é
aplicado aos leitos das unhas, ou à região supraorbitária. Se a mão se movimenta
no sentido do estímulo doloroso, a resposta é pontuada como localizante (5
pontos). Um paciente que demonstra uma resposta de retirada a partir de um
estímulo receberá uma pontuação de 4. Respostas em qualquer destas tres
categorias principais são indicativas de tratos descendentes intactos. A postura
flexora anormal é uma resposta de decorticação caracterizada por uma flexão dos
braços e extensão das pernas. Recebe uma pontuação de 2, e indica um nível
funcional de lesão entre o córtex e o núcleo rubro. A postura extensora anormal
de todos os quatro membros representa descerebração, recebendo, como pontuação,
1. O nível funcional da lesão situa-se entre o núcleo rubro e núcleos
vestibulares. Ausência de lesão abaixo dos núcleos vestibulares.
A fala do paciente é classificada da seguinte forma: normal com conversação
orientada, palavras confusas inadequadas, sons (grunhidos e gemidos) ou nenhuma
vocalização. Algumas vezes uma respostas verbal não é possível, devido ao tubo
endotraqueal. A capacidade de falar umas poucas palavras indica um nível mais
elevado de funcionamento cerebral.
O procedimento para o emprego da Escala do Coma de Glasgow é relativamente
simples e pode ser administrado diversas vezes por dia ao paciente, na unidade
de terapia intensiva. Ela é confiável, com treino, membros da equipe podem
administrar a escala com resultados consistentes. O escore do coma é um sumário
das pontuações atingidas em cada uma das três partes da escala (abertura de
olhos, motora, verbal). Dentro da faixa de pontuações do coma entre 3 e 15, não
há um ponto claro no qual pode-se afirmar que o paciente não mais está em coma.
Os autores da escala relataram que 90% de todos os pacientes com uma pontuação
de 8 ou menos estão em coma (incapazes de abrir os olhos, de fazer qualquer som
reconhecível, ou seguir qualquer comando), enquanto que todos os pacientes com
uma pontuação de 9 ou mais estão fora do coma.
A Escala de Glasgow demonstra que os pacientes com lesão craniana traumática não
“acordam” simplesmente do coma. Alguns clínicos podem discutir se o paciente
está realmente comatoso, semicomatoso, ou em estado de estupor. Nenhum destes
termos pode descrever claramente o estado neurológico do paciente. A Escala de
Glasgow lança mão de uma abordagem mais objetiva para a descrição da transição
de um paciente, do coma até a consciência.
QUADRO I – Escala de Coma de Glasgow
Resposta verbal |
|
Nenhuma
---------------------------------------------- 1 |
Sons
incompreensíveis --------------------------- 2 |
Palavras
inadequadas ----------------------------- 3 |
Confuso
------------------------------------------------- 4 |
Orientado
----------------------------------------------- 5 |
|
Abertura Ocular
|
|
Nenhuma
----------------------------------------------- 1 |
À dor
----------------------------------------------------- 2 |
À fala
---------------------------------------------------- 3 |
Espontaneamente
---------------------------------- 4 |
|
Resposta motora |
|
Nenhuma
----------------------------------------------- 1 |
Extensão anormal
---------------------------------- 2 |
Flexão anormal
-------------------------------------- 3 |
Retirada
------------------------------------------------ 4
|
Localiza
------------------------------------------------ 5 |
Obedece
------------------------------------------------ 6
|
|
Total: soma dos
03 componentes |
*ESCALA DE MEDIÇÃO DA LOCOMOÇÃO INDEPENDENTE FUNCIONAL (FIM)
A Escala de Medição da Locomoção Independente Funcional (FIM) mensura a evolução
da locomoção em relação à marcha ao subir e descer escadas, sendo um valioso
instrumento para avaliar a recuperação da locomoção, em pacientes com lesões
cerebrais traumáticas ou não
A FIM é restrita para a locomoção, sem avaliar atividades da vida diária. Porém
avalia uma das funções mais importantes, que quando não reconquistada pode levar
à sérias conseqüências psicológicas.
QUADRO II – Escala de medição da Locomoção Independente Funcional (FIM) adaptada
LOCOMOÇÃO – MARCHA: |
|
SEM AJUDANTE: |
COM AJUDANTE: |
|
|
7
– Independência completa. Paciente caminha com segurança uma distância
mínima de 50 metros sem qualquer auxílio.
|
4
– Auxílio com contato mínimo: paciente executa 75% ou mais dos esforços da
locomoção para percorrer ao menos 50 metros |
6
– Independência modificada. Paciente caminha uma distância mínima de 50
metros, mas usa órteses ou próteses, muletas ou um andador; demora mais
tempo que o necessário ou há considerações de segurança. |
3
– Auxílio moderado: paciente executa de 50 a 74% dos esforços da locomoção
necessários para percorrer ao menos 50 metros. |
5
– Paciente caminha independentemente distâncias breves (mínimo de 17
metros), com ou sem dispositivos. 5 – Supervisão: Paciente requer
supervisão, indicações ou estímulos para percorrer pelo menos 50 metros. |
2
– Auxílio máximo: paciente executa 25 a 49% dos esforços da locomoção
necessários para percorrer ao menos 17 metros. Necessita auxílio de
somente uma pessoa. |
|
1
– Auxílio total: paciente executa menos de 24% dos esforços, ou requer
auxílio de duas pessoas ou não caminha. |
|
ESCADAS: |
|
SEM AJUDANTE: |
COM AJUDANTE: |
|
|
7
– Independência completa: paciente sobe e desce com segurança ao menos um
nível de escada (12 a 14 degraus), sem depender de corrimão ou qualquer
tipo de apoio. |
4
– Auxílio com contato mínimo: paciente executa 75% ou mais dos esforços
necessários para subir e descer um nível de escada. |
6
– Independência modificada: paciente sobe e desce ao menos um nível de
escada, mas necessita de apoio lateral, corrimão ou muletas; demora mais
tempo que o necessário ou há considerações de segurança. |
3
– Auxílio moderado: paciente executa de 50 a 74% dos esforços necessários
para subir e descer um nível de escada. |
5
– Paciente sobe e desce 4 a 6 degraus independentemente com ou sem
dispositivos. Demora mais tempo que o necessário ou há considerações de
segurança. 5 – Supervisão: paciente requer supervisão, ou que lhe forneça
indicações para subir ou descer um nível de escada. |
2
– Auxílio máximo: paciente executa 25 a 49% dos esforços necessários para
subir e descer 4 a 6 degraus. Necessita de auxílio de somente uma pessoa |
|
1
– Auxílio total: paciente executa menos de 25% dos esforços, ou requer
auxílio de duas pessoas, ou não sobre e desce 4 a 6 degraus ou é
carregado. *Adaptação: a locomoção em cadeiras de rodas não foi
considerada. |
7 – TRATAMENTO REABILITATIVO
*REABILITAÇÃO DURANTE OS ESTÁGIOS AGUDOS
O tratamento de uma significativa lesão por traumatismo craniano requer uma
abordagem abrangente por uma equipe de reabilitação.
Durante a recuperação muito precoce de uma lesão craniana, o paciente está na
unidade de terapia intensiva, onda a ênfase é dada ao tratamento das lesões
primárias, e à redução das complicações secundárias. O posicionamento, cuidados
com a pele, exercícios de amplitude de movimento, e higiene pulmonar são
componentes importantes do tratamento inicial. Após torna-se consciente,
clinicamente estável e capaz de seguir alguns comandos, o paciente deve ser
encaminhado a uma programa de reabilitação especializado na lesão por
traumatismo craniano.
Uma conseqüência fundamental da lesão por traumatismo craniano após ter o
paciente recuperado a consciência, é a perda da memória.
Os programas de reabilitação aguda precisam focalizar-se no tratamento enquanto
o paciente ainda está vivenciando uma amnésia pós-traumática, visto que a
maioria dos pacientes internos até que desapareça a amnésia pós-traumática.
Observar se o paciente está em estado estável sem sangramento ou instável. Se o
paciente apresentar nível instável o indicado é fazer fisioterapia respiratória,
posicionamento da cabeça (para evitar a hipertonia), manter o paciente em
posição de leito flower 30º.
Porém se for analisado estado estável, poderá ser realizado fisioterapia motora.
A realização da fisioterapia motora independe do momento em que o paciente foi
internado, ainda em fase aguda poderá ser feito trabalho motor se os níveis
desse paciente se manterem estáveis.
É importante ressaltar que após a internação do paciente poderá 24 horas depois
ser realizado fisioterapia motora em pacientes estáveis.
*DISCUSSÃO
Os pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico com Escala de Coma de
Grasgow menor ou igual a 8, são classificados como TCE grave (3) e, portanto,
são os que apresentam piores prognósticos em relação à sobrevida e à
recuperação.
A HIC geralmente inibe os médicos, a indicarem a fisioterapia e aos
fisioterapeutas para realizarem a fisioterapia motora. Muitas vezes, apenas uma
simples fisioterapia respiratória é realizada, objetivando manter as vias aéreas
pérveas. Os pacientes são mantidos em decúbito dorsal por tempo prolongado e
quase estáticos. Ficam nesta posição por tempo indeterminado. No entanto, o
decúbito dorsal predispõe à atividade reflexa anormal, devido à influência dos
reflexos tônicos cervicais e labirínticos (4), enquanto a imobilidade no leito
predispõe à rigidez articular, aderências capsulares, trombose venosa,
pneumonias, entre outras alterações musculoesqueléticas, que associada à
ossificação heterotópica (bastante comuns em pacientes com TCE, principalmente
nos que permanecem em coma por mais de quatro semanas (5) e a miosite
ossificante levam à grande dificuldade de recuperação após a fase aguda. A
fisioterapia motora pode ser realizada sem maiores complicações, desde que se
evite manobras que aumentem a pressão intra torácica, o que dificultem o retorno
venoso cerebral ou, principalmente, não seja realizada com bom senso. Portanto,
não há motivos para permitir que qualquer paciente permaneça estático no leito
ou que não seja colocado em decúbito lateral. Para isto, basta manter a coluna
cervical alinhada, sem compressão da veia jugular, que a drenagem venosa
cerebral se dará normalmente, sem repercussões sobre a PIC. O posicionamento em
decúbito lateral sobre o lado afetado, reduz a espasticidade pelo alongamento de
toda região lateral do tronco (4), devendo ser enfatizado. A postura sentada
geralmente é adotada muito tardiamente e a ortostática, muitas vezes, somente
quando o paciente já está em casa. Uma outra falha grave à alguns profissionais
de terapia intensiva, é que eles têm como objetivo apenas a alta da UTI, sem se
incomodar como o paciente vai voltar para a sociedade. É essencial que qualquer
paciente vítima de lesão cerebral seja colocado em postura ortostática o mais
precoce possível, mesmo que ainda esteja inconsciente (6). Entre os vários
benefícios em adquirir a postura ortostática, podemos citar: redução da
ocorrência de contraturas, redução da espasticidade em membros inferiores,
possível redução nos períodos de inconsciência em pacientes comatosos, menor
temor ao deambular, melhora da circulação, colaborando para evitar escaras,
melhora da função da bexiga, melhora do desempenho motor e realização de tarefas
do dia-a-dia (6). No entanto, para termos uma marcha bem sucedida, é necessária
alguma cognição (7,13), equilíbrio (8,13), visão e sensação preservada de
posição articular (12,13), força (10,13), velocidade (11,13), resistência
(12,13), entre outros pré-requisitos.
Nosso objetivo é mostrar que a fisioterapia motora precoce é essencial e
indispensável ara uma plena recuperação e retorno às atividades. De acordo com
Janet K. Freburger, a fisioterapia rotineira em pacientes com acidente vascular
cerebral está diretamente relacionada com a redução dos custos e com aumento da
probabilidade de alta hospitalar (14).
8 – CONCLUSÃO
A fisioterapia motora precoce deve ser realizada em todos os pacientes vítimas
de TCE, mesmo que eles se encontrem na fase aguda e com HIC, bastando apenas
usar o bom senso, para não elevar a PIC de forma significativa.
A postura sentada deve ser adotada o mais rápido possível, mesmo que o paciente
ainda se encontre comatoso. O ortostatismo deve ser também realizado o mais cedo
possível, constituindo a seqüência para uma marcha precoce. A marcha deve ser
enfatizada diariamente, mas para isto é lógico que necessitamos de alguma
colaboração por parte do paciente. O subir e descer escadas com auxílio deve ser
também enfatizado e não possui como pré-requisito uma deambulação independente,
sendo motivo para gerar auto confiança no paciente. Tanto a marcha e o subir e
descer escadas em pacientes hemiparéticos, devem ser realizados somente por
profissionais familiarizados com estas condutas e com total domínio da situação,
a fim de evitar-se acidentes e novos traumatismos.
De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir que a fisioterapia motora
precoce proporcionou aumento bastante significativo na independência da
locomoção (marcha e subir e descer escadas), sendo essencial e indispensável
desde a terapia intensiva até a alta hospitalar, para que se possa Ter uma boa e
rápida recuperação até que se dê continuidade à fisioterapia domiciliar.
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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In: Davies PM, Passos a seguir. São Paulo: Manole 1996: 61-81
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Davies PM, Recomeçando outra vez. São Paulo: Manole 1997: 321-408
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Koogan, 1989
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Shmitz, 2º edição, editora Manole, 1993\
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Rio de Janeiro, 1989
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